Com mais “paraísos” na Terra ficara fácil ser vira-latas?

Não dá pra fechar os olhos aos problemas do país, isso é evidente. Mas não dá, absolutamente, não dá para concordar com essa falta de sentimento de nação. Esses dias eu tive o desprazer de entrar em uma página e constatar o que é o óbvio, os tempos de pensar o país acabaram para muita gente. Ali se lia de tudo, de que o Brasil é uma M*, e assim ia ladeira abaixo. O site falava sobre os motivos para não voltar a viver no Brasil.

Não é preciso elencá-los, pois os problemas que temos são muitos, mas o que entristece é ver que potenciais vetores de modificação, de mudança no quadro, estão mais afeitos a seguir as Leis da Física. Incrivelmente, não falo isso em relação aos políticos com bicos longos, vermelhos, verdes, os do sol; falo da juventude, de adultos jovens do Brasil, por exemplo, que tiveram experiências de vida no exterior, no chamado “Primeiro Mundo”, e que agora tem que voltar com o rabo entre as pernas porque os “Paraísos” estão com os caixas em baixa e, por razões óbvias, não podem dar preferencia demasiada para não nascidos no Céu.

Correndo o risco de tomar as bordoadas comuns em arenas democráticas, mais uma vez volto a bater na tecla da responsabilidade com o seu país. Não se trata de nacionalismos toscos, se trata do óbvio. O que leva pessoas, por exemplo, a receber dinheiro público, gastar dinheiro público, teoricamente se instruir no exterior com dinheiro público, a descascar a sua própria nação como se tudo fosse uma bosta?  Reclamam menos, é claro, do dinheiro que elas recebem para viver nos Céus mensalmente.

Quanta amargura. Algumas até, com pompa injustificável, ainda  perguntam: para onde vai o dinheiro dos “meus” impostos? Enfim, o tal site falava da Síndrome do Abandono, da solidão enfrentada por quem teve que votar e agora fica o tempo todo reclamando sobre as murrinhas dos trópicos. Para isso não há explicação se não aquela da decepção com o Céu, com a decepção da platonização dos sonhos de consumo, da não violência, da infraestrutura divina, tudo ali degenerado porque alguns caras em Wall Street foram gananciosos além da conta em 2008. Mas há algo mais nessa, na minha opinião, covardia.

A teoria da entropia, em sua maneira simplória de ser explicada, ensina que tudo tende a desordem, que as coisas tendem ao menor nível de organização porque isso demanda menos energia, menor esforço. Isso está diretamente relacionado com a ideia de como é cansativa a Democracia. De fato, debater cansa, assim como convencer e ser convencido é algo irritante para alguns. Esse não debater é normal para aqueles que seguem o fluxo natural do menor esforço. A reclamação sem contrapartidas,  sem serem oriundas do debate e da ação para alterar os rumos do país, é uma ode à preguiça.

Novamente, a percepção, e a decepção, apresentadas por alguns braZileiros que tiveram que voltar ao inferno tupiniquim mostra o quanto muito de nós somos intelectualmente sem noção, para ficar no eufemismo, por admirar o “primeiro mundo” como “exemplos a serem seguidos”, mas ao mesmo tempo achar que aquilo tudo fora construído da noite para o dia, e que não tem problemas.

Nações antigas e com mentalidades de concepção distintas, como as européias. Todas essas passaram por problemas, e ainda passam; mas  quase nenhum dos seus nos momentos de adversidades do passado bateu em retirada falando impropérios de sua própria terra  só porque a mesma ainda não havia atingido o nível de paraíso almejado. Provavelmente porque, diferente de hoje, não havia opções para abandonar o Inferno situacional, leia-se abandonar o barco, ao menor sinal de Terras prometidas no horizonte. Enfim, não havia globalização.

Fico imaginando, por exemplo, se todos aqueles que lutaram para tornar seus países desenvolvidos tivessem abandonado a empreitada porque a grama do vizinho era mais bonita. Pode não parecer para alguns, mas espinafrar seus país de origem não ajuda a se elevar perante aos nativos dos Céus. Entendam isso de uma vez por todas.

Redação

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