Joseph Conrad e o alvorecer da globalização

por Douglas Portari

A professora Maya Jasanoff, da Universidade Harvard, escreveu o livro The Dawn Watch – Joseph Conrad in a Global World, da Penguin Press (A Vigília da Madrugada – Joseph Conrad em um Mundo Global, em tradução livre) como uma mistura de biografia e diário de bordo (ela refez algumas das viagens de Conrad). A obra é analisada aqui pelo jornalista, escritor e professor Adam Hochschild (de O Fantasma do Rei Leopoldo), cuja resenha primorosa para a revista Foreign Affairs alinhava Conrad, o imperialismo e as similitudes com o presente. Achei que valia a tradução.

Um Estranho em terras estranhas

Joseph Conrad e o alvorecer da globalização

por Adam Hochschild 

Tradução Douglas Portari

No final do século 19 e na primeira década do século 20, nada remodelou mais o mundo do que o imperialismo europeu. Redesenhou o mapa, enriqueceu a Europa e deixou milhões de africanos e asiáticos mortos. Em 1870, por exemplo, cerca de 80% da África ao sul do Saara estava sob o controle de reis, chefes ou outros governantes nativos. Em 35 anos, praticamente todo o continente, com apenas algumas faixas de exceção, era constituído por colônias ou protetorados europeus. França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido haviam tomado pedaços “desse magnífico bolo africano”, nas palavras do rei Leopoldo II, da Bélgica – que pegou uma enorme fatia para si próprio.

Na Ásia, no mesmo período, os britânicos endureceram o controle sobre o subcontinente indiano; os franceses, na Indochina; e os holandeses, sobre o que hoje é a Indonésia. Japão, Rússia e meia dúzia de países europeus, até mesmo o cambaleante império Austro-Húngaro, ganharam enclaves ou concessões na China. Enquanto isso, os Estados Unidos lutaram uma guerra implacável nas Filipinas, matando centenas de milhares de nativos para estabelecer uma colônia americana.

É surpreendente, no entanto, quão raramente esses eventos aparecem no trabalho dos escritores europeus dessa era. Seria como se quase nenhum grande romancista americano do século 19 tivesse abordado a escravidão ou nenhum autor alemão importante do século 20 tivesse escrito sobre o Holocausto. Não é que os europeus não soubessem. Centenas de milhares deles haviam vivido ou trabalhado nas colônias, e os frutos do império eram exibidos em todos os lugares: em mansões palacianas e grandes monumentos construídos com fortunas coloniais, em nomes de ruas como Rue de Madagascar, em Bordeaux, e Khartoum Road, em Londres, e em lojas cheias de tralhas e especiarias estrangeiras. Em 1897, mais de um milhão de visitantes foram a uma feira mundial nos arredores de Bruxelas, que contou com 267 homens, mulheres e crianças congolesas vivendo em cabanas e remando canoas em um lago. Houve exposições humanas semelhantes em feiras nos Estados Unidos.

Os escritores, no entanto, ficaram em grande parte silenciosos. Mark Twain foi um duro crítico da crueldade imperial nas Filipinas e na África, mas apenas em alguns artigos curtos dos últimos 15 anos de sua vida [A Fundação Perseu Abramo lançou no Brasil o livro Patriotas e traidores: Anti-imperialismo, política e crítica social, que reúne alguns desses artigos. É possível baixar a versão digital aqui: http://csbh.fpabramo.org.br/uploads/Patriotas_e_Traidores.pdf]. George Orwell ficaria profundamente desiludido por seus anos como policial na Birmânia governada pelos britânicos, mas ele só retornou de lá e começou a escrever em 1927; Dias na Birmânia, seu romance de estreia, surgiu em 1934. Se os escritores da virada do século chegaram a abordar o imperialismo, em geral foi para celebrá-lo, como John Buchan e Rudyard Kipling, no Reino Unido, e apoiadores literários semelhantes na França e Alemanha.

