Jimmy’s Hall retrata a intolerância na Irlanda nos anos 30

Por Henrique Torres

Ken Loach é um cineasta brilhante, que faz um cinema profundamente enraizado nas questões sociais e políticas, sobretudo no Reino Unido, mas com grande rigor, sem apelações para um conflito entre bons e maus, estereotipados. Pelo contrário, os filmes do diretor inglês têm o mérito de “tomar partido”, no melhor sentido do termo, sem se deixar levar por um esquematismo piegas. Seus personagens são profundamente reais e exprimem ao mesmo tempo a força do povo e as barreiras que se opõem – e, em muitos casos, vencem – a ela.

Seu mais recente filme, em cartaz no Rio, é uma prova de que se pode fazer grande cinema para lutar por ideias. Jimmy’s Hall conta a história (real) de Jimmy Gralton, um irlandês que volta ao seu país, nos anos trinta, após dez anos nos Estados Unidos. Animado por seus antigos companheiros e pelos jovens da pequena comunidade rural que o admiram, refaz o antigo galpão (hall) em que se davam, naqueles tempos, aulas de arte (pintura, literatura) e box e, principalmente, onde se dança muito – não só as belas danças irlandesas como, agora também, o jazz que Jimmy aprendeu em Nova York.

Como sempre nos filmes de Loach, existem fortes personagens que fazem contraponto ao “herói” – neste caso, o reacionário padre Sheridan, defensor das tradições e valores da igreja católica e da Irlanda e grande aliado dos proprietários de terra que vêm em Jimmy uma ameaça comunista. O confronto entre o líder popular e o velho padre é um dos pontos fortes desse filme, de onde se sai emocionado, mas sem perder o sentido da dura realidade (o final, como se pode supor, não é feliz).

Assistir Jimmy’ hall, além de um prazer para o intelecto, o coração e os sentidos (a música e as imagens são belíssimas), nos dá um pouco de forças para aguentar esses tempos sombrios em que estamos vivendo.

Aqui o trailer do filme:

Redação

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