O ectoplasma dos juros

Assim como Raul Velloso e Fábio Giambiagi, Armando Castellar faz parte dos economistas que criticam o déficit público e são capazes de relacionar todos os ingredientes que contribuem para seu aumento… com exceção dos juros.

Quando assessorava o Ministro do Planejamento José Serra, no início do Real, Giambiagi era capaz de produzir artigos dizendo que a raiz do déficit público brasileiro não estava nos gastos públicos, mas nos juros. Depois que saiu da assessoria, mudou de opinião. Se cobrado, dirá que na época ele era “chapa branca”.

Recentemente, ele e Castellar lançaram um livro falando de uma agenda de reformas que passa pela maior abertura cambial, flexibilização da legislação trabalhista, aumento da segurança jurídica… e nenhuma palavra sobre o custo da volatilidade cambial com a abertura, e sobre as taxas de juros. Para eles, juros são um ectoplasma, uma ficção criada para atrapalhar seus modelitos econômicos.

Na última reunião da COSEC (Conselho de Economia da FIESP), Castellar apresentou um resumo do seu trabalho. Leia aqui.

No trabalho, há um gráfico sobre o crescimento da carga tributária total, que situa em 1994 o início da escalada. Economistas como os mencionados costumam atribuir esse aumento da carga ao fim do imposto inflacionário – que permitia ao Estado se equilibrar atrasando pagamentos ou permitindo a corrosão dos salários.

Mas o aumento desmedido da dívida pública foi razão direta dos juros praticados para atrair capitais externos, depois que a apreciação do real provocou um déficit externo insustentável.

Leia o trabalho e dê sua opinião aqui ou em Fórum (só para assinantes).

Luis Nassif

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