A destacada exceção foi Joseph Conrad. Em sua novela Nostromo, o magnata norte-americano da mineração Holroyd declara: “Nós devemos dirigir os negócios do mundo, quer o mundo goste ou não”. Mas o retrato mais intenso de Conrad sobre esses negócios é Coração das Trevas, publicado em 1899. Ninguém que lê esse livro pode mais imaginar os colonizadores da África como eles gostavam de se retratar: divulgando desinteressadamente o Cristianismo e os benefícios do comércio. “Rasgar o tesouro das entranhas da terra era seu desejo”, diz Marlow, narrador e alter ego de Conrad, “sem mais propósito moral por trás disso do que há em assaltantes arrombando um cofre”. O Congo de seu tempo era a colônia privada de Leopoldo II, cujo regime implacável recrutava um grande número de congoleses como trabalhadores forçados – para coletar marfim, extrair borracha, prover comida para os soldados do rei, lenha para os barcos a vapor que infestavam os rios e muito mais. Mas o romancista não insinua que houvesse algo exclusivamente belga nesse roubo, representado pelo Sr. Kurtz, o voraz caçador de marfim que é o vilão do livro. “Toda a Europa contribuiu para a criação de Kurtz”.

Conrad viveu em um mundo muito mais amplo que o de seus contemporâneos, mesmo os maiores, como Marcel Proust ou James Joyce, e é isso que inspira The Dawn Watch, o novo livro graciosamente escrito sobre ele pela historiadora de Harvard, Maya Jasanoff. Nascido Jozef Teodor Konrad Korzeniowski, de pais poloneses, ele saiu de casa aos 16 anos para navegar pelo mundo em navios mercantes durante duas décadas, instalando-se depois no Reino Unido, onde se tornou um escritor. Embora Conrad “não tivesse conhecido a palavra ‘globalização’”, escreve Jasanoff, com “sua jornada das províncias da Rússia imperial através dos altos-mares até os condados britânicos, ele a encarnou”. E, apesar de alguns estereótipos raciais ao retratar africanos e, em menor grau, asiáticos, ele reconheceu um mundo multiétnico: metade do que ele escreveu, ela ressalta, acontece no Sudeste Asiático. Nenhum outro escritor de seu tempo lidou tão vigorosamente com encontros entre europeus e o mundo não-europeu.

O envolvimento de Conrad com o imperialismo, rebeldes políticos e a vida no mar, justamente quando o vapor estava substituindo a vela, o tornou sintonizado com dimensões do mundo que continuam relevantes ainda hoje. “Os herdeiros dos marinheiros tecnologicamente suplantados de Conrad são encontrados nas indústrias atingidas pela digitalização”, afirma Jasanoff. “Análogos a seus anarquistas podem ser encontrados nas salas de bate-papo da Internet ou em células terroristas. Os interesses materiais que ele centrou nos Estados Unidos emanam hoje também da China”. Conrad não foi um teórico da globalização, mesmo que sob outro nome, mas a abordagem de Jasanoff sobre ele é uma revigorante lembrança de que, em uma época em que os escritores costumavam trabalhar em uma base geográfica limitada – pense em Wessex, por exemplo, o nome que Thomas Hardy deu à parte da Inglaterra onde ele situou quase todas as suas novelas – o palco de Conrad abarcou o globo. E ainda hoje há poucos romancistas importantes sobre quem se poderia dizer o mesmo.

MUITO LONGE DE CASA

A vida de Conrad, grande parte vivida em cantos distantes do mundo, tem mantido críticos e biógrafos ocupados por décadas, sua tarefa tornada ainda mais desafiante pela rede de evasivas que ele teceu em várias de suas próprias pouco confiáveis memórias. The Dawn Watch não é, de modo algum, uma biografia tão abrangente quanto outras, em particular a genial Joseph Conrad: A Life, de Zdzislaw Najder (2007); Na verdade, não é tanto uma biografia completa quanto uma reflexão sobre a vida do romancista e sobre várias de suas principais obras. Ainda assim, é um grande prazer ler este livro, pois Jasanoff é especialmente interessada em entender o mundo que moldou um escritor que ela ama. Para se aproximar da experiência marítima de Conrad, ela viajou em um cargueiro de Hong Kong para a Inglaterra; em um veleiro de 134 pés e dois mastros, da Irlanda para a Inglaterra; e desceu mil milhas de barco pelo Rio Congo. Contudo, ela menciona essas viagens apenas modestamente, usando-as não para se gabar de sua empreitada, mas para evocar a vida de Conrad na água: a notável largura do Rio Congo, por exemplo, ou o ritmo da conversa dos marinheiros, quando você está há dias sem terra à vista e seus sentidos se concentram no mar, no nascer do sol, no clima.

