Quando seremos um país civilizado?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Por Rogério Maestri

Leem-se todo dia reportagens bipolares sobre a violência no Brasil, um dia sobre a impunidade dos bandidos, no outro sobre a violência da polícia. Qual seria a origem disto?

Talvez se tenha que buscar no passado e nos dias de hoje a origem de tudo isto, e responsabilizar tanto a “bandidagem” como a polícia é retirar da população brasileira a responsabilidade de tudo isto.

No passado era tudo mais simples, existiam de um lado os cidadãos de bem e do outro lado os outros. Que eram cidadãos de bem? Também é simples esta resposta, eram pessoas que tinham consciência da cidadania e conseguiam garantir seus direitos, poderíamos até dizer simplesmente, eram pessoas que possuíam o direito de voto. Talvez já se tenha perdido a memória, mas voto universal é algo recente, no Brasil Colônia votavam somente os “homens bons”, ou seja, pessoas de famílias endinheiradas, proprietários de escravos e só os homens.

Com o Brasil Império mudou muito pouco, precisava ser homem livre e ganhar a partir de determinado valor, no fim do império a restrição dos rendimentos foi eliminada levando a que 1,5% da população brasileira pudesse votar. Com o início da República quase não mudou nada, as mulheres só foram ganhar direito ao voto em 1935 e os analfabetos em 1988, como os analfabetos eram mais de 50% até 1950, até esta data só 50% tinha direito de votar.

Em resumo, somente em 1988, 100% dos adultos brasileiros foram ganhar o direito ao voto, lembre-se que até 1932 os votos não eram secretos e com isto um empregado que votasse contra o patrão poderia simplesmente perder seu emprego.

O voto configura o cidadão e como quem não é cidadão não tem os seus direitos garantidos pode-se dizer que grande parte da população brasileira era tratada como não cidadão até pouco tempo. Estas pessoas que ocupavam os estratos mais desfavorecidos da população brasileira eram contidos socialmente através da polícia, ou até se pode dizer, como não havia saúde pública generalizada, como não existia ensino público para todos, como o saneamento básico também era mínimo o único contato que o Estado Brasileiro tinha com grande parte da sociedade era através da polícia. Esta tinha atividades mais diversas de repressão, como por exemplo, até as décadas de 30 e 40 as religiões afro-brasileiras eram perseguidas pela polícia, tanto as religiões como a capoeira, sendo estes tomados como feiticeiros ou marginais.

Em 1964 a repressão muda de direção, ela serve diretamente no combate explícito de qualquer movimento popular, e esta repressão veladamente é aprovada pelos remanescentes dos “bons homens” do Brasil Colônia. Um prisioneiro comum ser torturado pela polícia era um fato corrente até trinta anos atrás, mesmo após a democratização.

Com o desenvolvimento dos movimentos de direitos humanos, torturas explícitas e públicas a suspeitos de crimes vai diminuindo ano a ano, porém as condições dos presídios brasileiros, verdadeiros resquícios de prisões medievais, confirma que ainda se está longe de um Estado para todos.

A falta de pudor da imprensa brasileira, que expunha suspeitos de baixo nível de renda ao ridículo, vem diminuindo a cada dia, mas quando se mata uma pessoa por dia nas nossas favelas se acha muito natural, entretanto quando um representante dos “bons homens” é morto num ato de um criminoso qualquer saem para as ruas grupos vestidos de branco pedindo paz e segurança.

Estamos na presença de dois movimentos inversos, o sentido de cidadania que aumenta a cada dia na população em geral, e o medo que se alastra por todos os descendentes dos “bons homens” que muitos no fundo se sua mente ainda gostaria de uma polícia com seu próprio arbítrio “pedalasse” na porta de qualquer comunidade popular a busca de suspeitos de crimes.

Enquanto não houver a conciliação entre o direito da maioria com o fim do sentido de “bom homem” em toda a sociedade a polícia ficará entre a cruz e a espada, ou reprime sem grandes preocupações com as leis tornando-se arbitrária e truculenta ou segue conceitos de direitos universais e é taxada de leniente ineficiente.

