Diretor do MIT diz que Brasil precisa assumir riscos se quiser inovar

O Brasil precisa de menos burocracia, de mais investimentos e de arriscar mais, em um modelo de educação não formal, voltado para o empreendedorismo, que crie um ambiente favorável ao surgimento de uma cultura de startups.

A afirmação é de Joichi “Joi” Ito, atual diretor do Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que deu uma palestra sobre inovação no seminário Challenge of Innovation: Thinking out of the box with MIT – promovido pela Fundação Certi (Centro de Refeência em Tecnologias Inovadoras), de Santa Catarina, e pelo Industrial Liason Programa (ILP) do instituto. Ito falou a uma plateia formada por 450 pessoas, entre executivos, profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento de empresas e representantes do governo.

Para o diretor do Media Lab – laboratório de mídias digitais que é referência mundial em novas tecnologias, com projetos como um modelo de carro do futuro e um papel de parede que conduz eletricidade – o modelo atual de educação não ensina as pessoas a serem criativas. Ele aponta que  “a maior parte daquelas que estão em startups de tecnologia não tem diploma formal”. Ito sugeriu que o país tem gente com criatividade, mas precisa vencer dificuldades como o custo e o tempo para abrir uma empresa – além de investir em modelos informais de educação.

Reconhecido como um dos mais importantes pensadores sobre inovação, políticas digitais e o papel da internet na transformação da sociedade, Ito listou alguns itens que considera fundamentais, como priorizar a prática sobre a teoria e perder o medo do risco. “Quanto maior a empresa, maior a preocupação em não errar do que em inovar”, explicou.

O diretor do Media Lab disse que quem quer inovar não pode evitar o fracasso, que o importante é ter resiliência. Segundo ele, investe-se em muitos projetos, mas “um ou dois acertos compensam; a ideia é tentar encontrar aqueles que vão acertar na mosca”. Ele citou o caso do YouTube, que começou como um site de vídeos para encontros e acabou encontrando seu caminho depois de algumas mudanças no foco.

O diretor do Media Lab apontou para o fato de que a internet reduziu o custo da inovação, deslocada dos grandes centros de pesquisa rumo a pequenas startups. “Empresas como Google e Yahoo começaram quase sem dinheiro”, acrescentou. Ito comentou também que antes da internet, “era tudo centralizado, avesso a riscos”, mas que, com a chegada da rede – um ambiente anárquico, descentralizado, que privilegia a inovação – “os custos das redes abertas caiu, fazendo com que caísse também o da inovação”.

Depois de explicar que pessoas de sorte têm visão periférica, Ito comentou que ter foco, concentração e planejamento são itens contrários ao que dá certo. “O fracasso não deve desanimar, porque o importante é continuar tentando acertar”, afirma.

Segundo ele, um item fundamental para que surjam ideias inovadoras é pensar pequeno e rápido, citando o exemplo do robô social, desenvolvido no Media Lab. O projeto contou com a participação de vários tipos de profissionais focados em criar uma máquina para acompanhar a saúde de crianças e de idoso – no projeto, mais importante era a prática do que fazer uma tese sobre o assunto antes. “Lá, nós aprendemos pela construção, não pela instrução”.

O diretor do MIT explicou que atualmente a inovação acontece nas bordas, em qualquer lugar do mundo. Citando o Linux, na Finlândia, e a linguagem de programação Ruby, criada no Japão, disse que essa é uma boa oportunidade para o Brasil, já que muitas soluções digitais não precisam de altos investimentos.

Redação

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