Questionando a unificação da CBF

A CBF abre um precedente importante ao tomar a decisão de conceder status de campeão brasileiro aos vencedores do Robertão e sobretudo da Taça Brasil.
 
Não vou entrar no mérito das diferenças enormes existentes entre o formato da Taça Brasil e as distintas fórmulas que o campeonato brasileiro tomou ao longo dos anos. Até porque, especialistas já trataram do assunto com competentes argumentações.

Concentrar-me-ei apenas nas semelhanças entre os fatos que municiam os defensores da Taça Brasil aos de um campeonato organizado pela FBF em 1937.

Antes, contudo, preciso me posicionar. Sou contra qualquer unificação de título. Esse posicionamento não me faz desmerecer esquadrões gloriosos como o Santos de Pelé e o Cruzeiro de Dirceu. Independente de qualquer decisão da CBF, a Taça Brasil já era um título oficial, cuja importância no contexto futebolístico era devidamente reconhecida. Igualar eventos que são absurdamente diferentes não é requisito para reconhecer sua importância.

PartPartindo do ponto que a CBF está cometendo um erro gravíssimo ao unificar os títulos supracitados, é preciso aparar algumas arestas passadas para que o erro não fique ainda maior.
 
A Federação Brasileira de Futebol – que anos mais tarde se tornaria a Confederação Brasileira de Desportos – organizou em 1937 um campeonato oficial de âmbito nacional. Trata-se da Copa dos Campeões Estaduais, que contou com a participação dos campeões de cinco unidades federativas do Brasil.
 
O triunfo na Copa dos Campeões daria ao Atlético-MG , tão ou mais, status de campeão brasileiro, quanto os vencedores da Taça Brasil. Argumentos para tal afirmação não faltam:
 
Foi o primeiro torneio oficial com representatividade nacional da história do futebol brasileiro.

Para se tornar campeão, o time mineiro disputou seis partidas, ou seja, teve mais compromissos no campeonato do que o Santos nas conquistas nacionais de 1961, 62 e 63, por exemplo.

Na campanha do título, o campeão marcou 20 gols, marca que supera a maior parte dos campeões da Taça Brasil.

O formato do campeonato de 1937 se assemelha mais ao genuíno campeonato brasileiro, do que o formato eliminatório da Taça Brasil. Houve uma fase preliminar e posteriormente um quadrangular final disputado em dois turnos.

Diante de tais evidências e do errático precedente aberto pela CBF, a entidade deveria conceder o status de campeão brasileiro ao vencedor do primeiro campeonato oficial do país com amplitude nacional, a Copa dos Campeões de 1937.

Luis Nassif

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