Ainda teremos mais muitos anos para tornar o Brasil um país civilizado.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Quando reduzir a desigualdade.

    A principal causa da violência é a desigualdade social.

    Ainda hoje a maior parte da população é tratada como não-cidadãos.

    A “elite” branca e rica nada em privilégios indecentes e pode tudo… já a massa trabalhadora é explorada até o osso e tratada como se fosse inferior. Vivemos em um repulsivo Apartheid Social. 

    Direitos constitucionais dos cidadãos pobres são ignorados para garantir a vida mansa da minoria branca e rica.

    A casa-grande ainda está aí. É nosso dever mandá-la pelos ares definitivamente.

  2. Os problemas brasileiros da

    Os problemas brasileiros da criminalidade, do excesso da atuação das polícias,  do desequilíbrio nos julgados da nossa justiça e até no modelo de economia que não desgruda do que era na colônia, os latifundios e a economia presa à ela, são frutos da nossa falta de cidadania.

    Enquanto não vermos os problemas dos outros como se fossem nossos, enquanto não cairmos, nós ou nossos filhos, nestas armadilhas continuaremos neste mesmo modelo.

    Por isso reformas estruturais são urgentes e necessárias.

    Uma delas é se quebrar o oligopólio da informação e diversificar os pontos de vistas difundidos.

    Outra é avançar com mais rapidez no outro processo de conhecimento, além do que nos é dado mastigado pela mídia, que é a educação como formadora de opinião, a obrigatoriedade da matéria filosofia já é um começo.

    Outra reformar o modelo judicial e policial.

    Por fim, as reformas política para permitir uma representatividade mais direta da população nas decisões e diversificar a representação do nosso parlamento e a fiscal para, entre outras coisas, onerar mais para quem tem mais e redistribuir de forma inteligente para sanar os nossos problemas crônicos de educação, saúdes, saneamento e transportes.

    Esses são elementos essenciais para a população começar a se sentir cidadão exercer a nossa cidadania.

    E que, dentro do neoliberalismo não será feito.

    Os países chamados desenvolvidos o são porque em determinado momento aprenderam a exercer a suas cidadanias e essa condição foi adquirida quando os seus Estados exerceram fortíssimo papel; com o New Deal americano e com a social democracia europeia.

    1. Filosofia como disciplina escolar é EQUÍVOCO

      Como o currículo já é enorme, vai ser uma disciplina de 2 tempos, dada por nao profissionais — nao há professores de Filosofia em número suficiente; com sorte nao apelarao para padres… — e virará um monte de coisas a decorar. Nao melhorará em nada a reflexao entre os jovens. 

      Muito melhor seria a leitura de textos filosóficos — e de ciências sociais, etc —  em aulas de PORTUGUÊS. Sem currículo de Filosofia, sem decorebas para prova, apenas a leitura e discussao, o que deveria ser o alvo do ensino de Português. 

      1. Analu

        Estou falando da necessidade de se formar pensamento, algo distante nestes dias; a sociedade do pensamento único, a sociedade da repetição, a sociedade que lê as notícias sem reflexão.

        Para isso será preciso uma reestrutura da grade, da forma.

        Filosofia sim, através de textos seja lá o que for; que se diminua a carga do que for preciso.

        O modelo atual (cultural, economico, etc) tem demonstrado que faliu.

        Em vez de avançarmos nas democracias voltamos a nos preocupar com o fascismo que se apresenta nos países.

        A representatividade política falha e não conseguimos nos fazer valer como grupamento.

        A população perdeu a sua função de pensar e passou a se preocupar como o eu primeiro.

        Isso é problema de falta de utopias e soberania do pragmatismo.

        1. É muito idealismo achar q a disciplina Filosofia tem esse poder

          A Filosofia nao é uma poçao mágica… Incluí-la na escola, nas condiçoes atuais, só pioraria o caos. E se as condiçoes mudarem ela nao seria necessária… Um bom ensino de leitura, escrita e argumentaçao, com base em bons textos — e nao só filosóficos, nem principalmente: leitura crítica da mídia seria muito mais importante… — seria mais útil. 

