Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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O regime precisa das privatizações para se manter, por Andre Motta Araujo

Para se manter, a atual equipe econômica precisa entregar algum resultado ao MERCADO, que é quem os colocou no poder e os sustenta no comando da economia. Com as privatizações, o mercado é atendido e garante o regime com seus ganhos e satisfação.

Foto BBC

O regime precisa das privatizações para se manter

por Andre Motta Araujo

O atual regime NEOLIBERAL FINANCEIRO não tem e nem pode ter nenhum projeto de sobrevivência baseado em crescimento da economia, da produção e do emprego. Não há projeto, não há interesse, não há vontade e não há capacidade de promover um desenvolvimento integrado do País, que beneficie as populações que estão hoje fora do processo econômico, lutando de forma desesperada e marginal por sua sobrevivência em subempregos, bicos, auxílios-miséria e, ao fim, na marginalidade criminal.

Para se manter, a atual equipe econômica precisa entregar algum resultado ao MERCADO, que é quem os colocou no poder e os sustenta no comando da economia. Com as privatizações, o mercado é atendido e garante o regime com seus ganhos e satisfação.

O bem estar do mercado produz, por via reflexa, a simpatia da classe média formadora de opinião, que se esfrega no mercado por alguma aplicação, emprego ou empatia pelos ricos e poderosos da finança, um clima de “Great Gatsby” tropical, todos sonham em um dia trabalhar no mercado, a mídia econômica dá maior peso ao Índice Bovespa do que ao crescimento do PIB, e a bolsa está “bombando” é porque a economia está indo bem, assim se pensa nas “varandas gourmet” e nas lojas de vinhos, clima é também importante na micro economia, mesmo quando numa visão mais ampla ela vá mal.

Não há outro “leitmotiv”, não há nenhuma meta de política pública, nenhum objetivo de interesse nacional na atual equipe econômica.

A meta é garantir o pagamento da dívida pública com o dinheiro das privatizações e no caminho gerar ganhos para o mercado nas comissões, parcerias, consultorias, modelagens, avaliações, assessorias, nas compras baratas de ações onde não se cobra o “prêmio de controle” embora se transfira porque o Estado perde o controle. Isso foi feito na BR DISTRIBUIDORA, o modelo já está fixado, é esse, vende-se pacotes suficientes para o controle, MAS sem precificar o “prêmio de controle”, quer dizer, vende-se o controle da ELETROBRAS, da PETROBRAS e de outras, de graça, o controle sai por cortesia.

Essa é a fórmula BR DISTRIBUIDORA e que será aplicada nas demais estatais. Essa é a vantagem de ter um especulador de bolsa no comando da economia, ele sabe o caminho das pedras para o MERCADO ganhar muito mais que o razoável às custas da perda do patrimônio de todo o povo brasileiro.

Após o País vender seu fundamental PARQUE ELÉTRICO, o maior do mundo, cuja construção hoje precisaria de DOIS TRILHÕES DE REAIS, são 147 usinas geradoras e 58.000 quilômetros de linhas de transmissão, será vendido por algo como R$14 bilhões, menos de 1% do valor real. Após vender as 11 refinarias da PETROBRAS e as demais estatais, o Estado brasileiro será um dos mais pobres do planeta, pode ser ignorado, descartado.

Mas a grande privatização já está sendo processada, é a venda a jato do PRÉ-SAL, o Brasil descobriu grandes reservas e prontamente as vende, algo que nenhum País, nem o mais pobre país da África, fez. Ninguém vende reservas de petróleo, garantia do futuro de uma nação.

E o mais interessante é que a mídia brasileira, com o GLOBO a frente, fiel à sua tradição dos anos 50, quando foi contra a criação da PETROBRAS, a mídia brasileira APLAUDE DE PÉ OS LEILÕES DO PRÉ-SAL, cujo valor obtido é prontamente torrado na velha política pata manter o regime em Brasília.

Ao fim e ao cabo NÃO VAI SOBRAR NADA, vão tentar vender a Amazônia através de concessões minerais, é uma questão de montar a fórmula jurídica.

OS NÚMEROS MOSTRAM A ECONOMIA DESLIZANDO PARA O ABISMO

Três indicadores centrais, três eixos do BALANÇO EXTERNO da economia para 2019, são NEGATIVOS, mostrando desconfiança na política econômica.

DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES – A soma dos déficits no comércio exterior e na conta capitais, em 2018 (até setembro) foi de US$18 bilhões e em 2019 até setembro já está em US$34 bilhões, quer dizer, quase dobrou. Essa foi a perda em moeda forte que o País sofreu, somando todos os déficits. Significa que isso foi o que o País perdeu em RESERVAS de moeda forte, SAIU MAIS DÓLAR DO QUE ENTROU, 2019 está sendo péssimo na área externa.

Houve um incremento no déficit causado pelo aumento das IMPORTAÇÕES e pelo AUMENTO NA REMESSA DE DIVIDENDOS, enquanto houve uma queda na entrada de capitais estrangeiros. A REMESSA DE LUCROS e DIVIDENDOS subiu de US$14 bilhões para US$20 bilhões (até Set/19), enquanto a ENTRADA de capital estrangeiro caiu para US$ 47 bilhões, quando em 2018 (até Set) foi de US$54 bilhões, quer dizer TODOS os indicadores de 2019 são piores. Onde está a confiança do mercado nesse “dream team” do Ministro Guedes? Os elogios não se transformam em algarismos, ficam só em conversa.

Por conta desses números o Brasil perdeu reservas internacionais, importou mais em detrimento da indústria nacional, recebeu menos capital de fora, as multinacionais remeteram mais lucros invés de investir no País, o que acontece em anos de prosperidade. É uma tendência de perda na economia.

E note-se que nessa conta de entrada de capital estrangeiro estão duas grandes desnacionalizações, a venda do GASEN-Gasoduto do Nordeste, pela PETRONRAS para a ENGIE francesa, por quase US$9 bilhões e as vendas de reservas do pré-sal, quer isso dinheiro para comprar o que já existe e não para criar riqueza nova com emprego novo, é dinheiro  contabilizado pela venda de BENS NACIONAIS.

