Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Os cem anos do Acordo Sykes-Picot, por André Araújo

Por André Araújo

Em 16 de maio de 1916 foi assinado o acordo secreto que decidia a divisão do Oriente Médio após a queda do Império Otomano, aliado  da Alemanha na Grande Guerra Mundial de 1914.

O acordo foi celebrado entre o diplomata francês François Georges Picot e militar e diplomata britânico Sir Mark Sykes, 6º Barão Sykes. Pelo acordo, a França ficava com a Síria e o Líbano, sudoeste da Turquia e norte do Iraque e a Inglaterra com a Palestina com sede em Haifa, a Jordânia e o Iraque central com sede em Bagdah e sul, com sede em Basra.

O acordo previa tambem a adesão da Itália e da Rússia, contempladas a primeira com ilhas no mar Egeu e a segunda com a Armênia. Após a Revolução Soviética as pretensões da Rússia foram canceladas. mas Lenin tornou público o acordo até então secreto, o que provocou grande insatisfação das lideranças árabes, que esperavam o cumprimento de  propostas assumidas pelo Coronel T.E.Lawrence (Lawrence da Arabia), completamente diferentes.

Ficheiro:Sykes-Picot-1916.gif

O Acordo foi confirmado pela Conferência de San Remo em 26 de abril de 1920 e os territórios submetidos à divisão entre França e Inglaterra  transformados em mandatos pela Liga das Nações em 24 de julho de 1922,  assumindo a França o governo do Líbano e Síria entre 1922 e 1946 e a Inglaterra do Iraque, Jordânia e Palestina de 1922 a 1947.

O Acordo Sykes Picot foi o redesenho básico do mapa geopolítico do Oriente Médio que perdura até nossos dias com as modificações dos processos independentistas mas mantidas as fronteiras então traçadas sobre os territórios da soberania turca que formavam  o espólio do fim do Império Otomano em 1918.

Acima o palácio Sledmere House da família Sykes na Inglaterra, hoje residência de Sir Tatton Sykes, 8º Barão Sykes e neto do Sir Mark Sykes, signatário do  acordo de 1916 que hoje completa 100 anos.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

6 Comentários

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  1. Obrigado, caro André.

    O que a França e a Inglaterra fizeram há cem anos detona o povo árabe até hoje, prejuizos incalculáveis tanto em mortes de milhões de pessoas quanto em perda cultural, interrupção bruta e armada da evolução humana. Invasões bárbaras nunca são bonitas nem gloriosas, são sempre covardia, mas são episódios da nossa história que não podem ser esquecidos.

  2. Tudo começou aí.

    importante post, para recordarmos o início do horror imposto aos médio-orientais  (está correto?) e que aumenta a cada dia. 

    raríssimos colunistas retomam a questão, ninguém se lembra de Lawrence da Arábia, cujo trabalho só é conhecido pelos mais velhos – e os mais jovens não conhecem nem o belo filme. 

    parabéns. 

    1. Ele é bandido mas é nosso

      Ele é bandido mas é nosso amigo. O cinema inglês fazia isso mesmo, que o estadunidense faz hoje: propaganda político-ideológica com vistas à hegemonia imperial geopolítica. Pior que Goebbels…

      De que adiantou esse Lawrence ter ajudado a decadência do império turco-otomano se entregou o povo árabe a piores algozes, aos britânicos? Por mais belo que fosse Peter O’toole, o fato é que os britânicos – leia-se EUA – até hoje impõem sofrimentos indizíveis ao povo árabe, mantendo-o sob regime de terror constante desde então.

      Como falei, a tirania dos detentores do dolar estadunidense já nos deram a lição: só nos resta aprender e nunca mais cair nessa armadilha.

    2. os cem anos….

      Gostaria de ver por parte da mídia, dos pensadores e estrategistas brasileiros muito mais artigos como este e uma visão mais nacional e mais focada nos interesses brasileiros e regionais aos quais nós pertencemos e não a visão dos interesses e da  mídia ocidentais. Estes interesses nunca forma nossos, pelo contrário sempre fomos como os demais países da América, África e Ásia,  massa de manobra destes interesses. Basta ver o financiamento, treinamento e acessoria que os governos ocidentais estão dando a grupos terroristas e mercenérios dentro da Síria, que a mídia dos países industrializados vendem como “guerra civil”

  3. Turquia – efeitos do Sykes-Picot

    O acordo secreto Sykes-Picot teve o intento inicial de conter a expasão do “grande urso” rússo face ao seu objetivo de busca de saída para os “mares quentes” do Mediterrâneo; isso por meio do avanço às áreas do “velho doente” Império Otomano . É claro que isso incomodava as duas principais potencias europeias (França e Inglaterra). Em grande medida, o trabalho do Sir Harford Mackinder acerca do pivot geográfico russo e de seu intento expansionista veio a milindrar, ainda mais, as preocupações estratégicas britânicas.

    Vale salientar que o retalhamento territorial a que sofreu o Império Otomano – aos otomanos couberam tão somente, pelo lado europeu, a região da Trácia Oriental (como destaques Istanbul e Edirne – antiga Adrianópolis), e pelo lado médio-oriental, a região da Anatólia, incluindo o atualmente problemático Curdistão – acarretou no recrudescimento do nacionalismo turco, sob a liderança de Mustafá Kemal, anulando o Tratado de Lausanne e, por fim, dando ensejo à fundação da República Turca, em outubro 1923.

  4. artigo

    Andre Araújo

    por favor, escreva um artigo traçando um paralelo entre o atual ministro das relações exteriores Jose Serra, e outros que o antecederam recentemente, como por exemplo : Celso Amorim

    obrigado

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