A dignidade de Aranha e o racismo que assola o País

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – Racismo no futebol, racismo que se espalha por todos os setores da sociedade. A polêmica continua, e o debate precisa levar a algum lugar. A torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira, foi flagrada em grito des-ta-ca-do um ‘macaco’, atacando o goleiro do Santos, Aranha. A vida da moça virou um inferno. Mas como é a vida de negros pelo país? Fazer cena diante das câmeras, perdoando a moça, vai resolver os inúmeros casos de racismo que assolam os afrodescendentes? Aranha acredita que não, e Cosme Rímoli traz o tema em seu blog no R7. Leia a seguir.

Sugestão de Nilva de Souza

do R7

por Cosme Rímoli

Aranha ao negar se encontrar, abraçar a gremista que o chamou de ‘macaco’, mostra dignidade. Frustra tevês desesperadas atrás de Ibope. Faz muito mais pelos negros do que Pelé…

1reproducao8  Aranha ao negar se encontrar, abraçar a gremista que o chamou de macaco, mostra dignidade. Frustra tevês desesperadas atrás de Ibope. Faz muito mais pelos negros do que Pelé...

O enredo do show já estava armado. Produtores de programas importantes da tevê brasileira fizeram e fila para ligar para a assessoria de imprensa do Santos. Eles querem porque querem juntar Aranha e Patricia Moreira da Silva. Garantir pontos importantes no IBOPE com a reconciliação em rede nacional.

A mulher loira que xingou o negro goleiro de macaco. E que causou a eliminação do time que ‘é sua paixão’ da Copa do Brasil. O reencontro talvez com a músicaBlack and White de Michael Jackson tocada no piano. A plateia, escolhida a dedo, formada metade por brancos e outra metade de negros. Seria a garantia de primeiro lugar no horário. Os patrocinadores ficariam eufóricos. Quem sabe esses produtores conseguissem um aumento?

Ou então os apresentadores de um programa dominical ficariam no meio dos dois. De um lado, Patricia soluçando, chorando muito ao falar do caso. Não derramar uma só lágrima como na sexta-feira seria detalhe. Do outro, Aranha, depois dela pedir 18 vezes desculpas ao Grêmio e à sua torcida, chegaria a sua vez. No final da entrevista dupla, o câmera, já instruído previamente, faria o foco nas mãos tremendo da torcedora. O goleiro esticaria as suas. Viria o abraço. Com outras duas câmeras postadas. Uma para focalizar o choro sem lágrimas de Patrícia, a outra, Aranha emocionado. Aí sim, noite história. Sem esquecer, lógico, o logotipo de ‘exclusivo’ do início ao fim do encontro do século.

Mas graças à consciência de Aranha, nada disso vai acontecer. O máximo que se permitiu foi dizer que perdoa Patricia após o jogo de ontem contra o Vitória. Repórteres não esportivos estavam no Pacaembu esperando a chance de falar com ele para garantir a reconciliação. O jogador foi firme. Percebeu que a situação estava se invertendo. O agressor virava vítima e a vítima, o agressor.

O perdão ‘de boca’ a Patricia era necessário. Mas ele deu um golpe perfeito no racismo. Disse que perdoava a loira torcedora que o chamou de ‘macaco’. Só que não aceitaria encontrá-la. Não se submeteria ao teatro barato que a televisão estava tentando armar para ganhar alguns pontos a mais de Ibope. Aranha foi perfeito no complemento. Colocou as coisas nos seus devidos lugares.

“Queriam que eu desse o perdão sendo que ela não tinha pedido desculpa. Não tenho como antecipar as coisas. Desde o ocorrido, ela mostrou, amigos mostraram que não é uma pessoa racista, apesar de ter tomado um ato racista. Em vez de expor isso logo, ela sumiu, deletou rede social, não pediu desculpa. Demorou muito para tomar essa atitude.

“Perdoo, mas ela vai pegar pelo que fez. Do mesmo jeito que ela pediu perdão, estou desculpando, perdoando. Infelizmente, vai ter que pagar. Por mim, como pessoa, perdoo, sim. Mas, quando você erra, tem as leis.”

Aranha apela para as leis que ele mesmo enfrentou. A vida de negro no Brasil não é fácil. Vivemos em uma sociedade hipócrita. O goleiro havia garantido ter sofrido na pele a dor do racismo. E ele não ficou apenas em vizinhos de classe média alta que não dizem bom dia a um negro.

