Pela democracia e autonomia na PUC-SP
por Antonio Corrêa de Lacerda
A comunidade puquiana foi surpreendida recentemente com a proposta de mudança de Estatuto da universidade enviada para apreciação do Conselho Universitário pela sua mantenedora, a Fundação São Paulo (Fundasp).
Pelas novas regras, ainda em discussão, mas cuja aprovação final caberá ao Conselho Superior da Fundasp, extingue-se os departamentos, que são a célula mater. da universidade. Mais grave ainda, muda-se o critério atual e de tradição de eleições diretas para Coordenadores de Curso, Diretores de Faculdades e do próprio Reitor, que atualmente é escolhido pelo Cardeal, Grão Chanceler da Universidade após lista tríplice obtida a partir de eleições.
Isso muda toda a estrutura e a lógica de governança da universidade, uma vez que os cargos citados passam a ser indicados diretamente pela mantenedora. A prática atual é da construção conjunta dos programas a serem implementados pelos candidatos eleitos em todas as esferas da universidade, o que dá legitimidade aos escolhidos, mas também fortalece compromisso com valores histórica e coletivamente construídos.
Há uma clara agressão à democracia e autonomia da universidade, rompendo sua longa tradição de compromisso social e humano, de forte influência de Dom Paulo Evaristo Arns e de resistência que se consolidou no período da ditatura vivida pelo Brasil, nos anos 1964-1985.
Nesse período a universidade abrigou intelectuais comprometidos com as causas populares e sociais, em claro confronto à ordem vigente. Romper com essa tradição é algo que representa um retrocesso não apenas doméstico, mas com repercussões nacionais e internacionais. A PUCSP .se mantém nos dias atuais como um forte reduto de resistência e defesa do Estado democrático de Direito, da Justiça e da Cidadania.
Daí a importância da mobilização dos seus atores, professores, funcionários, alunos e ex-alunos, como de todos aqueles que se identifiquem com os seus valores. Está sendo proposto pela mantenedora um prazo de apenas 60 dias para discussão e aprovação do novo Estatuto, período absolutamente insuficiente para uma ampla consulta e mobilização de todos os interessados. Em função disso, professores e alunos, em assembleias diferentes deliberaram pela sua rejeição in totum.
Fortalecer as bases da PUC-SP é resistir ao retrocesso que representaria para toda a sociedade brasileira a alteração do seu estatuto nos termos em que estão sendo colocados!
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Francisco ainda não assumiu a
Francisco ainda não assumiu a liderança na Igreja Católica brasileira. A permanência de Odilo e Oriane nas prelazias de São Paulo e Rio de Janeiro é um assintoso boicote ao Papa.