As consequências de não se renovar representantes políticos, por André Ladeia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Por André Ladeia*
 
O verdadeiro golpe

Uma pequena constatação: desde as eleições presidenciais de 2014, vivemos numa verdadeira bipolaridade ideológica, que, sob o falacioso discurso do pseudoenfrentamento da direita-esquerda, levou-nos a uma cegueira de cunho político-partidária. Mudam-se as figuras políticas e seus paradigmas (PT x PSDB, Dilma x Aécio, PT x MDB, Dilma x Temer, Crime de responsabilidade x Golpe; Lula x Bolsonaro), mas a miopia continua a mesma. Em todas as situações somos confrontados pela imprensa e por nossos amigos e familiares como se estivéssemos num ringue onde somente um dos lados poderia sair vencedor dessa disputa. 

Gostaria de fazer uma provocação a todos e dizer que o verdadeiro golpe não é o do binômio esquerda-direita, que tanto estamos acostumados a ler/ouvir, mas, sim, o do fundo partidário, que, por não ser repassado equanimamente entre os candidatos revela-se imoral, ilegal, antidemocrático e impossibilita-nos de termos uma renovação de nossos representantes no Legislativo.


Alternam-se as siglas (PT/PSDB/MDB/PP/PTB/PDT, etc), mas a imoralidade é a mesma: as cúpulas partidárias dos diretórios estaduais escolhem a dedo os mesmos candidatos, que geralmente são aqueles que já estão no poder e almejam suas reeleições, para preservar os status quo partidário. 

É escandaloso notarmos que 90 % dos recursos do repasse do fundo partidário alocados nas campanhas eleitorais são destinados a meia dúzia de candidatos, que se apresentam como verdadeiros caciques ou coronéis e usurpam e vilipendiam os recursos das siglas partidárias em benefícios próprios em detrimento dos demais.

E isso é muito ruim porque além de promover disparidades nas campanhas, inviabiliza uma renovação no Legislativo.

Se os partidos, de fato, querem investir em meia dúzia de candidatos, por que lançam os demais, se estes não terão as mínimas condições de elegibilidade? É sabido que as campanhas eleitorais dispendem  recursos, e com uma má – ou inexiste – distribuição destes, como haveríamos de preservar a isonomia e paridade de armas entre os candidatos?

A partir do momento em que a chapa for fechada e a candidatura estiver registrada , todos os candidatos deverão ter igualdade de condições para participar do processo eleitoral. E isso é o mínimo que se espera de um processo eleitoral democrático.

Que os partidos aquiesçam aos seus candidatos as mesmas oportunidades ou tenham a hombridade de se apresentar como realmente são:  como lídimos latifúndios comandados por meia dúzia de senhores feudais. Já passou da hora das máscaras caírem. 

* André Ladeia é poeta e procurador municipal. Autor dos livros “Suave como a morte”, “Alçapão” e “Mordaça”.

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. essa é a realidade dos

    essa é a realidade dos partidos políticos no Brasil.. aliás, é a razão de terem dado esse golpe fajuto e de não ter havido reação até agora.. a história  dará a devida dimensão a esse problema, mas fica a questão: o que é pior para a nação, a ação lesiva dos golpistas ou a inação das lideranças de esquerda?

  2. São Paulo trocou Suplicy por Serra

    Os Paneleiros, o parlamento, a mídia e o judiciário trocaram a Dilma por Temer. As consequencias da renovação estão sendo terr[iveis.

    Em time que tá ganhando não se mexe.

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