Aranha contou ontem para os repórteres e produtores que queriam a reconciliação hoje em rede nacional. Ele morava em Campinas e estava com amigos negros e um nordestino dentro de um carro. Estavam levando uma criança branca para um hospital. Foram vistos por uma pessoa dentro de um ônibus. Ela não se conformou com a cena e fez uma denúncia anônima à polícia. Passando as placas do carro. A certeza do denunciante, os negros estavam sequestrando a criança. A PM deteve o grupo.

“Eles chegaram e falaram que era para eu ficar quieto porque eu era suspeito. Depois me algemaram, me deitaram no chão e perguntaram onde estava a arma. Passei muita vergonha. Uma pessoa até me reconheceu.” O goleiro disse à Folha, em 2005.

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Foi algemado, tomou um soco e um chute. Só foi solto quando ficou constatado que era jogador de futebol da Ponte Preta. O goleiro ficou revoltado e fez Boletim de Ocorrência contra os policiais. O caso foi arquivado. Nada aconteceu com os soldados.

O racismo continuou seguindo Aranha. Ele casou com Juliana Costa. Ela é branca e tem três filhos brancos de outro relacionamento. O goleiro e ela têm a filha Sofia de três meses. Já havia passado por alguns constrangimentos na sua vida fora dos gramados. O que mais lhe incomodou no grito de “macaco” de Patricia foi o sofrimento de sua família. Todos ficaram muito chocados com a cena da partida contra o Grêmio.

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Choraram, mas evitaram entrevistas. Decidiram não transformar o caso em um show de televisão. Sua mãe, Benedita Duarte, só aceitou falar para uma emissora esportiva a cabo. “As pessoas que falaram têm a alma podre”, disse para a ESPN Brasil. Ela mostrou sua tristeza também com o árbitro Wilton Moreira. De uma maneira absurda, ele não viu os torcedores gremistas e não ouviu os gritos de ‘macaco’, ‘preto fedido’. Detalhe importante: Wilton é negro. Acabou suspenso por 90 dias pelo STJD.

Patricia teria motivos para se arrepender Não sabia com quem havia mexido. Mario Lúcio Duarte Costa decidiu não agir como o ídolo de sua Benedita: Pelé. O maior jogador de todos os tempos fazia de conta que não ouvia os gritos racistas que várias torcidas dirigiam a ele. Omisso, acreditava que sua grande preocupação era apenas jogar futebol. Perdeu inúmeras oportunidades de falar contra o racismo para o mundo todo. Teve incontáveis chances, mas preferiu se calar.

“Se o Pelé tivesse um pouco de noção ou sensibilidade, faria uma revolução neste caso [racismo]. Ele tem mais repercussão que líderes políticos e religiosos. Mas não, prefere ficar falando besteira. E, na boa, nem quero mais falar dele. Não vale. Temos que falar de Muhammad Ali, Martin Luther King, Nelson Mandela… Estes, sim, foram grandes líderes que aproveitaram o espaço que tinham para brigar pelos negros. Abdicaram de suas vidas e compraram brigas sérias, coisa que o Pelé deveria fazer e nunca fez”, desabafou Paulo César Caju ao UOL.

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Patricia e seus advogados conseguiram o perdão de goleiro, obrigatório por ele ser ‘cristão’. Mas a loira não terá o abraço do jogador em rede nacional. Nem as tevês terão os pontinhos a mais que tanto desejavam. Está cada vez mais evidente que ela escolheu a pessoa errada para chamar de ‘macaco’. Aranha está entrando para a história na luta contra o racismo neste país. Indo muito, mas muito além do que Pelé jamais se atreveu a ir…

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

28 Comentários

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  1. Jesus! Enfiaram o Pelé nessa

    Jesus! Enfiaram o Pelé nessa história!

    Só faltou além do Paulo Cesar Caju, a opinião do Romário, que falando é um….político.

    Ambos também negros.

    Esse Cosme, vou te contar, se morder a língua…..

    1. Concordo

      Colocar o Pelé nessa história é dose, e ainda mais do jeito que colocaram.

      Não tenho ainda opinião se a moça merecia ou não essa esposição toda na mídia. Ainda tô na dúvida. Só queria que esse tipo de punição também fosse aplicada aos que mandaram a presidente da república, uma senhora com a filha do lado, para aquele lugar diante das câmeras de todo o mundo.

      1. Pois achei oportuno

        Pois achei oportuno sim.

        Antes tarde do que nunca.

        Pelé só foi um bom jogador de futebol.

        Tratou de ganhar dinheiro ao longo de sua vida.

