A cobrança fácil dos deveres dos “outros”

Não diria que a a questão seja a de encontrar culpados. Afinal, os representantes que estão no Executivo, na Assembleia e nas Comissões foram eleitos. Quantos eleitores acompanham as atividades daqueles que receberam seus votos? Temos um índice baixíssimo de participação social. Em várias sociedades organizadas a participação é muito maior. Para aumentar esta participação seria fundamental que os grupos organizados tivessem interesse em aumentar sua base e ampliar sua representatividade.

Não é o que acontece, pois muitas vezes eles são tão fechados e autoritários quanto os grupos políticos que criticam. O processo de amadurecimento de uma sociedade não acontece exclusivamente através de vanguardas. É necessário um mínimo de contato com a realidade, fora do intramuros de organizações ou classes sociais . A posição que deveria prevalecer, não é a minha ou a sua, mas aquela que melhor atenda à maioria.

Como acontece nos cantões suíços, por exemplo,  a tese vencedora é acatada e defendida por todos (vencedores e vencidos). Sem uma escolha clara do rumo que socialmente queremos (ou no mínimo respeitemos), pemanece a sociedade fraturada e individualista que sempre fomos. Nisto a grande mídia desempenha sem dúvida um papel fundamental e, por enquanto, negativo. Não contra ou a favor de qualquer grupo político ou social. De fato, exclusivamente para a manutenção de seu poder de influência e de seus interesses. Sem o desejo real de contribuir para a construção de um país justo para todos. Mais pela eternização de uma casta de escolhidos.

Reformas gráficas foram recentemente feitas nos sites da Folha, do O Globo e do Estado. Todos acentuam a leveza, a melhor diagramação e adotam imaculados fundos brancos. A enfase nas manchetes porém, é catastrófica. O fundo preto das reportagens especiais do Estado estaria mais de acordo com o astral das páginas principais destes orgãos da mídia.

Criticar, criar comportamentos e tendências, impor regras, é fácil para eles. Difícil é encontrar consensos que atendam às minorias e sejam aceitos e respeitem também a maioria. Não será nos exemplos fáceis, extraídos de desejos pessoais frustrados, que encontraremos um rumo social justo para a totalidade do país. Que lutemos pelo espaço conjunto de liberdade e deixemos de ser pessoas mimadas. Que compreendamos que “um país” é feito da somatória de nossas individualidades. Que este país seja portanto formado por  pessoas maduras, livres, críticas e, também e principalmente, cientes das suas responsabilidades.

Redação

3 Comentários

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  1. Texto muito bom. Para mim a

    Texto muito bom. Para mim a grande mídia, hoje, facilita bem as coisas: o que eles defendem, sou contra.

     

     

  2. Gilberto, execelente

    Gilberto, execelente reflexao. Venho batendo nessa tecla aqui no Blog e em todas as minhas discusssoes sociais envolvendo politica. O espirito de vira-latas pode ser traduzido no brasileiro reclamao complementamente dissociadio das suas responsabilidades devido em grane parte ao mantra perpetuado de que o Estado deve nos carregar nas costas e ser capaz de evitar frustacoes pessoais seja quais forem. 

    Eu escrevi sobre isso aqui:

    https://jornalggn.com.br/fora-pauta/com-mais-paraisos-na-terra-ficou-facil-ser-vira-latas

    1. Tem gente que já acordou para isto

      Francy,

      O paciente criador do Tumblr  “Só no Brasil”  http://sonobrazil.tumblr.com/ é um bom exemplo.

      Quem procura, acha. Não é “só no Brasil” não! O neoliberalismo e sua “competência”, impera mundo afora. Acima de tudo a empresa. O cliente, nunca tem razão…

      Mas a crítica fácil, impera. Qual jornal culpa as empresas pelos atrasos da copa? Várias estádios pertencem ou tem as empresas que os construiram como sócias. A linha amarela do Metrô de São Paulo, eternamente inacabada, foi feita e é administrada por um “competente” consórcio privado.

      Padrão Fifa, dá nisto… 

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