“Guerrilheiro do tempo”, o livro de memórias de Fidel

Por Paulo F.

Do Diario de Noticias de Lisboa

Fidel diz que socialismo não resolve todos os problemas

por Lusa Ontem

Fidel diz que socialismo não resolve todos os problemas Fotografia © REUTERS/Courtesy of Cubadebate/Roberto Chile

O ex-presidente Fidel Castro reconhece que é um erro acreditar que o socialismo resolve todos os problemas económicos, no seu novo livro de memórias “Guerrilheiro do tempo”, apresentado sábado numa cerimónia pública em Havana.

De acordo com fontes oficiais, o líder da revolução cubana – com 85 anos e afastado do poder desde 2006 devido a uma doença – falou cerca de seis horas com os convidados na apresentação dos dois volumes de “Guerrilheiro do Tempo”, escrito pela jornalista Katiuska Blanco.

Este é o primeiro ato público de Fidel desde abril de 2011, quando assistiu ao encerramento do VI Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC, partido único), onde o seu irmão, o presidente Raul Castro, o substituiu como chefe da organização.

As novas memórias de Fidel Castro, que somam quase mil páginas, começam com as primeiras recordações da sua infância e terminam em dezembro de 1958, pouco antes da vitória do movimento de guerrilha que derrubou o ditador Fulgêncio Batista.

Segundo os meios de comunicação oficiais, Castro falou do erro de acreditar que sob o socialismo os problemas económicos ficavam resolvidos, da sua profunda oposição à educação paga e de questões internacionais, incluindo a disputa sobre as ilhas Malvinas, que apelida de “aquele pedaço de terra confiscado à Argentina”.

Fidel Castro assegurou seguir com particular detalhe a situação na Venezuela, elogiando o seu aliado Hugo Chávez, e destacou as “maravilhosas” lutas travadas nos dias de hoje pelos estudantes latino-americanos e do mundo pelos seus direitos.

Não faltaram referências às “terríveis ameaças” colocadas à Síria e ao Irão, enquanto os EUA e a Europa procuram convencer a Rússia com a “ideia ridícula” de um escudo antimísseis para proteger o país.

Durante todo este ato público, o primeiro que foi relatado este ano, Fidel Castro mostrou-se interessado na situação de cinco agentes cubanos condenados à prisão nos EUA e falou ao telefone com um deles, René González.

Fidel Castro não descartou continuar a escrever. “Tenho de aproveitar agora, porque a memória gasta-se”, disse ele.

Em julho de 2010, Castro surpreendeu quando regressou à cena pública, após quatro anos de convalescença de uma grave doença que o obrigou a delegar a presidência de Cuba a seu irmão Raul, em 2006.

A partir dessa data, o líder cubano tem participado com frequência em reuniões, em visitas, em eventos e em encontros com jornalistas cubanos e estrangeiros.

“Guerrilheiro do Tempo” foi escrito pela jornalista cubana Katiuska Blanco, que também é a autora do livro “Todo o tempo dos cedros”, uma história oficial da família de Castro, publicada em 2003.

Luis Nassif

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