        De resto, tem um pequeno histórico de omissões sim.

        Entretanto, devo admitir que ele, tendo adquirido fama, não é o único que deixou passar a oportunidade de falar pelas minorias.

  2. Falem-me mais sobre os

    Falem-me mais sobre os dirigentes negros das Federações Estaduais de Futebol, dos grandes clubes paulistas e cariocas e da CBF? Eles são tantos… 

  3. Racismo e hipocrisia

    Faz muito bem o cidadão Aranha. Já não posso dizer o mesmo do profissional Aranha. Quem viu o jogo, e eu estava lá, presenciou o seu comportamento anti-desportivo ao simular lesões. Foram mais de 10 minutos de atendimento médico e dores falsas. Alguns dirão, faz parte do futebol, sim como faz parte xingar o juiz de FDP, xingar a torcida adversária de ‘viado’, etc.

    Fez muito bem o cidadão Aranha em não ser hipócrita. O mesmo não se pode dizer de um dos juizes auditores, que condenou o Grêmio por racismo, e possuia em páginas sociais diversas piadas de mau gosto sobre o tema.

    Mas este, não perderá o emprego, não será cruxificado pela mídia do centro do Pais, não será ameaçado por falsos moralistas e o principal, não pedirá perdão, como fez a jovem gremista Patricia.

     

     

  4. PerfeitoA sociedade está se

    Perfeito

    A sociedade está se movendo abismo abaixo pelas turbas.

    Neste caso a turba dos torcedores de um lado e a turba da imprensa de outro.

    Ambos procurando purgar os seus males intestinos

    Ambos se amparam em manadas.

    Ambos criminosos.

  5. Tem de ser duro!

    serei direto, acho um exagero a perseguição a menina, mas ao mesmo acho necessaria!  que sirva de exemplo para que os mediocres que ainda pensam em termos raciais acordem para o que os espera!

    lamento pelo que será a vida dessa menina dos proximos meses, mas novamente acho que tem de ser feito!  não podemos tolerar mais esse tipo de comportamento, ainda mais num pais multifacetado como é o Brasil, o racismo e anacronico numa sociedade civilizada e moderna!

    o Gremio tem de ser punido, apesar de sua culpa ser minima, mas sem punir o objeto de adoração desses infelizes que ofenderam o goleiro, outros irão repetir o mesmo erro!

    tem que haver punição, pois pessoas más somente entendem essa linguagem!  se tivessem discernimento não agiriam dessa forma!

  6. E O RACISMO NA SÉRIE D?

    Tá bom, o Rimoli mandou bem! Mas, e o racismo na série D? Não é glamuroso? Foi ontem…

    Do terra. com.br

     

    07 de setembro de 2014 • 21p2 • atualizado às 09h09

    Ato racista marca jogo entre Tombense e Operário na Série D

    Pouco mais de uma semana depois de atos racistas contra o goleiro Aranha, do Santos, marcarem o futebol brasileiro, um novo episódio de racismo aconteceu neste domingo. Pelo Grupo 6 da Série D, Tombense (MG) e Operário (MT) disputavam a oitava rodada da competição até que, aos 36min do primeiro tempo, a partida foi interrompida.

    Irritado pelo insultos raciais que vinham da torcida do Tombense, o goleiro Igor, do Operário, se irritou e chutou uma bola em direção à torcida e acabou expulso pelo árbitro. Um princípio de confusão aconteceu no gramado e a partida foi interrompida por 13 minutos.

    Exaltado, o goleiro Igor deixou o campo alegando ter sido insultado pelos torcedores diversas vezes. “Fui chamado de macaco no aquecimento. Bati um tiro de meta e me xingaram. Bati outro e me chamaram de Aranha”, disse Igor à TV Integração.

    Duas pessoas foram encaminhadas ao 4º Pelotão da Polícia Militar. Um deles foi reconhecido por Igor como o responsável pelas ofensas. O outro se apresentou como testemunha do acusado. O goleiro registrou um boletim de ocorrência.

     

     

  7. Quem tem autoridade para dizer o que é melhor para os negros?

    Texto apelativo e damagógico, raso e eivado de lugares comuns.

    Fazer referência a Pelé e cobrar-lhe posições sobre negritude? Já cobraram o mesmo de Neymar e Ronaldo Lazário. Quem tem autoridade para isso?

    Cosme Rímolí com certeza não.

