Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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A monumental fraude do plano econômico, por André Araújo

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Foto: Antonio Cruz/EBC

Por André Araújo

Cemitério sem inflação – o completo fracasso de um plano econômico 
 
Um plano econômico que não poderia dar certo ameaça levar ao Brasil a uma depressão inédita, um dos países de economia historicamente mais dinâmica do planeta caindo nas profundezas de uma depressão gerada pela política econômica equivocada, sem lógica, sem nexo e sem ciência, manejada pelo sistema financeiro em seu próprio benefício.
 
O DEBATE DA POLÍTICA ECONOMICA
 
Nos anos 40, 50, 60 e 70, foi intenso no Brasil o debate na academia, na imprensa, nas associações empresariais sobre política econômica, sobre linhas doutrinárias, propostas, alternativas, custos e vantagens de cada variante da governança da economia do País.
Como dizia Keynes, a história da humanidade é a história do pensamento econômico e pouca coisa além disso. Discutir a política econômica de um grande País é tema central dos cidadãos.
 
Hoje se verifica um DESERTO completo nessa discussão, a imprensa pelos grandes jornais e noticiários de TV toma como ÚNICO o caminho apontado pelos “economistas de mercado”.

 
Nunca há um rumo único na política econômica, é uma política e, como tal, permite opções.
 
Uma safra de economistas robotizados que nasceu na esteira do Plano Real e que conhece um só  tipo de política econômica, o que é uma fraude, os caminhos podem ser muitos, a ciência econômica é  sempre plural, desde que existe a partir de Colbert no Século XVIII, o estudo da economia permite um cenário de amplas discussões sobre custos e benefícios avaliados no contraponto de alternativas, não há uma ciência econômica una e exclusiva, os modelos das duas maiores economias do planeta, EUA e China, são completamente diferentes e funcionam cada qual no seu contexto social e político, economia não é uma equação matemática.
 
No entanto essa imprensa desprovida de conhecimentos louva como uma divindade  uma “equipe econômica” como se, sem ela, o País não sobrevivesse. Um delírio, meia dúzia de mentes esquemáticas, sem brilho, tocadores de realejos concebidos fora do Brasil e carentes de formulações mais elaboradas, uma política medíocre e sem criatividade quando uma coisa é certa: política econômica tem que ser pensada dentro das condições de cada País, não há uma ciência econômica universal baseada em fórmulas matemáticas idênticas.
 
A mídia brasileira se recusa a participar de debates contraditórios sobre a política econômica, endossando em branco fórmulas como se fossem verdade divina revelada. Abstém-se a mídia, por exemplo,  de debater clivagens cruciais. Cito apenas  duas:
 
O catecismo religioso do plano assegura que, com a queda da inflação, devem cair as taxas de juros para a economia real. Tal não vem acontecendo desde 2015, as taxas não só não caem, como sobem, mesmo as que se mantém nominalmente iguais representam JUROS REAIS muito mais altos porque a inflação descontada agora é menor do que em 2015, do que resultam JUROS REAIS muito maiores e não menores, como reza a lógica anunciada da política econômica. Cai a inflação, deveriam cair os juros como consequência, não é essa a equação apresentada ao público?
 
MAS não caíram, os juros reais de hoje são muito maiores do  em 2015,  tanto na taxa Selic como nas operações com os tomadores privados, apesar da queda da inflação, DESMONTA-SE A LÓGICA DO PLANO.
 
O Banco  Central, dominado pelo sistema financeiro, abriu mão, pela Circular 3.691 de 2013, da FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DE C MBIO, o Sistema FIRCE, cujas raízes têm mais de 80 anos. Agora os bancos se auto controlam, o que significa uma selva  no mercado de câmbio, nem em paraísos fiscais o câmbio é tão desprovido de controle.
 
Em consequência montou-se um “cartel do câmbio” que está sugando bilhões de Reais daqueles que precisam comprar ou vender moeda estrangeira, sob o olhar inexistente do Banco Central, que abriu mão do controle. A Associação Brasileira de Comércio Exterior está processando junto ao CADE esse “cartel de câmbio” onde os bancos fixam entre eles taxas de compra e venda com spreads enormes, muito acima da média internacional, auferindo espantosos lucros com a manipulação das taxas de câmbio. A ABCE pede um ressarcimento de R$70 bilhões extorquidos pelo “cartel do câmbio livre”, livre de qualquer controle, operam como em Cayman ou Mônaco.
 
Veja-se que a Associação dos Exportadores NÃO está reclamando no Banco Central e sim no CADE porque evidentemente não confia na isenção do Banco Central.
 
A imprensa brasileira, Globo, Estadão, Folha, Valor, se isentam de dar destaque a esses dois MEGA FUROS do plano econômico, só possível pelo domínio completo pelos bancos sobre a Autoridade Monetária, que não existe mais como mecanismo de governança em nome do País, o Banco Central é dos bancos e de mais ninguém.
 
TODOS os diretores do Banco Central que integram o COPOM são aprovados pelo ”mercado”, não há nenhum de centros de pensamento econômico alternativo, totalmente ao contrário da diretoria do Federal Reserve, onde cada um dos sete titulares vem de ESCOLAS DE ECONOMIA diversas, exatamente para haver debate.
 
O ATUAL PLANO ECONÔMICO
 
Como poderíamos denominar esse plano?
 
Plano econômico Globo-Itaú? O Itaú, como maior força do mercado, indicou o presidente do BC, mentor principal do plano e fanático das METAS DE INFLAÇÃO, modelo que justifica as mais altas taxas de juros básicas e na ponta do tomador entre qualquer das grandes economias. Taxas de juros que fizeram do Banco Itaú um dos vinte maiores do mundo em valor de mercado, R$225 bilhões de Reais, o dobro do que vale o DEUTSCHE BANK, maior banco da Europa e com 200 anos de história.
 
A GLOBO, pela alucinada defesa que o maior grupo de comunicação do País faz desta política,  O Plano Depressão do Brasil.
 
Plano econômico BOLETIM FOCUS? Nome que se justifica por esse questionário que consiste em perguntar toda semana ao agiota quanto ele quer de juros para ficar contente e a partir da resposta o Tesouro paga o que mercado quer de juros, por isso mesmo os mais altos do mundo, o Boletim FOCUS é a confissão de submissão do Banco Central ao mercado.
 
Enquanto nos EUA o mercado espera ansioso o que o FED vai resolver sobre juros, aqui não é preciso adivinhar: o mercado já sabe quanto o Tesouro vai pagar porque é ele quem decidiu.
 
Na realidade, é um plano gestado nos departamentos de economia dos grandes bancos privados para atender seus interesses e objetivos dentro da economia, não é um Plano Econômico para a população brasileira, suas necessidades e seu futuro.
 
Miremos no exemplo dos EUA, o grupo de sete pessoas que administra o banco central americano, o Board do Federal Reserve System, NÃO tem vinculação com o sistema financeiro, são professores de economia de alta reputação,  independentes e sempre foi assim, não se aceita banqueiros para gerir o Banco Central. Mais ainda, esses professores que compõem o Board do Federal Reserve são DE ESCOLAS DE ECONOMIA VARIADAS para não viciar a direção do FED com uma só linha de pensamento econômico.  Porque é assim?
 
Porque banqueiros vão formular um plano em benefício dos bancos, por isso o sistema não tem banqueiros na direção do FED, política monetária não pode ficar na mão de banqueiros.
 
O último grande banqueiro que geriu a economia americana foi Andrew Mellon,  Secretário do Tesouro de 1921 a 1932, Mellon por uma política restritiva e ultraconservadora levou os Estados Unidos à crise de 1929, é o pai da Grande Depressão, saiu execrado da vida pública, símbolo do capitalismo gerindo ele mesmo sem interesse pela população.
 
Assumindo a Presidência, Roosevelt reverteu política de Mellon, assim como demitiu seu chairman do FED, Eugene Meyer, no meio do mandato. Mellon e Meyer estavam aprofundando a recessão de 1929, que virou a Grande Depressão, faziam uma política muito similar ao do atual Plano Meirelles, pensavam em reduzir gastos e não em sair da recessão.
 
