Pergunta do século: quanto vai piorar antes de melhorar??



Redação

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  1. Pergunta do século: quanto vai piorar antes de melhorar??

    Romulus, aqui estamos mais uma vez, direto de “A Ilha”

    -> – Ou seja, precisamos do trauma para aprender.

    “Uma educação pela pedra: por lições;
    para aprender da pedra, freqüentá-la;
    captar sua voz inenfática, impessoal
    (pela de dicção ela começa as aulas).”

    a educação pela pedra tem sido a opção. isto é… quando há aprendizagem. mas o trauma só se torna uma caminho de aprendizado, quando se inicia um processo para superá-lo. não é o que está acontecendo ainda no Brasil. ao contrário, ainda se está na fase de “negação”. o que impede qualquer aprendizado.

    -> QUANTO VAI PIORAR ANTES DE MELHORAR??

    vai depender, né. de quanto tempo ainda se vai ficar no estágio de negação. antes de todas as ilusões serem abandonadas e de uma dura aterrissagem no deserto do real, pode levar uma eternidade.

    o vídeo da entrevista de Dilma à Al Jazeera, em 16/12/2016, faz a pergunta definitiva:

    “- Se você realmente acredita ter sido um golpe de Estado, por que você não está nas ruas, liderando uma resistência popular não-violenta contra o governo ilegítimo?”, questiona o entrevistador. (2’30’’)

    a resposta a esta pergunta determina quanto tempo vai demorar…

    ->Renato: No fundo, só quero saber se precisamos enterrar os livros em barris (tive um parente previdente que fez isso).

    meu pai fez isto em 1964. por enquanto ainda não o fizemos. nem acho que chegaremos a fazê-lo. os tempos mudaram. e vão continuar mudando. só ainda não dá prá saber quanto tempos vai demorar esta mudança dos tempos. depende… seja como for, visto por outra perspectiva,  é o próprio conceito de “tempo” que está mudando. e esta mudança é muito veloz.

    ->Renato: Admito que levei um pancadão, não esperava MESMO, nem nos piores pesadelos, o que aconteceu.

    tudo se resume nesta afirmação. é como em 2008, apesar de todos os sinais da crise, foi vivenciada como uma surpresa. o golpe do impeachment é o mesmo. apesar de todos os sinais, desde que Dilma nomeou Levy, muitos preferiram não ver…

    ->Maria: a essa inacreditável ascensão de valores de violência do pensamento de direita

    como muitas vzs me cabe o papel do desagradável, não existe nenhuma “ascensão da Direita”. este fascismo nosso de cada dia sempre esteve por aqui. sempre foi constitutivo do tecido social brasileiro. a condução coercitiva do Lula é a condução de milhares de miseráveis, negros, índios. ocorre que foram 13 anos para desmontar o entulho autoritário. e nele Lula e Dilma não encostaram um dedo. ao contrário. Dilma assinou a Lei Anti-Terrorismo. então, perdoem-me o tom inconveniente: mas quem não viu, foi porque não queria ver, queria se iludir.

    -> Romulus: A diferença de idade não diminuiu o tamanho da porrada não, gente…

    Pra mim – e minha geração – o(s) golpe(s) foi perder todas as bases. Nossas certezas foram pro buraco!

    dando um testemunho pessoal: acampanhei com enorme tristeza e decepção pessoas jovens, combativas, cultas e com enorme espírito de liderança literalmente derreterem frente a tudo o que está acontecendo. ficaram totalmente sem chão. trata-se de um enorme desafio de crescimento coletivo. e estamos perdendo. estamos sendo derrotados.

    a crise é a crise de nossas lideranças. não há catalisação de movimentos sociais sem lideranças. a maior parte das atuais lideranças simplesmente não querem se opor ao golpe. cadê a CUT? cadê o “exército do Stédile”? cadê os parlamentares do PT nas manifestações de rua? então, tudo isto simplesmente acabou junto com o golpe! as massas não se movem espontaneamente. precisam de catalisadores. os que deveriam ser os catalisadores agem como neutralizadores.

    ->Romulus: O que sei é que hoje temos as redes sociais e, com elas, sedimentações mais rápidas de percepções sociais e consolidação de narrativas.

    o tempo é que está mudando. o que chamamos tempo é também um elemento de nossa cultura. não existe nenhum tempo autônomo e independente da cultura. não existe nenhuma “natureza”, portanto nenhum “tempo”. fazer política hoje é considerar prioritariamente este tipo de abordagem. sei que dito assim fico confuso e parece coisa de “doidão”. mas não é!

    note que o Nicolelis se refere a algo semelhante, mas ressaltado apenas os aspectos nocivos (matéria no Nassif):

    “[…] sincronização de pensamentos, por conta do uso cada vez mais constante da internet e redes sociais. Esse novo modelo de comunicação, rápido o suficiente para acompanhar o funcionamento cerebral, estaria trazendo prejuízos à capacidade de reflexão dos indivíduos”

    está trazendo prejuízos, sim. mas tb está propiciando benefícios. depende de quem e de como se está conectando com esta “sincronização de pensamentos”, que pode ser altamente favorável ao “potencial intuitivo do cérebro humano”.

     

    abraços a todos

    .

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