Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Seis filmes para pensar o Natal, por Wilson Ferreira

Em sete anos de existência o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” sempre quis homenagear o Natal com sugestões e análises de filmes e curtas metragens que celebrassem com muito humor negro e surrealismo não apenas a data festiva mas também a controversa figura do Papai-Noel. Afinal, os leitores do “Cinegnose” merecem um olhar alternativo para uma data tão previsível como um Roberto Carlos Especial de todo final de ano na TV. Aqui estão seis sugestões de filmes que farão o leitor refletir sobre os simbolismos e ícones natalinos.

1 – Papai Noel pode matar em “Rare Exports”

Se Papai Noel é um personagem tão altruísta, por que ele trabalha na clandestinidade? Por que muitas crianças temem a figura de Papai Noel em  shoppings e parques? Por que a constante presença de papais-noéis assassinos e aterrorizantes na cinematografia? Essas questões em relação ao mito do Papai Noel são as motivações para o jovem diretor finlandês Jalmari Helander a desconstruir o imaginário desse personagem no filme Rare Exports (2010). 

Jalmari vai buscar as origens do mito natalino no folclore pagão, anterior à conversão cristã e norte-americana através da publicidade da Coca-Cola: há um imaginário subterrâneo e esquecido em torno do mito do Papai-Noel que insistentemente ressurge na cultura.

 

 

 

2 – Papai Noel: Modo de Usar (curta)

Jamais fume, fale palavrões, beba álcool ou tenha atitudes inconvenientes ao lado de um Papai Noel. Ele poderá matá-lo. Isso porque por baixo da roupa natalina esconde-se um raro ser ardiloso e cruel, caçado na Finlândia, treinado para executar o papel do bom velhinho e exportado para todos os shopping centers do mundo pela empresa Rare Exports Inc. Pelo menos é o que pensa o cineasta finlandês Jalmari Helander, um estudioso não só das origens do mito, mas da sua conversão publicitária norte-americana feita pela Coca-Cola. 

Os curtas Rare Exports Inc. (2003) e The Official Rare Exports Inc. – Safety Instructions (2005) são produtos da fixação do diretor pelo personagem e que, mais tarde, acabou resultando no longa metragem O Papai Noel das Cavernas ( Rare Exports, 2010): são fábulas que mostram o quanto de frieza administrativa, gerenciamento e treinamento de recursos humanos está por trás de cada rosto feliz dos papais noéis, funcionários e atendentes de toda a estrutura comercial que se traveste com signos da compaixão e do amor ao próximo. 

 

 

 

3 – Papai-Noel vinga-se do Cristianismo no filme “Uma Noite de Fúria

Um filme “trash” como “Uma Noite de Fúria” (Santa’s Slay, 2005) trás muito mais verdades do que toda a filmografia que pretende trazer fé e esperança por meio de uma figura tão controvertida como Papai-Noel. 

A recorrência de filmes que apresentam uma visão “pagã” ou “satânica” do mito natalino, confirma as origens histórico-políticas de Papai-Noel: Santa Claus e Satã são os dois lados de uma mesma moeda criada pela Igreja para que o Cristianismo ganhasse hegemonia sobre culturas dominadas por rituais de fertilidade que relembravam os ciclos da natureza, morte e renascimento.

 

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

3 Comentários

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  1. Feliz Natal?

    Qualquer profissional da área de saúde sabe, pelo menos assim se imagina, que organismos com carência proteica apresentam menor capacidade de defesa e se tornam mais vulneráveis.

    A ingestão de proteínas se dá através da boa alimentação. É ela que nos fornece os nutrientes necessários para o nosso desenvolvimento físico e mental. Assim, a fome é fator negativo determinante nesse sentido.

    A fome, para além de sensação percebida no dia-a-dia, representa necessidade básica da vida.

    Saciada, o homem sobrevive.

    Sobrevivência é instinto, algo de que todos os animais precisam.

    Mas o homem não é só instinto; é também um ser racional.

    O cérebro é uma estrutura nobre.

    Nele estão contidos, por exemplo, os neurônios, células que desempenham a nobre função de nos fazer pensar.

    É o poder de reflexão que nos difere dos animais, seres que não possuem a capacidade de raciocinar; seres irracionais.

    A incapacidade de raciocinar, claro, torna alguém irracional.

    Pessoas irracionais perdem, portanto, justamente aquilo que as distinguem de outros seres que não os humanos; os animais.

    A irracionalidade individualizada e momentânea é reconhecida e se explica na explosão de sentimentos primitivos presentes no homem.

    Para usar exemplo recente, o que se disse daquele rapaz que, repreendido por uma policial, uma mulher, por agredir a própria esposa, agrediu brutalmente a policial, num triste episódio cujo vídeo viralizou nas redes sociais?

    “Esse cara é um animal”.

    Estaria ele longe disso?

    Se a irracionalidade individual se explica na explosão, quem sabe incontrolável, de sentimentos primitivos do homem, a irracionalidade coletiva, não.

    Essa é induzida.

    A mesma subnutrição que reduz de forma significativa a saúde do homem na sua plenitude, também reduz a capacidade de desenvolvimento neuronal e das suas conexões sinápticas, que conferem ao homem plenitude mental e intelectual.

    Mentes desprovidas dessa plenitude mental e intelectual se tornam mais vulneráveis à invasão de sentimentos, ideias e comportamentos menos nobres.

    O homem fica menor.

    Pequeno.

    A irracionalidade coletiva é fruto de homens e mulheres reduzidos ao quase nada na sua capacidade intelectual pela mais safada e escancarada manipulação da realidade.

    Vivemos tempos difíceis.

    Vivemos em um país que, sob a farsa, hoje mais do que comprovada, do combate à corrupção, foi entregue a grandes e reconhecidos corruptos e vê a destruição das suas maiores empresas e invasão de empresas internacionais, com os mesmos problemas de corrupção.

    Um país que promove a destruição da indústria naval, recentemente recuperada, e vê desmancharem-se o investimento feito e conhecimento adquirido em energia nuclear.

    Um país que entrega a sua maior riqueza, o Pré-Sal, e sua maior empresa, a Petrobrás, detentora do maior know how do mundo em prospecção de petróleo no fundo do mar, a grandes conglomerados financeiros internacionais, leia-se Estados Unidos.

    Um país que entrega a sua infraestrutura de telecomunicação a esses mesmos conglomerados.

    Um país que, tendo experimentado ser protagonista pela primeira vez na sua história, perde a sua soberania e, como antes, se joga nos braços do seu colonizador.

    Um país que nesses dias de festas levantará suas taças em brindes, a despeito dos 12 milhões de desempregados que hoje possui e que somente a ignorância e consequente cegueira não permitem ver as verdadeiras causas de tudo isso.

    Veem-se aflorar sentimentos, ideias e comportamentos repletos de ódio e preconceito como poucas vezes observado, que transformaram o país num terreno minado onde o vizinho é inimigo. Um verdadeiro processo de indução coletiva rumo à chocante incapacidade de discernimento, de tal maneira que um povo historicamente pacífico não consegue mais olhar para quem está ao seu lado.

    E, pior de todas as coisas, pecado dos pecados, aproveitam-se de jovens, no auge da inocência e imaturidade, e violentam as suas mentes justamente quando alçam os primeiros voos na busca da cidadania.

    A desinformação e a sub-informação, tão evidentes nos tempos atuais, não conferem os nutrientes necessários para a formação do cidadão e levam ao desenvolvimento de seres com grande déficit mental e intelectual, com custo e reversibilidade imprevisíveis.

    Mentes mal alimentadas jamais permitirão o desenvolvimento de cidadãos plenos.

    Boas Festas (Assis Valente)

    Anoiteceu

    O sino gemeu

    A gente ficou feliz a rezar

    Papai Noel, vê se você tem

    A felicidade pra você me dar

    Eu pensei que todo mundo

    Fosse filho de Papai Noel

    Bem assim felicidade

    Eu pensei que fosse uma

    Brincadeira de papel

    Já faz tempo que eu pedi

    Mas o meu Papai Noel não vem!

    Com certeza já morreu

    Ou então felicidade

    É brinquedo que não tem!

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=8wpovHCGGuo align:center]

  2. No meu caso , que sou pago

    No meu caso , que sou pago pra resolver conflitos, prefiro filmes natalinos mais leves,Assim sendo,, Esqueceram de Mim  é uma boa diversão .

  3. Lamentável
    Este ataque de OUTRAS RELIGIÕES aos nossos símbolos.

    E o pessoal daqui ainda acha bom.

    Faça uma paródia de Moisés para ver o que acontece com seu BLOG!

    O ataque a símbolos católicos não para!

    E nem se dão conta disso, de que às produções são direcionadas neste sentido PORQUE são de OUTRAS religiões.

    Acham que é o acaso….

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