Cúpula dos Povos exige laços de igualdade entre Celac-UE e condena embargos

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Para os participantes, os embargos tornam sociedades mais pobres, aumentam a miséria e dificultam a reação aos efeitos da mudança climática

A Universidade Livre de Bruxelas sediou a Cúpula dos Povos que ocorreu de forma paralela à III Cúpula Celac-UE. Foto: @CumbrePueblos23

Os movimentos sociais e as forças progressistas da América Latina e da Europa encerraram nesta terça-feira (18), às 8 horas (horário de Brasília), a Cúpula dos Povos, em Bruxelas, na Bélgica.

Dirigentes progressistas, movimentos sociais e delegados presentes na Cúpula dos Povos realizaram um ato na Praça do Luxemburgo, em frente ao Parlamento Europeu, levando suas reivindicações, encerrando assim a cúpula.

Na declaração final da Cúpula dos Povos, os participantes exigem laços de igualdade entre a UE e a Celac e condenam a ingerência dos Estados Unidos com medidas unilaterais, desrespeitando organismos multilaterais, e promovendo embargos econômicos contra países divergentes. 

Para os participantes, os embargos tornam sociedades mais pobres e dependentes, aumentam a fome e a miséria, dificultam a defesa dos países alvos aos efeitos da mudança climática e investimentos estruturais para, inclusive, adotar medidas ambientais correlatas aos esforços internacionais na área.

Evento paralelo  

O encontro aconteceu paralelamente à III Cúpula da União Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), da qual participam presidentes e chefes de estado, e que se encerra nesta terça também.

A Universidade Livre de Bruxelas acolheu a Cúpula dos Povos e seus debates e discussões sobre as novas formas de guerra, corrida armamentista e a defesa do direito de protesto e discordância.

Visita de chefes de Estado

Na véspera, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, em seu discurso na Cúpula dos Povos, rejeitou a agressão dos Estados Unidos contra as experiências progressistas e de esquerda na América Latina e no Caribe.

“Aqui junto com vocês expressamos nossa solidariedade com a Revolução Bolivariana e Chavista na Venezuela, com a Nicarágua Sandinista, com o Estado Plurinacional da Bolívia, com o governo do presidente Gustavo Petro na Colômbia, com Lula no Brasil, com o México solidário que lidera Andrés Manuel López Obrador, com a bravo Xiomara em Honduras, todos governantes de nossa região”, disse o chefe de Estado cubano.

Miguel Díaz-Canel enfatizou que esses governos mostram seus próprios caminhos para corrigir os efeitos das experiências neoliberais nas sociedades que atualmente lideram.

Durante seu discurso, o líder cubano se referiu à violação dos direitos humanos contra seu país como justificativa política para as pressões contra a ilha, e destacou que Cuba não é a única vítima deste “jogo perverso”.

Mudança climática

O presidente colombiano, Gustavo Petro, aproveitou seu discurso na Cúpula dos Povos para advertir que há uma mudança no clima, para o qual instou a buscar explicações para esse fenômeno na economia e nas ciências humanas.

Petro indicou que o atual sistema de produção, os eixos de poder, bem como os processos de acumulação ligados ao lucro e à ganância do capitalismo, geraram um “frankenstein” a aterrorizar a humanidade.

O dignitário colombiano alertou para o agravamento de uma policrise global, devido à confluência de muitas crises ao mesmo tempo: a doença, a guerra, a crise econômica, a crise climática e novamente a pobreza e a fome.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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