MEIRELLES E GUEDES

A orientação ortodoxa neoliberal de MENOS ESTADO e MAIS MERCADO é a mesma entre as gestões Henrique Meirelles e Paulo Guedes, MAS com uma grande diferença de resultados. Meirelles é um CONSERVADOR em política econômica, mede cada passo e não arrisca. Guedes é um aventureiro cheio de ideias, sem experiencia anterior em cargos públicos, ansioso e apressado, não tem nenhuma visão maior de País e Estado, é tudo pelo mercado, o que é uma pobreza intelectual rara em Ministros da área econômica no Brasil. Delfim e Mario Simonsen tinham belos livros publicados antes de serem Ministros, Roberto Campos e Celso Furtado eram grandes intelectuais quando nem sonhavam com Ministérios, todos tinham visão de mundo e filosofia política sólida em torno do pensamento histórico. Delfim, Simonsen, Campos e Furtado era homens de espírito e cultura, além de políticos.

Guedes tem a pressa do especulador de curto prazo, sabe que seu tempo é curto e arriscado e vai dobrar e triplicar apostas em ideias erradas.

DESCOLAMENTO DA REALIDADE

Dando o benefício da dúvida ao Ministro Guedes, sua entrevista à FOLHA, no último domingo (3/11), ao dizer que o sistema de capitalização na previdência seria “educativo” para os pobres, mostra um desconhecimento da realidade e da vida dos pobres brasileiros. A renda média na camada mais pobre não passa de 400 Reais por mês, que muito mal dá para comer, como o Ministro propõe que dessa renda se tira um pedaço para capitalizar para a aposentadoria?

Não se trata de educação, trata-se de realidade econômica. Essa linha de pensamento tem o mesmo viés dos “economistas de mercado” que diziam que os pobres, no tempo da inflação, perdiam dinheiro porque recebiam o salário e o dinheiro se desvalorizava no bolso. Isso nunca aconteceu porque o pobre, no dia em que recebia o salário, fazia a “compra do mês” e do que sobrava comprava bens físicos, material de construção etc. Eles SABIAM que o dinheiro se desvalorizava rápido, não precisavam ser “educados” por economistas que se acham os únicos inteligentes.

Um Ministro propor no Brasil um sistema de capitalização para a aposentadoria, considerando que há 180 milhões de pobres, mostra um completo “descolamento da realidade” do País na melhor das hipóteses e, na pior, quer apenas criar mais um mega negócio para os bancos, como aconteceu no Chile, onde a gestão dessa capitalização passou a ser um dos mais rendosos “business” financeiros. Em 2017 as administradoras chilenas ganharam mais de um bilhão de dólares de lucros com a gestão da capitalização das aposentadorias, depois do que o Chile mostrou o lixo que é para a população esse sistema de neoliberalismo selvagem.

TERCEIRIZANDO O FUNCIONALISMO

O ideal para os neoliberais é a “TERCEIRIZAÇÃO” do Estado. Invés de funcionários estáveis e de carreira, terceirizar tudo o que pode. O processo já existe, mas trata-se de avançar muito mais. Na terceirização um INTERMEDIÁRIO ganha parte do gasto com pessoal e quanto menos pagar ao empregado mais ganha. Portanto, um ambiente de elevado desemprego é ótimo porque ARROCHA os salários e aumenta o ganho do TERCEIRIZADOR, pode ser mais um grande negócio da ” ECONOMIA DE MERCADO”.

Mas há evidentes perdas. Os funcionários terceirizados NÃO VESTEM A CAMISA, não tem muito interesse no que fazem, não tem o espírito de corpo de pertencer a uma instituição e seu rendimento será sempre precário porque o emprego é precário. Hoje já há grandes terceirizações nos hospitais públicos, nos tribunais, nas universidades, há um ENORME número de intermediários riquíssimos explorando mão de obra mal paga. O que o Plano Guedes quer é tornar esse um dos maiores negócios do País, deixando o funcionário público tradicional como relíquia de livros de história e aumentando mais um grande negócio para os “mercados”, evidentemente tudo isso aumentando a CONCENTRAÇÃO DE RENDA e a pobreza, piorando a qualidade de vida porque empregos terceirizados são sempre instáveis, precários e mal pagos.

CARTA BRANCA

Nenhum Presidente anterior do Brasil deu “CARTA BRANCA” a um Ministro da Economia, aliás tampouco se conhece caso desse tipo em algum grande País.

Os Governos Militares tiveram grandes Ministros como Delfim Neto, Roberto Campos e Mario Henrique Simonsen, nenhum teve “carta branca”. Delfim teve enfrentamentos sérios com os Presidentes Costa e Silva (Dona Yolanda) e Medici, Geisel controlava Simonsen com rédea curta (episódio das “simonetas”). Conheço boas estórias desse contexto e época através do meu saudoso amigo Carlos D´Alamo Lousada, que foi assessor especial de Costa e Medici.

Carta branca pode ser o caminho do desastre, especialmente se for um Ministro cheio de ideias, pouca experiencia e nada a perder.

O CAMINHO DO DESASTRE

Há um roteiro de desastre anunciado na gestão Guedes, vamos adiantar o resultado. O PAÍS VAI PERDER TODO SEU PATRIMÔNIO, as grandes estatais estratégicas PETROBRAS e ELETROBRAS, as reservas do pré-sal, VENDIDAS A TOQUE DE CAIXA, vai PERDER RESERVAS INTERNACIONAIS porque está havendo DÉFICIT CRESCENTE NAS CONTAS EXTERNAS, muito maior do que em 2019 e em 2018, como já demonstramos. Ao mesmo tempo que, em vez de PROTEGER AS RESERVAS, está se fazendo o contrário, LIBERANDO AO MÁXIMO O CÂMBIO, facilitando a movimentação de DÓLAR dentro do País  e ABRINDO A IMPORTAÇÃO unilateralmente, quer dizer, dois movimentos que dilapidarão as RESERVAS INTERNACIONAIS acumuladas durante  os governos do PT, especialmente entre 2003 e 2010.

