Governo Bolsonaro destruiu 1,9 milhão de vacinas contra Covid-19 doadas pelos EUA

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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As vacinas não foram distribuídas, mas estocadas até vencer o prazo de validade por falta de logística do Ministério da Saúde

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O governo de Jair Bolsonaro destruiu 1,9 milhão de doses de vacina AstraZeneca, contra a Covid-19, doadas pelos Estados Unidos, porque não foram distribuídas, mas estocadas até vencer o prazo de validade.

Os dados constam em relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), realizado no dia 1º de março, e divulgados por Carlos Madeiro, do Uol. Na auditoria, o TCU pede que os responsáveis pelo desperdício das vacinas cubram R$ 1 milhão estimado de ressarcimento.

As vacinas AstraZeneca começaram a chegar no Brasil em novembro de 2021, por doação dos Estados Unidos, em meio as campanhas anti-vacina e a negligência de Jair Bolsonaro, que não contratou doses suficientes para imunizar os brasileiros.

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O governo norte-americano enviou 2,18 milhões de doses no dia 21 de novembro e deveriam ser distribuídas imediatamente à população, pelo sistema SUS, para imunizar antes do dia 31 de dezembro.

Mesmo com as milhões de doses gratuitas recebidas, em 40 dias, o governo de Jair Bolsonaro, por meio do Ministério da Saúde, sob o então comando de Marcelo Queiroga, sucessor de Eduardo Pazuello, não foi capaz de distribuir os imunizantes.

Não somente não distribuiu, como aceitou receber as vacinas, conhecendo o prazo de validade, e decidiu enviar uma amostra para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aprovar o imunizante.

A aprovação ocorreu somente no dia 10 de dezembro, quando o governo de Jair Bolsonaro então, começou a distribuir pelo sistema SUS. 282 mil chegaram aos destinos a tempo de aplicação, mas a grande maioria, 1,9 milhão não.

Segundo o TCU, o Brasil, sob a gestão de Bolsonaro na pandemia, recebeu as doações “sem prévia estratégia de utilização em tempo hábil” e sem considerar “o período que seria gasto para regularização das questões burocráticas e técnicas de tramitação e importação, bem como o tempo necessário para distribuição aos estados e a efetiva disponibilização”.

Assim, o governo Bolsonaro incinerou, destruiu as vacinas.

Além dos efeitos práticos das sequelas de contagiados, colapso do sistema de saúde e mortos por Covid-19, a falta de distribuição das doses gerou “despesas de quase R$ 1 milhão, com transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população” concluindo com “o descarte da quase totalidade dos imunizantes”, apontou o órgão.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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