#ImpeachmentDeBolsonaroURGENTE, por Marcos Dantas

Apesar de tudo isso, o  motivo pelo qual o Sr. Bolsonaro deve ser apeado da cadeira que ocupa é outro, muito mais grave: ele e seus asseclas estão simplesmente destruindo o Brasil.

#ImpeachmentDeBolsonaroURGENTE

por Marcos Dantas

Não. O Sr. Jair Bolsonaro não deve sofrer processo de impedimento porque cometeu graves crimes de responsabilidade perfeitamente definidos no artigo 85 da Constituição. Se, talvez, ainda não tenha atentado contra a “existência da União”, claramente já atentou contra o “livre exercício” dos demais Poderes ao convocar ou estimular, até participar pessoalmente, de manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do STF. Sem dúvida ameaça o “exercício dos direitos políticos, individuais e sociais” ao igualmente convocar ou estimular, até participar pessoalmente, dessas mesmas manifestações nas quais se pedia a decretação de um novo “AI-5”, isto é, implantação de uma nova ditadura. É possível que também esteja atentando contra a “segurança interna do País” ao minimizar ou ridicularizar a ameaça representada pelo surto do COVID-19. E nem se fale da “probidade na administração” considerando a cobertura ou proteção que vem dando a atos e comportamentos claramente não probos de muitos de seus ministros e auxiliares, às suas relações com um tal Queiroz, ou ser impossível não “deter conhecimento dos fatos” (na jurisprudência do douto Joaquim Barbosa) sobre as “rachadinhas” de seus filhos.

Não. Tantos crimes óbvios de responsabilidade seriam apenas os indispensáveis pretextos jurídicos a sustentar o processo jurídico-político, num país onde uma presidenta já foi derrubada devido a discutíveis “pedaladas fiscais”, embora ninguém, até hoje, tenha conseguido acusá-la de corrupção, atentados contra a democracia, proteção a corruptos ou milicianos.

Não. Apesar de tudo isso, o  motivo pelo qual o Sr. Bolsonaro deve ser apeado da cadeira que ocupa é outro, muito mais grave: ele e seus asseclas estão simplesmente destruindo o Brasil. É preciso dar um basta nesse processo. É preciso barrá-lo. Ou não haverá mais o que consertar numa eventual, embora ainda incerta, hipótese de vitória, em outubro próximo e daqui a dois anos, de forças políticas realmente comprometidas com o presente e o futuro do País e do seu povo. 

O que essa quadrilha que assaltou o poder vem fazendo não desmonta apenas as realizações dos recentes governos petistas. Nem mesmo, a melhor, talvez única, herança positiva dos governos FHC: a solidez da moeda. O que essa quadrilha vem fazendo é destroçar tudo o que a sociedade brasileira construiu nos últimos 50 ou mesmo 70 anos, sob diferentes governos, até diferentes regimes políticos e constitucionais. Essa quadrilha está desfazendo até mesmo o que haveria de positivo na herança da ditadura que eles tanto homenageiam…

Exemplo? A entrega a preço vil da Embraer para a Boeing. A história dessa empresa começa no final dos anos 1940, quando o brigadeiro Casimiro Montenegro liderou a formação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Esse é o núcleo original de onde, em 1969, no governo Médici, nascerá a empresa estatal Embraer. No Brasil, somente o Estado poderia, num primeiro momento, investir numa indústria aeronáutica vocacionada para projetar e fabricar além de meros teco-tecos. Surge então o “Bandeirante” e, dessa experiência, aprendendo e se aperfeiçoando, surgirão, já depois de privatizada, os aviões comerciais que hoje dominam o mercado mundial em seu segmento. Pois esse acúmulo tecnológico, industrial, mercadológico e histórico, a quadrilha Bolsonaro entregou de bandeja para uma empresa estadunidense, grande fornecedora do Pentágono, porém, como sabemos, em situação pré-falimentar.

