As ideias fora do lugar, por Antonio Prata

 
As ideias fora do lugar, por Antonio Prata
 
“Si hay gobierno, soy contra!”: eis aí uma máxima tão repetida quanto cretina. Na democracia, ser contra todo governo, sempre, não é uma postura crítica, mas infantil. É não perceber que num sistema representativo cabe a nós não só eleger o governo como influenciá-lo, seja criticando-o ou mesmo o aplaudindo. A frase, contudo, tem seu charme. Empresta a qualquer resmungo de oposição o silvo de um morteiro republicano na Guerra Civil Espanhola. O cara pode ser um empresário corrupto que sonega milhões em impostos, mas basta dizer “Si hay gobierno, soy contra!” e fica se achando uma espécie de Hemingway redivivo, recostado numa colina de la Mancha, lutando contra o fascismo estatal.
 
Uma das consequências da chegada da esquerda ao poder (ou, pelo menos, da chegada de um partido com um discurso de esquerda), em 2003, foi dar à direita este selinho hype, de “Soy contra!”. De uma hora pra outra, o sujeito podia se referir ao Lula como “Aquele retirante analfabeto!” e não estava sendo demofóbico, estava fazendo uma crítica ao poder. Dizia “O melhor movimento feminino é o movimento dos quadris” e não estava sendo machista, mas lutando contra as feministas governistas que queriam castrar os machos livres da pátria. Piadas racistas e homofóbicas deixaram de ser vistas como reforços aos estereótipos de que o negro é inferior e de que o gay é errado ou doente, para se tornarem armas da livre expressão contra a “ditadura do politicamente correto”.
 
Aguentar a velha hidrofobia reacionária andando por aí de sapatênis e pomada no cabelo, se achando moderninha, seria um preço aceitável a se pagar, caso o PT tivesse instituído a pauta pela qual foi eleito. Hoje, então, negros e brancos teriam as mesmas chances no mercado de trabalho, estudando em nossas boas escolas públicas. Gays andariam de mãos dadas, à noite, sem correrem o risco de serem espancados. Mulheres poderiam recorrer a um aborto, caso todas as providências oferecidas pela excelente frente de planejamento familiar em nossa invejável rede pública de saúde houvessem falhado. O quatrocentão ressentido repetiria a toda hora que “Esse aeroporto tá parecendo uma rodoviária!”, mas deixaríamos quieto, afinal, ele haveria perdido seu camarote no topo da pirâmide social, num país que deixara de ser um dos mais desiguais do mundo.
 
O problema é que, com o PT no poder, tais melhoras não vieram. Embora a concentração de renda tenha diminuído um pouco, os 5% mais ricos detém mais de 40% da renda total do país. Nas faculdades, apenas 11% dos alunos são negros. Gays tomam lampadadas na orelha na Paulista. A polícia mata em média cinco pessoas por dia. As mulheres ganham cerca de 30% menos do que os homens e mais de 50 mil delas são estupradas, todo ano.
 
Assim, chegamos a este cenário desolador: no poder, uma esquerda esquizofrênica, incapaz de mexer em nossas feridas seculares, liberando, na oposição, as vozes mais raivosas, preconceituosas e reativas às mudanças que essa esquerda sequer promove.
 
Se fosse um ato de repúdio à desigualdade e à injustiça que se perpetuam, eu iria pra rua, hoje, acusar o governo. Mas pra andar atrás de um trio elétrico que estampa a imagem de uma mão sem o mindinho, ao lado de famílias que fazem “selfies” com a Tropa de Choque, licença: “Soy contra”.
Redação

28 Comentários

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  1.  
    … Ou seja, se combate “os

     

    … Ou seja, se combate “os governos trabalhistas petistas bolivarianos”, ainda que de bolivariano o ‘[tíbio] PT da Governança’ nada tenha!(?)

    Engraçado: lembrei-me de um tal *J. Pinto Fernandes!

    Realmente, no ‘braZil’, não há coincidências!

    *’A quadrilha de cada um

    Por Sérgio Saraiva

    https://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/a-quadrilha-de-cada-um-por-sergio-saraiva

    1. Falou tudo…

      Festa estranha com gente esquisita… E eu tenho de pegar o ônibus que vai passar pela praça da Liberdade…Vou ter que passar no meio desses imbecis controlados pela Globo!

  2.  
    … Também me preocupa a

     

    … Também me preocupa a poluição do ar na cidade de SUMPAULO do (S)erra &$ congêneres!

    Hoje, mais do que nunca, irrespirável!

    Passa a régua!

    *”Que eu quero passar com a minha dor!”

