Jose Luis Fiori
José Luís Fiori - Professor emérito dos Programas de Pós-graduação em Economia Política Internacional (IE/UFRJ), e em Bioética e Ética Aplicada (PPGBIOS/UFRJ), da UFRJ. Coordenador do GP do CNPQ, “Poder Global e Geopolítica do Capitalismo”, e do Laboratório de “Ética e Poder Global”, do NUBEIA/ UFRJ,
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A lenta construção de um ‘Estado Vassalo’ e o papel dos militares brasileiros, por José Luís Fiori

A nova intervenção externa do Brasil ao lado dos EUA, contra a Venezuela, apenas repete e prolonga uma decisão de longo prazo dos militares brasileiros pela transformação do Brasil num “Estado vassalo” do império militar norte-americano

A lenta construção de um ‘Estado Vassalo’ e o papel dos militares brasileiros

por José Luís Fiori

Os países fortes tornam-se cada vez mais fortes, e os fracos, dia a dia, mais fracos; as pequenas nações se veem, da noite para o dia, reduzidas à condição humilde de estados pigmeus […] e a equação de poder do mundo simplifica-se a um reduzido número de termos, e nela se chega a perceber desde já apenas raras constelações feudais de estados-barões rodeados de satélites e vassalos.

Gal Golbery do Couto e Silva, 1952, “Geopolítica e estratégia”, in “Geopolítica e Poder”, Editora UniverCidade, Rio de Janeiro, 2003, p. 17

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Segundo Joffrey Sachs, Mike Pompeo, chefe do Departamento de Estado norte-americano, é um ardoroso evangélico que considera que é chegada a hora do Apocalipse, da volta de Cristo e da batalha final do “bem” contra o “mal”, que será liderada pelos Estados Unidos, o maior de todos os povos judaico-cristãos.[1] Além disso, Mike Pompeo é um empresário “rude e simplista”, e um homem da comunidade de inteligência americana, ex-diretor da CIA, sem nenhuma formação diplomática, que opera como uma espécie de ventríloquo de Donald Trump e de sua diplomacia agressiva de desacato às pessoas e de ameaças aos países que discordam ou competem com os Estados Unidos. De qualquer maneira, é um homem que não usa “meias palavras” nem esconde intenções, e foi absolutamente explícito com relação aos objetivos de sua visita-relâmpago à Base Aérea de Boa Vista, no estado de Roraima, junto à fronteira da Venezuela, no dia 18 de setembro de 2020. Todos entenderam sua encenação eleitoral, mas ele também foi claro na sua demonstração ostensiva de poder frente aos governos, e frente às “tropas satélites”, que estão participando do cerco militar ao território venezuelano que está em pleno curso.

O cerco militar à Venezuela começou no mês de abril, com uma grande demonstração do poder naval dos Estados Unidos no Mar do Caribe, mas depois disto, nos meses de junho e julho, a Marinha americana realizou novas simulações de guerra e uma grande “Operação Liberdade de Navegação”, comandada pelo Alm. Craig Fallen, chefe do Comando Sul das Forças Armadas do Estados Unidos, “USSOUTHCOM”, com sede na Flórida, e liderada por uma das mais modernas embarcações da Marinha norte-americana, o destroier USS Pinckney (DDG91). Imediatamente depois, foi a vez da “Operação Poseidon”, que já contou com a participação direta da Colômbia, e foi realizada junto com a visita de Mike Pompeo, que antes de aterrissar em Roraima visitou a Guiana e o Suriname, e obteve o consentimento para utilização de seu espaço aéreo, a leste da Venezuela, pela Força Aérea dos Estados Unidos. Por fim, a visita de Mike Pompeo coincidiu com a “Operação Amazônia” das FFAA brasileiras, realizada entre os dias 4 e 23 de setembro, envolvendo três mil militares trazidos de cinco comandos diferentes, juntamente com uma bateria completa do Sistema Astros, completando o cerco pelo sul do país vizinho.

Apesar da data e das dimensões da operação brasileira, ela foi tratada pelas autoridades militares locais como um exercício regular de suas FFAA, quando de fato envolve acordos e encobre decisões que dizem respeito ao futuro de todos os brasileiros. Mesmo quando essas decisões não sejam novas nem originais e reproduzam a história de longo prazo das relações militares entre o Brasil e Estados Unidos, que começou na primeira metade do século XX, são tratadas como se fossem de exclusiva responsabilidade das Forças Armadas. Uma história longa, mas que pode e deve ser dividida em dois grandes períodos: antes e depois de 1941.

Nas duas primeiras décadas do século XX, a geração do Barão de Rio Branco, e do presidente Hermes da Fonseca concebeu e se propôs fazer uma aliança estratégica do Brasil com os Estados Unidos, que deveria ocorrer junto com a recentralização do poder do Estado e a reorganização das Forças Armadas brasileiras. O objetivo era enfrentar a competição econômica e militar da Argentina, mais rica e poderosa e apoiada pela Inglaterra na disputa pela hegemonia da Bacia do Prata e da própria América do Sul. Nesse período, entretanto, os Estados Unidos estavam absorvidos pela Primeira Guerra Mundial e sua grande crise econômica da década de 30, e deram pouca atenção aos seus vizinhos da América do Sul. Mas isso mudou radicalmente com a entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial, em 1941, e com sua pressão sobre os países do hemisfério para que suspendessem suas exportações para a Alemanha e a Itália.

Foi então que o Brasil tomou uma série de decisões que marcariam sua história militar posterior. Primeiro, cedeu aos norte-americanos o monopólio de sua produção de bauxita, berilo, manganês, quartzo, borracha, titânio e vários outros minerais estratégicos para os Estados Unidos. E logo em seguida, no mesmo ano de 1941, o governo brasileiro concedeu à Marinha americana o direito de operar na costa brasileira, e o direito das tropas americanas de utilizarem suas bases aéreas e navais. Finalmente foi assinado, em 22 de maio de 1942, um Acordo Militar que garantiu o alinhamento das Forças Armadas brasileiras ao lado dos Estados Unidos, em troca de um financiamento de U$ 200 milhões de dólares para aquisição de equipamentos, armas e munições norte-americanas, junto com o compromisso de desenvolver planos conjuntos de defesa e capacitação das FFAA brasileiras.

Em seguida, em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra às potências do Eixo, mas o reequipamento das suas Forças Armadas só começou a ser feito, de fato, depois que o país garantiu o envolvimento direto de seus militares no campo de batalha, com a criação da Força Expedicionária Brasileira, em agosto de 1943, e com o envio de seus soldados para a Itália, em fevereiro de 1944, onde foram situados junto ao 371o Regimento Afro-Americano. Um ano depois, a FEB participou da tomada do Monte Castelo, ao lado da 10a Divisão de Montanha Estadounidense, e passou a fazer parte do IV Corpo de Exército Americano, localizado na zona central da Itália. A FEB teve 12 mil baixas, e a maioria de seus oficiais ficou estreitamente ligada a seus parceiros americanos depois do retorno ao Brasil, no segundo semestre de 1945, onde muitos deles vieram a participar do golpe militar que derrubou o presidente Vargas, em 3 outubro de 1945, e decretou o fim do Estado Novo, que os próprios militares haviam instalado em 1937. Por fim, essa mesma geração de militares teve papel decisivo na negociação e assinatura do grande “Acordo de Assistência Militar entre a República do Brasil e os Estados Unidos da América”, em 15 de março de 1952.

O novo acordo, de 1952, serviu para confirmar e consagrar o relacionamento que havia nascido durante a Segunda Guerra, entre os militares brasileiros e norte-americanos. A diferença era que o novo acordo assegurava uma ajuda anual permanente de U$ 50 milhões de dólares para aquisição de armas e equipamentos americanos, em troca do fornecimento de urânio e areias monazíticas, além de outros minerais estratégicos. A negociação deste acordo militar foi conduzida pelo Embaixador dos EUA e pelo Ministro de Relações Exteriores brasileiro, o mesmo João Neves da Fontoura que depois traiu seu amigo Vargas ao denunciar, em abril de 1954, um acordo que foi inventado e atribuído a e Vargas e Peron visando criar um bloco geopolítico junto com o Chile, que foi chamado de ABC. Uma ideia que nunca foi tolerada pelos Estados Unidos e, portanto, uma denúncia que contribuiu decisivamente para a derrubada de Vargas em agosto de 54. Além da troca de equipamento bélico por minerais estratégicos, o Acordo Militar de 1952 garantiu, nas décadas seguintes, o adestramento dos oficiais brasileiros nas escolas militares nos EUA e da Zona do Canal do Panamá, junto com a presença de oficiais norte-americanos nos cursos do Estado-Maior das Forças Armadas brasileiras.