          1. De vez em quando nós

            De vez em quando nós brigamos, mas hoje tens meu total apoio. Há situações onde menos é mais.

          2. Cara AnaLu
            Cá estamos de

            Cara AnaLu

            Cá estamos de volta, e como de costume criticando as tuas posições.

            Precisamos sim de filosofia no currículo escolar, caso este fosse bem estruturado e vinculado a oratória, diminuiríamos as falhas constantes da argumentação básica do discurso do povo brasileiro, tanto do cidadão comum como da nossa pobre “elite”.

            A importância da filosofia não está no conhecimento das correntes filosóficas, mas sim na estruturação do pensamento e sua expressão, falácias de diversos tipos são proferidas desde o botequim até o congresso nacional ou na nossa imprensa.

            O brasileiro tem uma extrema carência na sua estruturação de pensamento, muitas vezes correto, porém extremamente sem organização. Não creio que leitura de textos possa suprir a deficiência, pois antes de ler os textos em aula os mestres deverão saber o que estão lendo!

  3. Em 1964 a repressão muda de

    Em 1964 a repressão muda de direção, ela serve diretamente no combate explícito de qualquer movimento popular, e esta repressão veladamente é aprovada pelos remanescentes dos “bons homens” do Brasil Colônia.

    Tão atual, tão atual.

    Agora o opoio acrescido pelos comentaristas governistas.

    Lei específica do ministro Cardoso para as manifestações na copa é brincadeira.

    E pior tentou -se emplacar  como crime de terrorismo algumas situações das manifestações.

    Governo representando os “sistemas” contra a população,

    e estão ocorrendo no mundo.

    Ontem na Itália grande manifestação popular e enorme violência de parte à parte.

  4. País civilizado

    Não se exige grandes realizações de quem não tem talento, por tanto, não adianta esperar bons modos e civilidade da elite brasileira, uma vez que, do ponto de vista moral e ético ela está não perído pré-histórico.

  5. Sem temer incidir na falácia

    Sem temer incidir na falácia do falso meio-termo(argumentum ad temperantiam) avalio que o articulista  para a análise de tema tão complexo incidiu em reducionismo ou simplismo quando basicamente tenta “jogar nas costas” do meio-ambiente social, da injustiça social, as razões da violência que assola o país, cujas vítimas atingem todos os estratos sociais. 

    Se a regressão em termos históricos está correta, dado que efetivamente o imenso fosso que separava os diversos estamentos sociais até duas décadas atrás contribuia efetivamente para a violência, será que hoje não há outros fatores conjugados de tão ou mais proeminência? Por acaso essa recorrência ao “vitimismo social”, de resto de cunho ideológico, de certa maneira não está empanando uma análise mais contextualizada, portanto acurada, do problema?

    Tomando por base a promulgação da Carta de 1988, um marco em termos de consolidação do regime democrático no país, na qual os Direitos e Garantias Individuais(Título II), a Ordem Econômica e Financeira(Título VII), e principalmente a Ordem Social(Título VIII), representaram avanços que fizeram da mesma uma das mais modernas do mundo, a matiz principal da violência certamente entrou num processo de esmaecimento. A partir do governo Sarney políticas sociais compensatórias, mesmo que timidamente, foram implementadas merce dos desajustes econômicos, máxime a espiral inflacionária ter de certa maneira anulado boa parte dos seus efeitos. 

    Com a implantação do Plano Real nos governos Fernando Henrique Cardoso,  as políticas de valorização do salário mínimo e a consolidação dos programas sociais nos governos do PT que a vertente sócio-econômica como indutora da violência perde o protagonismo. Continuará forte, sim, mas não na dimensão dada pelo autor do artigo. Se não for isso, de que valeram as tão apregoadas,e constatadas, melhorias na qualidade de vida da população? Os visíveis avanços nas áreas da saúde. educação, segurança alimentar e outros itens mais que, em resumo, tiraram milhões da miséria e fizeram outros milhões ascender na pirâmide social? 