Outro exemplo? Petrobrás Distribuidora. Foi criada em novembro de 1971, também no governo Médici. Àquela época, a revenda de gasolina e demais derivados, no Brasil, estava totalmente sob controle de um cartel estrangeiro: Shell, Esso, Texaco. A BR entrou arrebentando a porta. Tomou, na mão grande, de cara, os ultra lucrativos postos que a Shell detinha no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro). Em pouco tempo, já dividia o mercado interno com aquelas outras. Ora, todas as grandes petroleiras do mundo verticalizam suas operações, até porque o maior lucro está na ponta, não na extração ou refino. Aliás, um outro exemplo seria a exploração do petróleo submarino, projeto de longo prazo que também deu seus primeiros passos nos anos 1970. Os grandes frutos, finalmente colhidos durante o governo Lula, foram agora entregues à Shell, Chevron e similares.  O governo miliciano está reduzindo a Petrobrás ao que fora quando ainda dava os seus primeiros passos, de 1953 até o início dos anos 1970. E, volta e meia, declara sua vontade de se desfazer dela. 

Mais um exemplo? O nosso sistema de ciência, tecnologia e pesquisa universitária. O atual sistema brasileiro de pós-graduação foi criado no início dos anos 1950, se considerarmos as datas de fundação do CNPq e da CAPES. Passou por uma grande embora polêmica reforma, liderada pelo professor Newton Sucupira, no início da década 1970. Independentemente de críticas e permanente necessidade de aperfeiçoamento, muitos deles implementados pelos governos FHC e Lula, consolidou-se como um sistema produtivo, de grande qualidade, decisivamente responsável pelos êxitos da ciência brasileira hoje em dia. A nomeação de um tipo como esse Weintraub para o MEC e de um “criacionista” para a presidência da CAPES dispensa maiores comentários sobre os objetivos de destruir uma das principais obras da nossa sociedade ao longo de 7 décadas, incluídas aquelas sob o regime militar.

Outros exemplos não faltariam. Encheriam um livro. Não cabem num artigo.

“Eu vim para destruir”, declarou com todas as letras (não são muitas), o Sr. Bolsonaro. Sim, está cumprindo o seu projeto.

É, por isso, em nome do presente e do futuro do Brasil, que esse indivíduo e seus asseclas precisam ser imediatamente expulsos do Palácio do Planalto. Não é possível esperar mais, sob pena de o crescente esgarçamento econômico e social de nosso país levá-lo a alguma situação similar à de uma Somália, Síria, Libia ou Iraque. Aliás, a ver o que já acontece no Rio de Janeiro hoje em dia, ou acaba de acontecer no Ceará, sob elogios até do comandante da Força Nacional que deveria ser o primeiro a condená-lo, podemos não estar muito longe dessas tragédias. E mais próximos ainda, se imaginarmos o cenário que deve vir por aí devido ao novo coronavirus.

A solução óbvia, mantidas as regras institucionais, é o impeachment. Por muito, muito, muito menos, destituíram Dilma Rousseff. Essa solução pode ter sido definitivamente aberta pelos “panelaços” de 17 e 18 de março. Eles deixaram claro que a classe média cansou. Esse sentimento, aliás, vem sendo diária e crescentemente expresso pelos seus porta-vozes na imprensa comercial, os mesmos que, dois anos antes, haviam contribuído decisivamente para destituir Dilma e abrir caminho para a situação em que ora nos encontramos: os Merval Pereira, os Ascênio Seleme, as Vera Magalhães, os Gilberto Dilmenstein… não fazem autocrítica mas, expressando os sentimentos do seu público, já dizem “basta” a essa quadrilha.

Como os colunistas dessa imprensa circulam nas altas rodas, eles sabem o que pensam aqueles que verdadeiramente mandam. E transcrevem. Esse governo é completamente disfuncional para os homens de negócios. Não falemos desse lúmpem-empresariado, nomes bem conhecidos do comércio varejista que vivem da sonegação, fraude, baixíssimos salários, aos quais muito interessa um governo que boicota as regras e desmonta os órgãos de fiscalização. Falemos do capital financeiro que precisa de uma moeda estável e reservas internacionais saudáveis; do agronegócio que depende do mercado chinês e árabe; da indústria que depende de um estratégico BNDES para investir em tecnologias e conquistar mercados. Os colunistas da imprensa comercial estão refletindo o que ouvem nas suas conversas nesses meios.

No entanto – e aqui chegamos ao nosso ponto – os partidos e movimentos políticos que poderiam, agora, estar saindo à frente do momento, mostram-se (e já se mostram há muito tempo) surpreendentemente por demais prudentes e cautelosos. Contentam-se com palavreado, em notas oficiais ou 240 caracteres no Twitter. “Não passarão!”, bradam. E eles seguem passando.

Não deixa de ser curioso. Nos tempos do governo FHC, por motivos muito menos graves, até discutíveis, o PT ingressou com quatro pedidos de impeachment na Câmara, inclusive um alegando “estelionato eleitoral” porque o governo não conseguia realizar suas promessas de campanha. Risível… Nos governos anteriores, tanto no de Collor, com bons motivos, quanto também no do anódino Itamar Franco, da mesma forma foram mais de um os processos de impedimento abertos pelo Partido dos Trabalhadores. Agora, porém, o seu inconteste líder, Lula da Silva, vem nos dizer que “não podemos pedir impeachment de Bolsonaro só porque não gostamos dele”. Não se trata, porém, de gostar ou não gostar. Os motivos para o impeachment é o nosso dever e nosso direito de impedir a destruição do Brasil. Diante desses motivos, e contando com todo o respaldo constitucional, não há mais como ter a “paciência” pedida pelo ex-presidente.

Nos últimos dias, um deputado distrital do DF e um grupo de parlamentares e militantes do PSOL colocaram, cada um, nas mãos do deputado Rodrigo Maia, um pedido de abertura do processo de impedimento do Sr. Bolsonaro. Em menos de 24 horas, a direção do PSOL reagiu, negando-se a apoiar a iniciativa dos seus próprios quadros. Os dirigentes psolistas se disseram “indignados” – sim, indignados! – porque a “iniciativa atropela o debate interno do PSOL e do conjunto da oposição”. Parece que, afinal, cansados de tanto blá-blá-blá, alguns quadros resolveram simplesmente agir.

O discurso cirandeiro prossegue: “o impeachment é um processo político que precisa ganhar corações e mentes… se queremos derrubar Bolsonaro, essa deve ser uma proposta construída coletivamente… mobilizar amplas forças sociais…” Em outros partidos, mesmo sem referência a essas iniciativas ou até mesmo antes de elas virem a público, notas sobre a “conjuntura” ou sobre as “tarefas” para enfrentar este momento de gravíssima crise, não tiveram tom diferente.

Por que tanta tibieza? Uma hipótese: as burocracias partidárias estão, neste momento, muito mais preocupadas em fazer resultado nas eleições de outubro. Os partidos de esquerda dificilmente elegerão prefeitos ou prefeitas nas maiores cidades – e sabem disso, embora não possam dizê-lo, por óbvio. Mas precisam manter suas bancadas de vereadores, se possível ampliá-las. A representação parlamentar passou a significar muito, no atual cenário de avassalador ascenso da direita obscurantista, para a sobrevivência de máquinas partidárias que, diga-se a favor delas, não costumam manter relações espúrias com financiadores empresariais, muito menos com pastores e milícias (ao contrário dos PMDBs, PSDBs, DEMs, PSLs da vida). Se ainda está dada a hipótese de sobrevivência (ou necessidade de garantir a sobrevivência) de arremedos da democracia liberal, o futuro desses partidos depende de assegurar em outubro, quiçá também daqui a dois anos, que seus fieis eleitores possam seguir se expressando nas urnas, garantindo as cadeiras de suas bancadas parlamentares. Então, melhor não fazer marola e centrar todo o esforço em “ganhar corações e mentes”… Se a hipótese estiver correta, do ponto de vista das estruturas partidárias poderá haver lá sua razão. Do ponto de vista dos interesses maiores da sociedade brasileira, porém, parecem haver, à maneira de Blaise Pascal, muitas outras razões que essa razão desconhece…