Jasanoff também visitou muitos dos lugares onde Conrad viveu, e ela os esboça com um olhar de escritora: “Marselha, cidade do azeite, das laranjeiras, do vinho doce e de sacos de especiarias, boca aberta para o Mediterrâneo e olho dirigido para o Atlântico, a cidade de cruzados, de revolucionários, do Conde de Monte Cristo”. Ela utiliza a mesma pena hábil para com as pessoas que moldaram o mundo em que Conrad viveu, como o rei Leopoldo II, que, ela escreve, tinha “um nariz que parecia uma encosta de montanha e uma barba como uma cachoeira espumosa sobre o peito”. Seus poderes descritivos fazem uma adequada homenagem a um escritor que afirmou ser o trabalho da palavra escrita “fazer você ouvir, fazer você sentir… antes de tudo, fazer você ver”.

Ao explorar o mundo de Conrad, em particular as mudanças no comércio oceânico que ocorreram ao longo de sua vida, Jasanoff navega por alguns atalhos fascinantes. A substituição da vela pelo vapor significava menos empregos: não havia mais todas aquelas velas a serem desfraldadas e enroladas, e os navios a vapor eram maiores e podiam transportar cargas muito maiores. Logo, era um mercado de trabalho difícil, e Conrad parece ter gasto tanto tempo buscando um ancoradouro quanto realmente servindo em um [aqui há um trocadilho com a palavra berth, que também pode significar emprego]. Assim que conseguia um contrato como primeiro ou segundo imediato em um veleiro britânico de longa distância, ele provavelmente descobriria que mais de 40% da tripulação eram estrangeiros como ele: os salários eram menores do que muitos trabalhadores britânicos ganhavam em terra, mas esplêndidos para alguém da Ásia ou da Europa Oriental. (Jasanoff descobriu que o mesmo acontece hoje com a tripulação filipina do cargueiro no qual viajou). E ela ressalta que, mesmo durante o longo crepúsculo dos veleiros, o custo do carvão fazia com que o transporte à vela ainda fosse financeiramente competitivo em rotas de mais de 3.500 milhas, o que era uma das razões pelas quais Conrad trabalhava em tais navios ainda, para o deleite posterior de seus leitores.

AS VÍTIMAS DO IMPÉRIO

Em nenhum outro lugar o encontro de Conrad com o mundo exterior à Europa foi mais poderosamente representado do que em Coração das Trevas, provavelmente o romance curto inglês mais lido, aclamado e sobre o qual mais se escreveu. O livro tira sua força do fato de ser intimamente baseado nos seis meses que Conrad passou no Congo, em 1890. Ele se alistou para o que esperava ser um trabalho cheio de aventura como capitão de um barco a vapor, mas enquanto era treinado para o trabalho, ficou horrorizado com a ganância e a brutalidade que viu, adoeceu com disenteria e malária, e reduziu sua estadia para retornar à Europa. Muitos dos detalhes em Coração das Trevas – os escravos acorrentados, os corpos putrefatos daqueles que morreram de tanto trabalhar – podem ser encontrados no diário que Conrad manteve durante as primeiras semanas de sua permanência lá.

O que deu a ele essa capacidade tão rara de enxergar a arrogância e o roubo no coração do imperialismo? E ver que a tão propalada missão civilizadora do rei Leopoldo era fundada no trabalho escravo? Muito disso certamente tinha a ver com o fato de ele próprio, como polonês, saber o que era viver em uma terra conquistada. Ao longo do século 19, o território onde hoje é a Polônia foi dividido entre três impérios vizinhos, Áustria-Hungria, Prússia e Rússia. O último, onde a maioria da família de Conrad vivia, era o mais repressivo; quando ele tinha três anos, cossacos atacaram igrejas para impedir homenagens póstumas a um herói nacionalista polonês. Além disso, durante os primeiros anos de sua vida, dezenas de milhões de camponeses no império russo eram o equivalente a escravos: os servos.