O ESC NDALO DOS JUROS REAIS MAIS ALTOS DO MUNDO
 
Juros reais altíssimos no  MEIO DA RECESSÃO, uma irracionalidade completa, a economia afunda, a inadimplência atinge 61 milhões de brasileiros com o nome sujo, dezenas de milhares de lojas fechadas pelo País a cada mês, a arrecadação federal, estadual e municipal caindo mês a mês, para espanto dos arautos desse plano que se “surpreendem” com a queda de arrecadação provocada por eles mesmos e já sugerem novos impostos para compensar, o que irá aumentar o rumo negativo da economia. Como alguém pode se surpreender com a queda da arrecadação, se isso é uma consequência natural da imposição da política recessiva?
 
O PLANO ECONÔMICO COMO CAUSA DA RECESSÃO
 
O atual plano econômico METAS DE INFLAÇÃO COM JUROS ALTOS EM PLENA RECESSÃO vai levar o Brasil a uma depressão profunda. Convoque-se dez Prêmios Nobel de Economia e nenhum endossará esse atentado contra a racionalidade e a ciência econômica.
 
PARA SAIR DA RECESSÃO É PRECISO ESTÍMULO MONETÁRIO, mais dinheiro na rua e não menos, como faz o plano recessivo, valorizando o  Real ao preço de operações que, só no primeiro semestre do ano passado, custaram R$ 207 bilhões de prejuízos ao Banco Central, cobrados do Tesouro, em nome de desvalorizar o dólar para atingir a sacrossanta meta de inflação, ÚNICO EIXO DA POLÍTICA ECONÔMICA, não há nenhum outro, não há meta de emprego, meta de crescimento, meta de investimentos públicos, só o controle de inflação.
 
Não se trata de escolas econômicas divergentes, é consensual em todas as escolas de economia,  ortodoxas, heterodoxas, do velho e do novo pensamento econômico.
 
Não se bloqueia dinheiro em plena recessão, agravando a crise e aprofundando o desastre.
 
Quem formula e  vende ao comando político um plano que agrava profundamente  a crise econômica e social demonstra não ter categoria de economista político, função que visa ajustar a economia com o menor sacrifício possível e levando em conta SEMPRE o conjunto da situação política do País, como fez Keynes em 1933, não só ele, outros grandes economistas souberam casar a realidade com a ciência para diminuir o sofrimento, do mesmo modo que faz a medicina que evoluiu do martelo para a anestesia para diminuir e não para agravar o sofrimento dos doentes.
 
Os inventores dessa política econômica que  identifica a cura com sofrimento estão desligados da realidade social do País, operam em cima do boletim FOCUS, excrescência que pergunta ao carrasco como ele quer manejar a lâmina, pergunta a quem deve ser regulado quanto ele quer ganhar, quando a função do Banco Central é liderar o mercado e não ser por ele liderado, o Banco Central não faz perguntas, o Banco Central dá a direção ao mercado.
 
Toda a lógica da política econômica do plano Meirelles é equivocada, centra como maior problema do País a inflação, quando o maior problema é o emprego que permitiria a sobrevivência da grande massa de desempregados e subempregados que não tem renda alguma. Nesse contexto do mal menor, a meta de inflação a níveis que chegam à depressão é um objetivo que significa menor valor para essa população do que ter emprego e renda.
 
A moeda supervalorizada é ótima para rentistas e nada significa para desempregados.
 
OS FUROS DO PLANO ECONÔMICO
 
A DESPESA maior do orçamento federal é a CONTA DE JUROS, que considera não só o Pagamento dos juros da dívida em títulos, mas também o carregamento das operações compromissadas do BC e dos swaps cambiais, todas despesas incorridas com um mesmo objetivo: atingir a META DE INFLAÇÃO. 
 
O conjunto das despesas chega a R$650 bilhões por ano, MUITO MAIS que qualquer outra despesa do orçamento federal, incluindo a previdência, é MUITO SUPERIOR ao déficit orçamentário federal que é a OBSESSÃO dos Mansuetos e Samueis. Só no primeiro semestre de 2016, o BC teve prejuízo de R$207 bilhões por causa dessas operações, custo repassado ao Tesouro, NENHUMA citação desse custo pela equipe econômica, mas citam incessantes despesas muito menores com benefícios sociais como se fossem o grande problema e não os juros pagos pelo Tesouro.
 
Para ajustar o orçamento federal pode-se seguir dois caminhos: cortar cada vez mais, inclusive despesas essenciais e obrigatórias  como ameaça Mansueto de Almeida OU pode-se aumentar a arrecadação federal através da recuperação da atividade econômica, processo mais racional do que a estupidez do corte linear.
 
A equipe Meirelles-Goldfajn ideologicamente prefere matar o País com corte de despesas e não aumentar a arrecadação pela reativação da economia.
 
Essa opção é ideológica, esse tipo de ECONOMISTA identifica como boa política econômica aquela que exige SACRIFÍCIOS, se não houver SACRIFÍCIO  a política não é virtuosa, aí existe um conteúdo religioso do SACRIFÍCIO como redenção dos pecados. 
 
Os economistas ortodoxos da Grande Depressão pensavam a mesma coisa, é preciso PURIFICAR os pecados, punir os ímpios pelo sacrifício, pela pobreza,  pela miséria, só assim  se pune os malefícios dos gastadores, dos que usufruem de bolsa família e seguro desemprego sem trabalhar. 
 
A PURGAÇÃO PELO SACRIFÍCIO
 
A reativação da economia por ESTÍMULOS MONETÁRIOS faz elevar a arrecadação e com isso reequilibrar as contas, mas isso não serve para os ECONOMISTAS DO SACRIFÍCIO, se não houver punição pelos gastos sociais que pagam a vagabundagem dos pobres, a política de ajuste não vale moralmente, é preciso que o povo sinta na pele a dor do sacrifício porque foram parceiros dos gastos dissipadores da Bolsa Família, da saúde gratuita dos SUS, das merendas nas escolas, tudo isso foi IRRESPONSÁVEL, segundo a visão ortodoxa, é preciso oficiar para expiar o mal da PURGAÇÃO no altar do neoliberalismo de mercado para  que eles, os punidos pela crise sejam sacrificados em nome dos financistas ricos no altar das oferendas em honra da AUSTERIDADE FISCAL, de preferência à moda grega, o mesmo programa que levou países europeus a grande desemprego e gerou crises sociais e políticas profundas.
 
A ironia é que aqueles países não tinham recursos, precisam importar comida e petróleo, enquanto o Brasil tem alimento e energia em abundância, não depende do exterior para sobreviver, como a Grécia, que sem crédito não consegue comer e gerar energia.
 
Não há maior algoz de pobre do que outro pobre, nada existe de mais patético do que POBRE DE DIREITA, um coitado que defende os privilegiados e os rentistas por convicção.
 
O atual PLANO ECONÔMICO é um desastre ideológico, nada justifica paralisar um País rico de recursos naturais em função de uma referência estatística que atende pelo nome ridículo de METAS DE INFLAÇÃO, um País jogado no abismo em benefício de uma estatística de frações de um por cento, coisa de mentes miúdas, de gente pequena, medíocre, canhestra, pedestre, pigmeus intelectuais, anões de cultura e de conhecimento do pensamento econômico renovado de nossos dias, a “política de ajuste” que eles pregam está FORA DE MODA até no Fundo Monetário Internacional, hoje com  uma visão crítica do ajuste grego e já sensível à renovação do pensamento econômico pós-2008 que atingiu até a outrora catedral do monetarismo, a Universidade de Chicago, onde um plano como esse não seria aprovado por calouros, tal a insensatez e insanidade de propor ações pró-recessão em um dos pais mais ricos do mundo em recursos naturais, agrícolas e energéticos.
 
KEYNES E A RECESSÃO
 
Na obra que o consagrou, a “Teoria Geral”,  Lord Keynes demonstra que em ciclos de profunda recessão o mercado não tem a capacidade de auto-ajuste, o mercado não tem essa ferramenta de reverter um ciclo continuado de queda da atividade econômica.
 
Nesta situação, só o Estado pode aumentar a demanda agregada que justifique novos investimentos em produção. Keynes especificamente apontou que a noção de que com a baixa da inflação e dos salários consequente ao desemprego, isso levaria a um estímulo para os empresários investirem, exatamente o que apregoam os “economistas de mercado” que sustentam o plano Meirelles. Keynes  demonstrou como isso é falso, que os empresários não vão investir se não há demanda para seus produtos. É exatamente o ponto onde se encontra o Brasil hoje. A equipe econômica aparentemente não leu e não aprendeu as lições de Keynes, operam com noções de uma economia ortodoxa desmentida pela Grande Depressão, tudo o que estão fazendo e pregando NÃO vai levar os empresários investirem e não vai tirar o País da recessão, esses cérebros são economistas pré-keynesianos, não sabem ou não aprenderam a lição da História econômica de crises recessivas anteriores da história do capitalismo.
 
O pano de fundo intelectual e ideológico desse plano de AJUSTE COM JUROS ALTOS E METAS DE INFLAÇÃO não é da formulação do Ministro da Fazenda, ele não tem bagagem para formular um plano econômico, é apenas um executivo de banco mediano, a formulação vem de outras cabeças, um pequeno círculo de economistas anacrônicos, fora do tempo e do espaço, formados muito antes da crise de 2008, com um pensamento monetarista démodé superado por outras reflexões sobre como lidar com economias em crise.
 
OS ERROS DO GOVERNO DILMA
 
A moeda de troca oferecida por esse pequeno grupo é reverter os erros da assim intitulada “Nova Matriz Econômica” do governo Dilma, algo que nunca existiu como política econômica consistente, não havia nenhuma política econômica, só uma série de improvisos ao sabor da conjuntura, essa “Nova Matriz” não era uma política construída e sim uma soma de medidas não articuladas. Os  desacertos do governo Dilma foram reais MAS não foram eles a causa principal  da longa recessão  estrutural que se projeta agora para mais de CINCO ANOS.
 
O conjunto desses erros poderia ser revertido a curto prazo, não teriam o poder de prolongar por tanto tempo a recessão a eles atribuída. Política de preços de combustíveis e de energia pode e já foi revertida e nem por isso a recessão se abateu, o déficit orçamentário de Dilma continua no governo sucessor, sem que se possa colar nele a recessão. A maioria dos governos do mundo, a começar pelo dos EUA, têm déficits por anos seguidos sem por isso entrar em recessão. O que faz e alimenta a recessão é a POLÍTICA MONETÁRIA do Banco Central.
 
A CAUSA REAL DA RECESSÃO
 
A causa estrutural  da recessão é a DOMIN NCIA do conjunto da política econômica pelos interesses exclusivos do mercado financeiro, centrado na imposição CONTRA A LÓGICA ECONÔMICA MAIS ELEMENTAR, de juros reais CINCO VEZES a média internacional, não só em relação a juros pagos por países ricos mas também em relação a JUROS PAGOS POR PAÍSES EMERGENTES, menores e com menos reservas cambiais em relação ao PIB do que o Brasil.
 
O Peru, por exemplo, paga juros reais em sua dívida pública que são MUITO ABAIXO do Brasil, assim como a Colômbia,  México, Índia, Paquistão, o Brasil está fora do passo em relação a maioria dos países emergentes, com relação aos países ricos o Brasil está pagando juros reais de QUATRO A CINCO vezes maiores, sem explicação à luz da teoria econômica.
 
Uma das consequências da dominância do mercado financeiro sobre o governo foi a extraordinária mudança de posição dos bancos privados em relação aos bancos públicos.
 
Nas três décadas nas quais o Brasil teve o maior crescimento econômico do planeta, de 1945 a 1975, o Banco do Brasil era maior que os dez maiores bancos privados somados.
 
Os grandes Estados tinham cada um seu banco estadual para financiar a produção regional, São Paulo tinha o poderoso BANESPA, de expressão internacional, Minas Gerais tinha três bancos públicos, a Guanabara tinha o riquíssimo BEG, que tinha tantos depósitos que não conseguia aplicar no Rio de Janeiro, outros Estados tinham seus bancos públicos.
 
Na histeria privatista do Plano Real quase todos os bancos estaduais foram vendidos, a maioria para o Itaú, alguns com o preço inferior ao crédito tributário que carregavam, todos sob o pretexto falso de que estavam quebrados, o valor da rede de agências não estava no balanço.
 
Hoje o BANCO ITAÚ vale no mercado R$225 bilhões e o Banco do Brasil um terço disso, R$75 bilhões, uma extraordinária transferência de capital bancário público para banqueiros privados, resultado óbvio do domínio do mercado sobre o Estado.
 
Esse processo levou à cartelização do sistema bancário privado, o Brasil tinha 600 bancos em 1975 e hoje basicamente três bancos dominam o mercado privado. Com esse processo esterilizou-se o crédito, caro e seletivo, os bancos se voltam para o mercado “exclusivo” para a classe média alta, afastando-se cada vez mais da economia real.
 
A DOMIN NCIA FINANCEIRA SOBRE A POLÍTICA ECONÔMICA
 
Ora, não há no mundo dos grandes países nenhum governo tão dominado pelo dito “mercado” na escala em que se encontra o Brasil. O “mercado” tem interesses específicos, que não são os da população como um todo. Nos EUA, a dominância excessiva do mercado levou à crise de 2008, salva pelo Estado e não pelo mercado, hoje o mercado perdeu peso, prestígio e importância no sistema de governança dos EUA, a eleição de Trump é uma resultante disso.
 
No Reino Unido, o “mercado” jamais optaria pela saída da União Europeia, isso prejudicaria extraordinariamente os negócios financeiros de Londres. Mas a população pensou de outra maneira e o “mercado” não foi atendido, o BREXIT foi contra o mercado.
 
O Brasil é hoje um caso único entre os grandes países do G-20, nenhum outro tem sua política econômica de tal forma dominada pelo “mercado”, que não fala pela população, fala apenas pelos rentistas e especuladores, pelos “gestores” de fortuna e banqueiros.
 
Essa dominância é INEXPLICÁVEL para um País com as dimensões do Brasil. O “mercado” não está preocupado com o desemprego, a desindustrialização, a perda da independência econômica, a miséria e o crime nas periferias das grandes e médias cidades, a precariedade dos serviços  de saúde e saneamento, a fragilidade da educação fundamental, a falta de oportunidade para toda uma geração de jovens entre 14 e 24 anos, onde o desemprego é de 30%, o dobro da já alta média nacional de 15%.
 
Nada disso diz respeito ao mercado, mas é ele que hoje rege a economia do País.
 
É inexplicável que um Estado poderoso como o brasileiro se deixe dominar pelo “mercado” de forma tão submissa, levando o País a uma recessão inédita na sua História, nem a crise de 1929, que abalou o mundo,  atingiu de forma tão profunda a economia brasileira da época.
 
NOVAMENTE OS ERROS DO GOVERNO DILMA COMO JUSTIFICATIVA
 
Para o diagnóstico correto da atual recessão é fundamental encontrar sua raiz, a nascente de onde parte o impulso negativo que leva a economia a andar para trás. É encontrando sua fonte que o remédio pode ser receitado, essa análise é necessária para a cura.
 
Não se use a desculpa que a recessão de hoje é ainda resultado dos erros do governo Dilma.
 
Os equívocos do governo Dilma são a explicação POLITICAMENTE conveniente da atual recessão, que se agravou após a queda de Dilma com mais 2,5 milhões de desempregados, mas esses erros foram conjunturais, os problemas estruturais da economia brasileira vem de muito mais longe, o tumor é mais profundo do que erros pontuais e o déficit público que já existe há décadas na economia brasileira, déficit que também existia em anos de grande crescimento,
 
NÃO é a causa da atual recessão, ao contrário, o déficit existe porque a arrecadação vem caindo e a maior parte das despesas são fixas e irredutíveis com a atual Constituição.
 
O maior de todos os déficits vem da conta de juros, que faz parte da atual política e essa conta é considerada intocável pela equipe econômica atrelada a essa política.
 
A raiz da recessão é mais profunda, vem da política monetária já praticada no governo anterior, recessiva por causa de juros reais muito acima do necessário e mais do que a economia pode suportar, juros praticados por um Banco Central descolado da economia real e capturado pelo mercado financeiro no seu âmago, o BC nunca esteve a serviço do conjunto da economia e sim a serviço do sistema financeiro, processo que vem desde o Plano Real.
 
O governo Dilma não teve uma política econômica firme e com objetivos racionais, foi uma política hesitante e oscilante, com medo ancestral do mercado, a  política já era a de METAS DE INFLAÇÃO, a mesma política que agora foi RADICALIZADA por fanáticos da deflação como ideologia e modus operandi, como crença e porque não sabem operar a economia de maneira mais racional e criativa, é mais confortável atender ao mercado do que enfrentá-lo.
 
A dominância da política econômica pelo “mercado” se consolidou no primeiro Governo Lula, com a entrega sem condições do Banco Central ao “mercado” na pessoa de Henrique Meirelles, essencialmente um delegado do mercado e não um formulador econômico.
 
