“Aumento” de Milei no salário mínimo é menos de 1/3 do custo básico de vida dos argentinos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O "aumento" no salário será queda de 25% do poder de compra e menos de 1/3 do gasto básico de vida na Argentina, segundo cálculos do GGN

Foto: Twitter Javier Milei

O governo de Javier Milei anunciou que aumentou o salário mínimo da Argentina em 30%, enquanto a inflação do país continua a aumentar exponencialmente – atingindo 254% anual. Na prática, o novo salário mínimo representará uma queda de 25% do poder de compra dos argentinos em março, em comparação aos já alarmantes índices de dezembro passado.

O novo salário mínimo está em 156 mil pesos argentinos (equivalente a R$ 920 em câmbio comercial neste 21/02) em janeiro, aumentará para 180 mil pesos argentinos (R$ 1.060 em câmbio comercial) em fevereiro, e 202,8 mil (R$ 1.195) em março.

Para se ter uma ideia comparativa, o preço da chamada Cesta Básica Total – que calcula uma cesta básica de alimentos somada a serviços essenciais de transporte, educação, saúde – hoje é de 596,823 mil pesos argentinos: valor quase 3 vezes maior do que o salário mínimo, se não houver nenhum aumento da inflação, o que seria quase impossível.

Com os dados oficiais, é possível concluir que o salário mínimo fixado por Milei em março será de quase um terço do valor mínimo para se viver com alimentos e serviços básicos na Argentina. E, atualmente, esta cesta básica total representa 3,8 vezes o valor do salário mínimo de janeiro estabelecido pelo presidente.

Ainda, ao fixar o salário mínimo por decreto, Milei conseguiu anexar diversos programas sociais e a aposentadoria argentina a esse “aumento”, que, como descrito, representará uma perda do poder de compra da população do país.

O programa “Potencializar Trabalho” beneficia com 50% do salário mínimo cerca de 1 milhão de argentinos. Outros 1,3 milhões de aposentados com mais de 30 anos de contribuição que recebem quantias referentes a 82% do salário mínimo sofrerão a queda dos ingressos. E os beneficiários das bolsas de estudo “Progresso” também serão afetados.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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