“Esforço concentrado” na Câmara inicia com sessões canceladas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Era para ser um esforço concentrado na Câmara dos Deputados. Mas a semana nem começou e o presidente em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), cancelou a agenda programada para esta segunda-feira (04) na Casa. Na contramão, a base aliada de Michel Temer defende que o “recesso branco”, marcado para a segunda quinzena de julho, seja adiado para não atrasar a aprovação de medidas econômicas do governo interino.
 
O objetivo é convencer os líderes partidários a tirarem as férias somente na segunda quinzena de setembro para que medidas como o teto para gastos públicos e a lei de fundos de pensão sejam aprovadas antes da votação final do impeachment, esperada para agosto deste ano.
 
A tentativa de Temer é recuperar a credibilidade do país no mercado financeiro, garantindo apoio suficiente da população e dos senadores para tirar, de vez, a presidente afastada Dilma Rousseff de seu mandato.
 
Ainda nesse cenário, se adiadas as férias, aceleraria a votação da cassação do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), obrigando a novas eleições para a presidência da Câmara e tirando a Casa do estado de paralisação de sua agenda, em que se encontra atualmente.
 
Prova disso foi o cancelamento, logo nesta segunda (04) de duas pautas previstas para o chamado “esforço concentrado”. Maranhão, que preside temporariamente a Câmara, justificou que não havia quórum suficiente para iniciar as votações da sessão extraordinária, prevista para esta noite, e a reunião do colégio de líderes marcada para esta tarde.
 
“Waldir Maranhão me comunicou que por conta do quórum baixo – 73 deputados registraram presença até o momento – ele resolveu cancelar a reunião do colégio de líderes e a sessão do dia de hoje”, disse o líder do governo, André Moura (PSC-SE).
 
Segundo ele, a decisão de Maranhão foi precipitada porque quando há votação na segunda-feira, os deputados normalmente comparecem. Moura criticou a paralisação da agenda parlamentar, na última semana, e o início desta.
 
A tentativa do esforço concentrado foi anunciada como uma forma de “recompensar o país” pelo deputado que comanda, agora, a Câmara, após cancelar as sessão de votação dos dia 20 a 24, sob a justificativa das festas juninas no Norte e Nordeste do país.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. “A tentativa de Temer é

    “A tentativa de Temer é recuperar a credibilidade do país no mercado financeiro, garantindo apoio suficiente da população e dos senadores para tirar, de vez, a presidente afastada Dilma Rousseff de seu mandato.”

    Mas quando foi que o Brasil perdeu credibilidade junto ao sistema financeiro? Alguém viu algum banco internacional dizendo que vai deixar o país senão por mera ameaça e chororô? Alguém acredita que, se numa hipótese absurda, a taxa de juros fosse para, digamos, 30%, acabaria o chororô dos bancos? É como empresário reclamando de impostos e de legislação trabalhista… nem que se adotasse 10% sobre o faturado e mais nada, e que se extinguisse todas as obrigações sociais, ainda assim o empresariado diria que o estado o impede de funcionar, que a culpa é deste governo e por aí iria. E ainda ia haver quem sonegasse, fiscal ganhando na corrupção…

    E outra: que bobagem é essa de “recuperar a credibilidade do país no mercado financeiro, garantindo [assim] apoio suficiente da população”…? Desde quando um sistema financeiro satisfeito significa satisfação da população? Os senadores, ok, a quase totalidade do Senado é de rentistas e/ou prepostos de rentistas, mas a população? Algum banco deixou de ganhar quando todo mundo se descabelava e perdia o sono (e o tesão) com inflação de quase 15% ao mês, no final dos ’80?

    Muita desfaçatez, muita cara-de-pau, isso sim…

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