A proteção das reservas deve ser o OBJETIVO MAXIMO do Banco Central e não a meta de inflação. Como dizia o ultra ortodoxo Ministro Mario Henrique Simonsen, o maior macroeconomista brasileiro, “INFLAÇÃO ALEIJA, mas CRISE CAMBIAL MATA”. A gestão Guedes está encaminhando o País para uma crise cambial segura porque estão fazendo tudo para queimar as reservas e deixar o País vulnerável ao mercado especulativo e assim justificar tudo, da venda de estatais às concessões minerais na Amazônia, além de todo tipo de arrocho.

O APOIO EXTERNO

Para os leigos a gestão Guedes tem simpatia e apoio externo, de Washington, Wall Street e City londrina. FALSO. A gestão Guedes tem seu público e apoio no AMBIENTE ESPECULATIVO DO RIO DE JANEIRO, na Rua Dias Ferreira no Leblon (onde estão 60 gestoras de fundos), na PUC Rio, Casa das Garças, Instituto Millenium, Instituto von Mises. MAS esta gestão não tem a mesma avaliação no topo do capitalismo mundial, que hoje sabe que regimes populistas de direita NÃO SÃO SÓLIDOS, porque nesses centros se sabe que é preciso DISTRIBUIR MELHOR A RIQUEZA E A RENDA nos países emergentes. A lição chilena foi aprendida rapidamente, basta ler os jornais porta-vozes do capitalismo mundial, o FINANCIAL TMES em primeiro lugar, a revista THE ECONOMIST, o maior articulista econômico global de hoje, Martin Wolff e o jornal britânico THE GUARDIAN.

Em nenhuma dessas operações especulativas disfarçadas de política econômica se vê um projeto claro, aí eles perguntam “e para o povo, o que tem?”, não por bondade, mas porque sabem que nenhum regime se garante hoje sem olhar para a distribuição de renda. O CHILE ACABA DE CANCELAR DUAS CONFERÊNCIAS DE CUPULA MUNDIAIS por causa da intranquilidade nas ruas e essa amarga lição não será esquecida tão cedo.

De outro lado, o topo do capitalismo Wall Street dá crédito a operadores com ficha e currículo lá conhecido, por exemplo, Joaquim Levy é um neoliberal com ÓTIMA ficha, é o cargo número 2 do FMI, há nomes de fácil circulação entre Washington e Nova York, como Arminio Fraga,  mas Guedes não é um deles porque não teve antes cargos no FMI, no Banco Mundial, numa grande casa como Goldman Sachs ou Morgan Stanley, é um operador de nível local e de baixo clero na finança internacional.

Um nome logico para Ministro da Economia em um governo neoliberal conservador de alta estirpe seria Arminio Fraga, mas creio (aliás, tenho certeza) que ele não aceitaria um cargo em um governo com as características de Bolsonaro. Guedes é, portanto, uma escolha óbvia, porque não tem nada a perder.

UM NOVO MOVIMENTO DO LIBERALISMO

Já antes da crise chilena, a nata da elite financeira americana, cerca de 19 bilionários, dirigiu uma carta aos candidatos a Presidente dos EUA sugerindo que se aumentasse a carga tributária de empresas e fortunas para financiar programas sociais [aqui]. Esse movimento NÃO VEM DE GENEROSIDADE, VEM DA PERCEPÇÃO já aguda na Europa, de que OU se distribui melhor a renda e a riqueza OU teremos graves convulsões sociais em todos os países, ricos e pobres.

A crise chilena veio agora, MAS essa consciência já vinha se formando nos países centrais. Esse movimento NÃO propõe menos Estado, propõe exatamente o contrário, MAIS ESTADO, deixando os neopopulistas de direita, aliados do neoliberalismo puramente financeiro, na contramão da História.

O PIOR DOS MUNDOS

O Plano Guedes caminha para o pior dos mundos.

1.O Brasil LIBERA O CÂMBIO, com a nova legislação de depósito em dólar dentro do País, ou seja, invés de o Banco Central DEFENDER a moeda nacional como única a circular no País, obrigação e razão de ser de todo Banco Central, o nosso BC vai FACILITAR A CIRCULAÇÃO DE DÓLARES DENTRO DO BRASIL e, para atingir esse objetivo, afrouxa o que resta de legislação de controle de câmbio, hoje já muito fraca, os próprios bancos se autofiscalizam desde 2013, a FIRCE perdeu papel e força, as remessas não são mais autorizadas e pode-se exportar capital livremente. Essa liberação cambial faz parte da ideologia de ABERTURA DA ECONOMIA, um dos mandamentos da cartilha neoliberal de Chicago, que não convenceu a China, a Índia, o Japão, a Russia, a Coreia do Sul e boa parte dos países do mundo, que têm controle de sua moeda e fronteira comercial, mercado aberto é bom para os outros, não para grandes países.

2.ABERTURA UNILATERAL DE IMPORTAÇÃO, através da abolição ou mega redução de tarifas, sem acordo com ninguém, por mera ideologia. A proposta despreza a ideia de que é preciso proteger a indústria nacional, bandeira do Presidente Trump e de todos os grandes países do mundo, é mais uma idiotice da cartilha velha de Chicago, lugar onde essa cartilha foi jogada há muito tempo no vaso sanitário, só os bocós do Brasil ainda levam a sério.

3.PRIVATIZAÇÃO A TOQUE DE CAIXA, sem critérios e sem controle, legislação nesse sentido está sendo preparada pela equipe econômica. O objetivo é liquidar rápido e barato todo o patrimônio nacional, como está sendo feito com as reservas do pré-sal, deixando o Estado pequeno e fraco.