Antes disso, entretanto, a geração militar que voltou da Itália também teve papel importante na criação da Escola Superior de Guerra (ESG), que foi criada segundo o modelo das War Colleges dos EUA, e que contou desde o início com a assessoria direta dos militares americanos que passaram a ter um Oficial de Ligação permanente dentro das dependências da própria Escola. Foi na ESG que se formulou, na década de 50, a nova Doutrina de Segurança Nacional dos militares brasileiros que acabou sendo transformada em Lei da República, em 1968, pelo Decreto-Lei da Ditadura Militar, no 314/68. E foi no corpo dessa nova “doutrina” que apareceu pela primeira vez o conceito de “inimigo interno” do Estado brasileiro, que incluía, desde logo, todos aqueles que se opusessem à nova subserviência internacional do Brasil. Depois de 1948, passaram pela ESG quase todos os militares que participaram do “ultimato militar” a Vargas, em 1954; da frustrada tentativa de impedir a posse de JK, em 1955; e finalmente, do golpe militar de 1964, que derrubou o governo Goulart e entregou o poder do Estado brasileiro, durante 20 anos, a essa mesma geração de soldados que se formou a partir da década de 40 e viveu ao lado dos Estados Unidos sob a égide da Guerra Fria.

Logo depois do golpe militar de 64, as Forças Armadas brasileiras aceitaram participar da invasão norte-americana de Santo Domingo, enviando 1.130 soldados que se juntaram, em abril de 1965, aos 42 mil soldados utilizados pelos EUA para derrubar o governo eleito de Juan Bosh e instalar no seu lugar o governo de Joaquin Balaguer, que dominou a política dominicana nos 22 anos seguintes. Além disso, e no mesmo espírito, os militares brasileiros participaram da Operação Condor, montada em 1968 para perseguir e matar “inimigos internos” no Cone Sul da América Latina. Esta intervenção foi a tal ponto que o embaixador brasileiro no Chile chegou a ser chamado informalmente de “quinto membro” da Junta Militar que comandou o sangrento golpe de estado do General Pinochet, em setembro de 1973.

O Acordo Militar de 1952 foi denunciado pelo General Ernesto Geisel, em 11 de março de 1977, e foi extinto no ano seguinte, apesar de os oficiais brasileiros seguirem sendo treinados nas academias de guerra norte-americanas nos 30 anos que se seguiram. Entre abril de 2010 e janeiro de 2014, entretanto, o governo brasileiro voltou a assinar três novos acordos militares na área da defesa, compra de materiais e tecnologias bélicas, e troca de informações entre as FFAA dos dois países. E depois do golpe “cívico-militar” de 2016, assinou um acordo para o uso norte-americano da Base de Alcântara, e foi declarado “aliado preferencial extra-OTAN” pelo presidente Donald Trump. E, finalmente, o atual governo indicou um general das FFAA brasileiras para ocupar diretamente, o posto de “subcomandante de interoperacionalidade” diretamente dentro do Comando Sul das FFAA norte-americanas, onde foi assinado o recente Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E, na sigla em inglês), que agora se encontra em discussão no Congresso Nacional.

Assim, é no contexto dessa nova “relação carnal” com os Estados Unidos que deve ser lida, finalmente, a tal da “Operação Amazônia” dos militares brasileiros, que foi consagrada pela visita de Mike Pompeo tendo so seu lado o “bufão bíblico” local que comandou a fracassada “invasão humanitária” da Venezuela, de 2019. Uma leitura das recorrências “epidemiológica” desta história permite formular pelo menos quatro hipóteses, uma certeza e uma pergunta final.

A primeira hipótese, é que os militares tiveram papel central em todos os golpes de Estado da história brasileira do século XX: em 24 de outubro 1930; em 19 de novembro de 1937; em 29 de outubro de 1945; em 24 de agosto 1954; em 31 março de 1964; e ainda que de forma menos direta, também no golpe de estado de 31 de agosto de 2016. A segundahipótese, é que os acordos e relações militares entre Brasil e Estados Unidos tiveram associação muito estreita com quase todos esses golpes, sobretudo depois de 1940. A terceira hipóteses, é que esses acordos e golpes militares vieram associados, quase invariavelmente, com a participação do Brasil em intervenções externas das FFAA norte-americanas. E, finalmente, a quarta hipótese, é que todos esses acordos e golpes militares tiveram muito mais a ver com os interesses estratégicos dos EUA do que com as disputas políticas internas dos próprios brasileiros.

