sexta, 26 de abril de 2024

“Quem está ameaçando quem, afinal de contas?” – Li Yang, Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro

A China nunca quis impor seu sistema político ou sua via de desenvolvimento a qualquer outro país. O socialismo com características chinesas pertence apenas à China.

Crédito: https://www.chinadaily.com.cn/

da Revista Intertelas

“Quem está ameaçando quem, afinal de contas?” – Li Yang, Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro

Hoje em dia, certos políticos norte-americanos não poupam esforços para forjar uma nova versão da “teoria da ameaça chinesa” e fazem de tudo para retratar a China como uma ameaça estratégica para os Estados Unidos. Não é tão difícil entender essa questão.

A China ameaça a integridade territorial e a segurança nacional dos EUA? É claro que não! A China já possui um território bastante vasto e não tem interesse no território estadunidense, nem nutre qualquer ambição nesse sentido. No entanto, são navios de guerra e caças americanos que ostentam seu poderio às portas da China, enquanto alguns políticos americanos apregoam uma guerra contra a China.

Os Estados Unidos estão intensificando seu apoio às forças separatistas que trabalham pela “independência” de Taiwan, de Hong Kong, de Xinjiang e do Tibete, com o intuito de dividir a China. Para alcançar esse objetivo, os EUA vêm elevando as relações com as autoridades de Taiwan, vendem armamentos avançados ao território e instigam os independentistas a resistir, pela via armada, à reunificação. Ao fazerem tudo isso, não estão os EUA ameaçando a integridade territorial e a união nacional da China?!

A China ameaça o sistema político e ideológico dos EUA? Completo absurdo! Não há dúvida de que a construção do socialismo com características chinesas tem sido bem sucedida. Mas a China nunca quis impor seu sistema político ou sua via de desenvolvimento a qualquer outro país. O socialismo com características chinesas pertence apenas à China. Mesmo que os EUA quisessem copiar, poderia não funcionar.

A verdade, contudo, é que são os EUA que nunca abandonam o sonho de ocidentalizar a China, aproveitando todas as oportunidades e meios para realizar infiltrações ideológicas na China, tentando incitar uma “revolução colorida” e realizar uma “mudança institucional”. Ao fazerem tudo isso, não estão os EUA ameaçando a segurança política da China?!

A China ameaça o estilo de vida e os valores americanos? Chega a ser risível! Os estilos de vida têm raízes na tradição cultural e nas condições nacionais e não dependem de escolhas subjetivas. Que necessidade teria a China de mudar o estilo de vida americano? Paz, progresso, equidade, justiça, democracia e liberdade, como valores comuns humanos, formam “círculos concêntricos” que permeiam diferentes raças, sistemas e crenças, e constituem uma “interseção” dos valores chineses e americanos.

Nesse quesito, há mais semelhanças do que diferenças nos valores dos dois países e, portanto, não há por que forçar o outro a mudar. Agora, o problema é que os EUA não reconhecem essas semelhanças e insistem em sua “arrogância de valores” para julgar ou mesmo atacar os valores da China. Ao fazerem tudo isso, não estão os EUA ameaçando os valores chineses?!

A China ameaça a imagem e a influência internacional dos EUA? Os EUA é que são demasiado suscetíveis! Em 2020, a China deu excelentes respostas em várias frentes, seja na contenção e combate à Covid-19, seja na economia e no bem-estar da população, ou no fornecimento de bens públicos à comunidade internacional. A China apenas fez o que deveria ser feito, sem nenhuma intenção de se valer disso para prejudicar a imagem ou o prestígio internacional dos Estados Unidos.

O que temos visto é precisamente a incompetência dos EUA na sua governança própria e no combate à Covid-19. Em vez de resolver seriamente os próprios problemas, os EUA não aceitam o fato de outros países atuarem melhor. Culpam a China pelas próprias falhas e aproveitam temas como a Covid-19 para produzir difamações grosseiras para causar impactos negativos à China. Ao fazerem tudo isso, não estão os EUA ameaçando a imagem internacional da China?!

A China ameaça a posição da maior potência e a hegemonia mundial dos EUA? Esta é uma lógica hegemônica típica! Ninguém conseguirá minar a determinação e os esforços do povo chinês para construir o seu país e buscar uma vida melhor! A China não se tornará outro Estado hegemônico, por mais poderosa que seja, mas sim, uma firme oponente das políticas hegemônicas de qualquer país.

Em vez de permanecerem fortes enquanto abandonam essa mentalidade supremacista, os Estados Unidos, infelizmente, tentam consolidar a sua posição internacional, buscando reforçar a sua hegemonia. Não se conformando com o desenvolvimento e a ascensão da China, os EUA chegam ao extremo para agredir, reprimir, cercear e conter a China. Ao fazerem tudo isso, não estão os EUA ameaçando o desenvolvimento pacífico e o rejuvenescimento nacional da China?!