    Então, o que vem a se juntar aos requícios de iniquidade social – que ainda persiste – para catapultar a níveis insuportáveis a violência no país? Creio que a resposta para tal indagação demandaria nos despirmos de ranços políticos-ideológicos e assumirmos o fato que a violência também tem um componente individual, ou seja, provindo do livre arbítrio e não só da ambiência. Não somos uma tábula rasa. 

    Assim, o hedonismo, o consumismo exarcebado, o esgarçamento de valores, as drogas, a impunidade, a ineficiência de um sistema penal que mais instiga a reincidência do que reabilita, a inoperância e disfuncionalidade do Poder Judiciário, um aparato policial ineficiente, a descoordenação entre os três entes federativos no trato do óbice e uma legislação frouxa e descontextualizada, a meu ver são fatores mais determinantes para o desiderato do que a exarcerbação do meio social e suas metáforas tipo “homens bons” versus “homens maus”.

    1. Enfim…

      Em minha opinião, misturo os teus argumentos com os do Maestri… Tudo melhorará quando o brasileiro médio se tornar melhor, e isto se dará quando a formação de valores sociais e cidadãos fortes, somados à educação formal, criarão instituições operadas por gente realmente sábia e comprometida, tornando-as fortes… Comprometidas inclusive com a punição severa ao crime, pois terão “moral” junto ao cidadão comum… Isto só será possível quando as nossas elites, principalmente as econômicas, se concientizarem e deixarem o vira latismo, e o anseio de “direitos” baseados em poder econômico de lado. Enfim, precisam adquirir uma consciência de alteridade, e mais “pertencimento” às pessoas e ao país…

      Porém enquanto as elites acreditarem que o caminho é o ultra liberalismo cartilhesco, declamado por toda a grande mídia, sua “empregada”, defendendo teses sobre o “bom egoísmo”, e programas de renda mínima como um fim em si, pouco ou nada irá para frente…

      Um abraço.

       

    2. Pode até rechear os argumentos, mas reducionismo….

      Caro JB Costa.

      .

      Procurei em poucos parágrafos descrever não só as raízes da violência policial, mas também a leniência das nossas oligarquias e a sua pequena burguesia associada (que chamei de “bons homens”) a violência policial contra os “não cidadãos”, agora se não entendeste a metáfora o problema não é meu!

      .

      Poderia lançar de dezenas de outros argumentos que corroboram com o desenvolvimento do texto, mostrar, por exemplo, que parte da nossa intelectualidade até o meio do século XX apoiava abertamente políticas eugênicas, vide em http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/anais/article/viewFile/376/310 o artigo de Norton F. Correa intitulado, O PAPEL DOS INTELECTUAIS BRANCOS NA REPRESSÃO ÀS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS, mostrando que intelectuais como Oliveira Vianna, Jorge Salis Goulart e outros bem como outras instituições como a Liga Brasileira de Higiene Mental e surpreendentemente a OAB, lutavam contra parte de nossos “não cidadãos”. Poderia introduzir algo do mesmo tipo, mostrando que este espírito permeava também em outros intelectuais e políticos como Monteiro Lobato (assunto já exaustivamente discutido nestes últimos anos).

      .

      Estas políticas claras e inequívocas de combate aos negros e mestiços, que se confundem com o que chamaríamos os excluídos da categoria de “bons homens”, originada do ato vergonhoso de sermos o último país a eliminar a escravidão no mundo ocidental, mostra claramente que reducionismo e trazer para os últimos 30 anos (pós carta constitucional de 1988) as únicas situações de confronto entre a população e os poderes constituídos.

      .

      Há na realidade certa miopia, tanto na sua crítica ao que escrevi, como na maior parte de intelectualidade brasileira, em não enxergar a evolução histórica do Brasil nos últimos 100 anos. Políticas Sociais Compensatórias são questionadas nos dias atuais, não por elas erroneamente estarem baseadas em conceitos raciais, mas sim por retirar de parte dos “bons homens” privilégios e benesses do Estado que os mesmos possuíam.

      .

      Em um pequeno espaço procurei sintetizar a evolução da sociedade brasileira através do direito de voto durante 500 anos, um parâmetro bem mais representativo do que analisar os 30 últimos anos da história brasileira.

