Escândalo bancário, por Kenneth Maxwell

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Marlon

Nassif,

O silêncio da imprensa brasileira com o maior escândalo de fraude e evasão fiscal de que se tem notícia nos últimos anos é impressionante e revelador. Impressiona diante da magnitude dos fatos; revela visto que mostra como é seletiva nossa imprensa. O modo como a imprensa internacional vem dando destaque a ela mostra que há algo estranho aí.

Bom, poderíamos aqui no blog começar a reunir textos a esse respeito. Vamos reunir materiais sobre o Swissleaks. No grande jornais europeus a cobertura vem sendo bastante instrutiva. Parece haver 8 mil brasileiros envolvidos no escândalo. Será a PF, PGR, RF, etc., estão se debruçando sobre os fraudadores e sonegadores?

No final de semana, prometo postar alguma coisa sobre o assunto.

Da Folha de S. Paulo
 
Por Kenneth Maxwell 
 

Escândalo bancário

Os segredos do HSBC foram revelados esta semana pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Trabalhando com uma equipe de 140 jornalistas em 45 países, os documentos mostram de que forma o HSBC (Suisse) Private Bank ajudou clientes ricos a ocultar bilhões de dólares em ativos: mais de 100 mil contas, em valor de quase US$ 120 bilhões, estavam envolvidas.

Outros detalhes podem ser obtidos no site do ICIJ, “Swiss Leak Data”. Algumas das contas pertenciam a potentados árabes como os reis do Marrocos e da Jordânia. Também havia milhares de clientes da Suíça, da França, do Reino Unido, do Brasil (8.667) e da Itália.

Os arquivos incluem nomes de clientes, posições de contas e anotações dos funcionários do banco sobre conversas com correntistas. Oferecem um vislumbre fascinante de quantas dessas contas foram deliberadamente escondidas das autoridades tributárias nacionais. Além de ajudar os sonegadores de impostos, o HSBC também prestava serviços a criminosos internacionais, traficantes de drogas e fugitivos, bem como outros indivíduos “de alto risco” que desejavam guardar ou esconder dinheiro ilícito em contas sigilosas. As autoridades dos EUA, França, Bélgica, Grécia e Argentina já iniciaram investigações. O HSBC havia anteriormente assinado um acordo extrajudicial nos EUA sob o qual o banco admitia ter lavado lucros do tráfico de drogas no México.

O homem responsável pelo maior vazamento de informações bancárias da história é Hervé Falciani, 43, ex-especialista em informática do HSBC. Sua história parece um filme de suspense. Uma visita clandestina ao Líbano, um encontro com o Mossad, uma fuga da Suíça para a França, prisão na Espanha. A transformação de Falciani, de consultor de tecnologia a denunciante de irregularidades, começou com sua transferência do HSBC de Mônaco ao HSBC Private Bank em Genebra. Entre 2006 e 2007, ele baixou detalhes de dezenas de milhares de contas. Mais tarde, os entregou às autoridades francesas. Christine Lagarde, então ministra das Finanças em Paris (e hoje diretora do FMI), transmitiu os dados relevantes a outras autoridades tributárias nacionais.

As peripécias começaram (aparentemente) em 1999, com a aquisição do Republic National Bank de Nova York e da Safra Republic Holdings, que respondem pela maioria dos clientes de alto patrimônio do banco na Suíça. Na época, a companhia era controlada pelo bilionário Edmond Safra, morto em um incêndio em sua cobertura em Monte Carlo a despeito de contar com guarda-costas treinados pelo Mossad. Teorias da conspiração e rumores de envolvimento de mafiosos russos e traficantes de drogas colombianos persistem. Joseph Safra, seu irmão mais novo, dirige (independentemente) o império bancário Safra em São Paulo.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. o fato das peripécias

    o fato das peripécias ilícitas começarem em 99 podem revelar mais

    coisas do que possamos imaginar  da era fhc e da tal  privataria trilionária tucana…

    fujimori e menén foram condenados, menén está livre pelo fato de ser imune senador.

    fhc sequer foi indiciado pelos mesmos problemas.

     

  2. Vergonha de sempre

    Nassif,

    Nada indica que a RF, PF, PGR , COAF e lá quem seja esteja investigando qualquer tipo de lista ligada a este escândalo bancário internacional.

    Isto não é feito, em minha opinião, pelo fato de tais órgãos, pouco importando as provas concretas, serem sempre omissos em relação a qualquer ilícito cometido pelo andar de cima, haja vista a CPI do Banestado, a Satiagraha e tantos outros. Agora, experimente um desempregado roubar um litro de leite, prá ver o que acontece.

    O time brasileiro, quase 9 mil deles, deve ser o maior de todos, e nem assim a grande mídia noticiou a tempo e hora, ou seja, se mantém como a vergonha de sempre, é a libertinagem de imprensa em seu esplendor.

    Cabe ressaltar ser impossível, os quase 9 mil estarem no time de fraudadores, bandidos, etc….

    Fato desta natureza causaria a tal da “revolta popular” rsrs, nove mil na cadeia seria a glória para a maioria da sociedade brasileira. Qualquer grande emperesa basileira e centenas de grandes empresários têm depósitos no exterior, logo, bastaria separar uns de outros.

    No patropi ocorreu a pior das hipóteses, o silêncio cavernoso.

  3. Tijolaço e o jornalismo seletivo.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=24748

    Muitos me perguntam porque não falei dos depósitos feitos por 8.667 brasileiros no HSBC da Suíça, revelado pelo chamado SwissLeaks.

    Simples. Porque não sei quem são.

    Só uma pessoa – o jornalista Fernando Rodrigues – e uma empresa – o UOL – sabem.

    Hoje, ele publicou alguns, de donos da Odebrecht e de algumas pessoas citadas na tal Operação Lava Jato.

    Evidente que, à exceção do gerente ladrão da Petrobras, Pedro Barusco, não se pode dizer que o dinheiro dos demais seja criminoso.

    Embora, do ponto de vista moral, ter conta na Suíça – exceto para quem tem negócios por lá –  já seja um indicador de muito pouca boa-fé.

    O UOL publica uma “explicação” para o fato de estar publicando “em pílulas” os donos das contas.

    A imensa maioria dos nomes contidos na listagem brasileira do HSBC da Suíça é desconhecida do grande público. Há uma minoria de pessoas conhecidas. Empresários, banqueiros, artistas, esportistas, intelectuais. Quais nomes e contas bancárias serão divulgados? Em primeiro lugar, os que tiverem interesse público, e, portanto, jornalístico. Em segundo lugar, todos sobre os quais se puder provar que existe uma infração relacionada ao dinheiro depositado no HSBC na Suíça.

    Baixou o espírito “Sérgio Moro” na empresa?

    Primeiro, não foi essa a política adotada pelo consórcio de jornalistas que apurou os dados.

    Como não se sabe, por exemplo, que o banqueiro Edmond Safra, de nacionalidade brasileira, tenha posto lá dinheiro de roubalheira, porque foi divulgado? E o piloto de F-1 Fernando Alonso, acaso andou metido com Paulo Roberto Costa?

    Segundo, porque decide que “só serão publicados dados que tenham interesse público”.

    O que é interesse público? Crime, fama, função pública? Não é do interesse público que o dono do supermercado, o síndico do prédio, o gerente da empresa têm conta na Suíça?

    É violação do sigilo bancário saber-se que uma pessoa tem conta na Suíça ou apenas seria se eu informasse – como o UOL faz com quem decide ser de interesse público – dizer quanto eu movimentei nela?

    Mas na explicação ética, o UOL faz pior.

    Primeiro, compara o valor detido por estes brasileiros no HSBC  (R$ 20 bilhões) com – vou citar literalmente – “um montante próximo ao que o governo da presidente Dilma Rousseff precisa economizar em 2015 para fazer o ajuste fiscal do país”.

    Vejam, como se Dilma pudesse “meter a mão” nesta dinheirama e resolver os problemas nacionais.

    Não beira a manipulação política. É a própria.

    Vai adiante, porém. Acusa Dilma de desídia:“não há interesse da administração pública federal comandada pela presidente Dilma Rousseff em apurar o que ocorreu’.

    Por que?

    Governo não é uma quitanda e se rege de acordo com as leis.

    As razões estão nas próprias “acusações” do UOL:

    “Uma fração mínima de nomes sob os quais há alguma suspeita foram mostrados ao governo, de maneira reservada.”

    E aí o governo faz o que? Abre uma investigação, com quebra de sigilo bancário e fiscal, sobre alguns nomes “selecionados” pelo UOL e já dá à empresa o resultado do que apurar?

    “O Blog e o UOL entendem que o governo não pode revelar os nomes de quem cometeu crime fiscal. Mas pode dizer –e a sociedade tem o direito de saber– quantos são os que mantiveram dinheiro de forma irregular no HSBC da Suíça.”

    Quantos de quantos? De todos? Ou dos que o UOL quer?  Que diabos de ação pública seria essa de dizer: “olha, destes 18 que vocês trouxeram, 15 estão irregulares”.

    Aliás, se o governo fizer isso, não sobra uma ação fiscal na Justiça contra eles. Caem todas, por obtenção ilícita de informações.

    Se ter conta na Suíça é indício de crime – eu, particularmente, acho que é, pela ocultação de patrimônio que não pode ser checado pela autoridade fiscal – é para todos e o Ministério Público deve agir. E sem vazamentos seletivos.

    Diante disso, fico com as palavras de meu professor de jornalismo, Nílson Laje, que tem mais de 50 anos de janela sobre a imprensa brasileira:

    “Não existe mais repórter “do jornal”.
    O que existe agora é repórter “da fonte”.
    Atua em um ramo de publicidade não contabilizado – a “publicidade contra”.
    Escolhido, pode ser ou não remunerado pela tarefa; atua com a concordância e apoio do veículo em que trabalha – e que este, sim, fatura de algum modo. 
    Assim é com os vazamentos do Lava-jato. E, agora, com os vazamentos de nomes de investidores brasileiros no HSBC. 
    O repórter incumbido da tarefa de “vazar” esses nomes alinha, um por um, os que interessam à fonte. com a qual é ou se faz solidário. Vaza aos poucos,por motivos mercadológicos e porque sabe que não há competição.
    A garantia do negócio é a falta do contraditório ou da concorrência.
    No caso, o interesse transparente da fonte, que coincide com o interesse do veículo, é o mesmo da orquestração midiática em curso: visa pessoas ligadas ao governo nacionalista e a empresas nacionais que se pretende desnacionalizar.
    Os outros nomes não importam ou “ficam para depois”.
    Chamam a isso de “furo”.

  4. O Fernando Rodrigues tentou

    O Fernando Rodrigues tentou dar uma resposta aos seus leitores. Não convenceu. Tentou jogar a responsabilidade no Governo Dilma, é claro, pela “desinteresse” do governo em investigar o caso….. 

    Diz também que resolveu preservar os nomes “a maioria de desconhecidos” da opinião púbilca.

     

    PAUSAS PARA AS GARGALHADAS

     

     

    MAIS PAUSA PARA GARGALHADAS

     

     

    UM MINUTO PARA QUE TODOS SE RECOMPONHAM

     

     

    O cara que escreveu isso trabalha no UOL que a cada 30 minutos faz uma DENÚNCIA envolvendo qualquer nome . especialmente “aqueles nomes” que saiam da boca de um notório bandido como o doleiro de Londrina

    A hipocrisia, a falsidade  e o engajamento atingem niveís alarmantes na figura deste jornalista.

    Assombroso. 

    PS: Para quem não sabe, o tal ICIJ é financiado pela Fundação Ford.

    Não tenham muitas esperanças…

  5. não deu outra: agora ofi

    não deu outra: agora ofi confirmada minha suspeita.

    rodrigues guarda so nomes par chantagar meso.

    agora, o governo.

    já está culpabilizando o governo por isso.

    agora só falta dizer que o governo incentivou o hsbc a infringir a lei….

    o governo deveria entrar com uma ação contra rodrigues para que

    ele abra os nomes desa lista logo logo.

  6. Posso até apostar…

    que na tal lista existam poucos petistas, dai a razão do seu não alarde na nossa mídia, se algum nome ligado ao PT constar do rol, podem esperar que em poucos dias (talvez horas agora diante da grita dos blogs sujos) será gritado.

    Digamos que um dos nomes seja do, por ex., José Serra… ou do inclito Cachoeira… ou do honestíssimo Eduardo Cunha… jamais os brasileiros saberão disso… mas que o HSBC vai continuar a ser divulgado nas publicidades da Globo com a singela sentença “A ambição é o que nos move” como um exemplo de banco a ser seguido e confiado… ah, isso sim.

  7. Hummm

    “Entre 2006 e 2007, ele baixou detalhes de dezenas de milhares de contas. Mais tarde, os entregou às autoridades francesas. Christine Lagarde, então ministra das Finanças em Paris (e hoje diretora do FMI), transmitiu os dados relevantes a outras autoridades tributárias nacionais.”

     

    O governo brasileiro não teve acesso a essas informações? Apenas o jornalista Fernando Rodrigues é que possue essas informações? Pelo que li anteriormente outros dois jornalistas brasileiros fazem parte da organização, e um deles é o Amaury Ribeiro, ele não sabe de nada?

    Isso tudo está muito estranho!

     

  8. E o Amaury Ribeiro , não foi

    E o Amaury  Ribeiro, não foi consultado ? Ou a lista foi dada a somente 1 jornalista de cada país. E o sorteio foi para…………… Fernando Rodrigues. Tal qual os sorteios do Toffoli. Mundo cão ! Pelo sumiço dos famosos Trolls de alguns posts, até imagino que eles já estão sabendo os nomes.

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