Argentina aproveita gás de xisto para atrair Rússia e China

Jornal GGN – A visita dos líderes Xi Jinping e Vladimir Putin ao Brasil para reunião com os Brics poderá ser também decisiva para a Argentina, mesmo fora do grupo. A presidente Cristina Kirchner já está aspirando obter bem mais que apoio político em sua batalha com os fundos de hedge: a gigantesca formação de xisto na Patagônia pode aproximar os três países definitivamente.

China e Rússia já se mostraram interessados no país. Além disso, a capital Buenos Aires precisa de investimentos estrangeiros urgentes para explorar a segunda maior reserva de gás de xisto no mundo e quarta maior de petróleo de xisto.
 
Vista com desconfiança após o calote de quase US$ 100 bilhões em 2001, agora a nação vizinha deseja recuperar seu prestígio junto aos investidores internacionais e recuperar relações gradualmente. Honrar as dívidas, inclusive, está ajudando o país a receber visitas diplomáticas e até negociar com eles, dizem especialistas.
 
No entanto, há uma certa decepção entre funcionários do governo argentino diante da Bridas Corporation, uma das maiores empresas de energia na Argentina e que teve 50% de participação adquirida pela China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) em 2010, ainda não ter se comprometido em investir em Vaca Muerta, onde está a grande reserva de xisto. Talvez por isso, a expectativa de Kirchner em relação a novos anúncios de investimento não se cumpram.
Empresas chinesas também estão comprometidas em investir pesado em projetos de hidrelétricas na Patagônia e numa estrada de ferro ligando a Argentina com o Chile, na costa do Pacífico, o que poderá fortalecer o status da China como principal parceiro comercial. Também estão sendo revitalizados com a China planos de um swap monetário da ordem de US$ 10 bilhões, o que permitiria que o país recebesse em iuans o pagamento de suas exportações para a Argentina, amenizando a pressão resultante da escassez de dólares em Buenos Aires.
 
Apesar de não ser uma moeda de reserva, o crescente uso do yuan no comércio poderia contribuir para uma maior influência financeira da China, num momento em que os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – preparam-se para um encontro no dia 15 em Fortaleza para fundar um banco de desenvolvimento que contestará o predomínio dos EUA nas instituições multilaterais de crédito.
Redação

3 Comentários

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  1. Odifícil é convencer

    Odifícil é convencer investidores para um país que não respeita os acordos que assina, vide Mercosul,  dá calote e muda as regras do jogo durante a partida, como tem sido o caso de investimentos brasileiros na área do petróleo. Que saber, é melhor o Brasil ficar longe desse tipo de parceiro.

  2. Em 15 de Julho de 2014, começa a verdadeira Copa das Copas

    Não foi a derrota do time do Brasil para o da Alemanha que fará entrar para a História êste Julho de 2014. A  luta contra a hegemonia – não no planêta bola, mas no planêta Terra – se dará pela primeira vez fora dos campos dos países europeus e dos Estados Unidos da América do Norte. A liga dissidente BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – reunir-se-á, não na Europa ou nos EUA, mas em Fortaleza, Brasil para criar uma alternativa ao Comitê de Arbitragem da Fifa – FMI, BM e que tais, para constituir alternativas às regras de atuação das referidas entidades que desde sua criação, depois da Segunda Guerra Mundial e até agora, controlaram o mundo segundo seus próprios interesses particulares e, quando julgaram necessário, apelando para o uso das armas.

    Para que o Banco dos BRICS fôsse criado, a China abriu mão de um privilégio tido como natural e intocável pelas nações hegemônicas no mundo ocidentalda e dos interesses particulares. Depois de muita discussão ela desistiu – sem disparar um só tiro – de lutar pelo critério de capitalização do futuro banco a partir do tamanho da economia nacional de cada sócio, o que lhe conferiria hegemonia incompatível com o projeto de ser alternativa BRICS ao que é imposto hoje em dia aos países membros das nações submetidas ao FMI, ao Banco Mundial e, porque não a Fifa, sobretudo quando em dificuldades financeiras. Para quem leu o inglês Gavin Menzies , em 1421 – O Ano Em Que A China Descobriu O Mundo, (Bertrand Brasil, Sétima Edição, 2011) o olhar com que viam o comércio e política exterior não usava, ou raramente usava fôrça para levar adiante a defesa de seus interesses perante outras nações, pelo contrário, cobriam de mimos e honrarias seus parceiros, exceto talvez o Japão. O oposto a tal prática, era o isolamento, o mergulho em si mesma, imposto por golpes de estado comandados pelos mandarins, os coletores de impostos de então.

    Como já não há mandarins e nem imperadores encarcerados na Cidade Proibida, e após o último período de isolamento – a era Mao Tsé Tung – a China modernizou-se e sua presença no mundo caminha para expressar o tamanho de sua população. Seu PIB caminha velozmente para ultrapassar o dos EUA, se é que já não o fêz. O estreitamento de suas relações com a Rússia, a construção do Canal da Nicarágua a contrapor-se ao controle norte-americano sôbre o Canal do Panamá, o Porto cubano de Mariel, ferrovias de alta velocidade em países que pertenceram à antiga e saudosa – para os europeus – Rota da Seda – são indícios de um mundo multipolar, em que a soberania de todas as nações seja realmente respeitada, e os países e povos hoje submetidos à truculência dos autointitulados donos do mundo libertem-se de fato da subserviência imposta a êles, para que possamos todos procurar e encontrar as alternativas para o futuro que, mantidas as condições em que se vive o presente, anuncia-se próximo e sombrio. 

    1. Beleza de comentário. Acho

      Beleza de comentário. Acho que os BRICS, após a diversas humilhações que sofreram, estão tentando escrever a história da humanidade sob um enfoque mais civilizado. Que esta não seja uma esperança nossa vã e fabiana de construirmos uma irmandade humana, que aí sim nos levará às estrelas…

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