RESULTADO FINAL

Um Brasil sem reservas, sem moeda e sem indústria, sem petróleo, sem patrimônio nacional porque todo ele foi vendido e o DINHEIRO DAS PRIVATIZAÇÕES, assim como está sendo feito com o dinheiro da venda do pré-sal,  imediatamente torrado em gastos correntes, NADA EM INVESTIMENTO PÚBLICO, porque eles acham que o Estado deve ser enxuto e quem deve investir é o mercado. Uma loucura, o mercado só investe onde há lucro alto, o Chile vai parecer um Paraiso perto do que será o que restar do Brasil após essa catástrofe, mas tudo sempre com aplausos da GLOBO e seus comentaristas, da classe média alta das “varandas gourmet”, dos economistas do Leblon e da PUc-Rio, dos rapazes do mercado e seus chiques advogados internacionais.

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

22 Comentários

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  1. A midia brasileira foi incrementada pelos estadunidenses para fazer essas patifarias……see contra tudo o que é nacional, transformando o povo em vira-latas…….Henry Luce que o diga….

    Que um ministro despreparado, lacaio dos abutres do sistema financeira, ignorante em administrar o país, queira destruir o estado nacional é compreensivel, que o congresso e o judiciario o permita, é indesculpável……..

    1. Naldo: acrescente aí na sua lista os militares entreguistas. E não são somente os generais. O Almirante Bento Albuquerque, ministro da Energia, está ativamente participando da destruição do patrimônio nacional. Militar Entreguista é eufemismo para Traidor da Pátria.

  2. E quem concorda com o artigo é o falecido Antonio Ermírio de Moraes, porque quando da privatização da Vale, sendo ele entrevistado falou: “- Nós participamos do leilão e perdemos; gostaríamos de ter ganho mas perdemos. No entanto, sou contra essas privatizações açodadas, porque em uma semana, não se sabe mais sobre o destino do dinheiro e de eventual direito!!!”. De fato, a dívida pública brasileira parece estar em 5 trilhões de reais. O Governo fala em 4 mas Instituições e entidades com crédito afirmam que já está em cinco trilhões. Assim, todas as privatizações do Senhor FHC e que tais, não serviram de nada.A dívida aumentou e apenas enriqueceu a todos que dela participaram e não o país.

    1. Fechar fundos e entregar verbas bilionárias para bancos é simplesmente crime…….e o que essas empresas devem? Esqueceram-se da prova de 30 bi de um banco que foi escandalosamente perdoada? Ou seja, dividas deles não são pagas, do estado torna-se da parte mais vulnerável…..no mundo, por muito menos tem povo nas ruas ……. estão abusando da paciência do povo brasileiro…..

  3. Vou deixar um texto da Folha de Sao Paulo de 27 de outubro em que se discute a receita de Keynes para atacar a crise de 29. É de cair o queixo os argumentos de um tal Hélio Beltrão, do Instituto Mises. O que ele fala sobre Keynes é de uma petulância que me lembrou quando Paulo Coelho desancou o Ulisses do James Joyce – que em qualquer página de seus livros ( Dublinenses, Ulisses, Retrato do Artista quando jovem ) contem mais literatura que todos os livros escritos e a serem escritos por Paulo Coelho. É esse pensamento raso que comanda uma das maiores economias do mundo. Se não forem detidos, estamos, desculpe a palavra, fodidos.

    Reação a crise de 29 ainda estimula debate sobre intervenção estatal

    FÁBIO ZANINI

    [RESUMO] Há 90 anos, no dia 29 de outubro, a Bolsa de Nova York despencava, abrindo uma crise do capitalismo que ganharia proporções épicas. Até hoje economistas discutem se a proposta de investimentos públicos de Lord Keynes foi a melhor receita.

    A multidão aflita lendo jornais de pé no meio da rua, o reforço da cavalaria da polícia e as cenas de pânico dentro e fora do prédio da Bolsa de Nova York naquele 29 de outubro de 1929 mostravam que o momento temido havia anos finalmente chegara.

    Era a hora de pagar a conta pelos anos de ganhos financeiros fantásticos e dinheiro fácil, conforme muitos analistas vinham alertando.

    “Wall Street era ontem uma rua de esperanças destruídas, de apreensão silenciosa e de um tipo de hipnose paralisante”, foi como o jornal The New York Times descreveu o efeito da quebra da Bolsa na sua edição do dia seguinte.

    Na terça-feira negra, o mercado tombou 11,7%, um desastre tão grande que levou o jornal a registrar: “É consenso entre banqueiros e corretores que cenas como essas nunca mais serão testemunhadas por essa geração”.

    A previsão do NYT, vista 90 anos depois, confirmou-se em parte. De fato, colapso como aquele nunca mais foi visto, apesar de grandes quebras do mercado terem se repetido em anos como 1987 e 2008.

    Os efeitos de 1929 foram sentidos por mais de uma década e influenciam o principal debate econômico da atualidade: qual o papel do Estado na atividade produtiva e como deve se comportar numa crise.

    A resposta à Grande Depressão, afinal, foi o que fez o nome do britânico John Maynard Keynes (1883-1946) e tornou o keynesianismo a escola econômica mais influente do século 20, algo que mesmo liberais defensores do Estado mínimo admitem.

    Um plano de investimento público como fator a estimular o “espírito animal” do setor privado, central na tese de Keynes, foi em larga medida aplicado pelo então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt (1882-1945), no seu “New Deal”, um vasto programa de obras públicas e criação de programas sociais.

    Embora não haja muita divergência acadêmica sobre o que levou ao crash de 1929, a resposta a ele é motivo de intensa discussão entre economistas de diferentes linhas. Teria o keynesianismo debelado a Grande Depressão e aberto caminho para a recuperação econômica dos EUA e do mundo ou contribuído para seu prolongamento?

    A quebra de Wall Street é amplamente vista como consequência dos exageros dos “roaring twenties”, os loucos anos 1920, uma época de juros baixos e mínima regulação. Consumo em alta, rápida industrialização e fortunas instantâneas foram simbolizadas no romance “O Grande Gatsby”, de F. Scott Fitzgerald, publicado em 1925.

