Memória para construir o futuro

Monica Xavier – Presidente del Frente Amplio

Alguém pode pensar que a coluna de hoje deve ser dirigida para os eventos democráticos desta semana. Sem minimizá-los, pois efetivamente foram uma resposta e um forte apoio aos avanços legislativos e às políticas públicas. Nada disso seria possível se não estivéssemos vivendo um aprofundamento da DEMOCRACIA e trilhando uma rota de direitos.

Esta semana se comemoram 40 anos do golpe de Estado e da Greve Geral que respondeu imediatamente à perda de liberdades que duraria mais de uma década e que levou a tanta dor. Hoje, o Uruguai é um país, conforme ganhamos terreno em termos de direitos, justiça social, equidade no sentido mais amplo e abrangente, que vê reforçada e fortalecida sua DEMOCRACIA.

Com os governos da Frente Ampla [Frente Amplio, em espanhol], a sociedade uruguaia viu como conseguimos minimizar as emergências e estabelecer condições materiais para que outras reivindicações tenham espaço e sejam ouvidas. Isso também fortalece a DEMOCRACIA.

Para nós, da Frente Ampla, a DEMOCRACIA é um valor substantivo, querido, apreciado e indispensável. Estamos convencidos de que a política é uma importantíssima ferramenta de transformação da sociedade, acreditamos na militância como motor dessa ferramenta e nos partidos políticos como espaços de desenvolvimento da militância política. Então, nesses dias, de agitações, reclamações e, como sempre foram as instâncias de Prestação de Contas, não podemos fazer outra coisa que não sermos responsáveis com nossas obrigações de governantes e coerentes com nossas ideias de transformações na DEMOCRACIA. Sem pressa, mas sem pausa. Como já dissemos antes, a tarefa de transformação deste país não é uma tarefa para cinco ou dez anos, é uma tarefa de longo prazo, contínua, dinâmica, dialética.

Porque NÃO ESQUECEMOS quando as reclamações não podiam ser feitas, quando a política foi desacreditada, quando tomaram, por mais de uma década, todas as decisões que conduzem ao autoritarismo e à militarização do Estado.

NÃO ESQUECEMOS que a responsabilidade de velar pela DEMOCRACIA é dos partidos políticos em primeiro lugar. E a mesma, por muitos anos, ficou fora da agenda de trabalho de muitos membros dos partidos tradicionais.

NÃO ESQUECEMOS que em 27 de junho de 1973 foi cristalizado um golpe CÍVICO-MILITAR, corolário da confluência nacional, regional e internacional. Naquele momento, a DEMOCRACIA não foi defendida pela liderança política da maioria. Naquele momento, começou a RESISTÊNCIA.

É por isso que nossa memória se recusa a esquecer, porque esquecer iria alienar os nossos valores mais importantes. Porque esquecer seria pensar que o tempo passou e tudo é diferente. Esquecer é descartar a história e sua expressão presente. Esquecer nos faria impossível construir um futuro no qual o NUNCA MAIS O TERRORISMO DE ESTADO seja um princípio irrenunciável.

E não esquecemos, lembramos. E se temos que lembrar, hoje e sempre, são aqueles que deram tudo, apostaram na DEMOCRACIA. As e os trabalhadores que mantiveram a GREVE GERAL, foram nosso exemplo de ativistas sociais. O legado que carrega o movimento sindical é um tesouro que não pode ser questionável, nem hipotecável. E como também somos os partidos políticos, devemos respeitar sua INDEPENDÊNCIA DE CLASSE.

Mas esta Frente Ampla também é colheita de muitos que semearam no movimento sindical sua luta, seus ideais, seus valores e seus exemplos. E hoje prestamos homenagem à sua incansável e inabalável coragem, a sua luta sem quartel pela vida, pela DEMOCRACIA. Porque somos também resultado tenaz do ensino da unidade sindical, mas não se esquece da queda da DEMOCRACIA, queremos REIVINDICAR uma HOMENAGEM a todas e todos se firmaram NA GREVE GERAL ante o avanço do terrorismo de Estado e do golpe cívico – militar. Porque este presente é produto desse passado, pois nosso futuro depende de nossa memória.

Veja a mensagem da presidente da Frente Ampla, Mônica Xavier:

Redação

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