Mas os fatos estão se acelerando! A imprensa porta-voz do grande empresariado e dos “isentões” de classe média deve seguir subindo o tom. A estupidez do clã (vide esta última do 02 sobre a China) só ajuda a alimentar a fogueira. Os planos eleitoreiros poderão acabar atropelados pelos “panelaços” ecoando #ImpeachmentDeBolsonaroURGENTE 

Que assim seja! 

Redação

5 Comentários

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  1. Como seria bom se ao tirar essa gente que se encastelou no poder tudo se resolvesse. No entanto,o sujeito e sua trupe,com todas essa destruições elencadas no post,ainda gozam,segundo pesquisa divulgada hoje pelos banqueiros golpistas,de cerca de 65% entre regular,ótimo e bom,ou seja,parece que toda essa destruição não está sendo entendida pela população,basta lembrar que na sua vitoriosa eleição ele obteve algo próximo de 57% dos votos.
    Assim,pensar em apear do poder esse sujeito parece uma solução ainda muito distante e,muito mais distante ainda,afastar o modelo em que ele é um simples representante.

  2. Bolsonaro precisa sair e não há tempo (nem energia) para um processo de impedimento. A situação é grave e em muito breve a curva da contaminação pelo coronavírus começará a escalar exponencialmente, os hospitais lotearão e as mortes serão inevitáveis.
    Tudo indica que não estamos preparados o suficiente. Estruturalmente, o SUS sempre foi subfinanciado, inclusive nos tempos do PT e a partir de Temer, começo a ser desmontado – aliás, o Mandeta é da corrente privatista, ligado aos hospitais particulares e convênios. E circunstancialmente, em vez de agir de forma antecipada, restringindo nacionalmente a circulação de pessoas, mobilizando o exército e a indústria para a fabricação de máscaras, luvas, testes e respiradores, procurando cooperação internacional e coordenação com estados e municípios, o Governo Bolsonao faz exatamente o contrário em cada um dessas medidas emergenciais. O que há são ações descordenadas de vários governadores, prefeitos e o minsitro da sáude tentando fazer o possível para se antecipar à crise sanitária que está à porta.
    Bolsonaro é diretamente responsável por essa inação a nível nacional e se a crise do coronavírus for muito grave (o que é uma grande possibiliade) a conta será dele.

    IMPEDIMENTO NÃO, INTERDIÇÃO
    Por isso pe preciso tirá-lo do poder agora, para salvar as vidas das pessoas, que ele coloca em risco com sua irresponsável omissão. A melhor saída é a interdição (psiquiátrica, política, o que for, inventem algo), mesmo que seja para o Mourão assumir. O exército não quis entrar no governo? Agora que assumam a responsabilidade da guerra – contra o vírus. É o que temos no momento. CAso a crise sanitária seja grave e nada for feito para afastar Bolsonaro, teremos o caos.
    Democracia? Instituições? Economia? Depois se pensa nisso, mesmo porque não vai sobrar nada disso se o país cair no abismo de uma crise sanitária: a Itália será o paraíso se isso acontecer.

  3. CORRETISSIMO, NÃO TEM QUE FAZER IMPEACHMENT, TEM QUE ANULAR A ELEIÇÃO SENÃO A OUTRA MULA VICE FARDADO ASSUME, AFINAL FOI O MELIANTE MAIOR QUE DECLAROU QUE A ELEIÇÃO FOI FRAUDADA!!

  4. Fiquei aqui pensando: o Congresso suspendeu as atividades presenciais, mas vai votar urgências com relação a crise pandêmica q estamos vivendo neste momento virtualmente. Não seria uma bela ironia se fizessem o impeachment também assim? Eleito pelo zap, destituído pelo zap! Não acham?

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