No princípio era Serra: golum atrás do “precious”, por Frederico Firmo

A mídia televisiva continua criando o fosso virtual que mantém esta casa de lunáticos em que se transformou o congresso distante da realidade do país.

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No princípio era Serra: golum atrás do “precious”, por Frederico Firmo

José Serra , esta figura sombria iniciou o processo de destruição do Estado de Bem Estar Social. Antes mesmo do impedimento de Dilma, José Serra, o golum já estava atrás do “precious” A fumaça da lava a jato criou o cenário para sua proposta de PEC do orçamento.  A PEC é a manifestação mais clara de que sabedores das suas fragilidades eleitorais, os neo liberais tucanos, não haviam desistido da destruição do estado, e perceberam que  só  incrustando no interior da  Constituição poderiam criar  as amarras eternas em volta do Estado.

Tudo em nome da luta contra a corrupção, mesmo que de forma escandalosa e cínica todos saibam das  evidências de enriquecimento ilícito de Serra e  família. Ele continua intocável e fora do radar dos justiceiros de Curitiba.Paulo Preto pagará a conta e Guedes dá continuidade ao plano.

Guedes não tem planos para a economia, tem planos de negócios e estrategicamente considera que  quanto pior mais justificativas cria para impor uma legislação que vai transformar  o país no paraíso do mercado e da exploração trabalhista.  Se emplacar a capitalização da previdência virará um ícone de mercado, pois jogará trilhões nos bolsos da banca. E o toque final será nossa ida de joelhos ao FMI.

Para realizar o projeto precisavam derrubar o PT e desmoralizar a política econômica. O objetivo principal era destruir qualquer resquício de visão keynesiana na economia. Era necessário lançar a narrativa de Estado Mínimo corrupção mínima. Mídia e Lava Jato são ainda hoje armas nesta batalha. O objetivo é sobretudo criminalizar e destruir todas as políticas desenvolvimentistas, dentre elas as políticas sociais. Num país onde a atividade econômica e empresarial é extremamente dependente do estado, num país onde os desenvolvimento de conhecimento e tecnologia é praticamente estatal, uma PEC do orçamento corta as possibilidades de atuação do estado. O objetivo maior, é amarrar o estado de forma definitiva. O plano seguido a risca foi levar a economia a uma estagnação com alto desemprego e utilizar isto como argumento para a implantação de uma legislação que destrua a noção de um estado de bem estar social.

O primeiro passo foi usar um problema conjuntural na economia, e transformá-lo numa crise. Paralisaram e impediram todas as formas possíveis para se enfrentar a crise e a economia paralisada serviu para criminalizar toda política econômica desenvolvimentista. Mas era preciso criminalizar e associar a crise a toda a política à corrupção do estado. Naquele momento usaram as fraturas internas e conflitos de interesse no seio do governo, isto é, dos partidos que levavam juntos as políticas desenvolvimentistas, embora nem sempre pelas mesmas razões, PT e PMDB.

As ambições de parcela do PMDB, culminaram em Cunha, que foi o instrumento para a derrubada de Dilma , contra quem a acusação já era uma manifestação dos objetivos do golpe. A acusação  foi a  primeira criminalização de um ato administrativo que visava  dar continuidade a investimentos e à política econômica.

A tentativa de reagrupar os partidos foi feita com a indicação de Lula ao Ministério da Casa Civil, mas o judiciário entra em campo. Este foi um momento crucial, que na imprensa foi transformado em obstrução da justiça e busca por um foro privilegiado. Mas nos bastidores todos sabiam que ele poderia reagrupar os partidos em defesa da política econômica. Na época Lula sequer era réu de algum processo, mas o judiciário foi o instrumento.

No entanto o grupo de Cunha e Temer prevaleceu, embora não se apercebessem na época que também eram alvo. Mesmo sendo instrumento do golpe, o PMDB com toda a sua inserção e capilaridade no Estado, era também um alvo, pois poderia se indispor contra o plano. Cunha já estava na coleira judiciária e  ao final do impeachment pronto para ser preso. No seu voto deixou escapar uma curiosa frase que talvez mostrasse sua consciência sobre a situação que ele e Aécio protagonizaram. Ele disse:”Que Deus se apiede do Brasil”.

