Demissões de cargos são vistas como retaliação a deputados que traíram Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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À esquerda, o deputado Jorginho Mello (PR-SC) acompanhado de Vissilar Pretto – Foto: Axe Schettini/LE Noticias
 
Jornal GGN – A liberação de emendas parlamentares e a criação de cargos comissionados não foram as únicas respostas de Michel Temer para os aliados que o apoiassem no enterro da sua denúncia na Câmara dos Deputados. O mandatário também resolveu demitir as nomeações ou pessoas relacionadas a parlamentares que votaram contra ele.
 
É o que indicou a Folha de S. Paulo, em reportagem que expõe a exoneração do superintendente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Santa Catarina, Vissilar Pretto, pessoa de confiança do deputado Jorginho Mello (PR-SC), que, por sua vez, votou pela investigação do presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
O engenheiro demitido ocupava a diretoria do órgão desde abril de 2014 e era nomeação de Mello. Dois dias após a votação no Plenário da Câmara, a exoneração de Vissilar foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (04).
 
A pasta de Transportes está sob o comando do PR, partido aliado de Michel Temer. As superintendências regionais do Dnit são distribuídas entre os parlamentares. Dos 39 deputados da bancada, nove votaram pela denúncia de Michel Temer. E Jorginho Mello foi um deles. 
 
A medida não deve ser isolada. Isso porque interlocutores do mandatário confirmam pressões feitas pelo PMDB e por deputados que defenderam Michel Temer na Câmara para exonerar e demitir todas as nomeações a apadrinhados de políticos que “traíram” o mandatário.
 
Em um balanço das votações desta quarta-feira (02), foram 89 deputados de partidos governistas que não quiseram enfrentar a opinião pública e votaram pela investigação do peemedebista. Agora, aqueles que votaram a seu favor pressionam o governo para distribuir os cargos dos “traidores” aos políticos “fiéis”. 
 
A reportagem da Folha indica que está em jogo, por exemplo, a diretoria de Administração e Finanças do Dnit. O diretor é apadrinhado do deputado Wellington Roberto (PR-PB), que também votou contra Michel Temer.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

12 Comentários

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  1. Michel Temer e sua turma

    Michel Temer e sua turma estão dando show de “profissionalismo” no que se refere ao fisiologismo. Trata-se de um evidente retrocesso institucional. Com todos respeito as meretrizes pela analogia: a Presidência da República está sendo tratada como elas. A camarilha nem faz mais questão de disfarçar. 

    Urge para o país mudanças nessa práxis de governança pela qual se imiscuem o Executivo e o Legislativo. Tanto por razões institucionais como de gestão pública, além, é claro, pelos aspectos éticos. 

    A Constituição delineia de forma clara as competências e responsabilidades as instâncias. A introdução da prática de lotear os cargos do governo tanto o torna disfuncional como facilita, até mesmo induz, a prática de corrupção. Nesse sentido, as ditas emendas parlamentares é uma excrescência. Servem apenas para atender interesses particulares(congressistas, prefeitos e empresas).

     

     

  2. Meu caro Costa, a demissão de

    Meu caro Costa, a demissão de indicados de quem não vota com o Governoé é praxe em qualquer democracia, pode haver mais ou menos nivel de cultura politica mas a essencia é a mesma, aqui ou na França oi nos EUA, ou é aliado ou não é.

    1. André, não é bem assim.

      O problema é que a administração pública está esvaziada de pessoal técnico, que num sistema normal seriam cargos de Estado e não de Governo. Não sei se este é o caso, mas muitos CCs em diversos pontos da administração pública em todos os níveis são profissionais que não estão dentro dos quadros partidários e simplesmente entram para ocupar algum lugar que deveria ter pessoas concursadas de carreira, logo simplesmente demitir a rodo é tão ruim como contratar da mesma forma.

    2. Não posso afirmar, porque não

      Não posso afirmar, porque não conheço, se tal prática de governança, na qual se imiscuem dois poderes no nível da execução orçamentária, é de uso nos países avançados. Entretanto, de tão grotesca suponho que não.

      Será que nos EUA há esse instituto “emendas parlamentares” pelas quais de forma enviesada o Legislativo invade a competência do Executivo no que se refere à alocação de recursos para obras nos nichos eleitorais de deputados e senadores? Idem para países da Europa, Ásia(Japão)? 

      Pelo que conheci e conheço esses recursos são desvirtuados e desviados. Como funci do BB trabalhei 28 anos no interior; destes, treze como gerência de agências. Certa vez numa dessas localidades(não citarei qual delas nem o nome do protagonista) sentou-se na minha mesa o vice-prefeito. Conversa vai, conversa vem ele relatou com funcionava o esquema tendo por objetivo a malversação desses recursos. Em resumo: o autor da emenda recebia x%, o prefeito y% via super faturamento das obras. Não seria exagero supor que essa prática se estendesse Brasil afora.  