    *https://www.youtube.com/watch?v=Bzq2A-Bxjkc

    Piercing – Zeca Baleiro

     

  3. Governa Dilma!

    PRESIDENTA, VÁ À TV E DENUNCIE A TERCEIRIZAÇÃO. E DEPOIS VETE

    Se Dilma não pode governar, que não se torne sócia das medidas antipopulares que PMDB, PSDB e os outros partidos de direita (alguns da base) estão tomando

    EDUARDO GUIMARÃES | 9 DE ABRIL DE 2015

    O Capital está passando um rolo compressor em cima do Trabalho com o projeto de terceirização – que, na verdade, deveria chamar-se projeto de precarização (do trabalho). Desde a ditadura militar que não há um massacre trabalhista como esse.

    Qualquer trabalhador mais instruído – e quando se alude ao trabalhador não se está falando do “peão”, mas de qualquer trabalhador, inclusive os dos níveis hierárquicos mais altos – sabe que com esse liberou geral para as empresas terceirizarem os salários e os benefícios trabalhistas, seus direitos vão despencar.

    Em alguns casos, irão sumir. PMDB, PSDB e seus penduricalhos acabam de pôr no lixo a CLT, com o liberou geral da terceirização.

    Na prática, com a permissão – ou permissividade – para que as atividades-fim das empresas possam empregar terceirizados, os funcionários mais bem remunerados perderão garantias trabalhistas e benefícios.

    Para quem não entende o que está acontecendo, atividade-fim é aquela que atende à razão de ser da empresa. Se aquela empresa faz programas para computadores, agora os programadores poderão ser “terceirizados”.

    Na prática, esse profissional poderá ser demitido e recontratado como funcionário de uma empresa “laranja”, que pagará salário muito menor e fornecerá mão-de-obra para a empresa que antes o empregava.

    Antes, só pessoal das atividades-meio (faxineiros ou seguranças, por exemplo) podia ser “terceirizado”. Agora, são todos. Inclusive os “de cima”.

    O Capital está fazendo a festa. Os altos salários de hoje, que os trabalhadores conquistaram ao longo dos últimos 12 anos, vão virar pó.

    Para se ter uma ideia, a imensa maioria dos que foram às ruas no último dia 15 de março pedir a cabeça de Dilma também vai ser afetada. Veja só, leitor.

    E o que é pior: vão colocar a culpa disso em Dilma, sendo que esse projeto de terceirização que acaba de ser aprovado estava engavetado na Câmara havia 11 anos, pois a maioria governista das Legislaturas anteriores não permitia que fosse votado.

    Com a crise política que eclodiu a partir de 2013, o governo foi perdendo apoio popular e na eleição do ano passado uma maioria ultraconservadora se formou no Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados, abrindo caminho para a revanche dos patrões.

    Por incrível que pareça, porém, o projeto de lei da terceirização vai dar uma chance à presidente Dilma de mostrar ao povo quem é quem, e de que lado ela está.

    Em primeiro lugar, há que explicar que a imensa maioria do povo não faz nem ideia do que significa a terceirização. Inclusive, tem gente que vai se dar muito mal e que está achando tudo isso lindo só porque a aprovação dessa lei foi mais um golpe no governo e no PT.

    Pobres diabos. Quantos engenheiros, analistas de sistemas, operadores do mercado financeiro, advogados, analistas de TI etc., etc., que foram à rua protestar contra Dilma, não irão receber um bilhete azul e, em seguida, uma proposta de recontratação por empresa terceirizada, obviamente que com salário mais baixo?

    O enfraquecimento do governo e do PT abriu às portas para o Capital reverter o crescimento salarial que marcou os governos petistas. E tem assalariado – ainda que bem pago – que está apoiando esse arrocho de si mesmo só porque odeia o PT.

    É preciso, portanto, explicar ao povo o que é a terceirização, em primeiro lugar. Desse modo, a presidente Dilma deveria convocar (já, para ontem) uma rede nacional de rádio e televisão e explicar o que é a terceirização. Em seguida, deveria anunciar que, se a medida passar no Congresso, irá vetar.

    Sim, provavelmente o Congresso derrubará o veto. Porém, Dilma vai marcar posição, vai mostrar quem é quem.

    Se Dilma fizer isso, agradará a base de apoio real que já teve à esquerda, que ajudou a reelege-la e que está se omitindo diante do golpismo, e que, agora, percebeu no que vai dar se continuar apática.

    Além disso, agindo assim Dilma aplicará uma vacina na mais do que certa tentativa tucano-peemedebista-midiática de jogar nela a culpa pela terceirização – sim, é isso mesmo, os grupos políticos que aprovaram a terceirização vão culpar o governo pelo que fizeram, se a presidente não se mexer.