 Foi o maior erro do Governo Lula e a causa do desastre final da política econômica nos doze anos do PT. O ovo da serpente da recessão de hoje estava sendo chocado com esse arrendamento do BC ao Boletim Focus como práxis e ideologia, o ponto de partida foi a gestão Armínio Fraga no BC, quando se inicia o Boletim Focus e a dominância do mercado.
 
Lula tinha capital eleitoral para seguir uma política muito mais independente, mas preferiu o comodismo de entregar por completo a política monetária e a política cambial ao arbítrio exclusivo do mercado sem reserva de poderes para contraditar a gestão do BC ou influir na política econômica. Deu certo no início porque as expectativas eram muito piores para seu governo e pelo favorecimento do ciclo de explosão de preços das commodities.
 
No Governo FHC até a gestão Armínio não havia essa dominância, tanto que a política cambial foi mudada por completo quatro vezes sem ser determinada pelo mercado, era o Governo que decidia o câmbio e não o mercado. Parece coisa simples, mas não é, o Governo FHC usava o mercado mas não era dominado por ele, o Governo se reservava o poder de decisão sobre o câmbio, isso começou a mudar com a gestão Armínio e o acordo com o FMI.
 
O Governo Lula, seguido pelo Governo Dilma, entregou POR COMPLETO E SEM RESTRIÇÕES, o Banco Central ao mercado, Meirelles jamais foi um estrategista como Gustavo Franco ou Armínio Fraga, apenas delegado do mercado no BC para atender o sistema financeiro daqui e de fora, seu papel é o de “representante” do mercado no BC.  Ele é produto do mercado.
 
No governo Dilma trocou-se o presidente do BC, mas manteve-se o modelo com uma diretoria  afinada com o mercado. Quando Dilma quis intervir na política de juros, caiu o mundo e ela teve que voltar atrás, já não tinha mais poder de enfrentar o mercado. Não foi a queda de juros reais imposta por Dilma que deu início à recessão, mas sim o retorno às taxas de juros reais várias vezes acima da média internacional. Essa baixa e volta à alta foi um desastre de percepção nos rumos da economia, somado a erros evidentes no tabelamento dos combustíveis e no desmonte do setor energético, atos irracionais sob qualquer ponto de vista.
 
A nomeação de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, nome indicado pelo mercado, agravou rapidamente o erro de ida e volta na política de juros e nessa gestão começa o ajuste fiscal improvisado, cujo único alvo foram as despesas mais essenciais de funcionamento do governo e os investimentos públicos, uma vez que as despesas com pessoal ativo e inativo são fixas.
 
Enquanto houver essa dominância pelo mercado da política monetária que necessariamente se atrela a política cambial, o Brasil não sairá da recessão, para o sistema financeiro cartelizado a depressão é ótimo negocio, baixa o preço dos ativos e o juro real sobe.
 
A ALTA CONTINUADA DOS JUROS REAIS E O NAUFRÁGIO DO PLANO MEIRELLES
 
Hoje os JUROS REAIS NO BRASIL são muito mais altos do que em 2015 e 2016, ao contrário do que dizem as Miriams e os Sardenbergs, os JUROS ESTÃO SUBINDO DESDE QUE COMEÇOU A RECESSÃO, tanto na taxa básica Selic como para tomadores privados.
 
O pior é que a leitura que se faz no Brasil sobre os rumos da economia mundial está defasada.
 
A economia mundial pós-2008 não é a mesma de antes, mas no Brasil se opera como se fosse.
 
A globalização financeira está sendo contestada por novos ativismos políticos que resultaram no BREXIT, na eleição de Trump, na revisão dos conceitos de ajuste fiscal pelo FMI e no nascimento de um novo pensamento econômico a partir da crise de 2008, que diminui a importância e o peso político do mercado financeiro sobre as economias e faz revisões contínuas de conceitos como o do “ajuste fiscal linear” que deu errado na Grécia.
 
Essas novas correntes de pensamento mudaram o foco e as teses das escolas de economia mais influentes, como a de Chicago e de Stanford e se cristalizaram em um novo e influente think-tank, o Instituto para o Novo Pensamento Econômico de Nova York. Nada disso afetou a cabeça dos “economistas de mercado” brasileiros, formados nos anos 90 e que não evoluíram em conhecimento de novas linhas econômicas, continuam atrelados fanaticamente ao velho monetarismo de Friedman, que já evoluiu na sua matriz intelectual, a Universidade de Chicago.
 
Políticas monetárias e orçamentárias mais flexíveis, como em Portugal, deram mais certo do que o brutal ajuste grego, que é o mesmo que se anuncia praticar no Brasil.
 
A preguiça mental e acomodação intelectual  dos economistas brasileiros da linha PUC Rio, Insper, FGV, todos atrelados ao “mercado” via consultorias e empregos e por reflexo pelo espaço que a GLOBO dá a essa ideologia “mercado-dominante” através da formidável massa de publicidade de bancos e gestoras financeiras, não apresenta nenhuma proposta que não seja mais ajuste, mais juros altos e mais Real valorizado, mais fanatismo na perseguição a uma meta abaixo de 3% mesmo que disso aumente os escombros da economia real.
 
Os “padrinhos da recessão”  estão em descompasso com o mundo, nossa política econômica virou uma jabuticaba rara, uma fruta genuinamente nacional, daquele tipo que só tem no Brasil, marchamos fora da partitura do mundo caminhando para o cadafalso da Grande Depressão, versão brasileira pela Globonews.
 
Um desafio lançado: que o Governo promova no Brasil um SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLÍTICA ECONÔMICA, convide nomes consagrados, alguns Prêmio Nobel de Economia com boa mescla de nomes de várias tendências, linhas e escolas, e proponha a eles sugestões sobre a economia brasileira. Muitos Bancos Centrais fazem isso continuamente, faz parte das funções de um banco central, que não pode ser caudatário de uma só visão de economia.
 
O próprio Prêmio Nobel de Economia é uma criação patrocinada pelo Banco Central da Suécia, gente que não tem medo de ouvir críticas e sugestões e não se consideram sábios inatacáveis.
 
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Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

41 Comentários

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  1. A reforma da previdência é
    A reforma da previdência é essencial para o Itaú, que vê o fim de seus negócios em um par de décadas se não conseguir acabar com a previdência pública. Vide o desespero que bateu no banco com o sucesso da XP.

  2. Claro que concordo com o que

    Claro que concordo com o que o Sr diz. Agora imagine-se atrás de um balcão e ter, mês após mês, um resultado sempre decrescente, já de há muito entrado num prejuízo crescente, vêr a TV e ouvir dizer que “está melhorando”

  3. O bardo já sabia…

    Um plano econômico que não poderia dar certo ameaça levar ao Brasil a uma depressão inédita, um dos países de economia historicamente mais dinâmica do planeta caindo nas profundezas de uma depressão gerada pela política econômica equivocada, sem lógica, sem nexo e sem ciência, manejada pelo sistema financeiro em seu próprio benefício.

    E isso basta! No mais é um Hamlet zanzando pelo palco e resmungando “words…words… words..”

  4. É a política que deve se sobrepor a outros poderes

    André Araújo fala de política econômica e monetária e da submissão dos governos ao mercado financeiro. Mas não foca a crise política e institucional, feita sob medida para enfraquecer, dizimar a política, dando pleno poder e controle ao mercado. O judiciário e todo o ‘sistema de justiça’ constituem ‘tropas’ desse mercado enquistadas e encasteladas na burocracia do Estado, de modo a inviablizar a Política, o Governo, impedindo esses de definirem os rumos do País.

  5. André, vivemos numa espécie

    André, vivemos numa espécie de ditadura sem baionetas. A ditadura da informação. Quando leio seus artigos, me desanima saber que ele não será publicado na Folha ou n’O Globo  ou no Estadão – que, embora hoje divergentes quanto ao destino de Temer, as três convergem na catástrofe deste plano econômico. Assim como na China o governo não permite que  ninguém ponha em dúvida a política do Estado, aqui no Brasil a Imprensa Oficial criou uma barreira pras ideias econômicas diferentes. E o ridículo é um veículo de comunicação  adotar a tática de terem vários analistas econômicos pra passar a ideia de pluralidade, mas que na verdade falam a mesma frase só que colocando o verbo em lugares diferentes (rs).  O que você escreve, André, não é publicado fora daqui. Sinceramente não sei qual foi a última vez que o Nassif teve espaço pra ser entrevistado numa rádio de alcance nacional, como CBN ou Bandeirantes, ou mesmo num jornal do porte d’O Globo, Folha, Estadão, Valor. É bem mais provavel que semana que vem eu tenha que ler em inglês  uma entrevista do Nassif  dada ao NYT ou Washington Post  ou Financial Times do que ler numa mídia nativa o Nassif falando em bom português o desastre econômico que nos meteram. 