    Paulo César Caju? Esse, sem dúvida, sabe o que é, no Brasil, um preto tentar conviver com uma sociedade branca sem abaixar a cabeça. Pode dar testemunhos de vida sobre o que é afirmar sua negritude e sobre o que é enfrentar a dependência química. Tem muito a ensinar, mas mesmo assim, só pode falar por si.

    Então a moça deve ser responsabilizada pelo racismo de nossas polícias ou pelo racismo atávico de nossa sociedade? Onde estão os líderes das torcidas racistas? Isso não interessa? E as posições dos dirigentes do Grêmio?

    Cosme age como mais um linchador oportunista.

    Ao fulanizarmos a questão, ao individualizarmos o caso, estamos reduzindo a sua gravidade, sua extensão e sua intensidade. Estamos perdendo uma grande oportunidade de marcar posição como sociedade a respeito desse assunto tão terrível no mundo inteiro.

    Não será por aí, pela demonização de um indivíduo, que se estabelecerá regras mínimas de como agir em novos casos de racismo. Porque eles acontecerão.

    Corremos os risco de, mais alguns meses, essa moça ser vista como vítima. Alegará a mesma perseguição e sofrimento que o texto conta sobre Aranha. Alguém descarta até que alegue sua dor pela atitude “intolerante” de Aranha que se recusou a ouvir pessoalmente se pedido de perdão?

    Não podemos cobrar nada de Aranha, só ele sabe o quanto lhe dói.

    Mas, deixar de se encontrar com a moça é, na nossa sociedade, um erro estratégico.

    Quanto ao elogio de Rímoli a essa atitude, bem, quanto a isso, é preciso saber antes se a Record faria parte desse pool de emissoras que cobriria o encontro.

    1. concordo com a seu comentario

      concordo com a seu comentario sobre o Pelé!  naquele momento ele agiu com um exemplo para os negros, que o sucesso também lhes é permitido!  as cobranças que fazem a ele e feita por gente que jamais teve que assumir verdadeiramente uma posição e sustenta-la perante a sociedade, o autor no maximo dá explicações aos colegas da mesa de bar!

      Neymar recentemente disse que não sentiu jamais precoceito, porque ele não era negro!

       

      Pele fez o que podia fazer em seu tempo!  

    2. Apoiadíssimo! Exigir de

      Apoiadíssimo! Exigir de alguém (qualquer um) que reaja de uma forma específica é palhaçada. Detesto e abomino essas exigências hipócritas.

  8. Na verdade acho que um

    Na verdade acho que um encontrao com a moça seria algo interessante pois denota autoridade moral , dignidade e riqueza de espirito.

    Ao contrario do autor  do post , nao vejo na recusa dele nada edificante, seria uma aula e um tapa na cara dos racistas que usarão algo dessa natureza para retroalimentar seus discuros de odio.

    Sobre algo assim ser um  show sensacionista a coisa é muito simples?:

    -Quem disse que o encontro teria que ser filmado? rs

    o que vejo neste texto é mais um radical boçal explorando causa nobre para disseminar ressentimentos mal direcionados.

    Racismo existe mesmo e isso nunca foi negado , no caso do Brasil em suamaior parte de afrodescendete para afrosdecentes de fenotipos distinto.

    Mas esses imbecis racialistas ignoram isso pois esta informaçao desmonta seus arsenais falaciosos sobre a existencia de um pais branco e preto…

     

  9. OXENTE!???
    Tô vendo mais

    OXENTE!???

    Tô vendo mais comentários indignados contra o Aranha, contra o Cosme, contra o Caju do que contra esta RACISTA do choro dissimulado.

    Ela que pague na forma da lei pelos atos criminosos cometidos.

    Se o destino quis que ela se tornasse o “boi de piranha” do rebanho racista, que seja assim.

    Lembram da sujeita, eleitora do Serra,  que queria “afogar” os nordestinos em São Paulo, na última eleição para presidente?

    Pois é.

    Ninguém lembra ou comenta mais nada.

    E de esquecimento em esquecimento, nós vamos seguindo a vida num país de racismo dissimulado e preconceito de origem e de classe social…

    1. Vixe!

      Vou contradita-lo porque acho que é exatamente este “espírito” que não devemos ter.

      O autoritarismo e a violência travestida de “justiça” são como ervas daninhas que crescem em qualquer quintal. Não vi ninguém “perdoando” a moça nos comentários (só um que “beirou” mas não chegou a tanto, me pareceu comentário de torcedor). O caso do Serra que você mencionou vai na mesma direção das atitudes da moça, só que ao menos nesse “episódio”, ela não mostrou desejo de matar ninguém. No meu caso me posicionei a favor do castigo através da justiça como deve ser em qualquer país democrático onde há o primado da lei. “Boi de piranha” é coisa de quem lida com gado.