    Os malefícios da terceirização vão muito além dos supra elencados. Vão desde as condições físicas de trabalho até o direito de greve, e muitos outros direitos e benefícios trabalhistas.

    Para quem se informa, como os leitores desta página, é ocioso dar mais detalhes. O problema é o povão e mesmo essa classe média que, em enorme parte, vive do trabalho assalariado e é analfabeta política até a raiz dos cabelos, de modo que está fustigando quem lhe permitiu aumentar renda e salário nos últimos 12 anos.

    Dilma está tentando contemporizar com o Congresso de todas as formas. Contudo, é inútil. É como um time de futebol tentar agradar o time adversário fora de campo para que na hora do jogo ele não tente fazer gols.

    É hora de Dilma ter coragem. É hora de pagar para ver. É hora de dizer ao Congresso que se quer derrubá-la, que vá em frente. E depois o PMDB que descasque o abacaxi.

    A precarização do trabalho e o aumento da violência e da criminalidade que decorrerão de medidas como a terceirização e o encarceramento de adolescentes junto com bandidos perigosos, irá criar uma situação explosiva no país.

    O PMDB quer derrubar Dilma? Ela deve mandar o seguinte recado:

    — Vão em frente. Antes de cair, vou denunciar o que vocês estão fazendo com o povo. Quando a situação estiver bem ruim, vocês vão ver o que é bom para a tosse.

    Se o PSDB e o PMDB acham que o povo vai aceitar para sempre que coloquem a culpa no PT quando todo mundo estiver perdendo emprego ou sofrendo arrocho, estão loucos. Em seis meses todo mundo terá percebido a besteira que fez ao apoiar a direita.

    A rigor, Dilma já não governa. Já foi derrubada. Não passa uma semana sem que tenha que trocar ministros. Tem que pedir a benção do PMDB para qualquer coisa.

    Então, tanto faz. Se Dilma não pode governar, que não se torne sócia das medidas antipopulares que PMDB, PSDB e os outros partidos de direita (alguns da base) estão tomando. Do contrário, eles irão massacrar o povo e jogar a culpa nela.

    Presidenta, a bola está consigo. Esse abuso da terceirização é a chance perfeita para virar o jogo. Mesmo que perca em um primeiro momento – com a derrubada de seu veto e as ameaças golpistas –, ganhará em seguida.

    A hora é de ousadia e coragem, presidenta. Atributos que sabe-se que não lhe faltam. Use-os, pelo amor de Deus. Antes que seja tarde. Estão fazendo picadinho da CLT.

    http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/176557/Presidenta-v%C3%A1-%C3%A0-TV-e-denuncie-a-terceiriza%C3%A7%C3%A3o-E-depois-vete.htm

    1. Vamos parar para pensar

      Ao invés de xingar, vamos parar para pensar: por que se usa tanto terceirização hoje em dia?

      Barato não é: as firmas alocadoras de mão de obra cobram os olhos da cara. No meu tempo era cerca do triplo do salário em carteira de cada trabalhador terceirizado, não sei se ainda é. Os patrões podem até ser uns grandes FDP´s, mas os FDP´s geralmente sabem fazer conta muito bem. Se eles preferem terceirizar, é porque contratar diretamente sai ainda mais caro.

      Então, temos que admitir: alguma coisa está errada com a CLT. Quando uma lei passa a ser sistematicamente descumprida por um número cada vez maior de pessoas, é porque já não atende aos desejos da sociedade. A CLT, claramente, já deu o que tinha que dar. Criada por Vargas, foi uma cópia descarada da Carta Del Lavoro de Mussolini. Por algum tempo, cumpriu o seu dever razoavelmente, mas com a finalidade de seduzir o eleitorado, foram sendo criados mais e mais encargos trabalhistas. Parece um grande benefício ao trabalhador, não é? Mas vocês se esquecem que o valor que os patrões se dispõem a desembolsar é determinado pelo mercado de trabalho, e não pelo governo ou pela legislação trabalhista. Se o valor de mercado daquele trabalhador é X, e o total dos encargos trabalhistas é y, então o valor de seu salário em carteira será X – y. Foi o que aconteceu quando foi oficializado o 13o salário: o valor do salário em carteira foi diminuído em 1/12. Foi o que aconteceu quando foram oficializadas as férias pagas. Foi o que aconteceu quando foi oficializado o FGTS das domésticas. Enfim, contratar pela CLT tornou-se algo tão caro, complicado e arriscado que os patrões preferiram os serviços caríssimos das firmas alocadoras de mão-de-obra.

