É hora de Lula se preparar para a maior luta da história do país, por Luís Nassif

Cada vez mais aumenta a certeza de que a recuperação do país só será alcançada com estímulos à atividade produtiva, à indústria

Lula praticando boxe. Foto: Reprodução/redes sociais
Lula praticando boxe. Foto: Reprodução/redes sociais

Lula encontrou um Executivo visceralmente enfraquecido. Quinze anos de lambança Institucional deixaram o legado de um Congresso dominado pelo Centrão, uma discussão econômica incrivelmente emburrecedora, dominada pelo mercado, um Ministério Público ruim na área federal e descontrolado nos MP’s estaduais e um governo que cede em todas as frentes, nos cargos federais, na política econômica, nas concessões às Forças Armadas, em uma estratégia que não garantirá, sequer, que chegue ao final do mandato. E, do lado de fora do portão, a Hidra de Lerna da ultradireita e do militarismo aguardando para o próximo bote.

Agora que se livrou das dores nas costas, é hora de Lula começar a pensar em um plano estratégico. E por tal não se entenda simplesmente turbinar algumas políticas compensatórias, conquistar algumas concessões mínimas – o Copom aumentou de 0,25 para 0,5 o ritmo de queda dos juros, alvíssaras! -, e se perder na Torre de Babel das discussões inúteis,  taxa de juros neutra, PIB potencial, déficit de 0,8% ou 0,7%, e outras masturbações estéreis.

É hora de redescobrir o Brasil, não o da Faria Lima, mas o Brasil real. Cada vez mais aumenta a certeza de que a recuperação do país só será alcançada com estímulos à atividade produtiva, à indústria, da grande siderúrgica ao pequeno fabricante de roupas, das grandes cooperativas ao MST, mobilizando o maior ativo nacional, as inúmeras redes que cobrem o país de ponta a ponta.

Falo dos bancos públicos – embora já tenha queimado a Caixa Econômica Federal com uma indicação bizarra -, das federações empresariais, das centrais sindicais, da rede de associações comerciais, do cooperativismo, do MST, da rede de financiamento à inovação, da rede de universidades públicas plantadas nos primeiros governos.

O país precisa saber que existe saída, um presidente que luta por ele, que impeça que importações deletérias destruam a produção interna, que enfrente os fantasmas criados pelo mercado e reduza as taxas de juros, estimulando os novos investimentos. Tem que devolver o orgulho de ser brasileiro, o orgulho de consumir produtos brasileiros, o orgulho da pátria que acolhe populações de todo o mundo.

O maior potencial de um país não está nessa tolice inominável de ficar discutindo os dois pontos depois da vírgula do déficit público, mas na capacidade de amarrar de forma racional e criativa todos esses fatores potenciais de desenvolvimento, casar Sebrae com CNPQ, dar asas para a Embrapii, casar Embrapa cada vez mais com a agricultura familiar, a Petrobras com as universidades, dar uma função nobre para as associações comerciais, para as federações de indústria, para as centrais sindicais.

Dia desses, entrevistado por uma jornalista brasileira, o presidente da Intel dizia não entender a razão do Brasil, tendo tão bons engenheiros de sistemas, não ter conseguido produzir uma indústria forte no setor.

Tudo isso depende de tecnologia social, uma ciência que está a quilômetros da compreensão dos tarados do déficit público. É a capacidade de juntar setores diversos, complementares, em torno de objetivos comuns de criação de empresas e de empregos, de construção do desenvolvimento.

No já longínquo 2008, a crise permitiu ao país recorrer à mais forte das políticas públicas, os sistemas de participação, de aprofundamento da democracia, as Conferências Nacionais – embora nem todas as conclusões se tornassem políticas públicas -, o Conselhão, a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), uma grande ideia que não saiu do papel.

Meses atrás, o Instituto Roosevelt, dos Estados Unidos, constatou que a única salvação da democracia era o aprofundamento da democracia. Pesquisou os vários modelos participativos e constatou que o mais aprimorado era o brasileiro, com as Conferências Nacionais.

É hora de Lula partir para a guerra, não como El Cid, o Campeador, mas como o comandante de fato de maior batalha brasileira, a luta pela preservação não apenas da democracia, mas da Nação Brasil.

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Luis Nassif

9 Comentários

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  1. No meu ponto de vista, o Governo está dando segurança à nação. Hoje acordo e percebo que a máquina pública caminha, percebo que as Universidades voltaram a pensar e o povo já se sente mais confiante. Não há mais o risco de um golpe militar evocado a cada dia. Há muitos problemas, mas tenho confiança que serão resolvidos. No horizonte da nação sempre houve a ameaça de intervenção militar; mas hoje em dia quem ameaça mais é a ignorância. Esta, a ignorância permitiu que grande parte do povo aderisse ao apelo de soluções mágicas e ao apelo de salvadores da pátria. A pátria não precisa nem de salvadores e nem de mitos. Precisamos é de pessoas que trabalhem e se responsabilizem pelo que fazem. Este governo merece crédito. É um governo responsável!