      Nos países ditos evoluídos, sempre se procura fazer a justiça da maneira certa, e é isto que faz com que eles sejam evoluídos. Aqui no Brasil há um pensamento “mediano”, que sempre justifica que se tomem medidas radicais, vingativas e muitas vezes fora da lei, até que um dia nos transformemos num país evoluído e aí adotaríamos leis de país evoluído. Errado! Primeiro vem o império da lei, depois o país de “primeiro mundo”. E por favor não me julgue mal, quando digo “Império da Lei” não significa que sou a favor de passar a mão na cabeça de bandidos, em minha opinião além de trabalho social a garota gremista deveria “amarrar” uns dias de “cana”… Mas não muitos!

      Um abraço. 

    2. Concordo, em parte!

      Vixe, concordo contigo no ponto em que acabam por fazer parecer que o vilão é o goleiro e a moça a vítima! Teve ele uma atitude coerente com o contexto. Perdoou a moça, mas disse ser desnecessário um encontro entre ambos. Não seria interessante considerar que poderia ele ainda estar sob forte impacto emocional? Eu acho que ele foi perfeito em ser prudente! Eu também acho que a mensagem foi essa, no sentido de dar tempo ao tempo!

      Não foi aqui mesmo que contaram uma história do Getúlio Vargas sobre política, que se deve ter paciência e não se precipitar? Guardadas as devidas proporções, parece ser o caso, também.

  10. Até Pelé já foi vítima de racismo.

    Nessas horas, todo mundo quer ferrar o Pelé. O maior jogador de todos os tempos sempre foi comportado ou “um negro de alma branca” como se dizia naquela época. Na verdade Pelé não tem nada a ver com a luta dos pretos brasileiros porque antes dos 25 anos já fazia parte da elite.Foi ministro dos esportes de um governo de elite. Já foi recebido por papas, reis, rainhas e pelo menos, uns quatro presidentes dos Estados Unidos. Mas há uma coisa a favor do Rei do futebol que eu gostaria de documentar. Quando jogador, ele era o único daquele fabuloso time do Santos que tinha carro próprio. Quando os jogos eram no interior, os jogadores iam de ônibus de carreira, muitas vezes em grupos separados. Nessa história contada por Pelé, o maior ataque de todos os tempos (Dorval, Mengálvio Coutinho e Pelé e Pepe) estava no carro de Pelé, em direção a Araraquara, uns 300km da capital. O único branco do ataque era Pepe, que não estava no carro. Na estrada, Pelé foi parado pela polícia rodoviária. Reconhecido, foi liberado sem maiores problemas. Na entrevista ele contou que foi parado “porque havia 4 crioulos num automóvel, isso a polícia não perdoa.” Desde a infância pobre em Bauru, interior de São Paulo, foi a primeira e única vez que Pelé se manifestou contra o racismo, opu melhor, reconheceu que ele existe..

  11. A coisa se divide entre os

    A coisa se divide entre os que “são racistas”  e discordam do goleiro, os que “não são racistas” mas que também discordam em certas medidas porque querem as coisas a sua maneira  – de acordo com o que sentem e compreendem sobre o caso( e etc.) –  e os que concordam com as atitudes do goleiro . Vida que segue. Boa sorte ao jogador e sua família.Que façam o que acharem melhor para si mesmos sem se importarem com o que terceiros vão escrever ou dizer sobre o caso.  Tem todo o direito de não querer encontro coisa alguma sem ser criticado por isso.Óbvio que não será assim. E o contrário também, se quiser se encontrar com a moça, promover um churrasco de confraternização,bla bla bla , que seja. Fato é que ninguém tem a solução para o racismo que existe aqui , com suas particularidades e aspectos próprios. É muita conversa para quase nenhum efeito.De toda parte. Aliás, como sempre e em quase todas as questões brasileiras.

  12. Parabéns ao Aranha!

    O texto tem acertos e erros, não creio que seja bom. Ao menos deveria deixar claro que a moça tem que ser punida pela justiça, e não pelos “justiceiros de ocasião” que sempre se apresentam nessas situações. Aliás, sempre achei estranho o fato de ver tanta gente em portas de delegacias, frente das casas, etc. para confrontar pessoas que ficam famosas por maus feitos. Prova que ser apedrejador tem a ver com desocupação, autoritarismo e baixa auto estima.

    Nessa triste história, dou meus parabéns ao Aranha, que ao menos até o momento, reagiu na “medida certa” aos fatos. E como a maioria aqui, gosto de ver a nossa “gloriosa” indústria de desinformação e assassinatos de reputações, a grande mídia, se ferrar em sua tentativa de “deglutir” o episódio para proveito próprio.

    Assim como o Marco ST, também não achei legal introduzir o Pelé nessa história. Ele não tem nada a ver com isso, e não é verdade que ele nunca tenha feito declarações contra o racismo, pois ele já fez. O que ele não fez, nem nunca fará, é assumir a luta anti racista como causa de vida. O Edson Arantes do Nascimento sempre foi o que foi, é produto de uma época e meio social antiquados, como todo ser humano possui campos de inteligências específicas (para o futebol era fantástico), e tem pouca formação cultural voltada para o ativismo, ao contrário, sempre se colocou como um mantenedor do “status quo”. Ou será que ninguém percebe (e nem perdoa) porque ele fala tantas besteiras sobre os mais variados assuntos? A última que soube foi sobre a morte de um operário em obra da Copa, a qual ele acabou declarando como “normal”… Eu que o vejo dar declarações desde o tempo que jogava, entendo o que ele quis dizer, pois as mortes na construção civil, na indústria, etc., são episódicas, porém relativamente comuns, então ele “emplacou” o infeliz comentário: – Isso é coisa normal! Pronto, se ferrou todo ao ser acusado de ser insensível para com o drama da família do operário morto, quando ficou óbvio que ele não queria dizer isso. Ele apenas foi o que sempre foi, burro, inábil, e sem noção a respeito dos tempos em que vive. Está parado entre os anos 50 e 70 a muito tempo, inclusive na errática vida sexual, rs.

    Sempre fui contra dar dimensão maior do que se deve a famosos e personalidades, coisa que as mais variadas mídias não cansam de fazer. Em minha opinião a grande mídia deveria colocar a opinião das pessoas que realmente atuam e/ou estudam nos mais variados campos de atuação e interação humana, para depois nós os leigos formarmos nossas opiniões e fazer o devido “amaciamento” e “deglutição” do que é dito. e finalmente nos transformarmos nos atores sociais das mudanças objetivas na sociedade. Em tese a mídia, a imprensa etc., deveriam ser formadores de opinião com diversidade de ideias, e não é o que ocorre, pois hoje ela promove um pensamento único sobre vários assuntos e acaba se tornando ditatorial ao não permitir diversidade de pensamento. Creio que uma coisa é nós termos nossas “opiniões formadas sobre tudo” após um mínimo de racionalidade, após a compreensão dos problemas adquirida depois de ouvir, ver ou ler quem sabe, outra é botar a Valesca Poposuda num programa de auditório e faze-la dar declarações e opiniões que vão de merda a foguete, para gente que pensa que merda voa e foguete… Paro por aqui!

    Um abraço.

  13. Parabéns goleito Aranha. Se

    Parabéns goleito Aranha. Se couber processa ela e pede uma indenização. Tem que haver um primeiro. 

    1. E como ela vai pagar, é uma

      E como ela vai pagar, é uma assalariada bem modesta, o ridiculo não tem limites, ele não matou ninguem, aliás o torcedor que matou outro com uma privada  jogada  na cabeça teve menos xingamentos que essa moça.

  14. Dignidade seria ele receber

    Dignidade seria ele receber as desculpas da moça, demonstraria grandeza e atitude, faria muito melhor à causa do anti-racismo, tal qual Mandela se reconciliou com seus carcereiros brancos.

    O Brasil NUNCA TEVE O MESMO CONCEITO de racismo dos Estados Unidos. A diferença é a miscigenação. Nos EUA praticamente nunca houve miscigenação entre brancos e negros, a não ser com rarissimas exceções.

    Aqui logo após o fim da escravidão negros foram aceitos e se destacram na vida publica e intelectual, nos EUA isso NUNCA EXISTIU. Aqui tivemos Machado de Assis, André Rebouças, Pedro Lessa e Jermenegildo Barros (Ministros do Supremi), Domicio da Gama (Ministro das Relações Exteriores e Embaixador em Washington), a miscigenação foi generalizada no Brasil, NUNCA tivemos RACISMO EXPRESSO EM LEIS, como nos EUA até 1960, eu fui testemunha disso em 1950 na Carolina do Norte, em Charlotte, quando um menina branca me deu um empurrão e me jogou no chão porque eu estava bebendo agua em um bebedor marcado COLORED na loja de departamentos Filene´s. Em todas as lojas, estações de trem, aeroportos havia banheiros com inscrições em letras garrafais WHITE e COLORED, pretos não entravam em restaurantes, bares e hoteis de brancos, nos onibus só podiam sentar nas ultimas poltronas.