O poeta pai de Conrad, Apollo Korzeniowski, era um nacionalista polonês e um oponente da servidão, embora tanto ele quanto sua esposa viessem da classe da baixa nobreza do país que possuía servos ocasionalmente. Por suas atividades nacionalistas, Korzeniowski foi atirado em uma rigorosa prisão de Varsóvia e depois enviado ao exílio no norte da Rússia pela polícia do czar. Sua esposa e seu filho de quatro anos foram com ele, e seu período no clima gelado exacerbou a tuberculose que mataria a mãe de Conrad quando ele tinha apenas sete anos. Seu pai morreu apenas alguns anos depois, e seu velório, em uma Cracóvia ocupada pela Áustria, se transformou em uma grande manifestação do nacionalismo polonês. Não é de admirar que esse menino crescido entre ex-presidiários veteranos e exilados, conversas sobre servidão, e notícias de parentes mortos em levantes estivesse pronto para desconfiar de conquistadores imperiais que alegavam ter o direito de governar outros povos.

Poucos europeus do tempo de Conrad foram abertamente hostis ao imperialismo, e praticamente todos estavam à esquerda. Paradoxalmente, no entanto, em todo o resto sobre sua política, Conrad era profundamente conservador. Odiava os sindicatos. Por todo o seu desgosto com o imperialismo russo e belga, ele acreditava que o imperialismo britânico era esplêndido. Coração das Trevas foi recebido com entusiasmo pelos, em grande parte britânicos, “reformistas do Congo”, que estavam operando contra o regime de trabalho forçado do rei Leopoldo, mas Conrad foi cauteloso em se identificar com seu movimento, mesmo com uma de suas figuras-chave sendo o irlandês Roger Casement, com quem ele criou laços quando brevemente compartilharam uma casa no Congo. Conrad não viu propósito no idealismo socialista que tantos intelectuais britânicos – incluindo vários amigos íntimos – tiveram grande fé. Em seus dois romances mais abertamente políticos, O Agente Secreto, sobre anarquistas em Londres, e Sob os Olhos do Ocidente, sobre revolucionários russos em São Petersburgo e Genebra, quase todos os personagens são venais ou irremediavelmente ingênuos. Ambos os grupos são infiltrados por informantes da polícia.

Em um sentido, a rígida visão de Conrad serviu-o bem. Embora Sob os Olhos do Ocidente tenha sido publicado seis anos antes da Revolução Russa, ele praticamente previu seu destino. O narrador do romance em um ponto diz: “Em uma verdadeira revolução, os melhores personagens não chegam à frente. Uma revolução violenta cai nas mãos de fanáticos intolerantes… O nobre, humano e devotado… O altruísta e o inteligente podem começar um movimento – mas ele morre longe deles. Eles não são os líderes de uma revolução. Eles são suas vítimas”.

Na Rússia, isso acabou por ser uma verdade duríssima. Mas essa novela desagradável, com seu diálogo engessado e personagens de figura de palito, teria sido muito melhor se Conrad tivesse mostrado mais empatia por essas figuras “nobres, humanas e devotadas”, não importa quão enganadas elas estivessem. É somente essa visão mais ampla que dá maior profundidade a novelas posteriores que tratam da tragédia soviética, como Doutor Jivago, de Boris Pasternak, e Vida e Destino, de Vasily Grossman.