    E não me iludo = se o plano Teimeirlles quebrar de vez o país, dirão os Alex Schwatizaman da vida que foi a crise política que não permitiu que a equipe econômica ungida por deus fizesse até o fim o seu serviço. Então temos que eleger alguém que o faço. Esse é o círculo do inferno que estamos, André – e nem ao menos escrito por Dante, mas por Ayres Brito, o pueta rss

     

     

     

     

     

     

  6. Sr. André Araújo, mais um

    Sr. André Araújo, mais um excelente post de sua autoria, mas também um grito chamando pelo bom senso em falta nas classes dirigentes brasileiras.

    O virus do ebola é muito poderoso, como demonstra sua mortalidade. O problema é que ele morre com suas vítimas. O virus da gripe, ao contrário, mata apenas os muito debilitados. Mas ao moderar sua letalidade, multiplina-se em larga escala.

    As classes dirigentes brasileiras são poderosas como o ebola. Impacientes com o grande hiato de poder a que foram submetidas pela vontade popular, resolveram tomar as rédeas do país e impor sua agenda. O resultado disso e suas causas têm sido brilhantemente descritos pelo Sr. em diversos posts. 

    A insensatez tem levado a nação por um caminho que termina em uma ruptura trágica. A natureza do brasileiro não é belicosa em grande escala, mas a manutenção dessa política econômica fratricida impele as massas empobrecidas à revolta. Porém, as elites controlam o poder armado e a justiça. Precisaremos de sangue derramado para chamar as pessoas à razão?

  7. Olha AA, não li ainda pq o
    Olha AA, não li ainda pq o texto é grande e preciso de calma e mais tempo,mas só por causa da extensão das palavras, senti q foi tipo um desabafo de vc e indignação quanto a sacanagem, ACERTEI ?
    Obs:Pq escrevo isto? Sei lá!?A culpa é do Nassif esse PETRALHA BOLIVARIANO!
    Obs2:AA prometo ler seu artigo e vou procurar colocar um comentário mais agregador aqui,vaaleu(vc não é petralha!)

  8. Aonde começamos a nos perder

    Excelente artigo, caro Araújo !

    Faço um comentário adicional aqui:

    Toda a falta de regulamentação da qual nos ressentimos, já existia durante o período militar e funcionava plenamente !

    Regulamentação da mídia : Havia um milico no canto de cada redação fiscalizando tudo o que iria para o ar, ou que seria publicado.

    Regulamentação do Ministério Público : Era total durante nosso regime militar.

    Controle do Congresso : Idem, total.

    Controle do Banco Central e da política economica : Idem, os militares controlavam tudo. 

    Bastava acabar com as torturas e manter o regime militar, que tudo continuaria funcionando como um relógio, mas agora é tarde para isto. Colocar o gênio de volta na garrafa, é tarefa colossal, quase impossível.

    Nossas elites não tem maturidade para governarem além do próprio umbigo, infelizmente. O povo não tem maturidade para votar para o legislativo.

    ————

    O antigo general Ernesto Geisel proferiu algo sobre o fim da ditadura militar:

    “Se é a vontade do povo brasileiro eu promoverei a Abertura Política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudades da Ditadura Militar.
    Pois muitos desses que lideram o fim da ditadura não estão visando o bem do povo mas sim seus próprios interesses.”

     

    Grande verdade.

      1. Ironia é o Brasil de hoje

        Caro Sr. Lima

        Pior que não é uma ironia. Uma ditadura é ruim sem dúvida, mas o oposto dela, que é uma anarquia, ou seja, mais ou menos o que estamos vivendo hoje é tão horrível quanto.

        Pouquíssimos países se desenvolveram sem uma regulamentação, sem uma centralização e sem um controle fortíssimo. Ou seja, um país não precisa ser ditadura para se desenvolver, mas precisa ter disciplina e ordem.

        Em países desenvolvidos, EUA, União européia, Japão e até nos quase desenvolvidos como Rússia e China, a mídia, e o banco central são regulados com mão de ferro. Isto tanto em democracias quanto em ditaduras bem sucedidas.

        Este ambiente de casa da sogra, onde a mídia ameaça o governo, e todas as instituições fazem o que bem entendem, não é democracia, é baderna. Isto só leva à derrocada de um país. Foi a isto que Lula levou o país, apesar de sua boa vontade, devido ao seu analfabetismo.

        Não existe vácuo de poder, ou seja, numa anarquia, o poder acaba sendo capturado pela mídia e pelo mercado que são os poderes mais fortes, e dificilmente estas istituições lutam pelo bem do país e do povo, mas sim cuidam de seus próprios interesses.

         

        Infelizmente, o Brasil dificilmente recuperará tal disciplina, pois o pessoal que assumiu o poder assim não o deseja.

  9. Lendo o texto do André, a


    Lendo o texto do André, a única dúvida é a seguinte: os banqueiros não sabem que são imcompetentes para comandar a economia do Brasil ou sabem exatamente o que estão fazendo, ou seja, destruindo e saqueando o Estado brsileiro ?

  10. duplo entendimento

    Não há o que discordar da excelente explanação de André Araújo.

    Porém, o plano que fracassa é o que se declara plano econômico. Mas este plano tem um outro objetivo oculto, mas que está caminhando com pleno sucesso. As medidas são as mesma do plano econômico, cujo fracasso será reconhecido no futuro pelos propositores, mas saberão provar que não deu certo por ter faltado mais disciplina e dureza na implementação em função das restrições políticas. Disfarçarão o riso cínico pois no fundo estarão orgulhosos do feito. O propósito desta estratégia e esmagar o estado cada vez mais. A cada aumento do deficit mandarão apertar mais os mesmos botões. Até um ponto em que o país esteja tão pequeno que possa ser governado por gente tão incapaz quanto eles.

  11. Plano econômico e recessão

    André, esse texto teu é de imprimir e colar na parede da sala.

    Sem os rebusques teóricos lança a completa submissão de vários governos, climax – será ? – nesse ao comando de um corrupto por décadas, multi delatado, provas a jorrar mas ao abrigo de um congresso falido moralmente e do stf de cócoras.

    Parabéns !

  12. Seis estrelas

    Sugiro ao Nassif atribuir 6 estrelas na classificação desse texto e gostaria de acrescentar mais alguns aspectos divergindo um pouco no horizonte.

    O ajuste continuado por 20 anos via PEC dos gastos ira reduzir a demanda agregada em pelo menos 15% no longo prazo assim a redução de mercado futuro faz com que investimentosde HOJE sejam imediatamente repensados ampliando a crise contratada, para piorar o governo aumentou os juros dos financiamentos de longo prazo equiparando a TJLP com a SELIC que é quase o dobro.  Mas a perversidade é muito maior porque alem de reduzir os investimentos o lei proibe a sua retomada no futuro então sem capacidade de expansão de investimentos e com taxas de juros grotescas para longo prazo os ativos ficarão gradativamente menos atrativos por isso a pilhagem do estado deve ser rápida antes que os investidores percebam o engodo.

    Enquanto houverem ativos a serem vendidos o fluxo de dolares seria mantido estavel as custas dos empregos que evaporam instantaneamente ampliando a crise. Com a compressao dos salarios via reforma trabalhista e a remoção da rede de proteção social pela reforma da previdencia a arrecadação cairá violentamente e o governo terá inexoravelmente de aumentar impostos ampliando ainda mais a crise e jogando grande  parte da população na miseria á sua propria sorte.

    Não ha horizonte para parar a crise sem um referendo revogatorio de todas as medidas deste governo o mais rapido possivel. Não ha a menor possibilidade do livre mercado atuar tão fortemente com taxas de juros reais neste patamar pois o retorno do investimento em muitos setores, especialmente o industrial, seria menor que a remuneração paga pela SELIC para os rentistas. Duvido que ocorra queda significativa nas taxas de juros pois o sistema implementado neste governo é brutalmente concentrador de renda, extremamente concentrado em poucos bancos e agora está securitizado por 20 anos na Constituição. Nao ha razão nenhuma para baixar juros e por isso eles continuam aumentando, se o governo é irracional os bancos com certeza não são e conforme o percentual de toda a receita nacional aumenta nas suas maos é natural que o risco tambem aumente e assim a taxa de juros irreal de hoje vai virar a extorção de amanhã.

