O Império não quer mais sócios, quer servos, por Rogério Maestri

O Império não quer mais sócios, quer servos

por Rogério Maestri

Vou ficar rouco de tanto gritar pois o que escrevi há dois anos, e foi considerada uma verdadeira teoria da conspiração, cada vez mais se aproxima da realidade. Vou mudar um pouco a redação sem mudar o sentido principal:

O Império não quer mais sócios, ele quer servos.

A maioria dos artigos de todos os economistas, políticos de esquerda dos mais diversos matizes ou comentaristas econômicos partem de uma hipótese totalmente equivocada de que o Imperialismo Internacional quer dominar o mercado interno para dele retirar lucros.

Esta hipótese esta completamente equivocada, pois o Imperialismo não quer mais sócios nem novos negócios no Terceiro Mundo, eles querem somente matéria prima e produtos primários com baixo valor agregado, e por mais absurdo que possa parecer, que o consumo destes países se reduza a níveis pré-industriais.

Vou de novo bater na mesma tecla: países do terceiro mundo com uma mínima capacidade de consumo pode esgotar e com isto encarecer os valores destes produtos primários. É simples e lógico, reservas de minérios, de qualquer outra commodity são finitas, e se os sete bilhões deste planeta (7.000.000.000) resolverem ter, no mínimo, três refeições por dia, ter uma casa para morar, e ter algo para se deslocar de um ponto a outro, o próprio consumo básico destes sete bilhões de pessoas inviabiliza as sociedades ocidentais dentro da lógica do consumo capitalista.

Caso notarmos a forma que o Império invade e ocupa os diversos países nas últimas décadas é para, simplesmente, reduzir as economias locais à Idade Média. Isto foi feito no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e agora tentam na Síria.

Vamos voltar um pouco na história e lembrar o que Churchill desejava para a Alemanha: a redução do país a uma mera grande fazenda. Como Roosevelt não permitiu isto a Alemanha reindustrializou-se. O fato em si não tem relação com a política atual, mas mostra que quando há uma intenção de algo o Império não tem a mínima vergonha em fazê-lo.

Uma amostra palpável deste novo comportamento do Império é visto pelo objetivo das invasões e guerras contra países do terceiro mundo que tinham alguma condição de vida razoável, reduzi-los a barbárie, isto foi perpetuado de forma cirúrgica e real. Depois da infraestrutura dos países serem destruídas, movimentos de caráter medieval como Taliban e DAESH (Estado Islâmico) são implementados e mantidos pelo Império para terem a certeza que não consigam retornar à Idade Moderna.

O que é previsto na economia brasileira segue exatamente nesta direção, e até movimentos fundamentalistas religiosos ganham força.

O cenário é catastrófico e de difícil assimilação pelas pessoas bem informadas no país, que veem mais como uma teoria da conspiração do que outra coisa, porém a cada passo que todo o processo de desmonte da economia nacional progride fica mais claro este cenário, passando de uma teoria da conspiração para uma realidade.

Venho com esta mesma teoria, considerada da conspiração há mais de dois anos, e naquele tempo ainda tinha dúvidas, entretanto observando a cada passo, infelizmente acho estar com a razão.

Redação

24 Comentários

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  1. TEM RAZÃO!  OS EUA ESTÃO EM

    TEM RAZÃO!  OS EUA ESTÃO EM DECADÊNCIA COM UMA DÍVIDA IMPAGÁVEL DE 17 TRILHÕES DE DÓLARES!  E A LUTA É DE VIDA OU MORTE PORQUE LULA E DILMA SÃO PATRIOTAS E O BRASIL É BRICS!

  2. Favas contadas

    É o mesmo que tenho dito também a algum tempo e, curiosamente, pode ser ouvido em um filme recente, As Confissões, em que se reúnem Ministros da Economia do G7, com decisão já tomada: quem não faz parte do grupo, dane-se; quem faz, está conosco em um grupo fechado de privilegiados e deve cumprir rigorosamente as diretrizes do Imperialismo. São as favas contadas de um modelo civilizatório falido, que partiu da destruição de outras civilizações pela barbárie européia e gora quer o verniz da civilização para si e impor regimes de barbárie para os demais. Este é o mundo em que vivemos, e se os povos não se levantarem e se unirem, serão todos, à exceção dos mais ricos, condenados à miséria mais do que absoluta.

  3. Infancia interrompida

    Rogerio Maestri:

    Você está partindo do princípio de que existe um Plano, qualquer plano, maligno que seja.

    É o velho diálogo teatral:

    “Polônio. [à parte] Embora isso seja loucura, ainda há aí método. Vais sair de cena, milorde?

    Hamlet. Para dentro de minha tumba?

    Polônio. Com efeito, isso é sair de cena. [à parte] Quão prenhes às vezes são suas respostas! Uma felicidade que a loucura muita-vez atinge, da qual a razão e a sanidade não poderiam tão prosperamente ser livradas.”

    Mas o pensamento, na verdade, não chega a ser tão sofisticado.

    É outra peça de Shakespeare, Macbeth:

    “A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum.”

    Ou, como escreveu Luis Fernando Verissimo, Criancice:

    “O poder dá a quem o tem a sensação de que pode realizar tudo, inclusive fantasias infantis.

    Quem, entre nós, nunca sonhou em ter um suprimento inesgotável de sorvete que atire o primeiro Häagen-Dazs. Era um desejo infantil, um desejo que se dissipava na adolescência, quando passávamos a sonhar com outras coisas. Mas o poder dá a quem o tem a sensação de que pode realizar tudo, inclusive fantasias infantis. O presidente americano George Bush — o lamentável pai, não o lamentável filho — disse certa vez, meio brincando, que nunca gostara de brócolis e que agora que era presidente não precisava comer brócolis. Quem, entre nós, nunca sonhou em não ser forçado a comer brócolis, ou comer espinafre, ou tomar banho, ou ir ao dentista, ou arrumar o quarto?”

    E Freud nos lembra que:

    “A crueldade é perfeitamente natural no caráter infantil, já que a trava que faz a pulsão de dominação deter-se ante a dor do outro — a capacidade de compadecer-se — tem um desenvolvimento relativamente tardio.”

    A questão é:

    – Como desbloquear esse desenvolvimento mencionado por Freud?

    1. Considerando que há povos

      Considerando que há povos cujas culturas privilegiam o amadurecimento – e a capacidade de compadecimento vem junta – talvez não seja necessária uma revisão no gênero humano como um todo mas só no gênero humano que se constrói sob determinadas culturas. A nossa, por exemplo. Acho que esse apelo à satisfação imediata e inconsequente de “necessidades” também induzidas e mesmo criadas ajuda a fazer a roda da economia capitalista girar: adolescentes e inconsequentes em geral compram muito mais do que quem experimenta a maturidade.

      Sei lá… mas acho que é por aí, será que não?

    2. Caro Hans, não esqueça o que Malthus escreveu, porém agora …..

      Caro Hans, não esqueça o que Malthus escreveu, porém agora o que está em risco é a sociedade dos países desenvolvidos, a medida que os cuncarachas aqui pretendem ser gente.

      Vou detalhar num texto mais extenso os motivos que me levaram a esta conclusão.

  4. Faz sentido!

    Essas observações fazem todo sentido. Muitas vezes ouço economistas dizerem que as medidas que Temer está tomando estão erradas, pois produzirão desemprego, recessão e miséria. Mas sempre tive a sensação de que é exatamente isso que eles pretendem.

  5. Faz Sentido
    O grande “sócio” deles (China) cresceu demais, a ponto de rivalizar e até ultrapassar os EUA em vários aspectos.

    Melhor arrumar um outro “sócio/servo”, menos ambicioso, submisso e com população já dominada culturalmente. Para viabilizar essa troca de “sócio”, basta alterar as leis trabalhistas e previdenciárias e estamos prontos para inaugurar sweat shops e sermos a Guangzhou do Hemisfério Sul, onde se produz para exportação e se trabalha 12 horas por dia por um prato de comida.

    E as vantagens não param por aí: sem necessidade de transferência de tecnologia ou de arrumar parceiro local para se estabelecer fica bem mais barato! Não existe o peso de 5000 anos de cultura do antigo “sócio”, então para os dominados vai ser uma honra trabalhar até morrer para os novos mestres!

    Dá até para o Trump cumprir parte das promessas de campanha, já que a matéria-prima barata compensará os altos custos de produzir nos EUA, dá pra criar uns empreguinhos no Rust Belt sem muito esforço e adoçar a boca dos rednecks…

  6. Meu bem estar depende muito

    Meu bem estar depende muito de suas privações. Isso é válido desde que o mundo é mundo. Seja nas relações pessoais ou entre nações, em todas as esferas. Vc só terá algo se isso melhor meu bem estar. Então o texto acima esta corretíssimo, nos moldes de consumo atual não tem pra todos.

