Não é “mero projeto liberal”, mas “ataque a premissas do humanismo”, diz Haddad sobre governo

Haddad quer contribuir junto à Folha dando "contexto" aos assuntos que mais impactam no desenvolvimento do País, abordando aspectos que a mídia não consegue, sob o pretexto da isenção jornalística

Jornal GGN – Fernando Haddad estreou coluna na Folha de S. Paulo neste sábado (4) afirmando que o projeto do governo Bolsonaro não é meramente aderir ao liberalismo econômico, emplacar um duro ajuste fiscal ou guerrear contra o tal “marxismo cultural”. O ataque é mais amplo e atinge “algumas das premissas do próprio humanismo.”

Segundo Haddad, sua intenção na coluna é dar contexto aos assuntos que impactam no desenvolvimento do País e abordar os aspectos que a mídia não consegue, sob o pretexto da isenção jornalística.

Na visão do petista, “armar a população, desqualificar a universidade pública, defender a submissão das mulheres e dos afrodescendentes, estimular a humilhação da comunidade LGBT, ameaçar as artes e a ciência, lançar suspeitas sobre professoras, entregar patrimônio público ao setor privado, enaltecer ditadores, cultivar a intolerância internacional e desrespeitar o meio ambiente: das decisões mais simples às mais drásticas, acredito que assistimos a mudanças que alteram substancialmente o feixe de relações [que geram o desenvolvimento do País] a que me referi.”

Redação

4 Comentários

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  1. não é facil lutar contra a desumanidade
    e a loucura desse esquema destrutivo introduzido
    no país por esse desgoverno direitista infame,,,
    é preciso alguém qu tenh rtécnica de linguagem e
    argumentação coerentes para que forneça um
    caminho possível senão enlouquecenos todos

  2. Fui ao site do jorneoliberal Folha de SP mas não sou assinante – quase fiz a “loucura”, rs, de assinar a versão digital, só por causa do professor Haddad, mas desisti a tempo do canto do sereio (ler ou não ler os “progressistas” da Folha na Folha, eis a questão). Encontrei a página do professor Vladimir Safatle e um título intrigante me chamou a atenção e fez buscar uma versão pirata online, rs. Achei apenas no site ConversaAfiada, que não leio.

    Aqui vai a reprodução do artigo, porque ladrão que rouba ladrão (não paguei para ler na Folha, que apóia roubar a Previdência pública, então estamos quase quites – o que seria do “jornalismo” do jorneoliberal sem outros patrimônios públicos como os professores de universidades públicas para manter um flavor de rebeldia intelectual em suas páginas capitalistas?) tem todos os terabytes de perdão.

    “A filosofia é um esporte de combate

    Quando a filosofia se tornou um dos alvos prediletos do desmonte do desgoverno Bolsonaro, alguns acharam por bem adotar a estratégia da sensibilização para o lugar da filosofia na formação de profissionais eticamente mais orientados e com capacidade de análise crítica.

    Ou seja, contra a acusação de sua inutilidade seria o caso de expor, ao contrário, sua pretensa grande utilidade para a reprodução otimizada das estruturas de nossas formas de vida. Como se este desgoverno atual fosse composto de pessoas incapazes de compreender a formação necessária e desejada para o estágio atual de nossas demandas de gerenciamento social.

    No entanto, gostaria de dizer que o sr. Bolsonaro acerta quando elege a filosofia e a sociologia como seus alvos privilegiados contra a educação nacional.

    Pois, enquanto existir neste país um departamento de filosofia e um departamento de sociologia, nossos alunos serão ensinados, todos os dias, a desprezar governos como este que assumiu recentemente.

    Desses departamentos virão levas de jovens que farão de tudo para que este governo caia.

    Não é necessário filmar aulas ou procurar outras formas de indícios. Mesmo não falando diretamente das decisões políticas e intervenções atuais, mesmo sem chamar de gato um gato, nossos alunos estão a todo momento sendo formados para desprezar e lutar continuamente contra quem governa um país da maneira com este país está a ser governado.

    Quando eles aprendem a filosofia de John Locke, descobrem como, desde o século 17, a filosofia política defende o tiranicídio, ou seja, o direito de a população assassinar os tiranos que procuram submetê-la a golpes de Estado —como o que conhecemos em 1964 e tão louvado por alguns atualmente.

    Quando eles abrem os livros de Spinoza, descobrem a potência da crítica às construções teológico-políticas como essas que o evangelo-fascismo de setores que tomaram de assalto o governo tenta impor à sociedade brasileira.

