Decisão de Trump sobre imigrantes é extremamente grave, diz Instituto da Cultura Árabe

 
Jornal GGN – Por meio de nota, o Instituto da Cultura Árabe classificou como uma “atitude precipitada” o decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que proíbe a entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana, como Síria, Iraque e Líbia.
 
A ordem é “extremamente grave”, diz o instituto, já que vai contra a lei e a constituição dos EUA, além de desrespeitar princípios básicos dos direitos humanos.
 
O ICArabe Brasil também mostra preocupação devido ao atentado ocorrido em uma mesquita em Quebec, no Canadá, no qual seis pessoas foram mortas. O órgão crê que o ataque foi estimulado pelo decreto de Trump e que este tipo de violência poderá se repetir.

“As medidas adotadas pelo presidente Trump constituem uma afronta a todos os acordos e declarações da ONU, desde o fim da 2ª Guerra Mundial até o presente”, afirma o instituto.
 
 
Leia a íntegra da nota abaixo: 
 
NOTA DO ICARABE SOBRE AS MEDIDAS DOS ESTADOS UNIDOS EM RELAÇÃO A REFUGIADOS E IMIGRANTES
 
O Instituto da Cultura Árabe (ICArabe Brasil) lamenta profundamente a atitude precipitada do sr. Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Sua ordem executiva, proibindo a entrada no país de cidadãs e cidadãos de origem de sete países de maioria muçulmana, além de aprisionar dezenas em cadeias, sem nenhum crime cometido, é uma atitude extremamente grave. Além de desrespeitar a lei e a constituição de seu próprio país, desrespeita os princípios básicos dos direitos humanos. Bastaria ouvir o repúdio dos tribunais do poder judiciário e os gritos da própria sociedade civil norte-americana, além do repúdio manifestado por vários povos e pelos seus respectivos governantes.
 
A preocupação do nosso Instituto tornou-se ainda maior devido ao triste atentado de ataque armado à mesquita no Quebec (Canadá). Tal atentado, sem dúvida, foi estimulado – e poderá se repetir – pelas medidas adotadas pelo novo presidente dos EUA. O crime cometido naquele espaço religioso resultou em mortes e feridos em números totalmente incompatíveis com o que nós conhecemos do Canadá em relação a acolher e respeitar os diferentes povos e assegurar a diversidade cultural e religiosa de todos.
 
As medidas adotadas pelo presidente Trump constituem uma afronta a todos os acordos e declarações da ONU, desde o fim da 2ª Guerra Mundial até o presente. É mais grave ainda que o senhor presidente, como representante da maior potência global, ignore a fase crítica que o mundo passa, com suas diversas crises, além da interdependência e interações entre os povos. Tal situação demanda e exige posturas e atitudes justas, democráticas e humanistas de todos os governantes e chefes de Estados. 
 
Temos a certeza de que a sociedade norte-americana, em sua maioria, não aceita e não pactua com estas medidas, por sua gravidade e pelo significado de retrocesso, abrindo-se as portas à barbárie. Esperamos que esta mesma sociedade saiba lidar com esse momento critico e guie seu governante para o caminho da harmonia entre as comunidades e entre os povos.
 
Redação

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  1. Suspeito de Québec: “troll” de direita e fã de Trump

    Alexandre Bissonnette, suspeito de atentado terrorista contra mesquita no Canadá, atacava feministas na rede e também apoiava Le Pen

    http://www.cartacapital.com.br/internacional/suspeito-de-quebec-e-descrito-como-troll-de-direita-e-fa-de-trump

    Alvo de bullying na infância, introvertido, socialmente esquisito, simpático a Marine Le Pen, a líder da extrema-direita da França, a Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, antifeminista e “troll” em fóruns online. Esse é o perfil inicial de Alexandre Bissonnette, 27 anos, único suspeito pelo atentado contra o Centro Cultural Islâmico do Québec, no domingo 29, que deixou seis mortos até aqui, todos eles homens, imigrantes e muçulmanos.

    Bissonnette foi indiciado na segunda-feira 30 por seis homicídios de primeiro grau, além de tentativa de homicídio contra cinco pessoas. Ele foi visto brevemente no tribunal, algemado, com um macacão branco. Ele não fez declarações ou olhou para o público.

    Até aqui, os investigadores canadenses não divulgaram um possível motivo para o ataque, mas os fatos parecem cristalinos. “Condenamos esse ataque terrorista contra muçulmanos em um centro de culto e refúgio”, afirmou Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, logo após o atentado. “Muçulmanos canadenses são uma parte importante da nossa nação, e esses atos sem sentido não têm lugar nas nossas comunidades, cidades e país”, afirmou.

