Seguir cegamente a política econômica Ocidental pode ser prejudicial às nações

por Douglas Mortari

Caros, no momento em que o Brasil – mais uma vez – segue pela contramão da História, traduzi essa resenha do novo livro do economista Mark Weisbrot, do Centro para Pesquisa Econômica e Política (CEPR) norte-americano. Dá a certeza de que atravessamos uma ponte para o passado. Fiquem à vontade para consertar qualquer termo econômico aí mal interpretado. Os grifos e colchetes são meus.

Por Madan Sabnavis

Economista-chefe da Care Ratings, The Financial Express, Nova Déli

Tradução Douglas Portari

Failednovo livro de Mark Weisbrot, aponta como seguir cegamente a política econômica Ocidental pode ser prejudicial às nações

A crise financeira, seguida pelo imbróglio do euro, provavelmente produziu o maior número de livros [sobre economia] dos últimos tempos. Alguns deles nos dizem como as crises surgiram e foram combatidas, enquanto outros são críticos ao sistema capitalista que gera a ganância. O Federal Reserve, o Banco Central Europeu (BCE) e seus chefes têm sido os protagonistas de todas essas abordagens.

Mark Weisbrot [co-diretor do Centro para Pesquisa Econômica e Política (CEPR), com sede em Washington, e presidente do Just Foreign Policy], autor de Failed [Fracassado, lançado pela Oxford University Press], parte dessas crises para montar sua teoria de como as políticas ditas neoliberais, construídas em torno do Consenso de Washington, falharam, e por que deveríamos pensar de forma diferente. Na verdade, ele detalha como essas políticas fossilizaram os caminhos de crescimento econômico das nações, enquanto aqueles que romperam com seus mandamentos se deram melhor.

Veja os Estados Unidos e a região do Euro. Ambos enfrentaram uma crise de grande magnitude. No entanto, os EUA saíram oficialmente da recessão após 18 meses, em 2009, enquanto os países da Zona do Euro continuam a lutar para sair dela. Aqui, o autor chama a atenção para as diferenças de abordagem a partir da perspectiva política. Nos EUA, o governo era o responsável perante o povo e os políticos não poderiam escapar com as chamadas políticas conservadoras, ou melhor, “opressivas”. A injeção de crédito (quantitative easing) foi o resultado deste pensamento. Como várias dessas medidas de flexibilização começaram quase imediatamente, o país foi capaz de sair do buraco.

No caso da região do Euro, isso não foi possível, pois os governos lá não tinham controle sobre a moeda, assim como sobre as taxas de juros. A premissa de um único banco central – o BCE, em conjunto com a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) formaram o trio mortal – forçou diversas reformas estruturais em países que passavam por crises, como a Grécia, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, etc. Isso, segundo Weisbrot, era inadequado e empurrou esses países ainda mais para a recessão, já que seus governos não podiam gastar e tiveram que cortar gastos sociais, incluindo pensões.

Esse erro foi percebido muito tarde, quando Mario Draghi [presidente do BCE] tranquilizou as pessoas de que o BCE faria tudo para apoiar o sistema, isto é, fornecer dinheiro [no início de 2015]. Assim, a mudança de postura de “nenhuma impressão” para “impressão ilimitada de moeda” causou uma transformação. Curiosamente, a ausência de vontade política, ou melhor, de capacidade de natureza política para seguir políticas independentes foi a responsável pela queda de 20 governos durante este período, o que resume bem a história.

O autor é bastante crítico do FMI e do papel que lhe é atribuído de guardião ou chefe do cartel dos credores desde sua criação e mais ainda após o colapso dos acordos de Bretton Woods. Aqui mesmo na Índia pode-se atestar as rígidas condições impostas no passado, quando foi preciso assistência do FMI – sendo a última dose de tal sujeição, ironicamente, a introdução de reformas econômicas em 1991. Esse pacote inclui a abertura da economia, a privatização, entrada de especulação estrangeira, uma rígida política monetária, constrição da política fiscal, etc. Tudo isso tinha de ser implementado pelos países para a obtenção de financiamento, não fazê-lo os mantinha longe do cartel de financiadores, incluindo os EUA. No entanto, por meio da obediência a essas políticas, os países caíam na armadilha do baixo crescimento.

Weisbrot ressalta que essa doutrina neoliberal empurrou os países de baixa e média renda ainda mais para baixo e seus níveis de pobreza aumentaram. Os governos não foram autorizados a gastar com causas sociais, como educação, saúde e saneamento, etc, já que a austeridade fiscal tinha de ser respeitada. Consequentemente, a aplicação desse receituário político levou a um aumento do sofrimento nesses países.

A Crise Asiática foi um caso claro de como a situação só piorou por conta do FMI, visão que é compartilhada também pelo economista Joseph Stiglitz. O autor é todo elogios para os países da América Latina [vejam que ironia], que romperam com as políticas neoliberais e perseguiram abordagens independentes para sustentar suas economias.

Failed é um livro apaixonadamente escrito sobre como seguir cegamente a doutrina Ocidental pode ser prejudicial. Weisbrot admite que houve exceções – caso da China – que ganhou com ela, mas que a abordagem “tamanho único para todos” está fadada ao fracasso. A forma como ele demole o FMI e o mito da Zona do Euro é bastante lógica e particularmente interessante. A rebelião iniciada pelos países latino-americanos, como Argentina, Brasil, Bolívia e Equador, justificou sua teoria de que funciona melhor trabalhar de forma independente para combater seus problemas.

Failed deveria ser lido por todos os nossos políticos, já que muitas vezes caímos na armadilha de seguir a doutrina Ocidental, especialmente quando se trata do orçamento, sobre o qual somos sensíveis quanto à reação Ocidental ao nosso déficit fiscal. As chamadas mudanças estruturais e medidas de austeridade têm ferido as economias europeias e atrasado a sua recuperação. Seguir o Consenso de Washington cegamente e ignorar problemas como pobreza, desemprego e ausência de assistências sociais não é a abordagem certa para um país como a Índia.

Há lições a serem tiradas deste livro e ele é indicado tanto para políticos quanto para economistas que moldam políticas públicas – aqueles porque podem ser tirados do poder pelo voto (só notar como o atual governo sofre para afirmar que sua prioridade é o crescimento inclusivo) e estes porque os move da cartilha para a realidade.

Por Madan Sabnavis, economista-chefe da Care Ratings, The Financial Express, Nova Déli

Tradução Douglas Portari

http://www.financialexpress.com/fe-columnist/book-review-failed-by-mark-welsbrot-how-blindly-following-west-could-be-harmful/419625/

 

Redação

6 Comentários

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  1. Two and a Half Men é uma

    Two and a Half Men é uma série de humor muito legal–o programa acabou,mas repe

    te todo santo dia,

    Alan é o cara certinho que dá tudo errado.Charlie é o irmão ”putanheiro’ que dá tudo certo,Num episódio , o certinho Alan decepciona Jake, seu filho. Charlie o recrimina e Alan responde : ”Justamente vc querendo dar lição de moral em mim ”?

    Charlie responde : Sim, porque seu filho nunca espera nada de mim, mas muito de vc.

    Por isso que se esperava mais do PT do que dos outros partidos.

    Entenderam agora, porque o PT é o mais cobrado ?

  2. Deus nos livre…

    Deus nos livre dos conselhos do FMI ou Banco Mundial.

    Já sabermos que vai pagar aconta.

    Com esse governo temerario logo logo estarão palpitando.

    Querquerque nossos politicos (há exceções, claro)leiam o livro é pedir de mais:

    1) boa parte nao sabe ler ingles.

    2) não tem cultura nem interesse

    3) dá trabalho

    4) tira o tempo para fazer politiquices e aprofundar o golpe.

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