    “A crise de 1929 está no contexto de uma bolha financeira, que tem três ingredientes: excesso de liquidez, regulação financeira fraca e uma ideia maluca na cabeça, de que o preço dos imóveis e das ações sempre vai aumentar”, diz Ulisses Ruiz de Gamboa, professor do Mackenzie e pesquisador do Centro de Liberdade Econômica da instituição.

    Estudioso de ciclos econômicos e um liberal da linha monetarista, que prioriza a oferta de moeda como pilar da economia, ele diz que a década de 1920 provou que a liberdade econômica deve ser respeitada, mas num contexto regulatório determinado. “Não é você fazer o que quer”, afirma.

    Do outro lado da fronteira, o professor Luiz Fernando de Paula, da UFRJ, ex-presidente da Associação Keynesiana Brasileira, tem diagnóstico parecido. Ele lembra que um dos principais fatores geradores daquela exuberância artificial foi a extrema permissividade para os bancos atuarem.

    “Dos vários problemas que havia, um dos maiores era que os bancos podiam pegar seus depósitos e aplicar em Bolsas sem limite, o que era uma loucura. Se caem os ativos, o banco não consegue honrar seus clientes”, afirma. Somente em 1933 uma nova lei passou a separar nos EUA as atividades de bancos comerciais e bancos de investimentos.

    Uma mudança de atitude do Federal Reserve, o Banco Central americano, que contraiu a oferta de moeda de modo agudo após passar uma década com uma política expansionista, contribuiu para precipitar a quebra e prolongar seus efeitos. “Quem sobreviveu à bolha morreu na contração”, afirma Gamboa.

    A resposta liberal, apresentada por cânones dessa linha de pensamento como o americano Murray Rothbard (1926-1995), seria deixar que o mercado expelisse a crise de forma natural, reequilibrando preços, salários e o nível de emprego, seguindo as leis econômicas.

    Seria impossível evitar a recessão, mas ela seria contida num período de um ou dois anos, até que o custo mais baixo do trabalho voltasse a estimular a atividade produtiva. A grande incerteza, obviamente, está no custo social desse período de transição e no risco de instabilidade popular.

    “O Rothbard diz: deixa a moeda cair, o problema se corrige. Se havia excessos, eles tinham que ser retirados da economia”, diz Helio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil e colunista da Folha.

    “Mas o Roosevelt, que nos anos 1930 era quase um ditador eleito, escolhe outro caminho, o de tabelamento de salário, preço agrícola alto, obras públicas pesadas. Isso aumenta o custo das empresas e prolonga a crise”, afirma.

    O resultado, segundo Beltrão, é que, uma década depois da quebra da Bolsa, a economia ainda não havia se recuperado. “Que parabéns para o Keynes é esse se 10, 12 anos depois você ainda está com a perna no buraco?”, questiona.

    A recuperação econômica foi irregular. Após quedas expressivas nos primeiros quatro anos, incluindo uma contração gigantesca de 12,9% em 1932, o PIB recuperou-se, para ter uma recaída recessiva no final da década. Depois, a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, com o aumento do gasto militar e o envio de milhares de soldados para o front, o que baixou artificialmente a taxa de desemprego, acabou sendo o impulso que faltava para o crescimento econômico.

    Professor da Fundação Getulio Vargas, o keynesiano Nelson Marconi concorda que a recuperação teve altos e baixos, mas rejeita o argumento de que haveria uma correção natural, provocada pela queda de preços e salários num primeiro momento.

    “A crise foi tão forte que mesmo as pessoas que quisessem trabalhar por um salário mais baixo não conseguiriam emprego. O que o Keynes diz é que quando você entra numa crise, o empresário só vai investir se olhar para a frente e perceber que vai ter um retorno. É nesse momento que o investimento público tem um papel importante”, afirma.

    Segundo Marconi, a pior reação possível numa crise é apostar na queda generalizada de preços. “Quando cai o valor dos ativos, a riqueza das pessoas cai muito rápido. Fica todo mundo parado, ninguém quer gastar.”

    Completa Luiz Fernando de Paula: “O New Deal foi uma resposta vacilante às vezes, que acabou se revelando insuficiente. Mas sem o New Deal, a desaceleração teria sido muito mais forte”, declara.
    O debate sobre o melhor remédio para a crise voltou com força em 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers jogou diversos países num novo ciclo recessivo.

    Naquele momento, ao contrário do que houve em 1929, a resposta foi a expansão da oferta monetária na forma de baixas taxas de juros, recompra de títulos públicos e socorro aos bancos. Evitou-se uma depressão, como pretendiam os keynesianos, mas o mundo passou por um longo período de crescimento baixo e endividamento público crescente, o que de certa forma dá crédito aos liberais.

    “Em 2008, foi preciso realmente fazer uma política monetária expansionista e resolver os balanços dos bancos, senão todo mundo quebraria. O problema é que grande parte desses recursos acabou indo para o mercado financeiro”, afirma Marconi.

    Para Beltrão, o afrouxamento monetário, na tentativa de estimular a economia, criou as sementes de uma nova depressão. “As coisas mostram que o sistema está começando a bater pino. Está se criando uma montanha de dinheiro, já com juros negativos.”

    O que une a todos é a percepção de que a utilização de instrumentos de política econômica por parte do Estado entrou de forma indelével no debate público. “A Grande Depressão afastou o pêndulo das políticas liberais. Só houve um certo reequilíbrio a partir dos anos 1970, quando o excesso de gasto público levou a pressões inflacionárias”, afirma Gamboa, do Mackenzie.

    Para Beltrão, parte da popularidade do economista britânico se deve ao fato de ele oferecer uma justificativa teórica para o impulso natural dos governantes de sempre querer gastar. “Keynes foi um chapa branca oficial. Foi apadrinhado pelos políticos porque defendia o que eles queriam implementar.”