      .

      A miopia que acima falei, parece provinda de um sonho que o verdadeiro Brasil foi inaugurado com o surgimento de partidos populares somente nas últimas décadas, e que as lutas e evoluções anteriores de nossa sociedade não existiram. Não foi FHC que inventou a iniquidade social no Brasil, nem foi Lula que começou o processo civilizatório do nosso país. Pensar assim é esquecer os movimentos anarquistas do início do século XX, e indo mais longe é ignorar o movimento abolicionista do século XIX.

      .

      Meu caro amigo, se alguém pecou por reducionismo, este alguém não fui eu. Descreveste na tua crítica um curto espaço da nossa história ignorando todas as lutas que ocorreram nos 5 séculos, pois nunca os não cidadãos neste país deixaram de lutar contra a Iniquidade Social, só que esta luta, de forma reducionista procura restringir seus efeitos no aumento da cidadania do povo brasileiro a um curto espaço de tempo, talvez por motivos políticos de tentar mostrar as diferenças da política atual, um motivo justo, mas não venha me criticar por isto.

  6. Eu só vejo a coisa piorando

    Eu só vejo a coisa piorando cada vez mais.

    Quantos de nossos jovens sabem sobre o Pacto Federativo?

    Quantos ouvem falar sobre as regalias dos congressistas e metem o pau no governo federal, referindo-se obviamente ao executivo?

    Quantos reclamam do “governo”, mas nem sabem se a atribuição sobre o que eles reclamam é do governo municipal, estadual ou federal?

    Quantos foram às ruas contra a PEC-37 sem saber o que diabos era isso?

    Ou melhor, quantos de nossos “velhos” sabem sobre o que postei acima?

    Quem sabe, assim como temos curso de direção obrigatório para que um jovem tire a carteira, devamos também ter algum curso de cidadania e política para habilitar as pessoas a votarem pela primeira vez.

  7. Temos duas vertentes uma de

    Temos duas vertentes uma de esquerda e outra de direita para justificar a violência humana.

    A esquerda acredita que o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade , o mito do bom selvagem.

    Para a direita o homem nasce mau e é civilizado pelas instituições.

    E a anomia social que gera a violência.

    ………….

    “A anomia surge quando as normas de conduta estabelecidas como regras pela sociedade para se alcançar metas sociais não estão devidamente integradas nestas. “

    anomia social

    O desenvolvimento econômico e do nível da violência depende de variáveis sociológicas, uma das quais é o nível de anomia de uma sociedade.

    O conceito foi difundido pelo sociólogo norte-americano Robert K. Merton, a partir da estrutura social, onde existe um nível de anomia.

     Por estrutura social entenda-se a configuração da organização interna de qualquer grupo social.

    A anomia social, como já Émile Durkheim recordava, refere-se pois ao grau em que as partes que compõem a estrutura  social estão integradas. A estrutura social é determinada, em boa parte, pelas metas a atingir pelos indivíduos (ser rico, famoso, culto…) e pelas regras para as atingir (leis, costumes…).

    A anomia surge quando as normas de conduta estabelecidas como regras pela sociedade para se alcançar metas sociais não estão devidamente integradas nestas.

    A anomia ocorre pois quando os indivíduos se sentem incitados a violaras normas para poder alcançar as metas. Também poderá surgir anomia social,ainda segundo Merton, quando a cultura der mais importância ao alcance das metas (os valores que definem as metas) do que às normas sociais ou regras para se atingirem aquelas de modo legítimo (valores que definem as normas sociais).

    Assim, quando os grupos sociais aceitam aquele que atinge as metas sociais, mesmo matando ou por outros meios ilícitos, está-se a fomentar o estado de anomia na sociedade. O termo anomia é assim usado para explicar os desvios face às normas sociais por parte de certos grupos (condutas desvia das anormais), como no caso dos Estados Unidos, onde Merton aplicou a sua teoria.Nos países menos desenvolvidos, porém, a conduta desviada dos valores da sociedade é mais norma do que exceção.

