Membros do Exército cogitaram tiros de canhão para comemorar 31 de março

A "comemoração" do golpe de 64 será com tropas em forma, lembrança de 'fato histórico' e desfiles, dizem fontes entrevistadas pelo O Globo.

Jornal GGN – As rememorações do golpe civil-militar de 1964, que completa 55 anos no dia 31 de março (domingo), terão um efeito prático nos quartéis. Por determinação do presidente Jair Bolsonaro, os maiores comandos do país (entre eles Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Amazônia) vão realizar cerimônias em forma intramuros.

Segundo informações do jornal O Globo, que conversou com generais, os eventos contarão com a leitura da chamada ordem do dia, por um texto elaborado pelo Ministério da Defesa. Haverá até mestres de cerimônia e os militares serão perfilado para cantar o Hino Nacional. Os eventos serão encerrados com um desfile. Alguns membros do exército chegaram a sugerir tiros de canhão ao final dos eventos. Mas a proposta foi afastada.

Fontes do Exército disseram também que a cerimônia será para “relembrar um fato histórico ocorrido em março de 64”, “gostem ou não”. Afirmaram ainda que a ordem do presidente é para que a rememoração esteja restrita ao circuito interno dos quartéis. O texto que será lido teria um tom “conciliador”, registrando o período histórico como um “combate a uma tentativa de implantação do comunismo”.

Na segunda-feira (25), o porta-voz do Palácio do Planalto, o general Otávio do Rêgo Barros confirmou que Bolsonaro determinou a comemoração da data. O presidente nunca escondeu sua admiração a ditadura militar. O caso mais emblemático foi durante a votação do impeachment a ex-presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016, quando o então deputado federal mencionou o chefe do Doi-CODI: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.

Já na presidência, Bolsonaro continuou exaltando publicamente o período de autoritarismo no Brasil, chegando a elogiar dois ditadores de países vizinhos: Augusto Pinochet, no Chile, e Alfredo Stroessner, do Paraguai.

O golpe civil-militar de 1964, que levou a ditadura militar no Brasil por 21 anos, foi marcado pelo afastamento de um presidente da República, democraticamente eleito, seguido do fechamento do Congresso e prisões, tortura e morte de opositores do regime.

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, concluído no final do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, apontou 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da repressão.

Antes de Bolsonaro, e após o término da ditadura militar, em 1985, nenhum presidente jamais marcou a data de 31 de março como comemorativa. Na gestão Dilma, a presidente orientou que comandantes não celebrassem a data, causando incômodo por parte dos comandos.

Redação

1 Comentário

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  1. Well… posso perfeitamente aplaudir o Exército se ele der tiros de canhão no local em que Jair Bolsonaro costuma se esconder. Na verdade, ajudarei até a pagar as granadas explosivas e incendiárias. E vocês?

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