Uma parcela muito particular do judiciário estava em seu auge com a Lava Jato, e era suportado midiaticamente por uma campanha diária sobre a luta contra a corrupção. No imaginário popular a narrativa de que todos os males do país vinham da corrupção sempre associada não apenas aos políticos, mas principalmente contra a política econômica. Apesar da corrupção atingir principalmente as empresas privadas, a campanha era contra o estado. Impregnaram no imaginário social a percepção de que toda e qualquer política desenvolvimentista é corrupta.

As Empresas que participaram mais ativamente destas políticas se tornaram, não sem razão os alvos privilegiados. Mas o objetivo não era nem nunca foi o fim da corrupção. Eletronuclear, Odebrecht e Petrobrás pagaram  mais pela sua associação ao desenvolvimentismo  do que pela corrupção, que sem dúvida praticaram.

O grande trunfo do desenvolvimentismo, a Petrobras, se tornou o grande trunfo de seus detratores. A boa mentira é sempre recheada de verdades, e a corrupção na  Petrobras foi a verdade útil. A corrupção que ocorria nas franjas da companhia, e que não era sequer percebida pelas frequentes auditorias externas e internacionais, se transformou na justificativa para o grande ataque.  E reduziram a imagem da Petrobrás do pré-sal  e de todo  o envolvimento no projeto desenvolvimentista numa ruína.  No meio da maior baixa do preço do Petróleo, a imprensa criou a imagem de uma Petrobras destruída  pela corrupção governamental. A Petrobras real jamais foi mencionada. Os avanços tecnológicos o seu peso na economia a descoberta do pré-sal que foram grandes feitos dos governos petistas, foram escondidos. A imprensa cria uma narrativa conveniente tratando a inserção da Petrobras no projeto de desenvolvimento do país como um ato criminoso . Defenderam a tese de que a Petrobras deveria ser uma companhia de mercado. E quando falam Mercado, nunca é o mercado interno. Criaram a percepção de que a saúde de uma companhia é medida pelos lucros de seus acionistas. Mas jamais mencionavam entres os acionistas o próprio estado. Naturalizaram esta visão através das variações do preço da gasolina pelo mercado internacional. Uma loucura necessária para transformar o período de ouro da Petrobrás em cinzas.

O PMDB incrustado no Estado, e nas estatais lucrou muito com a política desenvolvimentista, mas dirigidos por medíocres gananciosos e ambiciosos se iludiu com a possibilidade de alcançar o poder, e quem sabe tomar as rédeas. Ironicamente o PMDB, um partido essencialmente estatista se une para defender a PEC do orçamento. Mas estava desde sempre na mira e sob controle do braço judiciário do golpe. As operações midiáticas mostravam a todo momento um garrote em torno do PMDB. Apesar dos esforços de algumas raposas felpudas e desdentadas o PMDB foi se submetendo até ficar nas mãos convenientes de um Temer, que seria posteriormente descartado .

Temer morreu abraçado com Joesley Batista que também tinha que ser atingido, pois foi um dos que mais surfou na era desenvolvimentista. Joesley fez um acordo com Janot que foi sem dúvida mais um instrumento dos interesses externos,  para manter a política de destruição do estado.

Para implantação do projeto no legislativo, o discurso da anti política permitiu a eleição de um parlamento despreparado politicamente, totalmente manobrável , ideologicamente lobotomizado e fragmentado em seus interesses. Um amontoado de grupos lobistas defendendo diversos  interesses e  sem nenhuma visão do todo.  Impregnado de um fanatismo ideológico conveniente, o congresso se tornou o instrumento útil para a continuidade do processo. Observados e assistidos por impotentes membros da velha política, este é o grupo perfeito que sem nenhuma visão de país ou profundidade reflexiva vai aprovar as reformas “para o bem do país” . A imprensa e toda a mídia se derramou em elogios à tal da Nova Política. Assim como aplaude hoje o toma lá da cá, para aprovação das reformas.

A mídia televisiva continua criando o fosso virtual que mantém esta casa de lunáticos em que se transformou o congresso distante da realidade do país.  A economia estagnada e o desemprego, são para alguns, problemas que vão desaparecer com as reformas.  E lá fora do castelo a crise se aproxima.

 

 


 

Redação

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