Lula tenta refazer a curva fechada de 2002, por Aziz Filho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Se Lula não for candidato do PT na eleição de 2018, seu substituto deve estar ciente de que precisará fazer de tudo para construir uma aliança ampla o suficiente para tornar as chances do partido reais, inclusive “dormir com o inimigo”. É o que diz Aziz Filho, em artigo divulgado no portal Os Divergentes, nesta segunda (23), analisando o percurso de Lula para reproduzir no próximo ano a mesma parceria que constituiu com os empresários em 2002, após abandonar “utopias de esquerda”.
 
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Por Aziz Filho
 
Em Os Divergentes
 
Um dos fatores que levaram à eleição de Lula em 2002, sua quarta tentativa, foi a Carta ao Povo Brasileiro, na qual prometeu uma política econômica de centro, parceira do setor produtivo. A aliança do noivado pouco provável foi de ouro puro: o empresário mineiro José de Alencar como vice da chapa. Lula ganhou e cumpriu o acordo: desprezou as utopias da esquerda que o ladeavam desde 1989 e fez um governo no qual, segundo ele mesmo transformou em mantra, “a elite ganhou dinheiro como nunca”.
 
Pode-se discutir qual cônjuge traiu o pacto nupcial: o PT, ao descuidar-se da austeridade fiscal, ou “a elite”, ao deixar-se levar pelo tal “ódio de classe” travestido de combate à corrupção. O fato é que o cenário de 2018 reencontra o PT com o mesmo drama de 2002, além dos outros mais graves do ponto de vista ético. Nove em cada dez investidores dizem segurar o dinheiro por temer a eleição de alguém contrário às reformas de Michel Temer, ou seja, Lula.
 
Na caravana por Minas Gerais, que começa com um ato em Ipatinga em defesa da soberania nacional, o ex-presidente quer fazer a mesma curva que o levou ao pódio com Alencar. Na sexta-feira, vai comemorar 72 anos na Coteminas, ao lado de Josué Gomes, filho de José de Alencar e presidente da empresa fundada pelo pai. É difícil reeditar a dobradinha com Josué, que é do PMDB de Temer, mas Lula já faz ponte com outros empresários de peso.
 
Depois de subir nas pesquisas com o discurso do “nós contra eles”, agora precisa flertar com “eles” para reduzir a rejeição. Assim como no Nordeste, ele terá em Minas a companhia de vários políticos de partidos adversários, que não são bobos nem nada – e Lula também não é.
 
Os petistas apostam nas andanças do líder ou em seu poder sacrossanto de abençoar um poste caso as sentenças do juiz Sérgio Moro – a já consumada e as que virão – sejam confirmadas, impedindo sua candidatura. São três no banco de reservas: Fernando Haddad, Jaques Wagner e Fernando Pimentel, líder das pesquisas para o governo de Minas. Um deles, além de escapar da Lava Jato, terá de aprender com o padrinho a fazer de tudo para subir a rampa, inclusive dormir com o inimigo.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Desestímulo aos investimentos

    Nove em cada dez investidores não investem seus capitais em razão da baixa expectativa de demanda efetiva. A baixa expectitativa de demanda efetiva decorre da alta taxa de lucro e da consequente desvalorização dos salários. Nesse sentido, as reformas do Michel Temer e a austeridade por ele impostas só pioram a expectativa de demanda efetiva, pois empobrecem ainda mais a população, ao tempo em que eleva absurdamente os lucros dos magnatas.

    1. Seria bom se fosse verdade.

      Seria bom se fosse verdade. Mas não é; os “investidores” já demonstraram claramente que preferem ativamente a política concentracionária do governo Temer ao distributivismo do PT.

  2. Parei quando li:

    1 – “o PT, ao descuidar-se da austeridade fiscal”: acebei de ver um gráfico numa apresentação para seus clientes de alta renda do banco suiço “CREDIT SUISSE” que mostra o contrário desta afirmação. Quem quer enganar quem?

    2 – ““a elite”, ao deixar-se levar pelo tal “ódio de classe” travestido de combate à corrupção”: well, nas minhas andanças (cada vez mais raras) no meio desta tal “elite” paulista, continuo cruzando com corruptos notórios que não parecem muito preocupados. Alias Aécio Neves e J. Serra estão aí para me confortar nesta impressão. De novo: Quem quer enganar quem?

    Esses “divergentes” estão aí para divergir de quem?

     

  3. As reformas de temer assim
    As reformas de temer assim como as de fhc servem somente para enriquecer a elite escravocrata do Brasil. Não vai atrair nenhum investimento , pois vão vender pra quem o que ? Com salário rebaixados , investimento estatal parados e altos juros, quem compra ? Então são reformas para enriquecer somente.

  4. Taí!

    Taí a carinha “linda” do PT escancarada em sua realidade nua e crua: a Articulação em sua essência absoluta.

    Aliás, se algum dia houve outra cara no PT, hoje não há mais a pálida sombra dela.

  5. Lula e suas alianças

    Para certos “esquerdistas”, certo está o PSTU! Para tal tipo de gente, Zé Maria, com seu “purismo”, é melhor que Lula! Ouso discordar.

  6. poder sacrossanto de abençoar um poste

    Que tal um novo partido: o PANDA, o partido antagonista divergente?

    Os cães ladram e a caravana passa arrastando as multidões!

    É só alegria!

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