Jornal GGN – Para o ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, o Banco Central pode cometer o segundo grande erro de sua gestão recente se manter o ciclo de alta de juros em 2016. Mendonça de Barros afirma, categoricamente, que a demanda já está suficiente reprimida e que os juros são ineficazes.
Para ele, quando há um choque externo de preços da maneira em que ocorreu no ano passado, com o câmbio e a correção dos preços públicos, ele leva ao menos dois anos para passar para o sistema de preços de consumidor. “Como nós temos uma economia indexada, ainda, tudo o que depende do INPC e o do IPCA vai receber impacto de 10% a 11% em 2016 e não há juros que façam esses preços baixarem”, afirma.
Do Valor
“Pode matar todo mundo de fome, que a inflação não vem pro centro”
Por Camilla Veras Mota
O Banco Central corre o risco de ser acusado de ter cometido o segundo grande erro de sua gestão recente, se retomar o ciclo de alta de juros em 2016, na visão de Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor-estrategista da AZQuest e ex-presidente do BNDES. A autoridade monetária, diz, “manchou” seu passado ao promover um afrouxamento monetário em 2012, em um cenário em que a demanda continuava aquecida, mas não vai conseguir remediar o erro elevando a taxa básica diante de uma alta expressiva do desemprego e queda forte da absorção doméstica.
Para o economista, a demanda já roda em níveis suficientemente baixos e, diante da ineficácia dos juros, a autoridade monetária deveria comunicar de forma clara uma convergência de dois anos para o centro da meta.
Valor: O que o senhor acha da sinalização do Banco Central de que retomará o ciclo de alta de juros?
Luiz Carlos Mendonça de Barros: Dependendo da idade do analista, você tem o quadro daqueles que acham que é preciso subir juros e daqueles que acham que não - que eu lembre, nessa linha também estão o [Affonso Celso] Pastore, que já escreveu sobre isso, e o Luis Eduardo Assis, que também foi diretor do BC. A razão é muito simples: quem está acompanhando inflação há mais tempo no Brasil tem uma visão clara de que, quando se tem um choque externo de preços na dimensão que tivemos no ano passado - de câmbio e correção de preços públicos – , esse choque leva pelo menos dois anos para passar pelo sistema de preços ao consumidor. Como nós temos uma economia indexada, ainda, tudo o que depende do INPC e o do IPCA - dissídio coletivo, aluguéis -, vai receber impacto de 10% a 11% em 2016 e não há juros que façam esses preços baixarem. São contratos legalmente indexados a um índice de preços.
Valor: E os alimentos?
Mendonça de Barros: Boa parte da estrutura de alimentos no Brasil trabalha com os preços do mercado internacional, em dólar. Esses preços tiveram aumento incrivelmente alto no ano passado, e eles representam cerca de 40% no IPCA. A visão deles [dos economistas mais jovens] é que, como nós assumimos o compromisso com o centro da meta, nós perderemos a credibilidade se não aumentarmos os juros. Isso é uma sandice! Outro aspecto é que o aumento de juros para combater a inflação tem uma missão clara de redução de demanda - e ela não só foi reduzida, como despencou.
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Não tenho o currículo de Luiz
Não tenho o currículo de Luiz Carlos Mendonça de Barros, nunca fui presidente do BNDES, mas tudo o que ele diz, eu também venho dizendo faz tempo. Só espero que Dilma acorde antes de nós morrermos de fome.
Muito interessante, depois
Muito interessante, depois que esses caras conseguiram o que queriam, agora vêm dizer que o que o povo vai sofrer! Será que eles se esqueceram qual era a taxa de juros no desgoverno thc?
isso já está sendo dito aqui,
isso já está sendo dito aqui, só que com maior credibilidade
do que a deste tucano que esquece por
conveniencia o que fizeram na era fhc….
alertas
Ciro não cansa de alertar sobre isso.
“Maxidesvalorização” de 80%(oitenta por cento) em 15 meses
Do ponto de vista da demanda nada justifica um aumento dos juros da Selic, muito pelo contrário, os juros deveriam se negativos considerando a atual queda do PIB e a projeção de queda do PIB para 2016.
Lembrando, antes de mais nada, que alta do dólar significa um fortalecimento da moeda americana e não o contrário, para que o dólar perca sua capacidade de padrão monetário internacional, na verdade, seria necessário uma queda do valor da moeda americana no mercado internacional, a ponto de ninguém querer manter suas reservas em dólar.
