No Senado, Suplicy faz leitura da carta do movimento Black Bloc

Jornal GGN –  Ao ler a carta de um integrante do movimento Black Bloc, nesta quinta-feira (17), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) arrancou protestos por parte do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Suplicy destacou trechos do texto que defendem o fim da Polícia Militar e a reação efetiva do povo contra o autoritarismo e o abuso de poder. No documento, os manifestantes se definem como “a sociedade civil, a juventude e os trabalhadores indignados, por trás de um capuz negro”.

Para o parlamentar tucano, trata-se de uma mensagem “fascista”, contra a ordem democrática. “Eles querem se impor pela violência, na marra, são brucutus cuja atuação é incompatível com a ordem democrática. Com paus, pedras e marretas, eles estão criando deliberadamente uma ocasião para agir nas manifestações e protestos”, disse Aloysio.

Suplicy falou da importância da carta para ampliar a compreensão sobre o sentimento dos manifestantes e depois refletir a respeito. Ele ressaltou que, apesar de serem considerados vândalos mascarados por alguns que condenam as depredações, os jovens envolvidos nessa “busca por justiça” têm a simpatia de uma parcela da população. Contudo, enfatizou que não apoia atos violentos reproduzidos pelo movimento, pois retrai e desmobiliza a sociedade que deseja mudanças.

“As boas intenções deles, pelas práticas violentas, terminam sendo contraproducentes ao seu próprio objetivo”, disse Suplicy.

O senador também leu o texto do cientista político Márcio Sales Saraiva, apontando o cunho ideológico, da esquerda socialista, na atuação dos jovens militantes nos movimentos sociais e grevistas. Acrescentou que eles se inspiram em fontes anarquistas, são contra a opressão estatal e procuram “abrir caminhos” quando os aparelhos repressivos impedem a passagem dos protestos e passeatas. No entanto, com uma visão de “guerrilha quase romântica”, sem direcionamento, se perdem nas táticas sem estratégia.

O senador Aloysio Nunes contestou novamente dizendo que o movimento tem “caráter criminoso” em sua atuação e sugeriu que os manifestantes sejam presos.

“Para que eles meditem sobre a pertinência dos meios em relação aos fins, estudem com maior cuidado os textos clássicos do anarquismo e do socialismo, meditem sobre os princípios éticos de organização da sociedade, que passem um bom tempo na cadeia”, disse Nunes.

Por outro lado, Suplicy sugeriu a aplicação de penas alternativas como dar aulas na comunidade, atendimento em pronto-socorro ou construção de escolas. “Tentar compreender não significa apoiar”, concluiu Suplicy.

Com informações Agência Senado

Redação

4 Comentários

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  1. A criminalização do anarquismo e o Estado democrático

    Acabo de ficar sabendo que a casa do meu amigo Ameba, marceneiro, pai, anarquista e vocalista da banda anarco-punk Atack Epiléptico, foi vasculhada pela polícia com um mandato de busca e apreensão. Anteriormente ele havia sido o último preso político das manifestações de 7 de setembro em Belo Horizonte a ser libertado e agora responde ao seu processo kafkaniano (que inclui a surreal acusação de formação de milícia armada) em liberdade.

    O material apreendido: cartazes anarquistas (alguns deles, sem dúvida, cartazes de show), material sobre as manifestações. Não sei como foi a atuação dele no 7 de setembro, não estava lá e ainda não encontrei com ele depois de sair da prisão. Sabia que desde as jornadas de junho a polícia tinha marcado ele.

    O que a polícia e o ministério público pretendem com o material recolhido? Afirmar que ser anarquista e/ou punk é fazer parte de uma organização criminosa? Se for assim daqui a pouco me prendem também, posto que organizamos juntos um show a alguns anos atrás e tenho em casa uma boa quantidade de livros anarquistas, cuja a posse nunca imaginei ser ilegal.

    A demonização dos black blocs significa isso: qualquer ato da polícia, por consequencia do Estado, por mais violento (disparar insdicrimindamente bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, e agora até também munição convencional) e  estapafúrdio (como a apreensão de livros em uma manifestação e a proibição de usar máscaras que não se estende aos policiais) está previamente justificado. Leis criadas para punir o crime organizado e as milícias sendo aplicadas em relação a pessoas que acabaram de se conhecer em uma passeata.

    Algumas pessoas tem comentado que a total despreocupação com os direitos humanos e a legalidade  por parte da polícia nas manifestações é simplesmente uma extensão da sua forma de atuação usual na periferia. Concordo em gênero número e grau. Mas agora tais ações não são mais escondidas. Elas tem a aprovação da mídia, da esquerda e da direita. Como o “bandido” do discurso facista de Datenas e cia. e os judeus do discurso nazista, os black blocs (leia-se anarquistas e/ou punks independentemente da adoção da tática de Black Bloc) aparecem agora como criminosos a priori, não cabe a eles a imputação de um delito específico, com ampla defesa e proporcionalidade da sentença.

    A mídia, as classes dominantes e mesmo setores da esquerda querem sangue. O anarquismo é hoje o que o comunismo foi no período 1945-1964, uma linha de pensamento em relação à qual não valem as garantias do estado de direito. Nós sabemos o que veio em seguida…

  2. Acho que não se deve

    Acho que não se deve confundir as coisas: os anarquistas não devem ser presos ou intimidados por divulgar as suas idéias se a polícia esta fazendo isso esta errada! eles tem  o direito de se manisfestar, fazer panfletagem, ser contra a democracia,  se runir em grupos fazer passeatas pichar  o A está tudo certo! nada disso é ilegal fazer atos de desobediência civil ( “ocupe” por exemplo).  apenas se passarem  a usar armas de fogo ou bombas aí sim a policia( dentro da lei e eles com pleno  direito de defesa) deve agir  pois luta armada para mim só se justifica contra ditaduras.   é uma linha tenue porém é ela que separa a democracia da ditadura. A constituição não proibe a divulgação da ideologia anarquista portanto reprimi-los por isso é um ato  autoritário podemos divergir se opor as  idéias nunca reprimi-los apenas por isso.

  3. QUEM NÃO OS CONHECE QUE OS COMPRE

    Interessante é que, à semelhança dos Black Blocs, os PSDBistas são também bastante fascistóides. Prova disto é o retorno das balas de borracha, bem como a conivência e cumplicidade do governo paulista com gravíssimos abusos perpetrados pela polícia. Haja dialética para decifrar os aparentes paradoxos da realidade. NO PASARAN!

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