    De Paula discorda. Segundo ele, houve uma mudança real de paradigmas causada pelo crash de 90 anos atrás. “A ideia de que na crise somos todos keynesianos se estabeleceu. Mesmo economistas não keynesianos aceitam isso”.

    Fábio Zanini é repórter da Folha e autor do blog Saída pela Direita.

    Ilustrissima / FSP 27.10.2019

    1. O tal do Beltrão diz que Keynes foi apadrinhado. Mas não fala sobre o apadrinhamento de Hayek, que tal qual o mbl brasileiro, recebia fundos de entidades obscuras que representavam os donos do poder.

    2. Tanto o Keynes quanto o Hélio Beltrão ouviram o galo cantar mas não sabem aonde, isto é, eles tiveram que reconhecer que o capitalismo está sujeito a crises, tiveram que se render aos fatos, mas nenhum deles sabe como os capitalistas superam suas crises. Suas conclusões são inválidas porque eles parte das premissas falsas, isto é, eles são subconsumistas, enquanto o problema do capitalismo é a superprodução.

      Eu não devia, mas vou refrescar a memória deles:

      “Vimos, assim, que os meios de produção e de intercâmbio sobre cuja base se formou a burguesia foram gerados na sociedade feudal. Num certo estádio do desenvolvimento destes meios de produção e de intercâmbio, as relações em que a sociedade feudal produzia e trocava, a organização feudal da agricultura e da manufactura – numa palavra, as relações de propriedade feudais – deixaram de corresponder às forças produtivas já desenvolvidas. Tolhiam a produção, em vez de a fomentarem. Transformaram-se em outros tantos grilhões. Tinham de ser rompidas e foram rompidas.

      Para o seu lugar entrou a livre concorrência, com a constituição social e política a ela adequada, com a dominação económica e política da classe burguesa.

      Um movimento semelhante processa-se diante dos nossos olhos. As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara. De há decénios para cá, a história da indústria e do comércio é apenas a história da revolta das modernas forças produtivas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são as condições de vida da burguesia e da sua dominação. Basta mencionar as crises comerciais que, na sua recorrência periódica, põem em questão, cada vez mais ameaçadoramente, a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é regularmente aniquilada uma grande parte não só dos produtos fabricados como das forças produtivas já criadas. Nas crises irrompe uma epidemia social que teria parecido um contra-senso a todas as épocas anteriores – a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se de repente retransportada a um estado de momentânea barbárie; parece-lhe que uma fome, uma guerra de aniquilação universal lhe cortaram todos os meios de subsistência; a indústria, o comércio, parecem aniquilados. E porquê? Porque ela possui demasiada civilização, demasiados meios de vida, demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas que estão à sua disposição já não servem para promoção das relações de propriedade burguesas; pelo contrário, tornaram-se demasiado poderosas para estas relações, e são por elas tolhidas; e logo que triunfam deste tolhimento lançam na desordem toda a sociedade burguesa, põem em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se demasiado estreitas para conterem a riqueza por elas gerada. – E como triunfa a burguesia das crises? Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados. De que modo, então? Preparando crises mais profundas e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevení-las”. – Marx e Engels, Manifesto Comunista.

      A burguesia superou a crise desencadeada a partir do crack da bolsa de New York não fazendo avançar as relações de produção, mas fazendo recuar, através da guerra mundial destrutiva, grande parte de produtos e de forças produtivas, de modo a compatibilizá-las com as relações de produção burguesas arcaicas.

      A teoria Keynesiana, segundo a qual quando a iniciativa privada está em retração o Estado deve promover a atividade econômica é uma farsa. De acordo com Adam Booth, ‘a idéia keynesiana de criar demanda através de estímulos governamentais é basicamente idealista e anti-dialética. Uma só questão deve ser respondida: onde os governos obtêm o dinheiro para estes estímulos? Se o dinheiro vem dos impostos, então isto quer dizer: ou tributar a classe capitalista, o que significa uma mordida em seus lucros, criando uma greve de capital e, dessa forma, reduzindo investimentos; ou tributar a classe trabalhadora, o que reduzirá o seu poder de consumo e, dessa forma, reduzindo a demanda – o oposto do que os estímulos governamentais pretendiam fazer!’.

      A única explicação razoável para a sobrevivência do capitalismo é a destruição promovida pela guerra. Aliás, uma das iniciativas do New Deal foi justamente destrutiva: Foram destruídos estoques de gêneros agrícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preço.

      Se o problema capitalista fosse a reduzida demanda efetiva, e não a superprodução, tal problema seria solucionado com a elevação, e não com a redução de salários e com a piora das condições de trabalho, além da destruição de parte forças produtivas e de produtos.

      1. “onde os governos obtêm o dinheiro para estes estímulos? Se o dinheiro vem dos impostos, então isto quer dizer: ou tributar a classe capitalista, o que significa uma mordida em seus lucros, criando uma greve de capital e, dessa forma, reduzindo investimentos; ou tributar a classe trabalhadora, o que reduzirá o seu poder de consumo e, dessa forma, reduzindo a demanda – o oposto do que os estímulos governamentais pretendiam fazer!’.”
        O governo possui outros modos de intervir na economia. Não se esqueça que ele pode imprimir moeda.

        “A única explicação razoável para a sobrevivência do capitalismo é a destruição promovida pela guerra. Aliás, uma das iniciativas do New Deal foi justamente destrutiva: Foram destruídos estoques de gêneros agrícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preço.”
        Getúlio queimou café. A razão foi que ele não tinha mercado. Então, comprou o excedente, para preservar a cadeia de produção, e queimou-o.

  4. Sempre muito lúcidos e certeiros os comentários do Sr.André. O Paulo Guedes me faz lembrar aquele médico formado há 50 anos, foi para o interior e nunca participou de um seminário sequer, continua usando os remédios daquela época mas que se comprovaram inócuos ao longo do tempo.