     

     

  13. A inigualável análise do

    A inigualável análise do André enseja diversas previsões, todas calamitosas. Acredito que, antes que essas previsões aconteçam inteiramente, o povo vai estourar feito uma panela de pressão entupida, aquela panela de pressão que cozinha o feijão de todos os dias. Tomara que estoure logo, ainda no governo do cara de maria vai com as outras, o tal rodrigo maia.

  14. Prezado André
    Fantástico
    Mas

    Prezado André

    Fantástico

    Mas o papel de Joaquim Levy como ministro da fazenda não pode ser minimizado

    Li em um comentário sobre outro assunto econômico que este sujeito foi secretário da fazenda do Rio (onde começou a destruir a economia local); e depois aplicou sua maldade no Brasil, provocando um tarifaço na energia elétrica: ao invés de fazer o aumento de modo lógico e racional, diluindo o aumento no tempo; o retardado deu uma paulada – praticamente matando o doente que estava na UTI. Minha conta de luz (consumindo menos kWh) dobrou em 2 meses

    E os cortes em investimentos públicos começaram com a “jestão jenial” de Levy na Fazenda – MPs 664 e 665, uma dose de neo-liberalismo na veia (praticado por quem recebeu votos para fazer o contrário – e essa conversa mole de agradar ao “mercado” acabou nisso)

    Enfim, quem abaixar as calças ao “mercado” vai acabar incinerado em oferenda 

  15. Economia é produção, gente,

    Economia é produção, gente, comida, emprego, venda, compra, trocas…….coisinhas bem elementares. Rege-se por princípios básicos e prescinde das frescuras e enrolações do Monetarismo, o caroço que se tornou maior que o abacate. Pelo menos no Brasil. 

    Não por nada, o adornaram com um cabedal de termos e expressões esotéricas permeadas por equações diferenciais e algébra linear. Tudo para dar o ar de profundidade e complexidade. Enrolation, na gíria do povão.

    Mais um  tijolaço do André Araújo que merece ser lido e discutido. 

  16. Taxa real de juros – obrigatório para refrescar a memória
    QUEM PRATICOU AS MENORES TAXAS REAIS DE JUROS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS?

    A despeito do que muitos imaginam, Dilma Rousseff. Vejamos:

    – Histórico recente e anual das taxas reais de juros no Brasil – 

    1) Governo FHC (1995 a 2002)

    1.1 Primeiro mandato

    1995: 25,1%
    1996: 16,0%
    1997: 18,5%
    1998: 22,2%
    Média simples do primeiro mandato: 20,4%

    1.2 Segundo mandato

    1999: 14,3%
    2000: 11,0%
    2001: 9,1%
    2002: 5,9%
    Média simples do segundo mandato: 10,0%

    1.3 Média simples nos mandatos de FHC: 15,2%

    2) Governo Lula (2003 a 2010)

    2.1 Primeiro mandato

    2003: 13,0%
    2004: 8,2%
    2005: 12,7%
    2006: 11,8%
    Média simples do primeiro mandato: 11,4%

    2.2 Segundo mandato

    2007: 7,3%
    2008: 6,2%
    2009: 5,6%
    2010: 3,8%
    Média simples do segundo mandato: 5,7%

    2.3 Média simples nos mandatos de Lula: 8,5%

    3) Governo Dilma (2011 a 2015)

    3.1 Primeiro mandato

    2011: 4,9%
    2012: 2,4%
    2013: 2,3%
    2014: 4,3%
    Média simples do primeiro mandato: 3,4%

    3.2 Segundo mandato

    2015: 2,6%

    3.3 Média simples nos mandatos de Dilma: 3,3%

    4) Desgoverno golpista de Temer (2016)

    2016: 7,4%

    5) Médias simples da taxa real de juros no Brasil

    5.1 Média simples nos mandatos de FHC: 15,2%
    5.2 Média simples nos mandatos de Lula: 8,5%
    5.3 Média simples nos mandatos de Dilma: 3,3%
    5.4 Média simples nos governos do PT: 6,4%
    5.5 Média simples no pós Plano Real: 9,7%

    6) Expectativa da taxa real de juros em 2017

    2017: 6,6%¹

    ¹ Expectativa tendo como base o último relatório do Boletim Focus do Banco Central do Brasil.

     

  17. Acha que Ilan vai convidar Nobel para estragar a festa do Itaú?
    É ruim, hein. Na minha opinião esse pessoal não está fazendo barbeiragem nenhuma, estao planejando exatamente atingir os resultados que os bancos privados desejam: superfaturar juros reais da dívida (*), aumentar a dívida pública para o estado ficar mais refém dos bancos privados, depreciar ativos reais do patrimonio público (e privado do setor produtivo) para comprar na bacia das almas.  Estão se lixando para o sofrimento do povo e para o futuro do Brasil. Não é castigo para aprender a não constestar a ortodoxia neoliberal como você diz, é simplesmente como adulto roubar o doce de uma criança para depois vender o doce. Nem o mias emperdenido neoliberal da escola de Chicago das antigas (não estou falando dos novos) manteria juros reais de 7 a 9% depois do PIB cair 8% dizendo que é para “controlar inflação” quando já há deflação no mês. (*) sob os olhos complacentes do MPF que acha que corrupto só existe em empreiteira.

    1. Evidentemente que essa

      Evidentemente que essa “equipe” não vai convidar ninguem, me refiro ao Congresso ou a entidades empresariais SE houvesse real interesse na recuperação da economia brasileira. Digo que isso seria algo racional em beneficio do Pais MAS não acredito que possa acontecer, não há verdadeiro interesse na nossa elite politica em enfrentar problemas REAIS do Brasil ou pior ainda,

      a ignorancia sobre economia e pensamento economico é tal que sequer imaginam que essa politica mediocre possa estar

      completamente errada, na crença caipira de que economia é assunto especializado só para economistas, quando economia

      é assunto de interesse de todos os cidadãos, basta ter percepção e sensibilidade, Roosevelt não era economista e

      enfrentou a Grande Depressão com medidas certas, o verdadeiro estadistata tem faro para saber que a economia esta no caminho errado.

      1. Economia é um assunto sério

        Economia é um assunto sério demais pra ficar só na mão de economistas (rs). Sobre um comentário seu falando que mesmo os fanáticos defensores dessa política – os mansuetos e pessoas da vida – também serão afetados com o final desastroso, será que serão mesmo? Não acho que essa turma está preocupada em ir pra fila do seguro desemprego (rs), que, aliás, por eles nem mais existiria, é coisa de comunista como o Roosevelt (rs). Meireles e Ilan nem brasileiros, na prática, são. Quebrando o país, pegam no mesmo dia um avião e aproveitam o melhor que o mundo pode oferecer a quem serve aos donos do dinheiro que não resulta em coisas concretas. André, nesse momento, você enxerga algum estadista que seja meio Roosevelt pra tirar o país desse rumo de Titanic que nos meteram? 

  18. Só discordo no caso de Dilma.

    Preço da gasolina foi erro (e desnecessário), mas subsídios aos empréstimos do BNDES visava justamente aumentar produção para aumentar a oferta (para suprir a demanda que havia aumentado desde 2010) para controlar a inflação (mesma lógica dos planos safra à agricultura, só que aplicada à indústria). E de onde vinha o dinheiro para isso? Da economia que estava havendo com pagamento dos menores juros da dívida, lembrando que em 2012 juros reais chegou a apenas 2%. Então tinha lógica e era uma política boa que tinha tudo para dar certo. Aí quem fracassou na resposta aos estímulos foi o empresariado do setor produtivo (e eu não entendo o motivo, você sabe?). E isso não foi culpa do governo que fez o que tinha de fazer naquele momento.

    Antecipação da renovação das hidrelétricas amortizadas mediante queda no preço do KWh só impactou os balanços das geradoras que aderiram reduzindo o lucro e era uma demanda da indústria para diminuir o custo Brasil. O custo da energia que subiu depois não teve nada a ver com isso, pois foi devido a seca, o que obriga as distribuidoras a comprar energia mais cara de geração térmica, é aí distribuidora que não tinha contrato de longo prazo e comprou no mercado livre se ferrou. Pode criticar Dilma por ela ter segurado o repasse aos preços em 2014 e acabou tendo de repassar em 2015.