  7. Bom, é o que estamos vendo

    Bom, é o que estamos vendo né? E aqui no Brasil, se necessário, usarão a força bruta. Por isso o juiz da globo amigo do Abominável está de passagem comprada para os EUA. 

  8. O Império não quer mais sócios, quer servos

    O relatório Lugano

    sobre a manutenção do capitalismo no século XXI

    Nesse aterrador livro de ficção, alguém misterioso contrata uma série de profissionais para analisar a situação global e encontrar alternativas para manter o sistema capitalista em funcionamento. A solução encontrada por esses profissionais é dizimar 1/3 da população mundial. Eles não só fornecem a solução, como sugerem as formas de concretizar a barbárie.

    “O conteúdo baseia-se inteiramente em fartos dossiês e material factual, como meus outros livros. O Relatório Lugano é uma avaliação tão precisa, sóbria e imparcial quanto uma pesquisa séria poderia ser. Não é uma obra de ficção científica ou outro tipo de ficção. Exceto pelo conceito básico, nada foi inventado e eu não ficaria surpresa em saber que um documento semelhante tivesse sido produzido por um grupo de trabalho na vida real.”

    .

    1. Mas há o problema de sempre.

      Mas há o problema de sempre. Como fazer. Se adotado o que se indica no resumo/crítica do livro, a China estará fora. E com a diminuição da população, o percentual de chineses aumentará consideravelmente. E isso ninguém quer/aceita. A Índia, mesmo com sua enorme população de miseráveis, essa mesma população de miseráveis vem aumentando e não diminuindo. Assim, o autor há de encontrar outra/s forma/s de extermínio. É um trabalho muito difícil. Os nazistas com toda sua ferocidade só conseguiram matar alguns milhões de judeus. Como se fará para matar bilhões de seres humanos. 

      1. O Império não quer mais sócios, quer servos

        trata-se de um frio e calculado genocídio em escala global, planejado e executado pelas corporações transnacionais.

        do Relatório Lugano:

        – os 4 Cavaleiros do Apocalipse: a Conquista, a Guerra, a Fome e a Peste;

        – sobre a China: consultar capítulo 9: “O quebra-cabeça chinês” -> o maior agente da ERP (Estratégia de Redução Populacional) na China não será nenhum dos 4 Cavaleiros, mas o colapso ambiental.

        .

  9. Meu comentário não foi publicado

    Prezada equipe do GGN.

    Postei na trde de hoje um comentário sobre esta matéria, mas  ele não foi publicado. Peço que verifiquem onde le foi parar.

  10. Bom.  Otimo.
    Mas eu estou

    Bom.  Otimo.

    Mas eu estou dizendo pra voces com todas as letras que a bichaiada do governo norte americano esta enfiada na minha casa fazendo contabilidade de limpada de cu ate hoje.

    Essas bichas loucas complexadas pensam que eu sou propriedade delas.  Essas bichas loucas complexadas nunca me abriram uma unica porta.  Nunca me fizeram um unico favor.  Nunca me deram um credito -desde o episodio da cortina do laboratorio ha uns 10 anos atraz e que eu ja contei pra voces.  Nunca me beneficiaram, muito pelo contrario, fizeram tudo que podiam e nao podiam pra me prejudicar.  Nunca me ofereceram um “muito obrigado” que fosse.  Nunca pagaram pelos meus computadores que eles invadiram inclusive o da minha filha.  Nunca me pagaram um puto centavo pelo pelo meu carro que invadiram.  Nunca pagaram um unico centavo da MINHA casa que eles invadiram.  Nunca me ofereceram um puto centavo por qualquer coisa que eu fiz.  E AINDA querem minhas maquinas.  Ora, essas bichas loucas complexadas que o governo norte americano enfiou na minha casa 24 horas por dia pode ir tratar como trabalho escravo as putas maes deles.

    EU NAO.

  11. Por sinal, Rogerio:  “servos”

    Por sinal, Rogerio:  “servos” sao pagos.  O governo dos EUA, dado a evidencia da minha propria casa, quer trabalho escravo e nada mais. Isso, eu vi com os proprios olhos.

  12. Rogerio, do seio dessa

    Rogerio, do seio dessa bicharada louca complexada, em 10 anos, nao apareceu sequer uma unica bicha louca complexada que falou por mim.

    Ninguem.

  13. Tese interessante

    Vamos por parte.

    Dias atrás assisti o filme: O homem que viu o infinito. Nele é relatado a vida do autodidata indiano matemático Srinivasa Ramanujan (1887-1920).