  5. Prezado André,
    Obrigado por desvendar, de maneira tão clara e simples, a realidade. Enquanto a grande mídia e seus “analistas” tentam inventar todo o tipo de mentira para que acreditemos que estamos tomando o caminho “certo”.
    “Esse remédio amargo ( esse veneno) é o que vai salvar o Brasil e seu povo”. Isso é o que o governo e a burguesia nos dizem através da grande imprensa.
    Os jornais de “economia” ( valor, dci, Estadão, folha, etc.) nos mostram artigos em que quase vão ao orgasmo quando falam em 16 bi que serão arrecadados numa Eletrobrás que como você disse vale trilhões.
    Estes “analistas/jornalistas” podem ser classificados em 2 tipos:
    Malandros ( sabem que mentem)
    Otários ( acreditam nas mentiras).
    Infelizmente os leitores são na sua maioria otários, também. Poucos conseguem entender essa condição de neo escravidão a que nos submetem.
    Pois bem, sem querer me estender, a crise cambial virá a seu tempo. Isso faz parte do “projeto”.
    Quanto ao fato de terceirizar o serviço público, o que mais temo é a terceirização da”polícia”. A polícia se tornará um excelente trabalho numa neo colônia de escravos. Ficará “muito cara” para o estado-mínimo. Muito ineficaz para os policiais
    velhos-cinquentões.
    Em seu tempo, também.
    A terceirização da polícia se chamará milícia.

  6. Este braZil é uma “ação (fechada) entre amigos”, capatazes (que representam e operam interesses “exógenos”) e corretores, que vivem de comissões de venda do que não é deles.
    Num país que quem declara a independência é uma austríaca patriota e quem leva a fama é um (depois) rei de Portugal, que com seu pai já assumira dívidas em nosso nome com o império d’antão.
    Cujo nome deriva de uma commodity de pau e que até hoje se mantém um país extrativista (o pau acabou), com capatazes de cana, café, soja, carne e minérios.
    Que anda um pouco pra frente, com enorme esforço de décadas…
    E décadas pra trás, em simples e rápidas sessões vergonhosas de “congressistas” que substituem presidências ou a declaram vaga via um simples e vergonhoso microfone.
    Cujo atraso secular é atribuído a alguns poucos anos de períodos progressistas e não a cerca de 5 séculos de conservadorismo medíocre.
    Temo que só se transformará em nação quando esgotadas todas as suas imensas riquezas saqueadas.
    Quando este berço esplêndido for um imenso Brumadinho (sim, era um aprazível lugar).
    Quando nos livrarmos desta ridícula elite que não sabe o que é liderar para prosperar, apenas explorar.
    Quando os seus filhos e netos estiverem já todos morando numa “Flórida” e nem mais voltarem.
    Pois nada mais haverá para saquear.
    Depois de 5 séculos, ainda há bastante…
    Portanto, tempo há!

  7. Conforme Roberto Kurz:
    “(…)

    A PRIVATIZAÇÃO DO PÚBLICO

    Por um período de mais de cem anos, os sectores do serviço público e da infra-estrutura social foram reconhecidos em toda parte como o necessário suporte, amortecimento e superação de crises do processo do mercado. Nas últimas duas décadas, porém, impôs-se no mundo inteiro uma política que, exactamente às avessas, resulta na privatização de todos os recursos administrados pelo Estado e dos serviços públicos. De modo algum essa política de privatização é defendida apenas por partidos e governos explicitamente neoliberais; há muito ela prepondera em todos os partidos. Isso indica que não se trata aqui só de ideologia, mas de um problema de crise real. Seguramente, desempenha um papel nisso o facto de a arrecadação pública de impostos retroceder com rapidez por conta da globalização do capital. Os Estados, as Províncias e as comunas super-endividadas em todo o mundo tornaram-se factores de crise económica, ao invés de poderem ser activos como factores de superação da crise. Uma vez delapidadas as “pratas” dos sistemas socialmente administrados, as “mãos públicas” acabam por assemelhar-se fatalmente às massas de vítimas da velhice indigente, que nas regiões críticas do globo vendem nos mercados de segunda mão a mobília e até a roupa para poderem sobreviver. Porém o problema reside ainda mais no fundo. No âmago, trata-se de uma crise do próprio capital, que, sob as condições da terceira revolução industrial, esbarra nos limites absolutos do processo real de valorização. Embora ele deva expandir-se eternamente, pela sua própria lógica, ele encontra cada vez menos condições para tal, nas suas próprias bases. Daí resulta um duplo acto de desespero, uma fuga para a frente: por um lado, surge uma pressão assustadora para ocupar ainda os últimos recursos gratuitos da natureza, por fazer até mesmo da “natureza interna” do ser humano, da sua alma, da sua sexualidade, do seu sono o terreno directo da valorização do capital e, com isso, da propriedade privada. Por outro, as infraestruturas públicas de propriedade do Estado devem ser geridas, também, por sectores do capitalismo privado.

    SOCIEDADE AUTO-CANIBALÍSTICA

    Mas essa privatização total do mundo mostra definitivamente o absurdo da modernidade; a sociedade capitalista torna-se auto-canibalística. A base natural da sociedade é destruída com velocidade crescente; a política de diminuição dos custos e a terceirização a todo o preço arruinam a base material das infraestruturas, o conjunto organizador e, com isso, o valor de uso necessário. Há tempos é conhecido o caso desastroso das ferrovias e, de modo geral, dos meios de transporte, outrora públicos: quanto mais privados, tanto mais deteriorados e mais perigosos para a comunidade. O mesmo quadro se constata nas telecomunicações, nos correios etc. Quem hoje precisa, com uma mudança de casa, mandar instalar um telefone novo passa por incumprimento de prazos, confusão de competências entre as instâncias “terceirizadas” e técnicos pseudo-autónomos e praguejantes. O correio alemão, que se transformou num consórcio e global playeransioso por sua capitalização nas Bolsas, em breve distribuirá cartas na Califórnia ou na China; em troca, o serviço mais simples de entrega mal continua a funcionar internamente. Que prodígio sectores inteiros de actividade serem ajustadas a salários baixos, as zonas de entrega de poucos carteiros dobradas e triplicadas, e as filiais, extremamente desguarnecidas! As estações de correio ou de caminho de ferro transformam-se em quilómetros cintilantes de lojas estranhas à sua alçada, enquanto a qualidade do serviço próprio decai. Quanto mais estilizados os escritórios, tanto mais miserável o serviço”.

