A granada e a boiada do estelionato fascista no país quase campeão da pandemia, por Álvaro Miranda

Resta saber também quem e como vai se desarmar a granada que está para além do bolso dos funcionários públicos referido pelo Paulo Guedes.

A granada e a boiada do estelionato fascista no país quase campeão da pandemia, por Álvaro Miranda

A cada pérola de podridão que circula da famosa reunião ministerial de 22 de abril, o governo vai se desqualificando publicamente, sem merecer maiúscula em seu nome próprio, na caixa baixíssima da mediocridade e da farsa.

Cuidaram-se os militares presentes na várzea, calados, mantendo-se na moita. Um tirando a cutícula ao lado direito de Bolsonaro, provavelmente em devaneios estratégicos, enquanto o desgovernado presidente vituperava no seu costumeiro baixo nível.

O outro, ao seu lado esquerdo, com um sorrisinho enigmático, mas também tipo não estou nem aí com essa reunião, que não me afeta em nada, como se algo de grave não estivesse acontecendo ali e no Brasil. Ambos, com a empáfia de funcionários públicos garantidos pela alta patente com ares de favas contadas.

O pivô de tudo também, de braços cruzados, ao lado do vice, provavelmente sendo visto de soslaio por muitos como traíra. Saiu no meio da reunião por conta de mais coisas a fazer ou já nada mais restando a fazer no governo. Depois, no Fantástico, deu entrevista dizendo que não era papagaio.

Três outros ministros se superaram na farsa: o desqualificadíssimo da educação que me recuso a mencionar o nome; o almofadinha amigo do amigo transformado em ministro do meio ambiente e o posto Ipiranga do cinismo incomensurável.

Não há elegância possível para adjetivar e tratar com essa gente de quinta categoria. O da educação quis dar uma de valentão puxador-mor-do-saco-presidencial, dizendo que tinha que meter na cadeia esses vagabundos que ele se referiu como sendo os ministros do STF. Que ele veio para lutar e não para entrar no “jogo”. Ou seja, não para cumprir as regras em andamento. Educação zero? Menos do que isso: ordinário.

O sujeitinho com jeito mimado, talvez tratado a leite caro e importado, disse que tinha que se aproveitar a tragédia da pandemia, esse momento tranquilíssimo, enquanto todo mundo só fala nisso (e talvez pensasse enquanto falava: com essa imprensa chata e comunista), para passar a boiada de destruição da legislação ambiental, dando uma banana para o Congresso. Uma “baciada” de mudanças, sugeriu.

Mas direto e objetivo foi mesmo o da economia num trecho que repercutiu bastante nas redes sociais. Dentre outras cretinices, no ritmo da simbologia fascista dos 300 tresloucados do Brasil, veio com uma metáfora bélica, dizendo, com outras palavras, que, enquanto o governo articula aqui e ali, estava sendo possível colocar uma granada no bolso do “inimigo”, ao se referir à aprovação do congelamento de salários dos servidores públicos.

Muitas encrencas para vir ainda. Resta saber se há possibilidade de ainda cair a ficha dos que anularam o voto em 2018, para apaziguar sua consciência de princípios e valores, achando que democracia só se pratica uma vez a cada quatro anos. De cair a ficha também de, pelo menos, uma parcela do gado ou dos que acreditaram sinceramente em Bolsonaro nas eleições, obviamente, excetuando parentes e amigos e amigos da família, além dos milicianos pró-Bolsonaro.

Digo “pró” porque, certamente, nem todo miliciano deve estar com o governo, pois criminosos não têm projeto de nação, mas sim interesses particulares e imediatistas – e também se matam entre si. Que o digam policiais que andaram prendendo milicianos nos últimos tempos como, por exemplo, na semana passada, em Imbariê, Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense. Que o digam os familiares dos arquivos mortos.

Resta saber também quem e como vai se desarmar a granada que está para além do bolso dos funcionários públicos referido pelo Paulo Guedes. A granada da dupla tragédia da pandemia, o Brasil em segundo lugar, e de uma economia destroçada e sem projeto.

Momento terrível e desafiador, momento-limite para diferentes forças democráticas sejam elas de esquerda, também neoliberais, de centro, incluindo até mesmo alguns setores perplexos do campo conservador e outros segmentos e movimentos organizados, não organizados e difusos da sociedade.

Redação

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