Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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OCDE, o apogeu do Globalismo, por André Motta Araújo

E para completar o erro à injuria, o Brasil, para entrar na OCDE, precisa pedir humildemente o apadrinhamento dos EUA, cujo governo atual também desdenha da organização e faz pouco caso dela.

OCDE, o apogeu do Globalismo

por André Motta Araújo

O movimento mundial anti-globalista tem dois grandes alvos: a Organização das Nações Unidas e a Organização  para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, sucessora da Organização Europeia para a Cooperação Econômica, por usa vez sucessora da Administração para a Reconstrução Europeia, a administradora do Plano Marshall, iniciativa americana para a reconstrução da Europa devastada ao fim da Segunda Guerra.

É uma inacreditável demonstração de incoerência lideres ideológicos anti-globalistas lutarem por vagas na OCDE, que é o emblema do que combatem.

Se são anti-globalistas porque pretendem ingressar numa organização que é a síntese do globalismo? A OCDE tem hoje mais críticos do que admiradores.

O QUE GANHA O BRASIL NA OCDE

A mídia econômica chapa branca bate palmas para maluco dançar e vende o ingresso do Brasil na OCDE como algo muito vantajoso, como se fosse a entrada em um Clube dos Ricos. É um “fake” como tantos que os núcleos neoliberais na mídia e na academia vendem para o público ignorante.

Entrar na ODCE não gera nenhuma vantagem econômica, países que não são ricos como Grécia, Turquia e México são membros há muitos anos sem que ganhassem algum progresso especial por causa disso, o atual diretor geral é mexicano e o México continua tão emergente como era há 15 anos, quando entrou para a OCDE.

A entrada na OCDE gera mais obrigações do que ganhos e faz o Brasil perder concretamente e de imediato vantagens de tarifação no comercio exterior conferidas por seu status de non-OCDE no âmbito da OMC.

A SOBERANIA E A OCDE

Organizações tipo OCDE exigem como contrapartida de ser sócio a adesão a regras que ao fim do dia significam uma redução de margem de manobra ou, sendo mais claro, a uma diminuição de soberania do Estado sobre suas ações em matéria orçamentaria e de programas de estímulo ao desenvolvimento.

É por essa razão que os “mercados” e seus intérpretes são entusiastas para que países-alvo adiram a OCDE, isso atende ao “programa neoliberal”.

O que é impressionante é um Governo eleito na esteira do anti-globalismo pretender ao mesmo tempo ingressar na OCDE, não combina e talvez seja fruto de uma completa desorientação ou falta de entendimento do que seja uma coisa e outra, cospem no muro do clube e depois querem entrar nele.

E para completar o erro à injuria, o Brasil, para entrar na OCDE, precisa pedir humildemente o apadrinhamento dos EUA, cujo governo atual também desdenha da organização e faz pouco caso dela. Que dizer, vamos ficar devendo favor para os EUA para entrar nesse clube que o padrinho acha péssimo.

É demais.

AA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

5 Comentários

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  1. É uma ilusão achar que novas reduções da taxa básica permitirão a retomada do crescimento – a esta altura, o efeito da diminuição dos juros na demanda agregada seria pouco relevante.
    A única alternativa para o Brasil é a retomada o investimento público. Como todo o mundo deveria saber, o investimento público e o privado são complementares, e, em geral, é o público que puxa o privado.
    É uma ilusão achar que a reforma da previdência abrirá um espaço para aumento do investimento público. Essa reforma, somada à trabalhista, diminuirá a arrecadação das contribuições sociais e, consequentemente, aumentará o deficit. O verdadeiro objetivo da reforma previdenciária é proporcionar um tremendo negócio para os bancos.
    Resta, portanto, aumentar a dívida pública. Como ela se comportou nos últimos anos?

    Relação dívida/PIB (Governo Geral, dezembro [2018, novembro])

    Bruta Líquida
    2006 55,5 45,3
    2007 56,7 43,4
    2008 56,0 37,8
    2009 59,2 41,3
    2010 51,8 38,5
    2011 51,3 35,1
    2012 53,7 32,8
    2013 51,5 31,1
    2014 56,3 33,2
    2015 65,5 37,9
    2016 69,9 47,8
    2017 74,1 53,5
    2018 77,3 55,3

    No final de 2014 começa o desastre neoliberal (sim, com a Dilma, infelizmente). De lá para cá, a dívida em relação ao PIB aumentou mais de 20 pontos! Foi o resultado direto da política de combater a recessão com… mais recessão (!) e da destruição das nossas instituições.
    Esse aumento da dívida poderia ter sido utilizado para um programa de investimentos estatais.
    O Brasil precisa de duas coisas: afastar de vez a ideologia neoliberal, que está a destruir o país; retomar o estado pleno de direito, sem o qual não será possível construir um novo modelo de desenvolvimento.
    Com o atual governo isso é impossível. Todas as medidas do Guedes são recessivas; a política externa do Bolsonaro é um desastre em termos econômicos, para todos os setores. Seria muito bom se a nata (bancos, militares. etc.) do golpismo se conscientizasse do desastre de suas políticas e opções nesses últimos anos. Difícil…

  2. Pois Zélia. Os abutres rondam o cadáver da nação, à espera do início da sua putrefacão, para invistiri nao para empregar a juventude mas para assaltar os beneficios dos pensionistas, aposentados, categorias especiais e inválidos. Okay nothing mas os velhinhos continuam trabalhando,

  3. Muito Obrigado, AA. You made my night.
    Certamente, já aprendi muito com você. Teria aprendido muito mais, se fosse menos ignorante e mais humilde.
    Valeu

  4. AA, estou lendo a minha mensagem de gratidão de ontem a noite e noto a ambiguidade da frase “se fosse menos ignorante e mais humilde”. Sou eu que devo ser menos ignorante e mais humilde.

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