  8. Prezado André

    Grande artigo
    A terceirização do serviço público começou com serviços “laterais” como limpeza e segurança (com lucros indecentes para os donos das empresas, péssimos salários para os funcionários e despesas maiores para o Governo, que a troco de se livrar de encargos sociais e pagamento de aposentadorias; paga até 5 x por um posto de trabalho.
    E agora avança para as atividades fim: os tucanos inventaram uma coisa que se chama “organização social” que faz o PAS do Maluf parecer uma barraca de camelô: estas organizações assumem o hospital (ou parte dele); em troca de uma prestação de serviços (por exemplo, realizar 300 consultas com clínico geral/mês, 200 procedimentos ambulatoriais, etc) recebem uma grana gorda. Só que é impossível descobrir quanto se paga e que serviço deve ser prestado.
    Há anos não concurso para uma série de carreiras, e vários serviços correm o risco de fechar por incapacidade operacional (além do descaso com a conservação do patrimônio físico. Este descaso é proposital, para forçar a idéia de que “o público não presta e não cuida do que é seu; vamos privatizar”).
    O pior de tudo é estão jogando gasolina em cima de um paiol; e resolveram acender um isqueiro para enxergar dentro do paiol. Isto vai explodir; e o responsável (este imbecil do guedes, de uma estampa desagradável) vai cair fora na boa

  9. O que eu gosto dos textos do Andre Araújo é que você pode até discordar, mas jamais dizer que são “lugar comum” como os colunistas oficiais da grande mídia.

    Parabéns pela autonomia de pensamento, a complexidade das análises e a quantidade de informação acumulada.

    1. Tanto a quantidade de informação acumulada:
      1) Me pergunto como consegue;
      2) Acredito que poucos se aventuram em um debate com ele. Só vi dois a desfilarem tantas informações, o Delfim e o Camilo Pena.

      1. Meu caro, Delfim é hors concours e Camilo Pena uma das mentes mais brilhantes do Brasil moderno, fui seu colega no Conselho de Administração da
        CEMIG e muito aprendi com ele, com sua excepcional cultura e experiencia,
        refinamento politico de uma estirpe de homens publicos do Brasil profundo.

  10. Qual o plano deles para o Brasil ? Vender de porteira fechada. Bolsonaro não tem nenhuma visão de Pais-Nação. Paulo Guedes tampouco. Se eles continuarem a levar adiante tudo o que pretendem, o Brasil vai se tornar a primeira experiência de um grande Pais com recursos, mas não gerira esses recursos. Dependência sem desenvolvimento da América Latina. Triste sina.

  11. Perfeito. Só que lembremos que quem voltou com PRIVATARIAS foram os ‘Socialistas AntiCapitalistas Progressistas’ tutelados pela volta da Família do Caudilho Ditador nas figuras de Tancredo Neves e Leonel Brizola, definitivamente instalado durante a mediocridade do Tucanistão. Mais do mesmo do Estado Ditatorial Absolutista Caudilhista Assassino Esquerdopata Fascista. Houve um hiato, quando as Forças Militares, depois da lição duramente aprendida com a Quartelada QuintoMundista de baixa patente dos anos 30, se antecipa, estrutura nos anos de 1960, Estado e Empresas Nacionais com os paulistas Delfim Neto e a Intelectualidade Paulista Superior da 1.a República de Simonsen. Simonsen que foi preterido por Gudin, durante o Fascista-Esquerdopata Ditadura de 30/54. Gudin que ‘volta’ nas Privatarias Tucanas de PUC/RJ de Malan, Franco, Fraga,…Gudin da mediocridade entreguista do factóide da Família e República de Juiz de Fora, o Governo JK. Gudin que a extensão de 9 décadas na figura de Guedes. É apenas a mesma escola medíocre e retrógrada que vai sendo substituída governo após governo numa desnacionalização absurda. Tirando o pequeno período de Jânio Quadros e Governo Militar, a realidade que se insiste neste país. Mas juram. nestas 9 intermináveis décadas, que Abacateiro ainda produzirá laranjas. O país do futuro, a terra da esperança. Tem quem aguarda e acredita que um dia, verá. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

  12. Todas idéias do Paulo Guedes deveriam ser declaradas como inconstitucionais. Todas elas pregam a “supremacia do interesse privado sobre o público”. São um afronte à constituição cidadã.

  13. Pois de minha parte, considerando as exceções (que existem e são muitas) quero que o brasileiro se EXPLODA!
    Desde 2013 quando essa loucura começou não tinha jeito de enfiar um argumento racional na cabeça desse povo burro.
    Só não peçam para ter piedade ou dó quando vejo a pobreza aumentar. O desespero aumentar. Não tenho. Escolheram o Bolsonaro porque QUISERAM. Sabiam de tudo. Tinham certeza de tudo. O capitão era a encarnação do Messias enviado pelas hostes divinas para nos salvar das garras malignas do ultra-corrupto PT. O Segundo Paraíso chegariam enfim…
    Muitos ainda acreditam nisso. Pois, então, que esse povo estúpido se lasque, porque merece todo castigo que vai receber…
    Não foi por falta de aviso… Muitos avisos….

  14. Séculos de atraso intelectual cuidadosamente preservado. Ainda nem começamos a recuperar o atraso. Tudo bem, acho que não daria tempo mesmo. O fim chegará antes. O brasileiro destruirá em duzentos anos o que os portugueses conservaram por três séculos.
    Os senhores do café paulistas estavam certos ao escolherem os bandeirantes como símbolo. Não passamos de bandeirantes. Nunca sairemos da lama. Afundaremos nela.

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