Mercosul e crise hídrica mostram Uruguai afastado de países da região

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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O governo uruguaio rejeitou ajuda e indica aguardar a chegada das chuvas. No Mercosul, Luis Lacalle Pou não tem assinado comunicados do bloco

(Fernando Frazão/Agência Brasil)

Montevidéu está sem água potável, assim como outras cidades, resultado da pior seca enfrentada pelo Uruguai nos últimos 50 anos, e mesmo assim o presidente Luis Lacalle Pou vem rejeitando ajuda de vários governos da região alegando que espera chuvas para breve.

Filiado ao Partido Nacional, também conhecido como Partido Blanco, e que abriga tendências de centro, centro-direita e direita, Lacalle Pou venceu as eleições em 2019 e pôs fim a um ciclo de 15 anos de governos de centro-esquerda no país.

A linha ideológica de Lacalle Pou explica sua negativa à ajuda de países da América Latina, hoje governados pela centro-esquerda, se definindo como liberal. Desde 2021, manifestações ocorrem no país exigindo de Pou o combate ao desemprego e aumento dos baixos salários.

Privatizações e pauta conservadora

O governo Lacalle Pou vem tentando ainda privatizar empresas públicas, como a empresa de telecomunicações ANTEL, o porto de Montevidéu e a companhia petrolífera nacional ANCAP. Tais perspectivas o afastam da maioria dos governos latinos, como Brasil, Argentina e Chile. 

Como líder da oposição, se opôs às leis dos governos de esquerda como a legalização do aborto, reconhecimento do casamento homossexual, a lei sobre o dia de trabalho dos trabalhadores agrícolas, leis a favor dos trabalhadores domésticos, entre outros. Ele se define como muito religioso. 

Crise hídrica: à espera das chuvas 

Com a crise hídrica sem precedentes enfrentada pelo país vizinho, neste domingo (9), o presidente da Argentina, Alberto Fernández ofereceu, por meio de sua embaixada, o envio de um navio da Marinha. 

A embarcação tem capacidade para 300 toneladas de água e uma estação móvel de tratamento para enfrentar o problema da água potável. 

Disponibilizou ainda um caminhão cisterna com capacidade para 300 toneladas de água, fornecido pela Água e Saneamentos Argentinos (AySA).

A Venezuela ofereceu ajuda ao Uruguai para resolver a emergência que o país vive. Também neste domingo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ofereceu sua ajuda ao povo uruguaio para enfrentar a crise.

Mais ajuda negada

Dias atrás o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, havia oferecido ajuda, mas esta não foi aceita pelo presidente uruguaio. Os governos do Brasil e do Chile anunciaram a disposição de enviar ajuda ao Uruguai, que foi rejeitada por Pou.

O governo uruguaio rejeitou as ajudas indicando que aguarda a chegada das chuvas para que os reservatórios recuperem seus níveis de água. A crise hídrica no Uruguai se deve ao fato de que não chove há meses, deixando as reservas de água doce em seus mínimos históricos.

Mercosul 

Na Cúpula do Mercosul, na última semana, em Puerto Iguazú, o Uruguai decidiu não assinar, pela quarta vez seguida, o comunicado conjunto publicado pelos demais países do bloco e voltou a fazer cobranças ao bloco, se opondo à entrada da Bolívia.

No lugar da assinatura do comunicado, o Uruguai emitiu um texto próprio ressaltando o “compromisso com a democracia” e reforçou sua posição sobre a necessidade de “modernização e flexibilidade por meio do aperfeiçoamento da zona de livre comércio”.

Priorizou críticas à gestão de Nicolás Maduro, na Venezuela, e defendeu uma”posição clara” do bloco sobre o tema. Também afirmou que manterá as conversas sobre um acordo bilateral com os chineses, mesmo que Brasil, Argentina e Paraguai não integrem as negociações.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

2 Comentários

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  1. Engracado mas esse presidente do Uruguai manda embaixador falar com o ministro da integracao nacional pra falar sobre Lagoa mirim deseperaDos por causa da falta d agua sorry meu filho alias ministro da integacao nacional nao tem que receber embaixador nenhum o uruguaio que fale apenas com relacoes exteriores Lula deveria dar um chega pra la nele nao receber embaixador uriguaio ser rigido com os recursos hidricos de lagoa mirim que fica na fronteira ai esta pose e arrogancia do louco pu acaba.

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