Está mais do que evidente que o motivo de algumas pessoas nos EUA forjarem novamente a chamada “teoria da ameaça chinesa” é justamente para procurar um pretexto e pavimentar o caminho para reforçar a sua contenção contra a China. Ao invés de serem ameaçados pela China, os EUA é que ameaçam, de forma ostensiva, a segurança e o crescimento da China.

A verdadeira ameaça enfrentada pelos EUA não vem de fora, mas de dentro do próprio país. Trata-se da perda da capacidade de se reajustar e se corrigir, e de fornecer soluções e estímulos para a existência e o progresso da humanidade através da solidariedade e da cooperação. Essa perda torna o país cada vez mais degenerado, egoísta e bárbaro. Eis a maior ameaça que os EUA enfrentam!

Li Yang
Cônsul-geral da China no Rio de Janeiro

Redação

4 Comentários

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  1. Nassif: agora os chinas pegaram pesado pra cima dos donos do Quintal onde moramos. Deram nome e mostraram fatos. Quero ver aquele PresidenteParalelo, que comanda Pindorama de dentro da Embaixada, responder (item a item) os trazidos pelo de olhinhos rasgados. Não, como diz o textualista, que o modo de agir seja desabono ao Povo maravilhoso irmãos do norte. Povo é Povo, na China, no TioSan… Só em Pindorama é que essa classe parece não passar de gado marcado, levado ao pastoreio pelos boiadeiros VerdeSauvas, com seu aguilhão afiado, em forma de baioneta, tocando a manada segundo ordens recebidas da Elite e do exterior (olha o 142 aí…). Veja se entre os 19Coroados do pico das Agulhas, ou até da QuerênciaDeCruzAlta surge um “heroi” pra defender os ataques Kummunistas descritos no texto. E agora que não tem mais o Dr. Sobral pra aliviar a desses asiáticos, podem até “convidar” o representante diplomático prum “chá” em Petrópolis, naquele nobre Casarão que hospedava Esquerdopatas. Também, oferecer os da Kazerna pra linha de frente, em onírica guerra contra o Império-do-Mal. Veja se consegue sondar a reação dos caras sobre o que se disse no artigo sobre os patrões deles…

  2. Acho que chegou o momento da China colocar os pontos nos is. Nós aqui colonizados pelo império do norte, sabemos perfeitamente (não todos, é claro) o que é o colonialismo inglês e norte-americano, só que nunca fomos que nem a China, que por séculos foi disparado o país com a maior economia do mundo, logo acho que chegou a China voltar a ação depois do século de humilhações que tiveram das potências colonialistas, até Portugal tirou uma casquinha, a sorte de Portugal foi a revolução dos cravos, que tirou-os um pouco deste imbróglio.

  3. A primeira vez que tive minha atenção despertada para a venalidade da Imprensa, como um todo, foi quando eu tinha mais ou menos 18 anos, no começo da década de 80 do século passado, e lia um artigo do poeta e crítico Haroldo de Campos, sobre uma visita sua ao poeta americano Ezra Pound.
    Em determinado momento, Campos, após conversarem sobre a literatura chinesa e sua influência sobre Pound, perguntou ao americano se ele estava interessado na nova China – o encontro de ambos, se não me falha a memória, deu-se em 1959. Pound respondeu que sim, decerto, mas que não podia escrever sobre o assunto com base nas “informações da imprensa diária”.
    A frase me chamou a atenção, mas como na ocasião eu só me interessava, exclusivamente, por literatura, foi como se tivesse passado batido.
    Mas, naquela mesma ocasião, pouco tempo depois, Leonel Brizola elegeu-se governador do RJ, onde eu morava, e aí a frase de Pound passou a fazer sentido.
    Lembro-me nitidamente, que logo nas primeiras semanas após a posse de Brizola, uma reportagem matinal do jornal local da Globo estava num município distante do Rio, do qual não recordo o nome, já quase no Espírito Santo, mostrando o estado lastimável em que se encontrava uma escola estadual do lugar. A única lembrança particular que tenho do episódio é da postura indignada da repórter, mostrano os riscos a que estavam expostas as crianças naquela escola caindo aos pedaços.
    Quando vejo as pessoas falando da China, como antes falavam da URSS, ou dos países da Cortina de Ferro, com base apenas e tão somente em informações da imprensa ocidental, e recusando-se, terminantemente, a sequer discutir a possibilidade de que essa imprensa seja parcial, por motivos diversos, confesso que me dá um grande desânimo.
    Hoje de manhã, essa matéria do DCM me chamou a atenção:

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-o-dia-em-que-ana-maria-braga-engasgou-com-a-declaracao-do-petkovic-sobre-a-maravilha-do-socialismo/

    Tem essa, também:

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/quem-e-zhang-zhan-a-jornalista-cidada-presa-pelo-governo-chines-por-marcelo-bamonte/

    Isso não vai mudar nunca?

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