    1. Agradeço o comentario. No

      Agradeço o comentario. No caso do BNDES concordo com o papel fundamental do banco mas discordo da natureza dos emprestimos que não criarm nem empregos e nem crescimento. Os emprestimos para o Eike não se justificavam, Eike era um aventureiro sem historico de produção efetiva, ele só produzia e vendia projetos, para o JBS os emprestimos foram para compra  de frigorificos no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Australia, Italia, Egito, isso não produziu desenvolvimento no Beasil, a mesma coisa para outros emprestimos como Marfrig,  politica de emprestimos tinha que estar atrelada a NOVA PRODUÇÃO gerando empregos no Brasil e não à compra de empresas, algo que não gera emprego, ao contrario, reduz..

      1. As mineradores que Eike tinha

        As mineradores que Eike tinha há muito tempo eram empresas sólidas e continuam sendo, acho que sob outro controle. O que quebrou Eike foi a OGX (Petróleo) que fez ele perder todas as empresas boas, além de abrir muitas frentes ao mesmo tempo (aventureirismo).

        Os empréstimos liberados para empresas dele, se não me engano foram para indústria naval (estaleiro), infra-estrutura (porto do Açu) e Usinas Térmicas (atual Eneva), todos empreendimentos que geram empregos e desenvolvimento. Mas foram ou estão sendo pagos sem prejuízos. Aqui em 2013 o Nassif publicou:

        1. O BNDES aprovou R$ 10 bilhões para Eike. Apenas R$ 6 bi foram liberados e para empresas com garantias. As empresas foram vendidas a grupos multinacionais que assumiram toda a dívida. Além das garantias, os empréstimos contaram com fiança bancária – isto é, com a garantia de outros bancos, em caso de inadimplência.

        2. A participação do BNDESpar nas empresas de Eike é irrisória, conforme nota do banco. (Aqui houve prejuízo, mas pequeno para o banco). 3. Também os empréstimos da Caixa Econômica Federal contavam com fiança bancária do banco Santander. 4. Quando chamados a acudir Eike, para evitar a perda total dos empréstimos, os bancos privados correram, os bancos públicos, não, devido a mitigação do risco e aos empecilhos normais no setor público. Portanto, a exposição de Eike é junto aos bancos privados, não aos bancos públicos

        que todos tinham garantias e fiança bancária. 

        Quanto aos Frigoríficos comprados no exterior foi participação acionária via BNDESpar e não empréstimo, tanto que o BNDESpar tem participação acionária no grupo e poder de veto que impediu de mudar a sede para o exterior. Mas não sei afirmar ao certo o que a economia brasileira ganharia com isso. Mercados para exportar a carne brasileira?

        Sei que a China financia aquisição de portos no exterior por empresas chinesas para formar cadeia logística mundial e de baixo custo para exportação dos produtos chineses.

        1. A JBS teve financiamentos

          A JBS teve financiamentos diretos e tambem participação acionaria, foram financiados por emprestimos, compra de debentures e compra de ações. Quanto à exportação de carne, na realidade o BNDES financiou a recuperação da industria frigotifica dos Estados Undios, Pais que é nosso MAIOR concorrente na exportação de carne, o BNDES ironicamente ajudou os EUA a recuperar seu setor de carne frigorificada, hoje a JBS tem 74% de seu faturamento a partir dos EUA, tudo financiado pelo BNDES. Quanto ao Eike, o seu modelo de negocios não era saudavel, não tinha uma logica de interesse nacional, Eike chegou a pagar 200 milhões de Reais a um unico executivo da Petrobras para o executivo  trabalhar na OGX,, quer dizer, rasgando dinheiro que não era dele,  atos malucos, comprou o Hotel Gloria, tradicional no Rio, desmontou e lá estão os escombros,

          qual a logica estrategica de um empresario de mineração comprar um hotel, algo completamente fora de seu ramo?

          Quanto às fianças bancarias há processos em torno de alguma  dessas garantias, ao contrario do que se pensa fiança bancaria não é tão liquida, os bancos costumam contestar o resgate da fiança até o ultimo limite, tentando escapar do compromisso.

    2. O “represamento de preços” da Petrobras é uma farsa completa

      Tanto na mídia golpista quanto em blogs diversos se comprou a monstruosa farsa de que Dilma ‘represou’ os preços dos combustíveis. Essa fraude patética serviu para malhar com violência inacreditável a administração da ex presidenta durante vários e vários anos consecutivos. E era tudo uma grande e grotesca mentira. Vejamos:

      1. Governos de Dilma Rousseff (05 anos – entre 2011 e 2015)

      1.1 Gasolina: reajuste de 43,5% em 05 anos – reajuste médio de 7,5% ao ano

      1.2 Diesel: reajuste de 46,7% em 05 anos – reajuste médio de 8% ao ano

      Somente no ano de 2013 a Petrobras aumentou 3 vezes o preço dos combustíveis, tentando se defender da maneira que era possível frente ao alto preço da commodity no mercado internacional. 

      Os valores dos reajustes promovidos por Dilma ficaram acima da inflação média do período verificado e é a coisa mais óbvia da face da Terra que não se poderia aumentar mais do que feito pois a economia vinha de arrasto. Para se ter uma idéia, o PIB médio – entre 2011 e 2015 – ficou num patamar de míseros 1/4 do valor em que os combustíveis foram reajustados. 

      1. Acusam da Petrobras comprar mais caro do que vendia

        Boa, eu mesmo não sabia disso. Mas acho que a crítica vai além, porque acusam da Petrobras ter de comprar gasolina no exterior mais caro do que vendia no Brasil em alguns períodos. Mas agora já não sei se tem fundamento essa crítica ou se pegaram algum ponto fora da curva sem olhar todo o período. De qualquer forma o que eu quis dizer é que talvez seria melhor deixar a gasolina mais cara para a Petrobras, e a dívida da empresa crescer menos.

      2.  Os dados que tenho são os

         Os dados que tenho são os seguintes (calculados a partir da pesquisa semanal, Brasiln ANP).

        Coluna 2 – Preço médio (Brasil, anual) de distribuição da gasolina.

        Coluna 4 – Preço médio (Brasil, dezembro; junho para 2017) de distribuição da gasolina

         

                    Preço médio (2)   Variação    Preço médio (4)    Variação    IPCA cheio

        2004     1,88                          —              2,00                       —                     —
        2005     2,05                        8,66            2,19                      9,32                  5,69
        2006     2,24                        9,49            2,20                      0,66                  3,14
        2007     2,16                       -3,51            2,15                     -2,17                  4,46
        2008     2,16                        0,03            2,18                      1,28                  5,90
        2009     2,18                        0,53            2,22                      1,97                  4,31
        2010     2,22                        2,25            2,26                      1,78                  5,91
        2011     2,36                        6,10            2,38                      5,04                  6,50
        2012     2,37                        0,49            2,36                     -0,52                  5,84
        2013     2,45                        3,35            2,52                      6,41                  5,91
        2014     2,57                        4,95            2,61                      3,57                  6,41
        2015     2,89                       12,39           3,17                     21,64                10,67
        2016     3,22                       11,47           3,27                      3,02                  6,29
        2017     3,21                       -0,27            3,11                     -4,80                  1,18

         

        (Alguém pode me informar como colar aqui no GGN uma tabela formatada e um gráfico do LibreOffice Calc?)
         

    3. A sua dúvida “Aí quem

      A sua dúvida “Aí quem fracassou na resposta aos estímulos foi o empresariado do setor produtivo (e eu não entendo o motivo, você sabe?)” me incomodou muito tempo e encontrei algo aproximado da resposta no PLENO EMPREGO. Os empresários tendem a ver no PLENO EMPREGO um fator ameaçador do que consideram produtividade, não investem por causa do empoderamento da mão de obra, tanto no consumo quanto no comportamento. Economia e política só são separadas ideologiacamente, no mundo real e cotidiano andam juntas nas relações diretas entre as classes. Produtidade para o empresário nada tem a ver com o rendimento do trabalho, mas sim com o retorno por unidade de mercadoria vendida. Os empresários deixados á sua própria sorte são intricecamente estúpidos, não há nada que possa ser feito a respeito disto. Seguir as demandas empresariais possibilita mergulhar na recessão em meio ao pleno aquescimento. Apostar no investimento privado era a pior opção em detrimento do investimento governamental direto e da injeção de dinheiro no consumo e no trabalhador.