    Temos grandes familias com sangue ngro no Brasil, duas familias na lista de bilionarios da FORBES em São Paulo tem evidente sangue afro, muitos politicos do passado e atuais tem sangue negro, AS cotas SÃO INVENÇÃO AMERICANA.

    ridiculamente copiadas aqui, com AUTO DECLARAÇAO, o individuo se declara negro, a fraude impera, brancos sendo hoje expulsos de universidades porque se classificaram como negros, uma palhaçada.

    O movimento racialista visa tirar vantagens politicas de um falso racismo e para tal ALIMENTAM O RACISMO, criando onde não existe e aumentando onde ele é tenue. Politicos vivem disso, puxando o Brasil para trás.

    O Brasil é EXEMPLO MUNDIAL de boa vonvivencia de raças, deveria dar exemplo ao mundo e não fazer o contrario, como nesse epidodio do Gremio, AMPLIFICADO MIL VEZES, brasileiros falando mal de nós mesmos.

  15. O PERDÃO COMBATE O RACISMO

    Lembro-me, quando criança, que uma vizinha pegou seu filho brincando com dois meninos de cor. Imediatamente, chamou-o para dentro e fez ele tomar banho.Vá tomar banho, meu filho, dizia ela, você pegou nos meninos. Eu vi.

    As portas do trabalho eram fechadas para os  homens de cor. Só podiam ser cortadores de cana  de açúcar, serventes de pedreiros, lixeiros,  ou  seja,  os serviços mais rejeitados possíveis, na época. Não que não haja dignidade em exercer tais profissões. Eu admiro todos os trabalhadores, façam o que estiverem fazendo, principalmente aqueles que se submetem às profissões mais difíceis, como catar lixo.  Tenho vários amigos  que foram lixeiros e são pessoas maravilhosas,  dignas, nunca saíram de suas condutas honrosas e honestas.

    Porém, as  portas do trabalho e da escola estavam muito, mas muito bem fechadas para eles.

    Os homens de cor eram  tratados de uma forma humilhante,  como o clube dos brancos e o clube dos negros. No dos brancos,  o negro era proibido de entrar. Proibidos. Se conseguissem,  eram de lá retirados até à força. Na minha  cidade, por volta dos anos de 50, lembro-me, ainda, criança e adolescente, que existia a calçada dos brancos e a calçada dos negros, na hora do “footing”, o passeio rotineiro, quando os moços passeavam e os seus pretendentes olhavam para tentar escolhê-las,  era proibido que um negro ou negra frequentasse a calçada dos brancos.

    Era assim o racismo. E as expressões eram demasiadamente dramáticas, faziam  sofrer, é  claro,  todos os negros.  E eram propositais, pois o preconceito era demasiadamente  forte e trágico. Não me atrevo a reproduzir as expressões que se dizia, como se tudo fosse normal,  naquele tempo, pois tenho respeito a meus semelhantes.

    Não sou a favor e nem venho fazer a defesa da torcedora. Mas ao lado dela havia negros também. Penso assim que o objetivo do grupo era de desestabilizar emocionalmente o goleiro Aranha. Não podemos jogar toda a culpa do racismo, que ainda existe para cima da torcedora.

    Ela é uma das manipuladas pela mídia, como os coxinhas de hoje. Uma ignorante que pensa que tudo pode, mas não pode. E agora está caindo na realidade:“ A população não sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe” (Noam Chomsky).

    Houve uma injúria,  é claro, mas não o racismo,  tomado assim os conceito jurídicos de cada um deles.  Aqui junto uma explicação excelente, dada por Paulo Renato Bezerra, no blog Cena Jurídica

    http://blog.tribunadonorte.com.br/cenajuridica/racismo-ou-injuria-racial-quais-as-diferencas/769

    Portanto, houve uma injúria, um xingamento, agravado por ser racial, contendo todo o conteúdo do preconceito, mas não se constitui em crime de racismo,  onde há,  com toda a certeza, um conteúdo que se atreve a deter a cidadania do ser humano, direito que todos temos.

    Penso que deve, sim, Aranha,  perdoar a moça que lhe injuriou, pois seu ato não está ligado umbilicalmente ao racismo, este que é um crime imprescritível. Seu ato foi impulsionado pela ausência de responsabilidade que caracteriza grupos de torcedores em campo de futebol.