Os DES (direitos especiais de saque)do FMI é baseado numa cesta de 5 moedas(dólar 41,%, euro 30%, libra esterlina 8%, iene 8 e yuan 10%) aproximadamente, com a ponderação sendo revisada a cada cinco anos. é apenas para efeito de contabilidade, já que os desembolsos são feitos em suas maioria em dólar americano.
Desde de setembro de 2014 o dólar passou de R$ 2,23 para R$ 4,03 uma “maxidesvalorização” de 80%(oitenta por cento) do real diante do dólar. e que já provocou uma valorização em reais das Reservas Cambiais, de R$ 845,8 bilhões(26% da dívida pública bruta) para R$ 1,48 trilhões(40% da dívida pública bruta) no período,daqui para frente basta manter um relativa estabilidade cambial, com correções de 6% a 10% nominais ao ano para manter a atual paridade.
Mas para poder resgatar os títulos públicos em poder do mercado é necessário vender antes os dólares das Reservas Cambiais, mas se for vendido tudo de uma vez o dólar volta a cair no Brasil, e em uma velocidade bem maior do que levou para atingir os atuais R$ 4,03(cerca de 15 meses)
A venda tem que ser feita de forma gradual aproveitando os períodos de queda da liquidez no mercado internacional, como no final de 2008, no início de 2014 quando o FED anunciou a mudança na política monetária, e como agora que o FED está iniciando o processo de aumento dos juros americanos.
É um movimento de idas e vindas, comprando na baixa para impedir uma queda acentuada do dólar, e vendendo na alta para evitar altas exageradas da taxa de câmbio.
Hoje o Brasil importa a maioria dos componentes eletrônicos, o que elevaria o preço deste produtos em reais, além disso uma série de produtos que utilizam o dólar como referência, soja, milho(base da ração animal-gado e frango), trigo café, nafta, cobre, ferro, ouro, prata, petróleo e derivados, nafta, energia elétrica produzida em Itaipu(20% energia elétrica do Brasil), apesar do aumento da produção nacional, haveria uma preferência das principais indústrias em exportar a produção em caso de alta exagerada do dólar, além disso haveria uma significativa redução do poder de compra dos trabalhadores brasileiros em função da alto dos preços que tem o dólar como referência.
Uma dívida de pública buta de R$ 3,8 trilhões não dá para liquidar da noite para o dia, é necessário fazer de forma gradual, ano após ano, caso contrário haveria um aumento exponencial da liquidez que seria impossível controlar.
No mundo real, e não no vácuo
No mundo real, e não no vácuo em que vicejam os pitacos dos economistas (a direita e a esquerda), o fato de o PIB estar em queda livre não é garantia de que a demanda esteja diminuindo. Ao menos não de uma forma homogênia e igual para todos os setores produtivos. No dia a dia é fácil perceber que o consumo continua firme e forte em alguns bolsões de excelência (ou de inconsequência) o suficiente para continuar pressionando preços. Para além da racionalidade infantil de muitos economistas e comentaristas, qualquer sociólogo sabe que a engrenagem que liga inflação, juros e demanda frequentemente é invadida por corpos estranhos ligados à personalidade dos indivíduos e, por extensão, à cultura de um povo. Em suma: no Brasil, a inflação é muito mais um problema cultural do que econômico. Sempre foi. E nem estamos falando ainda da possibilidade de muitos carteis e monopólios mancomunados com a oposição fascista estarem aumentando preços e diminuindo a produção com a intenção espúria de jogar o povo contra o governo, em um estratégia louca de fazer terra arrasada. Mais ou menos como dizem que está acontecendo na Venezuela.
Sabe o que os governos nunca
Sabe o que os governos nunca fazem para enxugar a liquidez de moeda, aumentar o rendimento da poupança.
Daria o mesmo resultado em termos de recessão no primeiro momento, diminuiria a demanda momentaneamente, talvez algum desemprego e falências.
Mas com o decorrer do tempo e do retorno do cálculo econômico racional o consumo retornaria agora bancado pela poupança real, os juros seriam os menores que já foram praticados no país.
Pronto temos uma economia de primeiro mundo, com juros reais civilizados etc. E sabe porque não fazem isso porque implica em ter seriedade no gasto publico, e quem quer se eleger para não gastar e ganhar propina.
Ainda bem que eu como pouco.
Ainda bem que eu como pouco.
Eu não critico a diretoria do BC, sabe porque?
Por que eles são indicados pela presidente da República. Se há alguém que eu critico é quem os indica e os mantém no controle da situação.Ela tem nome que começa com D e termima com A.