    Quando ensinamos Rousseau aos nossos alunos, eles entendem melhor o caráter inegociável da soberania popular, com sua recusa à transferência de poder para figuras autárquicas que se julgam no direito de decidir até conteúdo de propaganda de banco.

    Quando eles leem Hegel, compreendem a força de exigências de reconhecimento social das singularidades, de como a invisibilidade social é a forma suprema da inexistência.

    Quando é Nietzsche o eixo do debate, fica mais claro o tipo de miséria embutida nos “valores” morais e religiosos que este desgoverno se vê no direito de empurrar goela abaixo da sociedade brasileira.

    Como vocês veem, não foi necessário nem sequer falar sobre Marx, Foucault, a desconstrução, a Escola de Frankfurt e tantos outros que causam pânico no Planalto atualmente.

    Como vocês veem, não é necessário falar de forma explícita sobre a política atual para que todas as consequências sejam imediatamente compreendidas pela inteligência de nossos alunos.

    Ou seja, a história da filosofia é um grande combate contra aquilo que tentam fazer com a sociedade brasileira. A única maneira de parar esse combate seria, exatamente, eliminando-nos, como este governo sonha fazer.

    No entanto, a universidade brasileira é composta de gerações e gerações de debates e ideias que não são apagadas ao sabor de canetadas e cortes ministeriais.

    Enquanto houver um jovem com livros de Spinoza, Rousseau, Hegel, Adorno, Nietzsche, Deleuze, Lucrécio, Platão (se quiserem saber de onde veio o comunismo, leiam “A República”) esta batalha já está ganha.

    Não será a gritaria de um ministro da Educação piromaníaco e irrelevante que fará alguma diferença.”

    Que essa rebeldia consciente, responsável e boa de briga não fique apenas nas páginas neoliberais da Folha. Viu, Haddad? E FFLCH, ser FFLChe ou FFLCoxa, é a questão.

    Marina Lima – Só os Coxinhas (Videoclipe Oficial)
    https://www.youtube.com/watch?v=E_w1gPbbnZw

    Sampa/SP, 04/05/2019 – 18:30

    1. Falando sério, faço aqui a ousadia de desafiar os professores Haddad e Safatle a se pronunciarem, como filósofos comprometidos com o papel público dos intelectuais, sobre o discurso e a atuação política de uma adolescente sueca de 16 anos que fez a lição de casa e está ensinando ao mundo o significado de democracia participativa, ao fazer uma greve escolar.
      Se Rousseau e Spinoza fossem nossos contemporâneos, certamente veriam no movimento ambientalista ora liderado por essa menina (que já atraiu a fúria da extrema-direita por dar nomes aos bois) o assunto mais importante de nosso período histórico, e nela, uma figura revolucionária e a principal de uma nova geração que está chegando para mudar o mundo para melhor – ela acredita no “bom selvagem”, todos nós, que precisaríamos apenas de informação para pressionar os poderosos a agir contra a mudança climática e tudo o que isso implica (ela disse em um pronunciamento que “as pessoas não são más, só estão desinformadas”); Spinoza a teria admirado por ter transformado sua paixão triste em alegria de viver e de agir por ela (ficou deprimida ao tomar conhecimento, primeiro na escola e depois por pesquisa própria, da mudança climática e do seu significado para a sua geração; foi diagnosticada com Síndrome de Asperger, escolheu agir e lutar pelo seu futuro e do planeta. Ela não pode ser ignorada por, mais que intelectuais verdadeiros, cidadãos responsáveis. Basta ouvir, aqueles que tiverem coragem de sair da caverna e da academia para as ruas, como ela faz todas as sextas-feiras com suas greves que estão sacudindo o mundo – a 2ª greve escolar mundial acontecerá em 24/05/2019 e no site fridaysforfuture.org constavam, até a última vez que olhei, 8 eventos no Brasil: alguém sabe onde e com quem? se tivéssemos jornalismo, saberíamos…

      Abaixo, um dos seus muitos discursos históricos (em breve serão lançados em livro pela editora Penguin, não no Brasil, rs).

      Speech by Greta Thunberg, climate activist
      https://www.youtube.com/watch?v=sVeYOPJZ8oc

      Para legendas, na parte direita inferior do vídeo: >detalhes>legendas>inglês>legendas>traduzir automaticamente>escolher o idioma na lista (o português está muito bom, diferente do habitual).

      Sampa/SP, 05/05/2019 – 00:11

  3. Ele anda fumando e não tragando é isso ?
    ” acredito que assistimos a mudanças que alteram substancialmente o feixe de relações a que me referi.”
    HAHAHAHAHAHAHAHAHA

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