O Brasil no ranking de democracia

Da Folha.com

Brasil é 47º em ranking mundial de democracia 

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA 


O Brasil pode até avançar para o quinto lugar no campeonato da economia mundial no governo Dilma Rousseff, como prevê Luiz Inácio Lula da Silva, mas não chegará a uma posição similar ou próxima a ela no ranking planetário da democracia.

OpaiO país está em uma posição muito inferior, e, pior, retrocedendo, ao menos no Índice da Democracia 2010, que acaba de ser divulgado pela Economist Intelligence Unit, o braço de pesquisas da respeitada revista britânica “The Economist”.

O Brasil recuou do 41º lugar em 2008 para o 47º agora (o levantamento é feito a cada dois anos). Caiu de 7,38 pontos para 7,12, em 10 possíveis. Nem aparece como “democracia plena”, o belo rótulo reservado para apenas 26 dos 167 países ranqueados.

O Brasil é rotulado como “democracia imperfeita” ao lado de 52 outros países, entre eles França e Itália, o que mostra o rigor da avaliação.

O item que derruba o Brasil, entre os cinco que o índice leva em conta, é “cultura política”. A nota do país nesse quesito é 4,38.

Um segundo critério ajuda a empurrar o país para baixo: chama-se “participação política”, em que o Brasil leva 5.

Essas duas notas representam brutal contraste com os 9,58 recebidos em “processo eleitoral e pluralismo” e com os 9,12 de “liberdades civis”, os dois quesitos que mais usualmente aparecem na discussão sobre democracia.

Significa, portanto, que o Brasil seria facilmente catalogado como “democracia plena” se o ranking considerasse apenas os aspectos mais convencionais.

Tanto é assim que a primeira do ranking, a Noruega, tem nota geral 9,8, não muito acima do que o Brasil obtém nos quesitos convencionais.

Mas, quando o ranking se sofistica um pouco, verifica-se que a nota norueguesa em “cultura política” é 9,38, quase o dobro da brasileira.

O Brasil perde pontos também em “funcionamento do governo”. Tira 7,5, abaixo dos 8,21 da África do Sul, mas mais que os 7,14 da França e quase empatado com os 7,86 dos Estados Unidos –que, aliás, fica apenas na 16ª posição no ranking geral.

A América Latina só tem dois países entre as “democracias plenas” (Uruguai, 21º, com 8,10, e Costa Rica, 24ª, com 8,04). Dois países latino-americanos estão à frente do Brasil na lista de “democracias imperfeitas”: Chile (34º) e Panamá (46º).

O relatório lamenta que “as liberdades políticas sofreram erosão em muitos países desde a publicação do índice anterior”, em 2008, e culpa, principalmente a crise financeira global, “[por ter] minado a confiança pública no governo e tentado políticos a incomodar a oposição”. 

Luis Nassif

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