A tentativa de massificar a digitalização das empresas

Minha experiência como jornalista mostrou que qualquer programa é bem sucedido quando existir um agente organizador, que faça o meio campo com todas as instituições.

O vício brasileiro, de reduzir toda política pública à macroeconomia, acabou deixando em terceiro plano um dos grandes instrumentos, que é a capacidade do setor público de articular movimentos e parcerias em torno de temas relevantes.

Lembro-me muitos anos atrás, o então Secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Aníbal, reuniu várias pessoas em seu apartamento para levantar sugestões de políticas públicas. Na reunião havia o então presidente da Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), alguns empresários ligados ao tucanato.

Propus para ele um programa que seria batizado de Brigada da Informação. Primeiro, seriam identificados clusters empresariais no estado. Depois, enviado para cidade um grupo de especialistas – um de gestão (fornecido pelo Sebrae), outro de tecnologia (dos quadros do IPT), um terceiro do lado financeiro. Eles fariam um diagnóstico da situação local e do que poderia ser oferecido para as empresas.

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Finalmente, haveria um evento com a presença do Secretário, no qual as empresas interessadas poderiam se inscrever para receber o banho de inovação.

José Anibal anotava todas as sugestões em um caderninho. Fui estraga-prazer de lhe dizer que nenhuma ideia seria colocada em prática porque ele não possuía sequer método para organizar as sugestões. Dito e feito.

Minha experiência como jornalista mostrou que qualquer programa é bem sucedido quando existir um agente organizador, que faça o meio campo com todas as instituições. Foi assim com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) na gestão Delben Leite, montando eventos por todo o estado para estimular os associados a aderir a programas de qualidade.

Foi assim em Nova Serrana, Minas Gerais, onde um presidente de sindicato com visão articulou o apoio da Federação das Indústrias de Minas, governo estadual, Universidade Federal de Minas Gerais, gerando um polo da melhor qualidade.

Dai a relevância da Jornada de Transformação Digital, organizada pela nova direção da CIESP, sob a presidência do empresário Rafael Cervone.

Em geral, projetos dessa natureza dificilmente saem do piloto, com poucas empresas. A gestão Josué Gomes-Cervone decidiu dar escalabilidade. Foi montado um road show divulgando um curso com 8 etapas: diagnóstico, estratégia, otimização de processos, mapeamento, automação, digitalização, integração e indústria inteligente. O projeto foi montado somando as forças do CIESP, FIESP e Sebrae-SP.

Utilizou-se a estrutura da CIESP, espalhada por todo o estado. E montaram-se eventos regionais, com empresas de toda a região.

Ao mesmo tempo, foram gravados vídeos com os casos mais bem sucedidos, visando estimular as demais empresas.

Até agora, os eventos envolveram 5 mil empresas.

A primeira fase, de diagnósticos, já atendeu 539 empresas, com 157 ainda em execução. A segunda etapa, de definição de estratégia, está atendendo 870 empresas, com 12 projetos concluídos. A 3a etapa, da otimização de processos, tem 417 empresas em operação e 269 com trabalhos já concluídos.

Luis Nassif

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