Arthur Lira, a última das 7 pragas do impeachment, por Luís Nassif

Como ficamos? Como justificar a passada de pano do Supremo nos inquéritos que investigam Lira? Quem será o Davi a enfrentar um Golias?

Lula Marques – Agência Brasil

O Brasil está nas mãos de um chantagista, o presidente da Câmara Federal Arthur Lira. Ontem, ele ameaçou expressamente o governo, caso sejam reduzidos os valores das emendas parlamentares.

Trata-se de uma distorção fundamental, filha direta da irresponsabilidade institucional brasileira, da mídia, do Supremo, da Procuradoria Geral da República, ao se aliarem para a desmoralização total da política brasileira, para conseguir o impeachment de Dilma Rousseff.

Agora, o país está nas mãos de Arthur Lira, o que de pior a política brasileira produziu da redemocratização para cá. Ninguém ousa enfrentá-lo. Com a Câmara na mão, ele tem o Supremo submisso, o Executivo vacilante e a imprensa mais preocupada em pequenas futricas sobre declarações de Lula.

Em nenhum país civilizado, emendas parlamentares têm dimensão. O orçamento é visto como uma peça única, a serviço de objetivos claramente definidos – inclusive pelo Congresso – visando a otimização dos recursos.

Compare com o montante de emendas de outros países:

Quem é o homem que pegou o bastão de comando de Eduardo Cunha e se transformou no líder máximo do Centrão?

As principais acusações contra Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados, são:

1. Corrupção passiva:

– Em 2017, Lira foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostamente ter recebido propina de R$ 106 mil do então diretor da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), José Francisco de Lima, em troca de apoio político.

– Em 2019, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu a denúncia por corrupção passiva, mas rejeitou a acusação de lavagem de dinheiro.

– Em 2023, a Primeira Turma do STF rejeitou a denúncia por corrupção passiva, por maioria de votos.

– Em 2020, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) absolveu Lira por falta de provas.

2. Sonegação fiscal:

– Em 2017, Lira foi acusado de sonegar R$ 1,5 milhão em impostos.

– Em 2020, a Justiça Federal de Alagoas absolveu Lira por falta de provas.

3. Rachadinha:

– Em 2020, Lira foi acusado de desviar parte dos salários de seus assessores parlamentares quando era deputado estadual em Alagoas.

– Em 2021, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) absolveu Lira por falta de provas.

No ano passado, a revista Piauí teve acesso a relatórios da Polícia Federal sobre a busca e apreensão em locais relacionados com Arthur Lira. 

No endereço do motorista Wanderson de Jesus, os agentes apreenderam um caderno-caixa, mostrando saldos, repasses, destinatários e datas. As anotações manuscritas, que estavam dentro de um Corolla, referem-se aos meses de abril e maio deste ano. O nome “Arthur”, que os investigadores suspeitam referir-se ao deputado Arthur Lira, aparece onze vezes e vem acompanhado dos maiores valores, que totalizam pouco mais de 265 mil reais. Somando-se todos os depósitos anotados, o total dos repasses chega a 496 mil reais.

Não apenas isso. O orçamento secreto, administrado por Lira, se tornou uma usina de escândalos.

O Orçamento Secreto, oficialmente chamado de RP-9, é um mecanismo criado em 2020 que permite que o relator-geral do orçamento da União destine verbas públicas sem a necessidade de aprovação do Congresso Nacional. Essa falta de transparência e critérios claros gerou diversas suspeitas de favorecimento político e uso indevido de recursos públicos.

Principais Escândalos:

1. Superfaturamento:

– Em 2021, o TCU (Tribunal de Contas da União) identificou indícios de superfaturamento em obras públicas custeadas pelo Orçamento Secreto. Um dos exemplos foi a construção de uma creche em Roraima com orçamento 30% superior ao valor de mercado.

2. Favorecimento político:

– Reportagens investigativas revelaram que as emendas do Orçamento Secreto foram direcionadas para aliados do governo federal e para bases eleitorais de parlamentares.

3. Desvios de dinheiro:

– A Polícia Federal investiga diversos casos de desvios de dinheiro público envolvendo o Orçamento Secreto. Em um dos casos, um empresário foi preso por desviar R$ 10 milhões em emendas destinadas à saúde no Amazonas.

4. Compra de votos:

– Há suspeitas de que o Orçamento Secreto tenha sido usado para comprar votos de parlamentares em votações importantes no Congresso Nacional.

5. Falta de transparência:

– O governo federal se recusa a fornecer informações detalhadas sobre as emendas do Orçamento Secreto, dificultando o controle social e a investigação de possíveis irregularidades.

Como ficamos? Como justificar a passada de pano do Supremo nos inquéritos que investigam Lira? Quem será o Davi a enfrentar um Golias que tem, em suas mãos, o poder de impichar desde Ministros do Supremo até presidente da República?

Arthur Lira é a última das 7 pragas do impeachment lançadas sobre o Brasil, a partir do momento que as instituições atropelaram a Constituição e perpetraram Golpe de Estado.

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Luis Nassif

9 Comentários

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  1. Pela lista das absolvições e arquivamentos por falta de provas (kkkkk…), fica a dúvida: será que com tantos envolvimentos em escândalos de desvios, corrupção e machadinha e tantos materiais com índice probatórios, eu imagino que se eles fossem utilizado contra Lula, Dilma e qualquer político do PT (que avalio ser o único partido que quebra qualquer esquema criminoso, seja do centro, direita ou militar)imagino que se houvesse prisão perpétua ou condenação de morte, esses imaginários políticos do PT receberiam a condenação em tempo recorde. Vinda, a condenação, por parte de uma omissa, seletiva, inconfiável e decepcionante imprensa golpista, vassala e anti patriota, certamente a condenação já estaria pronta antes das edições fabricadas serem publicadas.
    Porém, também imagino que por onde passaram os processos e foram arquivados ou absolvidos as decisões criaram sim, muitas suspeitas. Goste o judiciário ou não, ele está em uma vitrine nacional e tudo que fizer será, cedo ou tarde, do conhecimento público que tem liberdade para expressar suas opiniões, suas críticas, elogios e suspeições.
    Assim funciona a democracia, livre e garantidora da total liberdade de expressão, dentro dos limites estabelecidos.
    Pode até parecer que não, mas nós estamos de olhos atentos.

  2. Nassif, uma leitura mínima, mas não atravessada, vemos que o judiciário ou apenas assiste ou finge que não vê. Dê numa lida no que escreveu sobre juízes em posto sobre o Celso de Melo.
    Reafirmo, estás esperando o que para mostrar como se aproveitam do Estado? Será que apenas na mídia tradicional?

  3. É o abismo que alguns tentaram alertar para quem dava apoio ao golpe contra Dilma inflamados pela mídia com benevolência do supremo e absurdo jurídico que foi a lava jato. Um país tomado por tudo que há de pior, e vai demorar para essas pragas desaparecerem e voltar a normalidade institucional. Isso é um pesadelo que vai durar muito tempo.

  4. O discurso de Arthur Lira, na retomada de atividades do Congresso, deixa claro quem provoca e a quem interessa a polarização política no Brasil.

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