    Ela deve ser condenada, porém Aranha deve perdoá-la.

    As pessoas erram e, quando estão dispostas a pedir perdão, mostram que querem mudar. Devemos ter a compreensão necessária para entender que racista ela não é. O racista jamais pediria perdão. Eu os conheço e muito bem. Há rancor em suas almas. Não choram. Odeiam.

    Não podemos criar um clima de revanche. Combate-se o mal com o perdão.

    Somos todos iguais. E só com o ato de amor –  e este ato é tanto pedir perdão como perdoar – é que teremos vitória sobre o preconceito.

    Mandela perdoou e esta foi a sua crítica mais forte que não eliminou o racismo, mas trouxe, na África do Sul, uma igualdade na lei para todos. Mandela pacificou e mostrou o caminho. Sua grandeza foi ter a a dignidade para perdoar e entender que este é o caminho

    “Em julho de 1996, Mandela ainda estava lembrando ao Congresso Nacional Africano (CNA) num encontro privado de veteranos da luta:

    – Você não deve negociar seus princípios, mas você não deve humilhar a oposição. Ninguém é mais perigoso do que aquele que é humilhado.(Read more: http://oglobo.globo.com/mundo/a-capacidade-de-perdoar-fez-de-mandela-uma-figura-critica-11020379#ixzz3CjgSa9S6 .)

    Acho que Aranha deve perdoar.

    É o que penso

    A final, sou cristão! 

     

  16. Parabéns mais uma vez para o

    Parabéns mais uma vez para o Aranha. Primeiro pela queixa na polícia, depois por perceber a armadilha pseudo moralista de tentar forjar uma conciliação que só legitima as injustiças contra o negro no Brasil. Só faltou alguém dizer que “foi brincadeira”.

    O que é difícil demais pra essa gente atrasada da imprensa – e quem é tangido por ela – é que nao se trata de uma questão meramente pessoal: são as instiuições que têm que funcionar. Crime é crime (é impressionante ter que repetir isso)! A coisa está com o sistema de administração da justiça e a vida segue; cada um com suas reponsabilidades.

    Interessante seria acompanhar o andamento desse inquerito e de uma futura ação penal para ver no que vai dar isso. Muitos adoram uma “punição exemplar”, sobretudo para os pppps: quero ver agora.

  17. O articulista esqueceu de um

    O articulista esqueceu de um detalhe: o abraço de reconcicliação seria “logo depois dos nossos comerciais”. Desde o primeiro dia eu tinha a certeza que isso viraria um circo e me parece que a imprensa marrom ainda conseguiu transformar a menina em vitíma, sábado fiquei com a sensação de que os jornalistas intimaram o Aranha a perdoá-la, se não o fizesse seria linchado ali mesmo. Mas no fim das contas, ela é vitíma mesmo, assim como o Aranha, agora tratado por muitos como vilão, duas vitímas dessa imprensa podre que insiste em empestear esse país com seu lixo televisivo. Ao meu ver, Aranha errou ao prestar queixa, pois no dia seguinte o circo já estava armado e tudo que a imprensa precisava era da queixa do Aranha para levantar as cortinas do picadeiro, por isso foram até hotel pressioná-lo e praticamente intimá-lo a prestar qaueixa, da mesma forma que o intimaram a perdoar a menina.

  18.  
    Gostei da postura do

     

    Gostei da postura do goleiro do Santos. O Aranha é um cabra consciente, e parece ter lado. Especialmente por ter dado um nó neste podre jornalismo(?), digo, sensacionailismo deliberadamente obtuso, praticado sobretudo pela TV.

    Quanto ao Pelé. Esse é um gajo que não vale um Fhc, e um pedaço de fumo de corda de quebra.

    Orlando

  19. RACISMO

    Causa-me muita vergonha atitudes e comportamentos racistas. Isso prova que a educação é errada, que são heranças terríveis. São pessoas sem ética e desprezíveis. Sou branquela e não vejo razão para me imaginar melhor que as pessoas rosadas, marronzadas, negras ou outra cor. Temos que agir igual ao Aranha e não permitir que racistas pisem e tripudiem de negros, de índios… è por sairem de boa, sem punição, que a sociedade continua nessa desfarçatez e descriminação. Tem que criminalizar e punir. Não resolve nada se fazer que não escutou e engolir calado a agressão. O negro é orgulho para o brasileiro que conhece a história mundial e pensa com a ótica do oprimido.    

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