De qualquer maneira, para além destas constatações, fica a certeza de que a nova intervenção externa do Brasil ao lado dos EUA, contra a Venezuela, apenas repete e prolonga uma decisão de longo prazo dos militares brasileiros pela transformação do Brasil num “Estado vassalo” [2]  do império militar norte-americano, utilizando uma ideia e expressão do General Golbery do Couto e Silva.

Por fim, fica uma pergunta: quando foi que os 210 milhões de brasileiros transferiram para esses senhores o direito de decidir seu futuro como nação, obrigando seus filhos e netos a viverem para sempre como “vassalos” de outro povo, sendo obrigados a morrer nas guerras travadas por um outro Estado nacional?

OUTUBRO DE  2020

[1] Sachs, J. D., “America´s unholy crusade against Chine”, https://www.gnt.com, Aug 06, 2020

[2] Na história dos grandes impérios clássicos, e do Império Otomano, em particular, os “estados vassalos” foram sempre aqueles que ofereceram homenagem e cederam seus soldados para as guerras do Sultão, ou dos imperadores em geral.

Jose Luis Fiori

José Luís Fiori - Professor emérito dos Programas de Pós-graduação em Economia Política Internacional (IE/UFRJ), e em Bioética e Ética Aplicada (PPGBIOS/UFRJ), da UFRJ. Coordenador do GP do CNPQ, “Poder Global e Geopolítica do Capitalismo”, e do Laboratório de “Ética e Poder Global”, do NUBEIA/ UFRJ,

13 Comentários

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  1. Como sempre, José Luis Fiori é leitura obrigatória.

    Resumindo a questão: “Fica a certeza de que a nova intervenção externa do Brasil ao lado dos EUA, contra a Venezuela, apenas repete e prolonga uma decisão de longo prazo dos militares brasileiros pela transformação do Brasil num “Estado vassalo” do império militar norte-americano.”

    “Fica uma pergunta: quando foi que os 210 milhões de brasileiros transferiram para esses senhores o direito de decidir seu futuro como nação, obrigando seus filhos e netos a viverem para sempre como “vassalos” de outro povo, sendo obrigados a morrer nas guerras travadas por um outro Estado nacional?”

    Para quem que não viveu os anos 70, vale destacar: “O Acordo Militar de 1952 foi denunciado pelo General Ernesto Geisel, em 11 de março de 1977, e foi extinto no ano seguinte.” Pontos para a biografia do General.

    A construção de um Brasil independente e civilizado, só será possível com o rompimento desta vassalagem militar e ideológica. Passo essencial neste processo é cortar os laços de treinamento, e catequese, dos oficiais brasileiros nas academias de guerra norte-americanas.

    Quem se habilitará a fazer isso?

  2. Triste a história de nossas(?) forças armadas. Os militares já começaram dando golpes na proclamação da república. Parece que Geisel tentou dar outro rumo (o acordo nuclear Brasil-Alemanha) à história, mas acabou vencendo o Sylvio Frota, pelo que foi eleito o atual entreguista-mor. Como se vê, a coisa vem de longe.

    1. Vocação para ser capacho. A pequenez desse tipo de brasileiro é gigante, tão grande que ele precisa externalizar sua pequenez e mostrar para o mundo o quão minúsculo ele é.

  3. 90 anos de Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista.”… A lenta construção de um ‘Estado Vassalo’…” Realmente muito lenta. Já se vão 90 anos. “…Foi então que o Brasil tomou uma série de decisões que marcariam sua história militar posterior. Primeiro, cedeu aos norte-americanos o monopólio de sua produção de bauxita, berilo, manganês, quartzo, borracha, titânio e vários outros minerais estratégicos para os Estados Unidos. E logo em seguida, no mesmo ano de 1941, o governo brasileiro concedeu à Marinha americana o direito de operar na costa brasileira, e o direito das tropas americanas de utilizarem suas bases aéreas e navais. Finalmente foi assinado, em 22 de maio de 1942, um Acordo Militar que garantiu o alinhamento das Forças Armadas brasileiras ao lado dos Estados Unidos,…” Sabe quem governava o Brasil neste período, desde a Quartelada QuintoMundista de Amotinados de baixa parente de estábulos e estrumes de 1930? O Golpista Fascista, Nepotismo de seus Familiares Jango, Tancredo Neves, Leonel Brizola, juntamente com seus Projetos Lacaios como USP, UNE, OAB,…E alguns ainda creem que a subserviência, ‘o cachorro com o rabo entre as pernas’, o Anão Diplomático é construção recente. Como diz a Matéria é “Lenta Construção” que prospera desde 1930. Pobre país rico. Como Fracassados fizeram fracassar uma Nação? O Nepotismo do Pária Fascista e seus Familiares explica tudo. A Matéria também. Mas de muito fácil explicação.

    1. O que Filinto Muller e Eugênio Gudin estão fazendo nos subterrâneos deste Governo Golpista, entre ‘paus de arara, centros de tortura, prisões políticas e cemitérios clandestinos’, enquanto o Canalha Fascista está iniciando e dando continuidade ao Entreguismo, Desnacionalização, Lesa-Pátria, Desindustrialização. Privatarias que se seguirão desde 1930 até os dias de hoje, sob o Projeto Medíocre de PUC/RJ, e FGV, concebidas pelo Pai das Privatarias, invenção e cumplicidade do Ditador Assassino. Pobre país rico. Como Fracassados fizeram fracassar uma Nação? Mas de muito fácil explicação.

  4. ótima análise e revisão histórica para entendermos que nada começou agora, os gendarmes da elite tem rabo preso com os gringos de longa data. Pelo que parece nossos soldados serão bucha de canhão nessa guerra? E como será a resposta da Venezuela com os armamentos Russos?

  5. É fato q estão entregando ativos estratégicos p estrangeiros,estamos ficando sem nenhuma capacidade mínima de resistência caso ocorra uma guerra,sempre q um país fica na posição em q a nação está,fazem uma guerra,como já escrevi aqui,Reino Unido, França,EUA, Rússia e China não respeitam quem não se respeita,sendo assim pra passarem a mão na bunda dos militares brasileiros e dar um tapa na cabeça é um dois,fácil,fácil !!
    Obs:É urgente o País voltar a impor respeito no mundo,e isso passa por desmascararem a Lava jato destruidora de empresas e empregos(não deixaram as empresas pegar serviços e empréstimos,simples assim )lá fora sabem o q é essa operação e o q significa,para o Brasil está sendo uma vergonha homérica não fazer nada,diante de tamanhas denúncias e fatos sobre esta operação,O MUNDO VÊ,com quê moral defenderemos nosso território hein forças armadas?Este comentário me destroça, não queria escrevê-lo !!
    Obs 2:SE NÃO FIZEREM NADA NO ANO Q VEM O BRASIL NÃO SERÁ O MESMO TERRITORIALMENTE,E TERÁ UM RESPONSÁVEL POR ISSO,MEU COMENTÁRIO TEM PODER !!!!

  6. quando foi que os 210 milhões de brasileiros transferiram para esses senhores o direito de decidir seu futuro como nação, obrigando seus filhos e netos a viverem para sempre como “vassalos” de outro povo, sendo obrigados a morrer nas guerras travadas por um outro Estado nacional?

    Quando Cunhambebe e Anchieta fizeram o tratado de Yperoig (Ubatuba) e permitiram que os portugueses expulsassem os franceses e depois dizimassem os tupinambas com seus aliados tupiniquins.

    De l[a pra ca nunca deixamos de ser vassalos colonizados, o que mudou foram os colonizadores.

  7. O Brasil precisa patriotismo verdadeiro, não de lutas facciosas…
    Por Said Barbosa Dib*
    O artigo “A lenta construção de um ‘Estado Vassalo’ e o papel dos militares brasileiros”, de José Luís Fiori, tem muitas verdades e importantes implicações. Faz lembrar certa polêmica quando da criação do Plano de Direitos Humanos, que tentou estigmatizar nossos militares. Não se pode separar o sentimento libertário coletivo da corporação militar que lutou na Europa, na Segunda Guerra Mundial (1939-45), do sentimento libertário coletivo que permeou a ação dos militares diante do desastroso governo de João Goulart. Mesmo que se considere um erro histórico – e eu considero – não se pode deixar de refletir sobre isso quando se discute a importância da Lei de Anistia, por exemplo. Esta veio justamente para acabar com as desavenças entre brasileiros, desunidos pelo contexto da Guerra Fria. Foi importante, justamente porque uniu forças nacionais que foram separadas por forças externas ao sentimento patriótico. É isso que os serviçais apátridas da ONU não têm interesse de explicar para a população. Não se pode esquecer que aqueles brasileiros ilustres que foram lutar com bravura na Europa, com as extraordinárias FEB e FAB, pretendiam defender o mundo livre e enfrentar os estados totalitários. Viraram heróis por isso. Ali, no campo de batalha, ao lado de norte-americanos e aliados ocidentais, naturalmente acabaram consolidando postura muito clara a respeito do que, na época, era considerado totalitarismo. Sabiam quem era o inimigo. Este sentimento ficaria arraigado em suas almas, como uma missão permanente em defesa do chamado “mundo ocidental” e da liberdade. E foi por essa convivência com os norte-americanos, por exemplo, que eles sempre viram nos discursos da “esquerda” – também autoritária e pregando não a convivência, mas a luta de classes – um inimigo a se combater. Não poderia ser de outro jeito. Pelo que aprenderam a lutar, não estavam errados. Esquerda autoritária que, já em 1935, tinha, efetivamente (embora de forma incompetente), tentado implantar uma tirania no Brasil sob os auspícios de Moscou, uma força externa ao Brasil. Em 1964 a postura dos nossos militares não foi diferente. Temia-se mais um golpe comunista. Esperar que eles, que lutaram de forma heróica na Guerra Mundial, repito, contra o totalitarismo, iriam ficar calados – diante do que acontecia no governo Goulart – é de uma imbecilidade cavalar. Não queriam esperar para “ver no que dá”. É claro que fizeram o golpe com a convicção sincera e cívica pela defesa do Brasil soberano. Como também eram sinceros os estudantes terroristas idealistas que matavam e roubavam seres humanos e compatriotas pela causa comunista. Não estavam exatamente lutando pela democracia e contra a Ditadura Militar. Lutavam pela implantação de um Estado comunista no Brasil. Considerava-se aquilo uma guerra. E era uma guerra. Não nossa, sabemos hoje, mas dos EUA contra Moscou. E de Moscou contra os EUA. Mas, naquele contexto isto não estava muito claro. Éramos, como infelizmente ainda somos, dependentes não apenas em tecnologia e capitais, mas também culturalmente, portanto, politicamente. Lutar pelo Ocidente livre era lutar pela independência do Brasil. Era esta a idéia. Era este o erro. Por isso, nossos militares se sentiram obrigados a uma ruptura institucional preventiva para se evitar o que consideravam uma ameaça. Fizeram um “golpe preventivo”, como diziam. Uma “contra-revolução”. É claro que João Goulart não era esse bicho-papão todo. Era mais incompetente do que perigoso. Era arremedo de Vargas. Mas, dizer isso hoje, quando já se sabe o final da história, fica fácil. Já constatamos no que a coisa deu. É o mesmo que dizer, sob o olhar de hoje, que Napoleão foi burro em invadir a Rússia, quando já sabemos o resultado. E que Hitler foi duas vezes burro por ter feito a mesma coisa, conhecendo o fato de que Napoleão já tinha se dado mal. Isto não tem sentido. Tanto Napoleão quanto Hitler tinham pela frente não fatos consolidados – não tinham em mãos bolas de cristal de história focadas no futuro para tomarem suas decisões -, mas o peso da realidade, o peso da escolha, o peso da decisão. Tinham possibilidades apenas. Tinham que tomar decisões. Se certas ou erradas, ficaria para os historiadores analisarem. Uns fazem a História, outros a interpretam, não é mesmo? Os nossos militares, também, quando decidiram pelo golpe, não tinham uma visão mágico-prospectiva ou teleológica na época da decisão. Decidiram pelo que