A imprensa que acusou, cala-se na absolvição, por Marcelo Auler

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

A imprensa que acusou, cala-se na absolvição.

por Marcelo Auler

Desde maio de 2013, a partir da chamada Operação G7, realizada na Polícia Federal do Acre sob o comando do delegado Maurício Moscardi Grillo – na época, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado no Acre, hoje, lotado em Curitiba – 21 pessoas foram massacradas pelo noticiário, com base em informações da polícia e do Ministério Público Federal (MPF). Foram acusados por suposta fraude na licitação para a construção de e 3.348 casas populares, ao preço de R$ 53 mil cada, em um montante de R$ 177 milhões. Por envolver um governo do PT e, mais ainda, Thiago Paiva, sobrinho do governador Tião Viana, o fato ganhou destaque na imprensa nacional. Mais do que justificado, jornalisticamente falando. Porém, como sempre, a imprensa abasteceu-se nas mãos de suas “fontes”, sem abrir  espaço às defesas. Agora, quando sai a absolvição, a maioria dos meios de comunicação, simplesmente ignora o fato.

Na segunda-feira, 09/01, ao ser divulgada a sentença de 31 páginas do juiz federal Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara da Justiça Federal de Rio Branco, descobre-se que ‘não há prova do delito’ atribuído a empresários do setor da construção e a ex-secretários estaduais.  O projeto para construção das casas populares foi considerado normal por Facundes que ainda ressaltou na sua decisão a construção de avenidas, praças, escolas, rede elétrica, esgoto, delegacias etc.. “O custo total estimado é superior a 2 bilhões”, registrou.

Na imprensa, que antes massacrou os envolvidos, (leia o artigo acima do engenheiro Wolvenar Camargo Filho, publicado originalmente no Página 20, também do Acre, falando do seu drama pessoal durante quatro anos e oito meses) nenhuma linha foi registrada, com exceção do Blog do jornal O Estado de S. Paulo, o jornal Página20, do Acre, e do blog do sempre atento jornalista acreano Altino Machado. Foi nele, por sinal, que li as declarações do governador Tião Viana, que reproduzo:

“O que se lamenta, no entanto, é a completa impossibilidade de reparação dos efeitos causados pelos excessos da tal Operação G-7, quando usou de força desproporcional, prendeu antes da defesa e expôs à execração pública pessoas sem culpa formada. Tais abusos chocaram a comunidade acreana, desestabilizaram famílias e se agravaram ao ponto de comprometer fatalmente a saúde de dois chefes de família que teve a sua exposição convertida em tragédia. Os fatos chamam à reflexão, aconselhando muita responsabilidade, humildade e parcimônia na aplicação do poder, na abordagem política e no trato da informação em episódios que exigem esclarecimentos públicos, mas não devem prestar-se à massa de manobra de interesses ocultos”.

Continue lendo…

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Curitiba

    “hoje, lotado em Curitiba”………………

    Impressionante a “coincidência” da flor da meganhagem estar reunida em Curitiba!

    Terá também esse Doutor Delegado se especializado no grande pais do North?

  2. Em resumo

    Manchete contra petista, silêncio a favor… E contra os tucano e outros sacanas… E assim somos “informados”, a vida segue sua programação com seus caldeirões de bem-estar e stabilshment. Regado agora a 100 bilhões de incentivos e liberação para reajustes de pay per views de bandas largas.

    Paga o pobre, a classe média e até o rico, o preço da omissão ampla ao rompimento democrático para continuar assistindo, on line e sem interatividade legítima, ao seu próprio controle irrestrito.

    Por enquanto…

  3. Blog do Josias

    O “interessante” jornalista disse hoje:” Como pode o Lula, que está de lama até o nariz, falar em ser o Salvador de pátria”. Será que quem está na lama até os cabelos não é o “interessante” jornalista, lama da mentira e acusações s/ nenhuma comprovação pelo “Aclamado” Moro e repetida ad nausean pelo “interessante” ?

    E adianta processar ? Se os próprios justiceiros do nosso mais que brioso MP é o pior de todos.

  4. O pressuposto está equivocado.

    Pressupõe-se que jornalismo é relatar fatos importantes. Mostrar os dois ou mais lados desses fatos. Separar fato de opinião. Esclarecer a população sobre o que está acontecendo de relevante. Fazer um contrapeso com o poder político, religioso, bélico, capitalista, etc.

    Partindo desse pressuposto ideal, porém, irreal (pois quem produz jornalismo são empresários e não profissionais técnicos e éticos, que procuram cumprir os princípios relatados acima no pressuposto) faz-se uma reportagem também idealizada.

    Do tipo, veja como foram injustos. Veja como erraram. Veja como fizeram um mau jornalismo (ideal). Como se esse fosse o objetivo que eles (os grandes empresários de comunicação – que comandam as empresas produtora desse conteúdo) perseguem. O que os empresários da comunicação buscam é poder, dinheiro e o fazem controlando e manipulando o mercado de comunição, o qual possui forte relação com o poder. Aliás, é um quarto (senão o primeiro) poder.

    É sob esse prisma realista que esses fatos devem ser analisados. Inclusive quando essas empresas produzem jornalismo elas devem ser vistas sob esse prisma, da dissimulação para enconbrir seus verdadeiros objetivos.

  5. Engraçado como são as coisas, quando alguém vai preso a imprensa voa em cima e chama o cara de bandido, marginal e todo mal agora quando é absolvido ninguém dá o direito de resposta.

    São Actus como esse que fazem a nossa imprensa não ter credibilidade

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador