Greve dos delegados federais foi um blefe por isonomia no reajuste salarial

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – A Federação Nacional dos Policiais Federais admite que a ameaça de greve durante as Olimpíadas é um blefe apenas para pressionar o governo do interino Michel Temer (PMDB) a elever o índice de reajuste salarial praticado com agentes e escrivães par que se equipare ao que foi concedido pelo governo Dilma Rousseff aos delegados federais. Em nota, a Federação lembra que os policiais que abandonam postos de trabalho podem ser exonerados.

Da Federação Nacional dos Policiais Federais

Na semana passada a Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) ameaçou entrar em greve, caso o governo não enviasse ao Congresso Nacional o projeto de lei de reajuste dos cargos da Polícia Federal e declararam estar em “estado indicativo de greve”, dispostos a cruzar os braços durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro.

Para o Presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Boudens, a ameaça de greve dos delegados foi um blefe: “uma associação de classe, como a dos delegados, não tem legitimidade por lei para decretar greve e qualquer paralisação pode ser tida como abandono de emprego, passiva de exoneração”.

Segundo Boudens, o objetivo da ADPF foi o de pressionar o Governo Temer para acrescentar ao projeto de lei prerrogativas para o cargo de delegado, visando isonomia com Juízes e Procuradores Federais, por terem conseguido incluir na Lei nº 13.047/2014 que o cargo de delegado de polícia tem “natureza jurídica.

Essa lei resultou da Medida Provisória nº 657/2014 que o Governo Dilma assinou às vésperas da reeleição presidencial e que todo processo legislativo foi concluído em duas semanas. Sobre essa votação, comentou o delegado federal e deputado Fernando Francischini: “Botamos o governo de joelhos”.

O Projeto de Lei de reajuste foi encaminhado pelo presidente Temer na quinta-feira (28) ao Congresso Nacional e manteve os termos do acordo celebrado durante o governo Dilma. Nele estão todos os cargos da Polícia Federal e de outras categorias de servidores, como os Policiais Rodoviários Federais, Analistas de Infra-estrutura e os Peritos Agrários, não somente dos delegados. Temer já havia se comprometido oficialmente de que iria manter todos os acordos celebrados pelo governo Dilma com as entidades de classe de todos os servidores. Os cargos da Polícia Federal foram um dos últimos a celebrarem o acordo e por isso ainda se aguardava o envio do projeto para votação.

A Fenapef vem buscando reverter no projeto de reajuste o valor menor que foi concedido para os cargos de Agente, Escrivão e Papiloscopista, em relação ao que foi concedido aos delegados e peritos. “Nada justifica um valor diferenciado por se tratar de uma reposição de perdas inflacionárias e também porque todos cargos integram a mesma carreira policial federal, definida na Constituição Federal (art.144, §1º) nas leis que tratam dos cargos da Polícia Federal”, comentou Boudens. Para ele, essa falta de isonomia entre os cargos da mesma carreira precisa ser revertida durante a votação do projeto de lei no Congresso.

Em ofício encaminhado na última terça (26), a Fenapef reiterou o compromisso de contribuir com o Ministério da Justiça e a Polícia Federal durante os jogos olímpicos, seja ocupando os postos deixados por eventual greve dos delegados, seja atuando em situações de urgência que eventualmente ocorram, durante e após as olimpíadas.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Inadimissivel greve de

    Inadimissivel greve de servidores armados, ilegal,

     

     

    Tivessemos um governo, peitaria e os que nã aparecessem para trabalhar que fpssem afastados, respondessem um PA gigantesco e ao final que respodessem pelo seus atos, o que estamos vendo é que cada um acredita que pode mandar no país como bem entender; o reajuste salarial é justo, que não é legitimo é greve de gente armada.

     

  2. Oportunismo

    o·por·tu·nis·mo
    sm
    1 Habilidade em aproveitar os fatos ou circunstâncias para obter algo.
    2 Prática de conduta adotada por indivíduo que, visando poder e vantagens, acomoda-se ou aproveita-se dos fatos e circunstâncias, sacrificando princípios morais.
    3 Procedimento ou conduta de quem, para vencer rapidamente na vida, faz uso de métodos desleais e inescrupulosos; carreirismo.

    (Dicionário Michaelis)

  3. Eu acho que o indicativo de

    Eu acho que o indicativo de greve foi um acordo de cavalheiros entre Associação dos Delegados da PF e o Temer.

    Temer sai ganhando porque pode dar mais um aumento com a justificativa de não atrapalhar a Olimpíada.

    A ADPF sai ganhando porque mostra força por ter batido de frente com o governo e ganho a disputa.

    Em outros movimentos paredistas a ADPF chamava a FENAPEF para participar, pois uma greve de apenas um cargo não faria sentido. Desta vez isso não aconteceu.

    Além disso me parece que nem os associados da ADPF foram consultados, o que seria obrigatório para uma associação de classe tomar uma medida de tal porte.

     

    Em resumo eu acho que tudo não passou de acordo entre uma classe oportunista com um presidente oportunista.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador