Projeto de arte urbana busca recuperação e valorização histórica do bairro Bixiga, em SP

O mural de arte urbana ‘Saracura’, de Diego Moura, deu início ao projeto da Cia. Teatro do Incêndio, no histórico imóvel tombado, de 1905, no bairro Bixiga

Foto: Divulgação

Da Cia. Teatro do Incêndio

A Cia. Teatro do Incêndio deu início ao projeto Cidade Extensão da Gente, idealizado e coordenado pelo coletivo teatral cuja sede está localizada na esquina das ruas Treze de Maio e Santo Antônio, imóvel histórico, de 1905, na entrada do tradicional bairro Bixiga, região da Bela Vista, em parceria com a Secretaria Municipal do Turismo e a InstaGrafitti. O imóvel é tombado como Patrimônio Cultural e Bem Imaterial pelo CONPRESP – Conselho Municipal de preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.

Um belo e singelo mural de arte urbana – o ‘Saracura, criado pelo artista visual e muralista Diego Mouro, é a primeira ação, entre várias, do projeto que busca transformar o espaço urbano em lugar de vida e convivência. O tema do painel alinha os afetos cotidianos da comunidade com a história do bairro, ocupando o paredão superior do prédio anexo à sede do Teatro do Incêndio, como uma grande proa vista em perspectiva logo na entrada do bairro.

No painel, Diego Mouro retrata uma mulher preta estendendo roupa no varal que, segundo ele, “é um retrato do cotidiano, uma atividade que, de alguma forma, reúne as pessoas pelas peças de roupas em um mesmo varal, uma imagem comum a muitos nessa comunidade”.

O artista se inspirou no fato do Bixiga ter sido o primeiro quilombo urbano, chamado Saracura, para onde alguns escravizados fugiam, passavam-se por trabalhadores junto aos alforriados e eram acolhidos por alguém que lhes oferecia um quarto. Isto fortaleceu a criação da comunidade: um bairro com tantas pensões, local de chegada de muitas pessoas.

“Uma mulher preta estendendo um lençol branco onde está escrito ‘Saracura’ é como ter uma mulher colocando para secar um passado que foi lavado, e também o embranquecimento de histórias”, comenta Diego. Para ele, “o painel fala sobre afetos coletivos e comunitários, traz essa nostalgia e retrata pessoas que vivem e se fortalecem até hoje, a partir e para as comunidades”.

O projeto Cidade Extensão da Gente entende o direito à cidade como um direito a si mesmo e traz uma proposta baseada em desejos e necessidades de pessoas que usam, moram, trabalham e visitam a localidade, conforme pesquisa realizada pelo coletivo.

Dentro do projeto, ainda está prevista a criação de ecoponto para descarte correto do lixo reciclável e orgânico, em parceria com um artista gráfico e com artistas do teatro e da música para intervenções de conscientização da comunidade; a manutenção das calçadas por meio de requerimentos e ações junto à prefeitura; e a instalação de espaço público mantido pela iniciativa privada, na Rua Treze de Maio, para ações culturais e sociais para a comunidade local.

 

Redação

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