    De acordo com a imprensa canadense, Bissonnette cresceu em Cap-Rouge, subúrbio da Cidade de Québec, e sofria bullying quando criança. Atualmente, ele morava em um apartamento a poucos quilômetros dali, próximo do campus da Universidade Laval, onde estudava Ciência Política.

    Ao jornal The Globe and Mail, Vincent Boissoneault, estudante de Relações Internacionais na mesma universidade e amigo de infância de Bissonnette, afirmou que os dois frequentemente brigavam por conta de política quando Bissonnette criticava refugiados ou manifestava apoio a Le Pen e Trump.

    “Eu o classificava como um xenófobo. Nem pensava nele como totalmente racista, mas ele estava fascinado por um movimento racista e nacionalista”, afirmou Boissoneault, em referência aos grupos linha-dura anti-imigração que crescem em especial na Europa. 

    Ainda segundo o Globe and Mail, amigos de Bissonnette afirmaram que, apesar de estudar Ciência Política, ele pouco se interessava pelo assunto até março de 2016, quando Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional e candidata à presidência da França, visitou Montreal, a maior cidade da província de Québec. 

    Ao jornal La Presse, dois conhecidos de Bissonnette afirmaram que ele era um apoiador entusiasmado de Donald Trump. Éric Debroise conhecia o suspeito de terrorismo por meio de um amigo e conversava com ele pelo Facebook. “A última vez que ele me escreveu foi após a morte de [Fidel] Castro e eu não respondi”, disse Debroise. “Ele estava incomodado que a mídia que ele julgava ser de esquerda não dizia nada contra Castro, mas era muito vocal contra Trump”, afirmou.

    Ainda segundo Debroise, no último mês Bissonnette estava isolado e deixou de se comunicar mesmo com seus amigos mais próximos. 

    François Deschamps, conselheiro vocacional e responsável por uma página no Facebook que apoia refugiados, descreveu Bissonnette ao Globe and Mail como um “troll” de direita. “Não era ódio puro, mas parte de um novo movimento identitário nacionalista conservador que é mais intolerante do que odioso”, disse. “Ele era alguém que fazia comentários frequentes nas redes sociais rebaixando refugiados e feministas”. Ao La Presse, o mesmo Deschamps afirmou que Bissonnette classificava as feministas como “feminazi“. 

     

    Atentado Canadá"Unidos contra a islamofobia": manifestante presta solidariedade a muçulmanos na Cidade de Québec, na segunda-feira 30

    Ao mesmo jornal, um outro conhecido de Bissonnette, que não se identificou, mas com o qual ele teria trabalho por um breve período, afirmou que o estudante “nunca se referiu a violência como um veículo de ação política”.

    De acordo com a procuradoria canadense, a próxima audiência de Bissonnette está marcada para 21 de fevereiro. No domingo, todos os mortos eram imigrantes muçulmanos. Um deles, Khaled Belkacemi, 60 anos e nascido na Argélia, era professor da Universidade Laval, a mesma em que o suspeito estudava.

    As outras vítimas do atentado terrorista no Centro Cultural Islâmico do Québec são Azzeddine Soufiane, 57 anos, nascido no Marrocos, dono de uma mercearia e pai de três filhos; Abdelkrim Hassane, 41 anos, argelino e funcionário público especialista em tecnologia da informação e pai de três filhas; os primos Mamadou Tanou Barry, 42 anos, e Ibrahima Barry, 39 anos, ambos da República da Guiné e também funcionários públicos, sendo que o primeiro tinha dois filhos e o segundo, cinco; e Boubaker Thabti, 44 anos, assistente de farmácia, pais de dois filhos.

  2. Do El País

    https://jornalggn.com.br/noticia/decisao-de-trump-sobre-imigrantes-e-extremamente-grave-diz-instituto-da-cultura-arabe

    O autor do ataque em Quebec, um ultradireitista que abalou o país do acolhimento

    Alexandre Bissonnette expôs na internet ideias extremistas e se declarou seguidor de Le Pen e Trump

     

     Quebec  

    1 FEV 2017 – 11:14 BRST

     

    A sombra de Alexandre Bissonnette paira sobre os corredores longos e estreitos da faculdade de Ciências Políticas da Universidade Laval. Bissonnete, o canadense de 27 anos acusado pelo assassinato, no último domingo, de seis muçulmanos em uma mesquita de Quebec, estudava nesse campus, próximo ao centro religioso. Mas os alunos resistem a falar sobre o colega. Sentem que ele manchou a imagem da universidade, a mais antiga, em língua francesa, na América do Norte. E acreditam que o silêncio é a melhor receita para evitar um realce ainda maior para o seu gesto. O Governo do Canadá qualificou o ato como um atentado terrorista contra os muçulmanos.

    “Esse tipo de gente busca pela fama e pode estimular outras pessoas. O que deveríamos fazer é falar das vítimas, que são pessoas reais, e não apenas das ideias que o levaram a fazer isso”, diz Sarah Young, estudante de Ciências Sociais, de 25 anos. Ela não se mostra surpresa com a ocorrência do massacre. Enquadra-o na islamofobia crescente no Ocidente, que propiciou a realização de mais ataques por parte de pessoas que atuam solitariamente. “É assustador pensar que eles são assim. Achamos que é fácil demonizá-los, acreditar que não são produto da nossa sociedade, quando, na verdade, eles são isso sim”, acrescenta.

    À espera do avanço do processo judicial, é possível dizer que o ataque de Bissonnette reúne todos os indícios de que tem motivação islamofóbica. Segundo a imprensa local, ao ser interrogado pela polícia, o atirador admitiu sua hostilidade para com os muçulmanos.

    Começa a se formar o perfil de uma pessoa introvertida que expressava ideias extremistas na Internet, as quais poderiam ser interpretadas como uma antecipação de seus futuros atos violentos. Um homem com menos de 30 anos que ataca sozinho um grupo minoritário ao qual não pertence. Esse é Bissonnette. Seu alvo: os muçulmanos.

    Massacres desse gênero são raros no Canadá, mas o perfil de seu autor é o mesmo daqueles que perpetraram alguns dos massacres recentes no país vizinho e bem mais violento, os Estados Unidos. Em 2016, Omar Mateen matou 49 pessoas em uma casa noturna gay em Orlando. Dylann Roof assassinou nove em 2015 em uma igreja de negros de Charleston.

    Ex-cadete

    Em sua página no Facebook, o atirador de Quebec afirma ser seguidor do presidente norte-americano, Donald Trump, da líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, e de um grupo político do Quebec que defendeu algumas vezes uma reforma no modelo multicultural do país. Trump e Le pen defendem restrições à imigração de muçulmanos.

    Em editorial publicado nesta segunda-feira, o jornal Le Soleil avalia que o veto decretado na última sexta-feira por Trump à entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana pode ter estimulado Bissonnette a agir.

    Para Vincent, 24 anos, aluno da faculdade, o discurso discriminatório do presidente dos EUA pode ter funcionado como incentivo, mas ele destaca que grupos com “ideias extremistas e discurso de ódio” também ganharam terreno no Canadá nos últimos anos.

    Uma organização de apoio a refugiados estrangeiros de Quebec afirma que tinha conhecimento das “posições identitárias a favor de Le Pen e antifeministas” de Bissonnette. Alguns mais próximos o descrevem como solitário e bom aluno, mas que costumava intimidar os colegas. Mais alguns detalhes: ele foi cadete militar, cuidava de um apartamento próximo da mesquita e se mostrava interessado em armas de fogo, embora ainda não se saiba qual foi usada no massacre e como Bissonnette conseguiu adquiri-la.

    Quebec ainda busca explicações para o massacre. A área em torno da mesquita está coberta de cartazes clamando pela unidade e defendendo a força da diversidade. Guardadas as proporções, são palavras-de-ordem quase idênticas às dos cartazes que se viam em Orlando e em Charleston depois dos massacres ocorridos nessas cidades.

    Imigrantes viviam há anos no país

    As vítimas de Alexandre Bissonnette são seis homens muçulmanos, todos nascidos em outros países e que haviam emigrado para o Quebec em busca de uma vida melhor. Tinham entre 39 e 60 anos de idade. Dois eram da Guiné, dois da Argélia e os outros, Marrocos e Tunísia. A maioria tinha filhos.

    Azzedine Soufiane, 57 anos, estava há 28 anos em Quebec e era técnico em geologia; Abdelkrim Hassane, 41 anos, chegou à cidade em 2014 e trabalhava com informática, como programador; Aboubaker Thabti, 44, morava no local havia seis anos e trabalhava no setor farmacêutico. Mamadou Tanou, 42 anos, era contador, e um de seus melhores amigos também está entre as vítimas: Ibrahim Barry, 39 anos e de nacionalidade canadense. A última vítima, Khaled Belkacemi, tinha 60 anos e lecionava na Universidade Laval.

     

     

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