'Democracia em Vertigem' suscita dúvidas sobre o futuro, por Fer

Jornal GGN – Em seu artigo para a Folha, o ex-prefeito Fernando Haddad fala sobre o filme de Petra Costa, Democracia em Vertigem, e entende que ali está exposto o recente efeito corrosivo que se espalhou pelo país.

Haddad considera que o filme, sem grandes pretensões analíticas, traz cada um dos inúmeros episódios que marcaram a vida nacional entre 2013-2018. A força do documentário está na sequência, onde um episódio se explica no seguinte trazendo um efeito asfixiante.

Diz que o filme tem narrativa sóbria, mas não faz concessões. A diretora traz o sentimento que atravessou a vida de famílias e, ao final, aponta com dúvida para uma superação de tais fatos na vida do país.

A partir do filme, Haddad aponta para a realidade que estamos vivendo, agora. Diz que Bolsonaro continua mostrando que desconhece ou despreza a democracia. O presidente aqui espelha-se em Donald Trump, repetindo façanhas do macho alpha. Armou-se de sua caneta Bic e vai fazendo sua jornada através de decretos, alguns ilegais. Desmonte contínuo da participação social, por decretos.

E não para aí. Afronta o STF, quando este criminaliza a homofobia, e afasta-se cada vez mais dos princípios republicanos, principalmente quando afirma que não tem ‘essa historinha de Estado laico’ e que as minorias teriam que se curvar para as maiorias.

E no balaio das canetadas, outras esferas sociais vão sendo afetadas. Lideranças sociais perseguidas e alvo de prisões arbitrárias. A extrema direita ataca jornalistas conservadores, que são intimidados ou demitidos.

E volta ao filme de Petra, que revela um processo de debacle resultante de uma sucessão de casuísmos e arbitrariedades que vão corroendo as instituições e nossa capacidade subjetiva de reação.

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