    Uma parte do filme que me marcou foi a insistência de seu professor para ele provar, provar e provar…

    No que Ramanujan respondia: eu sei que é assim, tenho certeza, eu vejo isso com clareza…

    E o professor de Hardy de Cambridge respondia: mas nós de precisamos provas.

    Daí vem a dúvida quantos anos duram (numa determinada projeção de consumo e possíveis novas descobertas) as reservas de petróleo, gás, minério, etc.

    Por outro lado, um professor de economia defendia a tese de que a huminidade sempre fará novas descobertas capazes de superar tanto os limites de determinada fonte de energia ou material, quanto os possíveis efeitos climáticos advindos de uma exploração excessiva. Segundo interpreto essa tese, ele queria dizer que (quase) não há limites para a inventividade humana. Nesse caso, o Império não se preocuparia com um problema superável.

    Se essa tese tiver correta, o problema da humanidade seria muito mais relacional, isto é, de acumulação relativa do que de consumo/desfrute. Em outras palavras, o Império (americano, mas poderia ser o Russo, Chines, o Romano…) não estaria impedindo os outros países de se desenvolverem por uma possível escassez, mas para garantirem a ampliação de sua acumulação relativa. Nesse caso, seria um problema muito mais psicológico do que econômico (material/energético).

    Então, o problema “econômico” é de escassez (físico) ou de poder (psicológico)? Os dois, diriam os espertos.

    Assim, quem não sofre com a escassez, dirá que o problema é psicológico, e quem passa fome e privações dirá que o problema é material. 

    Dúvidas à parte, não há o que discutir quanto aos interesses de um Império. É pisar em cima. Imperar. O Dilema é que a história da humanidade (vista sob um prisma mais amplo) é a história dos Impérios. Uns querendo imperar sobre os outros. Em suma, ou se é império ou se é escravo. O velho dilema hegeliano.

    E você: é imperador ou escravo?

    Eu sou kantiano, diria o esperto, sou um ser livre, capaz de superar meus instintos, orientar minhas vontades. 

    Dependendo do diagnóstico que fizermos de quem somos, imaginaremos um prognóstico para a humanidade.

    1. Caro RPV.

      Estou escrevendo um texto que cobre em parte as tuas corretíssimas preocupações.

      Agora adianto um ponto, se houvesse vontade do Império em superar limites, como acima colocaste, concordaria contigo, entretanto quanto maior é a corporação mais retrógrada em termos de inovação ela é. As mudanças nos produtos são geralmente cosméticas não há interesse na inovação, pois quanto maior é a empresa mais difícil fica esta inovação. Poderia desenvolver melhor com exemplos diversos, mas se olhares com cuidado um automóvel de 2016 para um de 1970 verás que em 46 anos excetuando a introdução da informática (e mesmo assim demorou e é incompleta) as alterações são mínimas.

      Além disto para imperar, como citas, o que predomina é quanto mais conservador forem os sistemas mais convenientes eles são, o grande capital é avesso a inovação, a criatividade e a liberdade, pois estas qualidades retiram o controle de quem produz e da produção, e o que interessa são somente estas palavras, produzir, lucrar, produzir, lucrar, …..

    2. Não há dilema.

      Caros Maestri e Rpv,

      É falso o dilema apresentado para o problema econômico, tendo como alternativas a escassez (natureza física, material) ou relações de poder (de natureza psicológica). Nem é preciso recorrer a formulações teóricas sofisticadas ou citar os recursos minerais e energéticos finitos e não renováveis, para demonstrar que tanto a escassez como as relações de poder e dominação são determinantes econômicos. Peguemos como exemplo recursos escassos, tais como as madeiras nobres e o marfim, ambos de origem orgânica (vegetal e animal, respectivamente), portanto renováveis. No primeiro século da colonização portuguesa no continente americano o pau-brasil, além de principal produto explorado na colônia, desencadeou disputas e conflitos entre os países europeus, como Espanha, França e Holanda, cada um deles querendo se assenhorar de parte do teritório em que a árvore de madeira valiosa e cobiçada podia ser encontrada em abundância. O mogno brasileiro, madeira nobre e capaz de suportar como nenhuma outra grandes amplitudes térmicas sem se deformar, foi e continua sendo cobiçadíssimo pelos ingleses e outros europeus, pelos japoneses e estadunidenses; teòricamente o corte está proibido e a madeira não pode ser comercializada, tanto no mercado brasileiro como para exportação. Mas nem é preciso ir à Amazônia para constatar que a extração e exportação clandestina da madeira e dos derivados (contrabando) nunca deixou de acontecer, com a conivência de autoridades (fiscais do IBAMA, MP, PF, etc) e ONGs corruptas. Com o marfim a situação é ainda mais grave, pois a extração dele implica na matança de elefantes, que nunca deixou de ocorrer; importante notar que o marfim é muito mais usado nos países capitalistas ricos, nenhum deles situadao na África.