consideravam verdadeiro e justo. E necessário. Decidiram pelo que consideravam patriotismo. Assim como jovens estudantes das classes alta e média, insisto, sempre cosmopolitas e preocupados mais em salvar o mundo do que seu próprio país, também decidiram jogar bombas em bancos e escritórios, matando gente inocente, também com a convicção plena de que os justos eram eles. Portanto, todos, tanto o que se convencionou chamar de “esquerda”, quanto os militares pró-mundo ocidental, tinham “boas intenções”. Os dois lados se achavam verdadeiramente justos. Era o samba do criolo-doido ideológico. Os dois lados se sentiam os verdadeiros nacionalistas. E de “boas intenções’, como se sabe, o Inferno está cheio. Mas o que havia é que, tanto esquerdistas quanto os militares (apoiados por amplos setores médios urbanos e a grande maioria da população), nesse desentendimento todo, nessa desagregação de certa forma programada de fora, acabaram fazendo o jogo poderoso das superpotências sediadas em Moscou e Washington. O Brasil se enfraquecia pelos outros. Se sacrificava pelos outros. Perdia a oportunidade de ser uma superpotência por puro espírito de vira-lata de nossas elites “bem intencionadas”, mas vazias de conteúdo próprio, de ousadia e de amor ao País. Algo dramático! Eram brasileiros levados a lutar contra brasileiros, em benefício não dos brasileiros, mas dos norte-americanos e soviéticos. Um problema típico de pais efetivamente colonizado do ponto de vista cultural: não ver o mundo com os olhos de brasileiros nos custou – e custa – muito caro. Abandonamos o que se iniciara na Revolução de 30, que havia sintetizado projeto verdadeiramente nacional. É aí que está a tragédia. Para nossa tristeza, ambos estavam errados. Desde o tenentismo, nos Anos 20, nossos patriotas substituíram o patriotismo por ideologias estrangeiras, mesmo acreditando que estavam certos. Nacionalistas que haviam lutado juntos contra os desmandos e o empreguismo da República Velha, de repente, contaminados pelos ‘ismos’ de outros povos, acabaram neutralizados e usados. Substituiu-se o patriotismo pelo integralismo, pelo comunismo, pelo anarquismo e outras besteiras mais. Isto explica, por exemplo, que patriotas sinceros, como os tenentistas, que lutaram juntos, tenham acabado em campos opostos nos Anos 30 e 40, justamente quando o Estado e a economia brasileira estavam sendo construídas sob a liderança de Vargas. Plínio Salgado e Luís Carlos Prestes, que estavam juntos na luta contra as oligarquias locais e as forças estrangeiras nos Anos 20, acabaram deixando se ser patriotas e se transformaram apenas em integralista e comunista, respectivamente. Ambos equivocados. O maior mal do Brasil, de lá pra cá, tem sido isso: FALTA PATROTISMO VERDADEIRAMENTE BRASILEIRO. Esta divisão imbecil de brasileiros perduraria nos anos 40, 50, 60 e por aí vai. Nos Anos 60, mais uma vez, a briga entre “esquerda” e “direita” foi a consolidação disso tudo. Ambos acreditavam e queriam o bem do Brasil, mas se utilizavam de ideologias que não eram as nossas, lutavam por interesses e apoios que não eram os nossos. Faziam uma guerra que não era a nossa. Os comunistas viam os problemas com os olhos de Moscou. Os militares, verdadeiramente bem intencionados, acreditavam que estavam ainda na 2º Guerra, lutando ao lado dos EUA e defendendo o Hemisfério Ocidental contra os estados totalitários. Lutaram participando do V Exército Americano, sob o comando do General Mark W. Clark, chefe do Teatro de Operações da Itália. Miravam-se, lógico!, em Washington, o companheiro da 2º Guerra. Daí todos os problemas que enfrentamos ainda hoje. Daí a necessidade de, hoje, deixarmos tanto o revanchismo lucrativo da esquerda quanto a “culpa” e a postura defensiva dos militares, para fazermos um Brasil unido e feliz. E isto só se faz, não canso de repetir, com um patriotismo verdadeiro (NÃO IMPORTADO DE IDEOLOGIAS ESTRANGEIRAS), verdadeiramente brasileiro, com idéias e lutas genuinamente nacionais, com heróis que lutem não para salvar abstrações como a humanidade, a cor da pele, o comunismo, o ecossistema ou a democracia, mas para fazer o Brasil progredir realmente para todos os brasileiros. É somente isso! E nada mais. Fica a experiência do que não deu certo, para alcançarmos o progresso efetivo. As posições hoje de um Jair Bolsonaro e de Lula da Silva parecem não se dirigirem neste sentido. Infelizmente!
    Said Barbosa Dib é patriota, historiador e analista político em Brasília

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