      Sobre as nomeações de apadrinhados para cargos públicos: deveriam se restringir àqueles de cunho eminentemente político. Os de caráter técnico, mesmo na administração direta, deveriam se nortear por critérios objetivos, a começar pela competência e a respeitabilidade.

      Como se justificar políticos terem ingerência(apadrinhamento) nas nomeações para os presidentes de autarquias, empresas de economia mista e públicas? Acredito que em países civilizados inexiste essa práxis. 

      Do Iluminismo, especificamente de um dos seus maiores pensadores políticos, Montesquieu, herdamos um dos maiores avanços na dimensão da Política que se deu exatamente na estruturação funcional do Estado via divisão do Poder em três esferas autônomas, mas reciprocamente fiscalizadas: Executivo, Legislativo e Judiciário.

      Infelizmente, pelo menos no nosso país, tal princípio virou letra “morta”. O Executivo legisla, e até conduz o processo Legislativo; este por sua vez adentra na área daquele pelos métodos já expostos; e por fim um Judiciário que Legisla e não raro se interpõe nas responsabilidades do Executivo. 

      1. Meu caro Costa, na teoria

        Meu caro Costa, na teoria politica estou perfeitamente de acordo, é um desastre a nomeação de cupinchas ignorantes para cargos comissionados, ja fui vitima disso quando tive cargos na administração publica MAS meu comentario se refere a

        atualidade politica concreta de hoje e não de como deveria ser. Quanto aos EUA, não se iluda, lá tambem tem coisa bem parecida, vc quer coisa pior do que nomear doador de campanha como Embaixadores?  O cara não tem o menor treinamento diplomatico, um caipirão do meio oeste e é nomeado Embaixador em um Pais importante só porque foi doador de campanha ? Um terço dos Embaixadores americanaos estão nesse grupo, em Brasilia tivemos recentemente varios desses como Embaixadores dos EUA, nisso o Brasil é melhor, pelo menos nisso.

    3. Sobre cargos e compra de

      Sobre cargos e compra de aliados, favor consultar o segundo gabinete de Theresa May no Reino (ainda)Unido – esse que surgiu depois das desastrosas (para ela) eleições antecipadas, e que custou 1 bilhão de libras por 10 deputados do DUP. Ou então, ainda pra ficar no Reino Unido, a coalizão Tories-LibDem do gabinete David Cameron. E por aí vai.

      O problema é que quem tocou isso foi um governo em que ser pé-rapado da mão-levice não é suficiente, tem que ser no mínimo mestrado em picaretagem. Então fica a farra das emendas enquanto o Estado brasileiro está, no primeiro ano da PEC do Teto dos Gastos, se desfazendo a olhos vistos. A festa de cargos comissionados ocupando onde gente técnica está em falta.

      De novo: aliança é isso mesmo, traz a responsabilidade de ser governo (segurar os rojões) e o bônus de ser governo (cargos). O problema é este governo.

  3. Comentário.

    Demissões… oras, vamos lá.

    É do desejo de muita gente que o Estado funcione como uma empresa.

    Pois é.

    O grande lance de um golpe é mostrar quem é o dono.

    Demitiram o povo primeiro.

  4. Ué, não era o PT que cometia

    Ué, não era o PT que cometia esse crime contra a administração pública e o povo brasileiro? Quer dizer então que esses temeristas-GOLPISTAS-ladrões são muitíssimo piores do que o pior dos petistas? E qual a razão para ninguém ir preso eou responder processo criminal? Ficando em Santa Catarina, o atual deputado-estadual (o eleitor é de ignorância cavalar ou são todos corruptos) Leonel Pavan é o secretário de turismo (argh): afinal, ele foi flagrado pela Polícia Federal, em novembro de 2008, no banheiro do aeroporto Hercíclio Luz, em Floripa, recebendo 100.000 reais em espécie duns trambiqueiros curitibanos e, até hoje, não foi nem ouvido (já o processo é dos mais viajados: tjsc, trf4a., stj, primeiras instâncias e o escambau) e o processo, creio haver sumido em alguma enchente de saco de nosostros. País de merrecas-ladrões é assim: o desMoronado fica no pé do Lula e a caravana, ladra, diria o Millôr.

  5. *

    E pensar que o PT foi muito acusado de fazer aparelhamento na administração…

    O balcão de negócios já virou um leilão desavergonhado e o coxinhas da Fiesp que se diziam anticorrupção, parece que enfiaram as panelas no c*.

  6. TEMER ENSINA DILMA E O PT A GOVERNAR!

    Governo do PT = a “casa da sogra”, onde todos fazem o que bem entendem, sem serem repreendidos. Se a Dilma tivesse mandado pro olho da rua os traidores, e convocado a CADEIA NACIONAL DE RADIO E TV, para denunciar quem sabotou o AJUSTE FISCAL, o golpe seria evitado. Pois o povo defenderia seu governo nas ruas…

    E, mesmo sendo deposta, o governo Temer receberia gigantescos protestos. Entretanto, hoje vemos a tranquilidade no ar, porque 97% dos brasileiros evitam o conteudo politico de internet, e souberam apenas o que a globo contou.

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