Brilhantemente, Conrad enxergou as muitas injustiças do mundo tal como existiam. Mas o que lhe deu uma visão tão cética de qualquer um que aspirasse a mudar isso? Jasanoff sugere que isso veio do “fracasso dos objetivos políticos de seu pai”, mas há evidências que sugerem o contrário. Em Um Registro Pessoal, Conrad fala de seu pai como “simplesmente um patriota” e não um revolucionário. E os objetivos políticos de Korzeniowski foram alcançados durante a vida de seu filho, quando os poloneses finalmente ganharam sua própria pátria. Tal objetivo é certamente mais benigno do que os sonhos que Conrad retalha em O Agente Secreto e Sob os Olhos do Ocidente: a visão anarquista de destruição de todos os governos e aquela bolchevique da ditadura do proletariado. O próprio Conrad defendeu uma nação polonesa e honrou a memória de seu pai; em uma visita ao túmulo de Korzeniowski, décadas após sua morte, o romancista surpreendeu sua família ao se ajoelhar e rezar.

A rejeição ampla de Conrad para com todos os radicais e reformadores certamente veio de outro lugar. No final da adolescência, quando ele morava em Marselha, perdeu todo o seu dinheiro investindo no negócio de mercadorias de contrabando – possivelmente armas – para a Espanha. Ele recebeu um empréstimo de um amigo e tentou recuperar suas perdas nos cassinos, mas apostou tudo e perdeu. Profundamente deprimido, ele disparou uma pistola no peito em uma tentativa de suicídio, mas, ainda mais humilhante, a bala errou seu coração e ele sobreviveu.

Quem correu para Marselha para salvá-lo foi seu tio, Tadeusz Bobrowski, irmão de sua mãe, que atuava como seu guardião desde a morte do pai de Conrad. Pessoalmente e em uma longa série de cartas ao longo dos anos, Bobrowski desaprovava severamente as ambições do jovem Conrad como impraticáveis e românticas e continuava exortando seu protegido a fazer algo sensato, como retornar a Cracóvia e entrar nos negócios. Felizmente, ele não teve sucesso.

Conrad também sofreu uma grave dificuldade posterior, que Jasanoff menciona apenas de passagem. Na década de 1890, ele investiu e perdeu quase todas as suas economias, além de uma modesta herança, em uma mina de ouro sul-africana. Ironicamente, a corrida do ouro sul-africano era uma aventura fique-rico-rápido do tipo que Conrad havia escrito tão severamente em Nostromo, onde a corrida era pela prata e, em Coração das Trevas, pelo marfim. Ainda mais embaraçoso, essas perdas vieram exatamente quando ele estava se casando e começando uma família. Não é de admirar que o enredo de uma de suas melhores novelas, Lord Jim, gira em torno de um homem tentando sobreviver a uma desgraça. O conservadorismo de suas opiniões políticas pode muito bem resultar de seus sofrimentos com essas indiscrições juvenis e de seu desejo de provar-se firme e responsável aos olhos de sua amada figura paterna, Bobrowski.

No melhor de seu trabalho, no entanto, Conrad elevou-se acima das peculiaridades e tormentos de sua própria vida. Ele entalhou uma imagem profunda das conexões entre o Norte e o Sul do mundo e retratou o corrosivo efeito da cobiça pelas riquezas com mais força que qualquer outro escritor de sua época – e talvez de nossos dias também.

 
Redação

1 Comentário

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  1. O horror, o horror

    Toda vez que ouço alguém falar sobre as maravilhosas realizações da civilização européia, sua arte, cultura, seu alto grau de educação e civilidade, sua prosperidade e IDH, eu, velha ave agourenta, pergunto se, algum dia, essa pessoa, que tece loas ao velho continente, se preocupou em indagar como essa civilização alcançou tamanhas maravilhas.

    A resposta, invariavelmente, é um muxoxo: Não.

    E o assunto torna-se instantaneamente um tédio mortal, em razão das palavras que uso para tentar explicar.

    Saquear, pilhar, roubar, invadir, matar, explorar, escravizar. Dentre outras.

    Mudam de assunto, ou, simplesmente, não acreditam.

    Dou minha última cartada: Leia “O Coração das Trevas”.

    Não tenho notícia de que alguém o tenha feito. Quando muito, viram “Apocalypse Now”. Volto à carga: artisticamente, um filme insuperável; ideologicamente, uma catástrofe.

    E aí, eu desisto.

    E, tal como Marlow não teve coragem de dizer a verdade para a noiva-viúva do Sr. Kurtz, eu me limito a guardar para mim o sussurro da treva: “O horror! O horror!”

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