  19. E só discordo também na parte sobre Lula e FHC

    Em 2003 Lula assumiu com empresas sem conseguir linhas de crédito nem para exportação. Então Lula teve de buscar gente do mercado para o Banco Central para abrir os canais, mas ele colocou o Palocci de sua confiança na Fazenda justamente para manter Meirelles dentro de limites de sua missão (ter a confiança do mercado para não haver fuga de capitais, controlar a inflação e fazer cair a taxa de juros, que esteve em queda até 2008, só depois voltando a subir). E Palocci também tinha funçoes de estímular o crescimento como o crédito consignado (que não foi do agrado dos bancos, tanto que os grandes bancos boicoitaram no início), além dar um jeito para aparecer dinheiro para investimentos estatais que ganhou musculatura só no segundo mandato com o PAC. Além disso no governo Lula fortaleceu os bancos públicos e eles ganharam market share. BB comprou Nossa Caixa, por exemplo.

    Já FHC pode-se dizer que o governo foi a República dos banqueiros. Fez tudo o que os bancos queriam, transferiu os bancos estaduais para os bancos privados nas privatizações e os bancos públicos foram encolhidos em termos de market share e obedeciam ao cartel da Febraban nas tarifas e nas taxas oferecidas aos clientes (como faz Temer hoje). Quanto ao dólar, mesmo sob Gustavo Franco vigorou as bandas cambiais, o que era uma garantia para os bancos, pois praticamente eliminava riscos do rendimento dos juros em Reais ser perdido com desvalorização cambial. Nem custos de operações de hedge casadas com renda fixa precisavam fazer, o Bacen bancava os riscos cambiais.

    1. Em parte é verdade mas a

      Em parte é verdade mas a confiança em Lula não veio só de colocar gente do mercado no BC. Antes da posse Jose Dirceu estabeleceu com Otto Reich, então Subsecretario de Estado do governo Bush, um acordo de respeito à economia de mercado e Reich organizou para Dirceu uma visita em Nova York aos oito maiores bancos de Wall Street onde Dirceu deu as garantias

      viva voz do respeito pelo governo Lula dos compromissos internacionais e às regras de mercado. Foi essa a maior garantia

      do governo Lula e não a pessoa de Meirelles, que era um executivo de banco privado médio, não era um nome de grande peso

      mas era quem estava disponivel,  outros nomes potenciais não queriam se ligar ao governo Lula naquele inicio de govrno.

  20. Perfeita análise Araújo, mas

    Perfeita análise Araújo, mas você não considerou uma possibilidade (que eu considero que é a mais provável no Brasil).

    Você comentou corretamente como os economistas brasileiros agem de forma incompetente e estúpida, mas você não considerou que eles podem estar sendo propositalmente incompetentes e estúpidos. As decisões deles passam a fazer sentido quando você considera que o objetivo deles é drenar a economia brasileira movendo toda a riqueza para o mercado financeiro, mesmo que isso acarrete no colapso do mercado interno brasileiro.

    1. É evidente que há um

      É evidente que há um interesse especifico nessa politica MAS a longo prazo eles tambem perderão se o Pais entrar em colapso social, ai o barco afunda e tudo que está dentro do barco afunda junto.

  21. AA refletindo

    AA refletindo “povamente”sobre a política econômica dos rentistas aqui no Brasil eu chego a conclusão q tudo é proposital,ESTÃO LIMITANDO O ACESSO DO POVO E EMPRESÁRIOS AO CAPITAL(DINHEIRO),tive a certeza depois de saber dos artigos do dono do Itaú defendendo a reforma trabalhista e até exigindo-a(foi recado aos futuros financiados políticos)quando Temer “balançou” com as denúncias,Meireles veio a público dizer q as reformas eram mais importantes e praticamente exigiu a sua permanência e até em um futuro governo Maia EXIGIU q para ficar queria era mais independência,PODE ISSO?Q INSANIDADE!Um ministro(subordinado)exigir!!!Alí tive a certeza do domínio rentista,todos estão de joelhos a eles,estes “paneleiros empresários”estão adorando a reforma trabalhista,mal sabem q a vítma são eles mesmos, tipo igual a classe média paneleira brasileira q agora perdem muitos direitos trabalhistas,,AA a depressão já está aqui!Eu digo isso pq está uma paradeira geral em Sampa,é as ruas q dizem, e não adianta Globo dizer o contrário,é mais uma mentira dela,olha AA os rentistas só pensam em suas famílias,vc tb não dá preferência a sua família?Ainda mais sem os limites q deveriam ser dados pelo “governo”(governados),banqueiro não tem dó de ninguém.vc q é empresário sabe mais q eu,eles vão lá e tomam tudo dos empreendedores,as vezes o cara ralou dez,vinte anos e na crise,perde tudo!

    Veja AA,o Itaú “papou” ou irá “papar” as melhores empresas,compram mesmo,acho engraçado esses empresários ingratos q tiveram imensos benefícios com os governos petistas,assistirem o JN e meterem o pau ainda no PT,aliás já dou um recado a concorrência da Globo,criem um jornal melhor com credibilidade,no mesmo horário e até apresentadores parecidos, q o povo migrará para este novo jornal,o povo assiste por falta de opção e já está treinado a isso,façam a jogada q teve aqui em Sampa,do jornal amarelinho de empregos, q levou todos os anunciantes do caderno de empregos da Folha,mas não, a concorrência tb tem preguiça mental e acomodação intelectual,aliás não só eles,eu tb,o brasileiro em geral!!

    Obs:AA separei alguns trechos do seu artigo e ia comentá-los,mas achei q iria “agregar”mais assim,aliás essa sua afirmação de preguição mental e tal,foi um tapa na cara e por isso mudei um pouco meu estilo aqui(agora,kkk!)

  22. Insistindo na sandice

    Há pouco tempo conversando com um ex-membro do Cade, atualmente dono de uma consultoria, ele insistiu que “o Estado deveria reduzir a sua folha de pagamento, vender suas empresas e reestabelecer o equilibrio!. Sorri amarelo!

    É a mesma formula usada em maior ou menor grau há décadas. Até Dilma abriu mão de suas empresas em nome da modernizaçã (ver Infraero).

    O que não se observa é que impera a preguiça. Não tem um olhar para o que foi feito na Islandia, para o “jeitinho” luso de driblar a Troika, para reconhecer que a Grécia foi e ainda é estrangulada, e que só a injeção maciça de grana praticada na gestão “socialista” do Obama tirou a economia estadunidense do atoleiro.

    Agora o bode expiatório é a “Nova  Matriz Economica”, bombardeada dioturnamente pela imprensa  oficiosa como um pecado mortal , digno das chamas e do enxofre de Belzebu!

    Agradeço Andy pela lúcida constatação que o Brasil se encontra prostrado e de joelhos frente aos interesses rentista, e que transcendendo à lógica, só a expiação sádica imposta pelos agentes da Inquisição travestidos de Gurus das Finanças dá prazer a estes mumificados da economia!

  23. Belo texto

    Belo texto.

    E o pior é que o grande feito político da Globo pode ser eleger um Bolsonaro da vida, que pretende reacender a economia brasileira com grafeno e nióbio (!).

    É inacreditável, um candidato que está empatado em primeiro lugar nas pesquisas afirmar uma insanidade dessas, mas é a verdade. Ele diz isto continuamente, com toda convicção, que assim reativará a economia brasileira.

    E nós não podemos duvidar, estas asneiras colam. Trump chegou a afirmar em discursos que Obama foi o criador e Hillary a co-fundadora do grupo terrorista Estado Islâmico (!). Mais adiante, perguntaram-no se ele queria dizer que devido à uma suposta anomia da ação dos EUA no Oriente Médio, Obama era o responsável pelo surgimento do EI. Trump respondeu que não, que LITERALMENTE Obama foi o criador do EI. É inacreditável, um louco dizer uma coisa dessas, e o fez durante a campanha, na maior economia do planeta – e foi eleito. Se ocorreu lá, país muito mais rico e escolarizado que o nosso, não pensemos que não pode se reproduzir aqui.

    O único pré-candidato que tem discutido, debatido realmente economia é o Ciro Gomes.

    Todos os outros se agarram no ar.

  24. Juros Reais

    André, você menciona no texto que os Juros Reais estão hoje mais altos que em 2015, com a baixa de mais 1% na SELIC chegamos agora ao patamar de 3,9% aa. Esse valor não é mais baixo que o momento anterior do ciclo atual de redução da SELIC? Você diz que num momento de recessão os juros devem ser baixos para estimular a economia, mas não é isso que o BC está fazendo, porem com cautela?

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