      Os altos salários que os trabalhadores conquistaram ao longo dos últimos 12 anos vão virar pó? Com certeza vão diminuir, mas isso não será por culpa da terceirização. O valor dos salários é determinado pelo mercado, e se a economia vai mal, a procura por trabalhadores diminui. De resto, não é verdade que os trabalhadores terceirizados sempre ganhem menos: na época que eu trabalhava na BR Distribuidora, os terceirizados ganhavam mais. Não tenho carteira assinada há 12 anos, e minha renda mensal melhorou, pois ao invés de pagar encargos trabalhistas, eu agora pago impostos de minha firma. Pois encargos trabalhistas nada mais são do que dinheiro que sai do bolso do patrão e entra no bolso do governo sem fazer escala no bolso do trabalhador. No dia em que a CLT for revista, e os encargos diminuídos, alguém tem dúvida de que os patrões vão mandar essas firmas alocadoras de mão-de-obra para as picas, e voltar a contratar diretamente?

      Outra medida para acabar com a terceirização seria acabar com a exigência de concurso para o ingresso na área pública. Concurso é para funcionário público, para cargos de responsabilidade que exigem uma formação específica, como fiscais, auditores, juízes, e não para trabalhadores comuns de empresas. Eu já trabalhei em empresa estatal como terceirizado e como concursado, e pude sentir o problema por suas duas vertentes. Por vezes havia necessidade urgente de um determinado profissional, mas fazer concurso necessitava de previsão orçamentária e uma enorme burocracia, mesmo se houvesse um cadastro reserva sobrado do último concurso podia não estar presente lá o profissional com o perfil procurado, ou se tivesse, estava atrás na lista e não podia ser contratado antes de todos os que estivessem na frente, enfim, não havia alternativa: era recorrer às firmas alocadoras de mão-de-obra. E hoje empresas como a Petrobras estão repletas de terceirizados, inclusive em áreas estratégicas e atividades-fim. No dia em que essas empresas puderem contratar à vontade, como fazem suas congêneres privadas, acabou o problema da terceirização!

       

    2. coragem política

      Espero queimar a língua, mas, infelizmente, não vejo coragem política na Dilma para fazer isso.

      A presidenta se assusta com a própria sombra.

      O longo comentário do jns mereceria um post no blog.

    3. Coach, sem filtro…
      Coach, o prognóstico é péssimo.

      Estou rouca de tanto “escrever” sobre isto. A Cassandra, manietada por Apolo, talvez tenha vivido algo próximo disto, mas creio que nem ela encontrou tamanha surdez e cegueira. Os troianos pelo menos lutaram.

      O que estamos assistindo aqui? Capitulação sem luta? Covardia? Desinteresse? Vou repetir, chefe, se este PL não for vetado, jogo a toalha!!

      Onde já se viu um bom combate em que se entrega as armas – e que armas – sem lutar? Onde o indispensável Sim, Sim; Não, Não!

      Cair de pé! Vencidos, mas não pelo cansaço, pela preguiça, pelo medo de perder confortos e facilidades. Cadê o soco na mesa? Onde o basta? E que tal rosnar, de verdade?! Canetar com vontade!!!

      Estou a caminho de um lar em que uma mãe perdeu seu filho, jovem. Uma tentativa de consolar uma dor para a qual não há remédio.

      O que vou encontrar quando retornar ao mundo real? Ainda meu país, ainda uma nação? Escombros? Dores iinconsoláveis? Perdas insubstituíveis?

      Onde está a autoridade conferida pelo poder legítimo?

      Onde está o Brasil e para onde vai?

      Breve estarei de volta. Terei também eu que partir para reencontrar meu país, perdido na bruma, levado pelo sono mórbido da deriva e do abandono? Contaminado, infeccionado pelo mal?

      1. O problema é que se a Dilma

        O problema é que se a Dilma não vetar, não é só você quem joga a toalha. Corre-se o risco real de o PT jogar a toalha. Ou pelo menos, a CUT, o MST, a UNE.

        E aí adeus governabilidade.

  4. Governa Dilma!

    Desde a ditadura ninguém metia a mão no bolso do povo desse jeito

    A última vez que meteram as mãos nos bolsos dos trabalhadores foi na ditadura militar.

    DCM | PAULO NOGUEIRA | 10/04/2015

    Protesto contra o assalto

    Protesto contra o assalto

    O governo Castelo Branco logo disse a que veio e extinguiu a estabilidade no emprego, um dos itens mais reluzentes dos direitos trabalhistas conquistados na Era Vargas.

    Em seu lugar, para facilitar as demissões, e nada mais do que isso, veio o FGTS.

    O fim da estabilidade foi uma das coisas vitais para que a ditadura acentuasse a desigualdade social no país.

    Os ricos ficaram mais ricos e os trabalhadores perderam. Ditaduras de direita sempre funcionam assim.

    Meio século depois, um novo assalto aos direitos trabalhistas acaba de ser feito com a aprovação do projeto de terceirização – e é extraordinário que tenha sido obra de congressistas.

    Deputados dependem do voto para se eleger e se manter. Por isso, ninguém espera que tomem medidas tão impopulares como a terceirização. É coisa para ditaduras, como aconteceu quando foi posto fim à estabilidade.

    Generais não têm compromisso com as urnas.

    Que os congressistas tenham feito o que fizeram contra os interesses dos trabalhadores mostra não apenas quanto é conservador este Congresso – mas como os deputados perderam o sentido de pudor e, mais que isso, de sobrevivência política.

    Os eleitores haverão de se lembrar de um por um entre os que disseram sim.

    O caso mais simbólico é o do presidente do Congresso, Eduardo Cunha. Suas ambições presidenciais morreram com a terceirização. A voz rouca das ruas jamais o perdoará.

    Cunha obteve uma vitória no curto prazo, mas arremessou ao lixo suas chances de virar presidente em 2018.

    Se há um fato positivo no drama da terceirização, ei-lo.

    Os argumentos a favor do projeto não poderiam ser mais hipócritas. Num editorial, o Globo festejou a terceirização porque “corta os custos” das empresas e “aumenta a produtividade”.

    Eis o Globo sendo o velho Globo de guerra. A criação do 13.o salário por João Goulart foi tratada como uma calamidade pelo jornal.

    Para empresas como a Globo, o mundo ideal é aquele em que o trabalhador não tem direito nenhum além de se esfolar pelos patrões.

    É a mentalidade que floresceu entre os capitalistas até meados do século 19. Coube à Alemanha, sob Bismarck, sistematizar as primeiras leis trabalhistas – férias, limite de horas, pensão.

    Não que Birmarck fosse bonzinho, mas porque a plutocracia alemã temia a força crescente da esquerda, inspirada por um certo Karl Marx.

    De lá para cá, as leis trabalhistas ganharam o mundo. No começo dos anos 1900 a Inglaterra também adotou sua legislação trabalhista que refletia os novos tempos.

    É triste notar que, no Brasil, a vida dos trabalhadores só melhoraria muito tempo depois, com Getúlio Vargas, o maior dos presidentes brasileiros.

    As empresas nacionais precisam mesmo de salários menores?

    A melhor resposta está, mais uma vez, na Globo. Considere a fortuna pessoal dos Marinhos, a família mais rica do país.

    É uma obviedade que, se os custos brasileiros fossem elevados, os Marinhos não teriam acumulado uma fortuna tão abjeta.

    A terceirização, como o fim da estabilidade, vai contribuir para o crescimento da desigualdade do país.

    A desigualdade é o maior problema brasileiro, sabemos todos.

    Pois o gesto obsceno dos deputados torna este problema ainda pior do que já é.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/desde-a-ditadura-ninguem-metia-a-mao-no-bolso-dos-trabalhadores-da-forma-como-fez-o-congresso/

     

    1. Dilma está governando

      Governa Dilma? Mas Dilma está governando. Ela está fazendo o que pode. Se você chega ao fim do mês com despesas maiores que receitas, a única coisa que pode fazer é cortar gastos.

      Desde a ditadura ninguém metia a mão no bolso do povo deste jeito? Não é bem assim. É parte integrante do modelo nacional-estatista meter a mão no bolso do povo por intermédio da inflação, como bem aconselhava Celso Furtado. Dilma fez o favor de ressuscitar o nacional-estatismo. É realmente muito prático criar um novo imposto – o imposto inflacionário – com uma simples decisão da área econômica do governo, sem passar pelo congresso e por aquela chatice de comprar deputados. Existe roubo mais engenhoso do que levar o seu dinheiro sem precisar tirar uma única cédula de sua carteira?

      O governo Castelo Branco extinguiu a estabilidade do emprego? Ainda bem. Era um desastre! Veja só: depois de dez anos no emprego, o empregado ficava praticamente indemissível. Aí instituiu-se a prática de demitir todo o mundo após nove anos. E os que conseguiam ficar, tornavam-se tiranos, não raro obrigando os colegas mais novos a trabalhar em seu lugar. Quando a maioria dos empregados tinha mais de dez anos, então, formava-se o famigerado “passivo trabalhista” que tornava a firma invendável: ninguém queria comprar, pois teria que arcar com um enorme passivo trabalhista. Então a firma ia piorando sua situação até falir, e aí não faz diferença haver ou não estabilidade no emprego, vai todo o mundo para a rua sem tostão. Muitas boas firmas terminaram assim, um bom exemplo foi a Fábrica Nacional de Motores (FNM), que por causa do passivo trabalhista acabou privatizada a preço de banana para a Alfa Romeo.

      O FGTS criado por Castelo Branco foi uma alternativa bem melhor. Mas melhor ainda seria se o FGTS fosse acrescido ao salário do trabalhador, ao invés de depositado em um banco do governo. Como bem melhor seria se o 13o salário fosse acrescido ao salário mensal ao invés de pago todo em dezembro. Como bem melhor seria se o INSS não fosse descontado em folha, mas o trabalhador tivesse a opção de escolher seu próprio plano de aposentadoria. Pois todos esses encargos trabalhistas nada mais são do que dinheiro que sai do bolso do patrão e entra no bolso do governo sem fazer escala no bolso do trabalhador. A ilusão que o governo quer vender é que ele tem o poder de, com uma canetada, aumentar os rendimentos de todos os trabalhadores. Mas é mera ilusão: a quantia que sai do bolso do patrão não se altera, pois esta é determinada pelo mercado de trabalho, e não pelo governo. Assim, se o governo cria o 13o salário, os trabalhadores continuam ganhando por ano a mesma quantia de antes, pois o valor do salário em carteira tende a diminuir a fim de acomodar o 13o. O mesmo aconteceu quando o governo instituiu o FGTS para as domésticas: o valor do salário em carteira diminuiu. O que antes entrava no bolso das domésticas, passou a entrar no bolso do governo.

       

  5. Eu leio nada, ou quase nada,

    Eu leio nada, ou quase nada, sobre 2 dos 3 posts sugeridos religiosamente à meia noite.

       Minha atenção é com o Fora de Pauta.

           Eu coloquei esse artigo mais ou menos as 10 horas da matina– e ainda não publicado.

               O distinto colocou as 9: 18– então merece crédito.

                   Fico feliz que além de mim, outra pessoa tbm se interessou  sobre o assunto.

                      No mundo das trevas que estamos vivendo, não é fácil encontrar uma vela pra seguir o caminho.–mesmo que o clarão seja divido por muitos,

                            Valeu Odonir Ferreira.

  6. Não se cria riqueza por decreto

    “…seria um preço aceitável para se pagar, caso o PT houvesse intituído a pauta pela qual foi eleito”

    Acontece que para se tirar milhões da pobreza, é preciso gerar riqueza, e não se cria riqueza por decreto. A imagem de um país desigual onde “os 5% mais ricos detêm 40% da renda total” evoca a ideia de que a riqueza do país já existe, então bastaria distribui-la mais equitativamente. Supostamente os recursos estão todos lá prontinhos dentro do colchão dos 5% mais ricos, esperando para serem retirados e convertidos em escolas, hospitais e tudo o mais. É uma metáfora simplória. Os 40% da renda total detidos pelos 5% mais ricos não são conversíveis em ítens de consumo, pois estão aplicados em negócios variados, dos quais dependem milhões de trabalhadores.

    No poder, o PT fez o que estava a seu alcance e não foi pouco: aproveitou os bons ventos da economia mundial na primeira década, bem como a estabilidade herdada do Plano Real, e permitiu alguns anos de bom crescimento que tiraram muitos da pobreza. Mas o modelo petista não é mais que uma recalchutagem do velho nacional-estatismo que passou por Vargas, Kubitchek e pelos militares até esgotar-se na década de oitenta do século passado, conduzindo o país àquela combinação de crescimento baixo com inflação alta conhecida por estagflação. É a esse cenário que estamos retornando após mais um voo de galinha.

    Se você quer realmente ver negros e brancos com iguais chances no mercado, estudando em boas escolas públicas, então não basta combater o racismo, pois não é o racismo que causa esse estado de coisas, mas o estado precário da educação pública. Melhorar a escola pública custa dinheiro, mas criar cotas saem de graça, e ainda permitem boa propaganda da parte de militantes barulhentos. O governo petista, assim como todos os governos populistas, sustenta-se no ilusionismo, tal como fazem o animador do programa de auditório e o pastor da igreja que promete milagres. Mas toda ilusão um dia se acaba.

    1. Milagre ou estagnação

      O governo petista, assim como todos os governos populistas, sustenta-se no ilusionismo, tal como fazem o animador do programa de auditório e o pastor da igreja que promete milagres. Mas toda ilusão um dia se acaba.

      Muito bom Pedro conseguiu complementar muito bem. Só um adendo…

      O pastor ou o religioso em geral, contando com a Fé do suplicante conseguem de fato que o milagre aconteça, ja com o populista…

  7. Conheço bem o antonio.

    Conheço bem o antonio. Frequetador dos bares da vila madalena, escritor de novela da globo, intelecutal de butiquim, ego a mil.

    Estudou em colegiois de elite ditos progressistas.  Agraciado por sua filiação é adorado pelos grandes meios de comunicação por sua posição polida, como esta, deste texto.

    Como o PT não fez essa magica que prometeu. Muito simplista essa visão de mundo

    A culpa das vozes da direita raivosa é a esquizofrenia da esquerda???? Mas que raciocimio!!!

    Mas colunista da falha é assim tem que escrever não importa se tem algo para dizer.

    Muito ruim.

    Sub art

     

  8. Conheço bem o antonio.

    Conheço bem o antonio. Frequetador dos bares da vila madalena, escritor de novela da globo, intelecutal de butiquim, ego a mil.

    Estudou em colegiois de elite ditos progressistas.  Agraciado por sua filiação é adorado pelos grandes meios de comunicação por sua posição polida, como esta, deste texto.

    Como o PT não fez essa magica que prometeu. Muito simplista essa visão de mundo

    A culpa das vozes da direita raivosa é a esquizofrenia da esquerda???? Mas que raciocimio!!!

    Mas colunista da falha é assim tem que escrever não importa se tem algo para dizer.

    Muito ruim.

    Sub art

     

  9. Paranóia – Fobia – Auto-Derrota

     

    Acabou… Acabou…!

    Grita o locutor entusiasmado.

    O discurso de confronto do trabalhador com o capital morreu por si mesmo.

    Novos tempos surgem no horizonte. Graças a Deus.

    Resumo do dia.

    Mérito ou intimidação novo

    dom, 12/04/2015 – 11:09

    Ao contrário do que se pensa frequentemente, a pobreza aumentou no mundo, a riqueza concentrou-se e ampliou-se, os conflitos acentuaram-se e a humanidade cada vez mais tem o futuro incerto. 

    Uma ideia, por exemplo, que vez que outra circula sem a atenção que lhe deveria ser dada pela ESQUERDA, se de fato houvesse interesse de repensar a relação capital/trabalho e favorecer o emprego, seria instituir e distribuir o IMPOSTO PREVIDENCIÁRIO, englobando todos os encargos sociais, em cima do faturamento bruto de todas as empresas do país, chamando à contribuição também os “espertos” que extinguem postos de trabalho “contratando máquinas” e que empregam essa “economia” na redução dos preços dos seus produtos, inviabilizando, assim, que a concorrência permaneça empregando mão de obra humana, provocando, no mercado de trabalho, um “efeito dominó”.

    É realmente necessario repensar a relação capital trabalho, e não é a intimidação que farão os empresarios se disporem a oferecer direitos trabalhistas, direito subtende-se deveres como reciprocidade, e somente baseada na produção e no resultado que uma relação justa poderia acontecer. O pensamento antiquado e truculento que entende esta relação baseada no confronto  faz com que: – os conflitos acentuaram-se e a humanidade cada vez mais tem o futuro incerto. 

     

    A filosofia que discursa o conflito como a estratégia adequada na relação capital – trabalho se mostrou equivocada e deu errada um dos efeitos visiveis disto é que extinguem postos de trabalho “contratando máquinas” e que empregam essa “economia” na redução dos preços dos seus produtos, inviabilizando, assim, que a concorrência permaneça empregando mão de obra humana, provocando, no mercado de trabalho, um “efeito dominó”.

     

    E no Brasil mais recentemente fazendo com que a elite economica e tambem o governo, que igualmente o cidadão comum, o zé do chinelo, para sobreviver, utilizem o conhecido “jentinho”, com a terceirização. A intimidação não viabiliza qualquer previlegio, quem da previlegio somente o faz mediante o mérito, é assim que funciona a democracia e o capitalismo.

     

    Um dos méritos dos tempos de crescimento econômico e das políticas sociais do governo foi garantir que a chamada nova classe média pudesse olhar no longo prazo e planejar o futuro. Segundo especialistas em baixa renda, os 35 milhões de brasileiros que saíram da pobreza tiveram acesso não apenas ao iogurte e ao televisor de 42 polegadas. Finalmente puderam almejar o ensino superior, a casa própria em área com infraestrutura básica e assumir gastos fixos com serviços mais sofisticados – como a internet, que amplia a rede de amigos e as oportunidades de trabalho. Mas a recessão que ronda o País pode comprometer a escalada na pirâmide social.

    Durante a crise dos anos 80, ficou famoso o engenheiro que, sem perspectiva de atuar na área, abriu uma lanchonete na Avenida Paulista, em São Paulo, e batizou o local de O Engenheiro que Virou Suco. Souza espera que, após tanto esforço, não se forme para ser o engenheiro que virou chope.

    No que se refere aos mais pobres, que ainda almejam chegar à classe C, a discussão é outra. Segundo o economista Paes de Barros, a parcela bem mais pobre está escondida no interior do País: “Não se conectou ao mercado e, assim, é menos sensível a ganhos e também a perdas da economia”, diz. “A propagação da crise entre eles vai depender do ajuste fiscal: se o governo organizar o gasto público e preservar os programas, a crise não se espalha.”

    A dita esquerda está em crise. Seus partidos não conseguem apresentar soluções, dentro de seus ideias políticos, que agradem a sociedade e que sejam referenciais. O PT tem a maior responsabilidade neste processo, seja pelo histórico, seja pelo porte do partido e seja porque é governo.

    Os partidos de esquerda estão perdidos e não estruturam respostas positivas, replicam clichês políticos, estratégias desgastadas e discursos repetitivos.

    Isso lembra as reflexões de outro filósofo, Hebert Marcuse, que em seu livro Eros e Civilização de 1966 apontava para um “elemento de autoderrota” em todos os movimentos revolucionários que tentaram abolir formas de dominação e exploração: “Em todas as revoluções parece ter havido um momento histórico em que a luta contra a dominação poderia ter saído vitoriosa… mas o momento passou. 

    Antes de entender esse “elemento de autoderrota”, as esquerdas buscam rapidamente racionalizações para, talvez no íntimo, encontrarem explicações tranquilizadoras para uma derrota anunciada. 

    O crédito público educativo do FIES colocou milhares de brasileiros em faculdades privadas. Se por um lado proporcionou a oportunidade de inclusão e melhoria de vida, por outro permitiu que fossem, durante quatro anos de curso, diariamente doutrinados nas salas de aulas dentro da ideologia da meritocracia e empreendedorismo.

    O que há de novo hoje em dia? Um grande contingente que não se enquadra nos modelos acadêmicos anteriormente falados. Desde que podem se conectar, adquirem conhecimentos acerca da vida prática de países desenvolvidos, vêm como as coisas acontecem disfuncionalemente por aqui, seja em que área for, e não se identificam com quaisquer discursos ideológicos proferidos… simplesmente porque eles não cabemem sua experiência cotidiana… detestam sim esse ideário do coitadismos, das bolsas e das cotas, apesar de alguns serem deles beneficiados, porque já sentiram ne pele que  – até pode ser que essa “ajuda” inicial lhes benefciem – mas depois eles estaão por si só e para conseguirem sobreviver é necessário o mérito sim. É necessário que sejam bons, é necessário que sejam desafiados a se superarem.

    E o velho discurso do confronto morre por si mesmo.

    Novos tempos.

    1. Mais uma vez, bela síntese, Conde

      Sinto-me honrado em haver sido incluído/citado nessa tua “colagem/cinemática” de textos e sinceramente gostaria de possuir esse teu raro “dom”, de integrar, de maneira elegante e inteligível, as várias correntes de pensamento.

      Muito interessante!

      Parabéns!

      1. Afinidade intelectual

        Muito gentil Jose Mayo não é que estes blogs vieram substituir surpreendentemente com as comunidades extintas do Orkut, onde pessoas com afinidade intelectual se reuniam, formando opinião e de alguma maneira encontrando satisfação diante da incorformidade de que as informações somente chegava ao publico cativa da ditadura da opinião da midia monopolizada.

        Abraços.

  10. ( …. )

    Hillary Clinton lança sua campanha presidencial para 2016

       Hillary Clinton         ✔ @ HillaryClinton

    Estou concorrendo à presidência. Os americanos precisam de um campeão, e eu quero ser este campeão.   -H https: // http://www.hillaryclinton.com

                            04:27 – 12 de abril de 2015

     

       Chelsea Clinton         ✔ @ ChelseaClinton

    ! Muito orgulhosa de você Mom @ HillaryClinton : http: //hillaryclinton.com/

                            16:10 – 12 de abril de 2015

     

    O HuffPost publicou uma média de pesquisas de vários fontes, mostrando que Hilary Clinton tem uma liderança sólida contra seus potenciais adversários democratas nas convenções primárias.

     

      Hillary Clinton  59,7%

      Joe Biden  12,0%

      Elizabeth Warren  12,0%

      Bernie Sanders  5,4%

      Martin O’Malley  1,4%

      Jim Webb  1,1%

      Brian Schweitzer  0,0%

      Indeciso

      Outro

     

      Mais informações:

    http://elections.huffingtonpost.com/pollster/2016-national-democratic-primary

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