      Vejam que não há ‘esperteza’ alguma nesses exemplos que citei. Portanto, reescrevendo a questão proposta por Rpv temos:

      “‘O problema “econômico” é de escassez (físico) e de poder (psicológico)”

       

    3. Não há dilema.

      Caros Maestri e Rpv,

      É falso o dilema apresentado para o problema econômico, tendo como alternativas a escassez (natureza física, material) ou relações de poder (de natureza psicológica). Nem é preciso recorrer a formulações teóricas sofisticadas ou citar os recursos minerais e energéticos finitos e não renováveis, para demonstrar que tanto a escassez como as relações de poder e dominação são determinantes econômicos. Peguemos como exemplo recursos escassos, tais como as madeiras nobres e o marfim, ambos de origem orgânica (vegetal e animal, respectivamente), portanto renováveis. No primeiro século da colonização portuguesa no continente americano o pau-brasil, além de principal produto explorado na colônia, desencadeou disputas e conflitos entre os países europeus, como Espanha, França e Holanda, cada um deles querendo se assenhorar de parte do teritório em que a árvore de madeira valiosa e cobiçada podia ser encontrada em abundância. O mogno brasileiro, madeira nobre e capaz de suportar como nenhuma outra grandes amplitudes térmicas sem se deformar, foi e continua sendo cobiçadíssimo pelos ingleses e outros europeus, pelos japoneses e estadunidenses; teòricamente o corte está proibido e a madeira não pode ser comercializada, tanto no mercado brasileiro como para exportação. Mas nem é preciso ir à Amazônia para constatar que a extração e exportação clandestina da madeira e dos derivados (contrabando) nunca deixou de acontecer, com a conivência de autoridades (fiscais do IBAMA, MP, PF, etc) e ONGs corruptas. Com o marfim a situação é ainda mais grave, pois a extração dele implica na matança de elefantes, que nunca deixou de ocorrer; importante notar que o marfim é muito mais usado nos países capitalistas ricos, nenhum deles situadao na África.

      Vejam que não há ‘esperteza’ alguma nesses exemplos que citei. Portanto, reescrevendo a questão proposta por Rpv temos:

      “‘O problema “econômico” é de escassez (físico) e de poder (psicológico)”

       

    4. Rpv, o problema não está na duração das reservas…

      … mas no auge produtivo. Um recurso finito, sujeito a exploração econômica intensa, não extingue de repente, ele atinge um pico de produção e entra em declínio, que leva a escassez até sua exploração econômica ficar inviável.

      A imaginação humana pode não ter limites, já que ela reside no mundo do pensamento e das ideias abstratas, mas a inventividade está condicionada pelas leis da natureza. Não podemos inventar coisas para funcionar no mundo material, objetos ou processos, que contrariem a Física, a Biologia, a Química, a Termodinâmica …

      Tomemos o exemplo do fator NPK ─ Nitrogênio, Fósforo e Potássio ─ que são os principais nutrientes para as plantas na agricultura. Se eles escassearem, não há inventividade que dê jeito, teríamos de dar uma de Deus e criar novas formas de vida para obter alimentos, um novo reino biológico, já que sem fósforo não há fotossíntese. Teríamos também de nos reinventar, pois sem nitrogênio não há síntese de proteína.

      Ainda na agricultura. Um centímetro de horizonte de solo leva de 1 a 4 séculos para se formar. Para as práticas da agricultura moderna, é requisitado um horizonte em torno de 30 centímetros, que gasta no mínimo 3 milênios para se formar. O modelo agrícola moderno, o agronegócio, tem se mostrado um caráter predatório, que já degradou vastíssimas extensões de solo por toda parte do mundo. Para essas regiões degradadas, a próxima estação agrícola fica para o século 51, o que não é uma boa ideia, até lá, os sete bilhões que estão no mundo comerão só o recheio de pastel de vento.

      Por fim, é sensato colocar o destino da humanidade dentro do princípio da prevenção, não contar o ovo da inventividade no cu da  galinha. Há quanto tempo, estamos esperando pela inventividade, para a cura de várias doenças que nos flagelam? Vai que a inventividade não pinta? Não há previsibilidade para ela aparecer.

      Um abraço.

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