  2. O q esta claro é q o setor IMPRODUTIVO ESPECULATIVO FINANCEIRO luta visceralmente parar ampliar mais ainda o .seu controle na economia mundial e podar o setor produtivo e o comportamento do seu funcionário aqui no Brasil ja mostra isso o dito CAMPOS ARRASSADOS NETO,há uma luta tb para impor uma agenda autoritária militar,produzindo e induzindo a opiniao pública a se envolver neste assunto,não entendem nada de povo,estamos cansados desta agenda e essa historia de terroristas comedores de crianças não vai colar,a midia corporativa perdeu o poder de impor narrarivas,nada de intervenção militar no rio,de misoginia e etc…deve insisrir no juros e o pq de ir quase metade do orçamento do Brasil nisto,sem mais,obg ggn.Obs:A agwnda deve ser puramente brasileira e sem influência de fora,a China tá fazendo parte do esquema tb,ficando ela com osetor produtivo abocanhando recursos básicos e necessários a produção em outros paises e os EUA com seu poder económico e militar(atenção eu disse econômico e militar sejam bom entendedores tudo esta ligado)se quisermos empregos de qualidade e economia girando necessário é twrmos gás,petróleo e etc. Totalmente sob nosso controle !!!

  3. O fato , o brasil nao cresce , pq sem reendustrialiçao a chance é zero , a tal salvaçao da democracia , o brasil nao foi e nao é democratico , as instituiçao nao sao democraticas , nas periferias do brasil isso é um mito , uma fantasia , aqui é bala e correria , o tal brasil real é cruel , o militarismo esta na porta , hoje como sempre a policia militar age solta , mas sempre foi assim , onde esta o problema maior hoje em dia nas periferias , simples , sao guardas municiapis agindo como outra policia militar , ate subdivisoes como a militar tem , uma verdadeira copia , hoje o prefeiro é um verdadeiro imperador .
    Aqui na perifeira esta cada dia dificil , bastava o lula deixar claro que guarda é apenas pra cuidar do patrimonio da prefeitura ,mesmo o STJ ja deixando claro que guarda nao é policia , nao pode abordar , prender , revistar caro e etc , mesmo assim estao soltos , o que nos sabemos , se vier uma ditatura , o que acho provalver , sera os guardas e nao a polica que sera usadas , pq é mais facil conter no municipio , como dissia o grande andre motta araujo , o governo lula deixou solto a PF , pq antes era centralizado tudo em brasilia , era como tinha que ser , deixou o promotores soltos , escolheu um STF pessimo e por ai vai , nao foi nem comemntar o governo dilma que tornou os delegados de policas em verdadeiros imperadores , deixou tudo solto , ok vao falar que foi passado e lula aprendeu , tudo bem ..

    A pergunta que fica , Lula tera coragem de colocar os gaurdas como manda a constituiçao ou vai deixar tudo solto ….. espero que ponha no lugar , pq o sonho do guarda é ser policia , se baixar outra ditatura nao sera como antes , sera pior , como disse andre a proxima ditatura vai se impor numa violencia terrivel , nao existem mais geisel , hoje é tudo ruim , deem uma olhada nos discursos do general mourao , é de arrepiar .

  4. Lula derrete a olhos vistos.
    Cede em todas as frentes,e esse comportamento, lentamente está crista-
    lizando a sensação de fraqueza.A população já percebeu.
    Cedeu no episódio dos militares,cede nps combustíveis, a promessa da
    paridade se esvaiu, e entregou até os dedos( Caixa)ao Lira, que agora
    é o Presidente do País aos olhos de todos , como foi no governo passado.
    Ministério impopular, sem comunicação, exatamente por não ter o que
    mostrar, por pura incompetência.

  5. NECESSARIO SE FAZ HAVER INDUSTRIAS ESTATAIS JA Q O CENARIO MUNDIAL LITERALMENTE PEGARA FOGO,JA AQUI?A PAZ REINARA VAMOS PRECISAR MAIS A FRENTE FECHAR A NOSSA ECONOMIA E DEIXAR OS DONOS DO MONDO FAZEREM O Q QUER,LÁ FORA,AQUI NAO .

  6. O mais importante nunca é dito! O ÚNICO PROBLEMA DO BRASIL É FALTA DE DINHEIRO NO BOLSO DO POVO!
    Quem vai investir numa indústria se o povo não tem dinheiro pra comprar comida?
    A política pública mais importante é um programa de RENDA UNIVERSAL pra garantir dignidade ao povo e alavancar a demanda interna! Sem isso a “reindustrialização” não passará de mero discurso!
    É uma vergonha o PT não ter coragem pra implementar a RENDA BÁSICA DE CIDADANIA (Suplicy) promulgada pelo Lula há 20 anos.
    O Bolsa Família é um tiro de chumbinho perto da bomba atômica renda universal que pode acabar com a pobreza em uma década!
    Infelizmente o PT é a “esquerda” que os banqueiros gostam. Até quando vamos continuar votando pra ser enganados?

  7. É real e urgente a necessidade de olharmos para o governo Lula com uma visão crítica das coisas. Não podemos passar a mão na cabeça e achar que está tudo bem, temos dois agentes de desestabilização do governo em suas entranhas: Campos Neto e Arthur Lira. Não se constrói uma administração fluída e precisa entregando cargos para sobreviver.
    O “Primeiro Ministro do Brasil” quer abrir caminho para a ultra direita voltar a desgovernar o país.

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