     Nestes, o nível de anomia social é maior do que nos países mais desenvolvidos, onde há mais falhas nos sistemas judiciais e maiores possibilidades de se “burlar” as leis, embora o mesmo não deixe de ocorrer no mundo desenvolvido.

     A corrupção aumenta também a anomia social, que é por isso causada pela falta de capacidade de travar, pela sociedade, aqueles que violam normas para alcançar metas.

    Também se pode entender por anomia social quando nos referimos a situaçõe sem que as instituições sociais utilizadas para que se faça cumprir as leis falhem nos seus objetivos, como as polícias, os tribunais, as prisões.

     Quanto maior fora incapacidade das instituições para fazer com que se cumpram as leis maior éo grau de anomia social. Quando não se consegue cumprir a lei, não há integração possível entre as metas e as normas sociais, surgindo a anomia social

    http://www.infopedia.pt/$anomia-social

    1. “Temos duas vertentes uma de

      “Temos duas vertentes uma de esquerda e outra de direita para justificar a violência humana.

      A esquerda acredita que o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade , o mito do bom selvagem.

      Para a direita o homem nasce mau e é civilizado pelas instituições.”

      Gostaria de saber o fundamento de tal radical e peremptória classificação. Poderia informar ?

       

    2. Conceitos filosóficos não são palavras de ordem!

      Caro aliancaliberal

      Acho que és injustamente criticado nas tuas sistemáticas respostas neste blog, criticam por tua ferrenha posição liberal frente a qualquer coisa que apareça, acho extremamente injusto isto, pois me parece que não procuram entender o teu ponto de vista.

      Entretanto não deixarei de criticar a tua postura, não pela ideologia que ela contempla, mas mais pela COMPULSÃO que vejo em encaixar um discurso uníssono a qualquer situação que deparas algo como o nosso “Samba de uma nota só” do saudoso Tom Jobim. Poderia fazer também uma analogia aos discursos de líderes estudantis que aprendendo meia dúzia de palavras chaves procura encaixá-las em qualquer situação.

      No ímpeto de critica citas exatamente um conceito introduzido por Emile Durkheim (1858-1917) em “De la division du travail social” que cria exatamente este conceito para criticar conceitos anteriores de vários autores, como Adam Smith, que o mesmo propõe como algo extremamente reducionista.

      Durkheim contrapõe exatamente o que ele chama de solidariedade mecânica, típica de sociedades tradicionais (pré-industriais) com a chamada solidariedade orgânica criada por vínculos de trabalho e visto este como uma função social.

      Usar um conceito filosófico baseando-se em descrições simplificadas e sem se aprofundar em todo o contexto em que ele é descrito, é uma simplificação de um discurso de líder estudantil que tem dez minutos para explicar toda a sua base teórica antes que a plateia durma.

      Sugiro que melhores um pouco a tua bibliografia, pois por mais que se esforcem aqueles que escrevem na Wikipédia não é possível resumir a obra de Emile Durkheim em três ou quatro parágrafos, ou seja, sugiro que abandones um pouco a compulsão para retornar a razão.

  8. Ando destreinado para

    Ando destreinado para finórios, vai uma metáfora:

    Era uma vez um cão grande e forte, que vivia acorrentado em um quintal de uma casa de muro baixo. Era maltratado pelo dono, que batia nele diariamente após chegar em casa bêbado. Comia lavagem, dormia ao relento. Nunca saiu da casa, vivia ora amarrado, ora na jaula.

    Um belo dia, um bem intencionado protetor dos animais passou pela rua e se compadeceu da situação do cão. Munido de espírito ativista e de um grande alicate, cortou a corrente que prendia o cão e abriu o portão. O cão nesse primeiro instante, não tomou conta, mas se encontrava na melhor situação desde seu nascimento. Mesmo assim, ainda dominado pelo instinto selvagem e com a memória dos anos de cárcere e sevícias, viu no seu libertador uma ameaça igual à de seu dono, viu no alicate o antigo cacetete e, livre das amarras, fez o que lhe parecia justo e natural, e avançou em cima de seu benfeitor.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador