Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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1º de maio em tempos de pandemia e pandemônios, por Francisco Celso Calmon

Os trabalhadores estão sob um triplo ataque. O da pandemia, o da recessão econômica e o do governo bolsonarista nazifascista

Foto Reprodução

1º de maio em tempos de pandemia, lutos e pandemônios

Por Francisco Celso Calmon*

O dia internacional de luta do trabalhador no ano de 2020 será o da luta pela sobrevivência. Mas será que em alguma época a classe trabalhadora teve a sua sobrevivência assegurada? Nos países capitalistas, certamente não.

Na atual conjuntura os trabalhadores estão sob um triplo ataque. O da pandemia, o da recessão econômica e o do governo bolsonarista nazifascista.

São três inimigos poderosos.  O Covid-19 pega, mata e enterra na cova rasa e coletiva, sem velório. A recessão econômica desemprega, subnutre e coloca os trabalhadores ainda mais vulneráveis ao novo coronavírus. O governo bolsonarista aplica a política genocida: se tem que morrer, que morram logo, a começar pelos idosos sem meios de defesa, os trabalhadores aposentados, os sem empregos, os sem tetos, os com teto que dividem o metro quadrado com duas, três pessoas, as populações de rua, os internos em estabelecimentos penitenciário, enfim, os mais vulneráveis.

A crise do coronavírus está ampliando as desigualdades e as fragilidades dos trabalhadores e entre esses as dos negros e as das mulheres.

A pandemia tornou o sistema capitalista nu, sem camuflagens; nem o mercado e nem o Estado mínimo resolvem crises sanitárias, sociais ou econômicas. A crise sanitária desmontou o mito do deus-mercado e o do Estado mínimo.

A receita do governo no plano assistencial de oferecer migalhas e centralizar na CEF levou a ser um ambiente propício à propagação do vírus. São filas de carentes aglomerados e que devem logo logo enfileirar a lista de infectados. É muita desumanidade!

A pregação do presidente contra o isolamento social, os seus seguidores dando o exemplo de descaso às medidas preventivas da OMS, os empresários fazendo carreata pela volta ao trabalho e a forma de distribuir os 600,00 reais compõe a estratégia genocida do sociopata do planalto.

O resultado de tudo isso não poderia ser outro senão o de colocar o Brasil em primeiro lugar na taxa de propagação do covid-19, o nono com as maiores taxas de crescimento de infectados, e, junto com EUA, na liderança de óbitos.

Com esses resultados, sujeitos a piorar, Bolsonaro se torna, dolosamente, um serial killer.

Diante dos números de mortes de brasileiros na pandemia, o presidente respondeu que é Messias, mas não faz milagre, e perguntou: fazer o quê?

De fato, não faz milagres, pelo contrário, faz piada e provoca pandemônios, mas pode fazer algo, que só depende dele: renunciar, já!

Reduzir salários, dispensar empregados, exigir sacrifícios de servidores, colocar a guilhotina sobre o pescoço do trabalhador – ou volta ao trabalho ou demissão, produzem pânico, desespero e morte, por um lado, por outro, pode provocar o caos e com ele ocorrer saques e descontrole social. As previsões de desemprego citam números como 60 milhões ou mais para este ano.

Medidas que reduzam a massa salarial acelera e aprofunda a recessão. Sendo a recessão mundial, o Brasil deveria priorizar e potencializar o mercado interno e para isso injetar dinheiro novo para o consumo e crédito. Portanto, emitir papel-moeda e taxar as grandes fortunas sãos os meios justos e rápidos de obter os recursos necessários.

O dragão da maldade do povo brasileiro, Paulo Guedes, não age assim, prefere em tempos de pandemia passar a rasteira nos trabalhadores e junto com o Congresso aprovar mais reformas de interesses do capital.

Não é novidade para a classe trabalhadora que a Globo é inimiga da democracia e dos interesses trabalhistas, e, como dizia o Brizola, onde a Globo estiver devemos estar do outro lado. Ocorre que nessa briga de comadres nazifascistas, não devemos estar nem com Moro e nem com Bolsonaro. Ambos são parideiras de balburdias institucionais e do caos político-social.

Devemos estar na resistência do Estado democrático de direito contra o pandemônio que o “partido lavajatista” criou com o golpe de 2016 e contra o seu filho bastardo que é o bolsonarismo.

O “partido lavajatista” tem como patronos a Globo, a CIA, as oligarquias ultraconservadoras – remanescentes da ideologia escravagista, os representantes lumpem da burguesia, e parcelas expressivas das Forças Armadas súditas dos EUA.

O projeto do “lavajatismo” é o de através dos poderes sem legitimidade popular, composto por concurseiros (MP, PF, Judiciário, FFAA), manter os poderes oriundos da soberania popular do voto, Legislativo e Executivo, sob sitio político, através de uma estratégia que combina a utilização de lawfare, da desinformação e fraude da verdade pela mídia golpista e da chantagem das armas.

Finalizo este texto com frases, em itálico, daquele que foi o maior lutador em todo o mundo pela emancipação da classe trabalhadora: Karl Marx

Ser radical é entender as coisas pela raiz. [Na conjuntura significa lutar contra o lavajatismo e o bolsonarismo, digo eu].

Qualquer um que saiba alguma coisa da história sabe que grandes mudanças sociais são impossíveis sem o fermento feminino.

O trabalho na pele branca nunca poderá se libertar enquanto o trabalho na pele negra for marcado a ferro.

A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.

* Francisco Celso Calmon é Advogado, Administrador, Coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES; autor do livro Combates pela Democracia (2012) e autor de artigos nos livros A Resistência ao Golpe de 2016 (2016) e Comentários a uma Sentença Anunciada: O Processo Lula (2017).

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

1 Comentário

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  1. Realmente, que tempos pandemoníacos! A tal luz no fim do túnel está parecendo estroboscópica: mais confunde do que clareia.
    Contribuindo ao raciocínio do autor, valer registrar que o quadro projetado pelo Imperial College ontem, dia 30 de abril, num comparativo de 48 países, mostra que o Brasil é e será o mais ineficiente no combate à pandemia. Pra começar a conversa, de 5 a 10 mil NOVAS mortes em 1 semana. É uma enorme tragédia anunciada, cujas consequências e abalo social – que é o que mais importa – são imensuráveis. No campo econômico (relevante, embora incomparável ao valor da vida) haverá enorme estrago em razão da incompetência no combate à pandemia. Na relevantíssima arena da Política (com “P” maiúsculo), que, se mal executada, pode significar a perda massiva de vidas, pelo que se prenuncia, virá um tsunami. Será posto por terra o “timing” o xadrez ainda agora pausadamente jogado entre os atores principais (PR, mercado/mídia corporativa, lideranças do CN, aparato judicial, militares, entidades civis, políticos de oposição). O xadrez será substituído por um frenético “card” de MMA. Discussões e refregas com nomeação da PF, saída de ministros, diversionismos e diatribes presidenciais, estripulias de Queiróz, patetices no MEC e na chancelaria, tudo isso, junto e misturado, será uma gotícula no oceano revolto. A realidade sanitária, as baixas de vidas acumuladas nesta ineficiência governamental serão ondas gigantes a ocupar quase toda pauta da grande mídia (que terá o mórbido prazer de colocar tudo na conta de Bolsonaro, sua criatura), como, de resto, as preocupações dos cidadãos em geral. Com o incremento da tragédia social, aumento das mortes, empilhamento de cadáveres, já nos próximos dias não mais será possível deixar em segundo plano os comparativos do Brasil com o resto do mundo. E o aspecto novo que a OMS e o mundo começam a comentar: no Brasil, ao contrário dos outros países, o percentual de mortes sobe em relação à pobreza muito mais do que à idade. Por ineficiência e erraticidade do governo. E isso será eloquente, irrespondível, um golpe fatal no governo neofascista. Bolsonaro e seu bando irão ruir rapidamente (a discussão será a forma que o _establishment_ encontrará para isso: mais rápida (talvez via TSE ou interdição) ou mais lenta: _impeachment_). Trump, talvez o 2o ou 3o mais errático e trapalhão, sofrerá bons arranhões em seus projetos. Penso que a hora é agora de planejarmos os próximos passos da ala que pensa em prol da vida, do social, do povo, do trabalhador. E enxergando esse novo cenário que pode vir aceleradamente. Buscar algum protagonismo e um espaço decente neste rearranjo de forças para que não fiquemos 100% a reboque da solução antivida, do monetarismo neoliberal. De forma a que sigamos com força suficiente para minimizar os estragos de agora e para propor, no tempo eleitoral, uma alternativa política em prol da vida e do povo brasileiro.

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